[ATENÇÃO!! ESTE CONTEÚDO CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO S05E15 – “TRY“!]
Entrar no set como repórter parece glamouroso, mas essa é a realidade: isso também pode ser super entediante. Você senta e assiste a mesma cena, sendo filmada de novo e de novo, e então assiste essa mesma cena sendo filmada de novo e de novo, de vários outros ângulos. O que parecia legal na primeira vez pode não parecer tão legal depois da trigésima. Essa não é uma reclamação, veja bem, mas uma ilustração da realidade da maioria das visitas a sets. Mas eventualmente você vê algo realmente extraordinário. E a Entertainment Weekly teve a sorte de estar no set em novembro do ano passado para a filmagem da grande cena da briga entre Rick e Pete, na qual culmina o penúltimo episódio da quinta temporada.
Existe uma razão para que os colegas de elenco bajulem Andrew Lincoln. O comprometimento que ele traz não apenas para cada cena, mas para cada ensaio, quando as câmeras sequer estão ligadas, é realmente impressionante. Você fica totalmente deslumbrado quando Lincoln entra no modo animal para essa cena, explodindo com fisicalidade enquanto oscilava em um abismo emocional. E ele continuou nesse estado durante toda a gravação, mesmo entre filmagens e reposicionamentos de câmera (é só perguntar para Corey Brill, que interpreta Pete, e precisou ouvir Lincoln xingando em sua orelha antes das câmeras começarem a rodar). Foi algo muito impressionante (e sim, talvez um pouco assustador).
A Entertainment Weekly conversou com Lincoln depois que ele filmou a intensa sequência para saber como ele se prepara para uma cena assim, e a conversa também oferece uma janela fascinante para como a estrela da série mais bem cotada da TV encara seu trabalho.
EW: Esta foi uma cena muito carregada física e emocionalmente. Como você se prepara para algo assim?
Andrew Lincoln: Parece que a história estava rumando para esse ponto há alguns episódios. Quando li o roteiro eu soube que havia algo grande e que precisava ser abordado com tudo que eu tinha – como você disse, física e emocionalmente. É incrível como interpretar esse cara por cinco anos e também ter relacionamentos com muita gente do elenco principal que vai além da história – são relações muito profundas com a equipe e o elenco. Quero dizer, você sente isso no set. Foi engraçado porque uma das novas atrizes que se juntaram a nós, ela veio até mim no final do dia e disse “Eu nunca estive em um set assim. Você tem um set de filme aqui, porque a equipe está em silêncio”. Eu acho que a equipe fica em silêncio porque eles sabem que eu tenho que fazer o meu trabalho, entende? Eles sabem que é uma grande cena. Na verdade, aquela cena poderia ser, e nós conversamos sobre isso, ela poderia ser o final de temporada, apenas por causa do que aconteceu no contexto da história.
Definitivamente. Eu comentei com você que tive essa sensação quando você estava filmando.
Andrew Lincoln: Angela Kang escreveu um episódio brilhante. Eu não consigo dormir na noite anterior quando sei que tenho trabalho a fazer. Isso meio que ocupa a maior parte da minha cabeça, mas é incrível de um envolvimento físico – você sabe, a briga – como isso desbloqueia e liberta você. O bacana dessa cena é que é um retorno do homem e do líder, então eu sabia que tinha muita coisa ali. Eu sabia que era importante atingir um determinado nível. Você sabe que eu ouço música. Eu meio que me foco e então tento ficar sozinho e apenas ver o que acontece na cena.
É muito difícil explicar uma cena assim, e eu tenho muita sorte por estar cercado de pessoas que me encorajam. Eu me sinto muito seguro na série e acho que isso é mais da metade disso, mas eu tenho que tirar o chapéu e dar crédito ao [diretor do episódio] Mike Satrazemis, que está na série e ao meu lado desde o primeiro episódio. É maravilhoso ver esse cara e Greg Nicotero e, é claro, Scott Gimple, e todas essas pessoas que foram recompensadas por seu talento.
Como foi trabalhar com Mike nesta cena?
Andrew Lincoln: Mike foi muito, muito bom neste episódio. Foi a primeira vez que eu tive a oportunidade de trabalhar com Mike, mas ele me conhece muito bem, porque ele esteve atrás da câmera por muito tempo [como diretor de fotografia]. Ele meio que me deu algumas notas sussurradas entre diferentes arranjos – só para me mover em diferentes direções e manter as coisas frescas, porque eu acho que a dificuldade de fazer uma cena assim e mantê-la viva – para manter as coisas reais, porque é tipo uma resistência. E isso é porque nós estávamos fazendo isso de incontáveis ângulos diferentes durante todo o dia. Eu acho que ele ajudou muito mesmo em manter as coisas vivas. E isso mudou. Tem muita coisa que você viu no começo que provavelmente ficou muito grande para a versão final. Eu não sei porque eu não assisto a série, mas foi divertido de fazer porque é empolgante continuar levando isso a diferentes lugares.
O que eu percebi que foi interessante é a intensidade que você deu quando a câmera nem estava ligada durante o ensaio. Você deu tudo de si no ensaio, o que nem de vê, e isso meio que define o tom para todos.
Andrew Lincoln: Bem, eu já disse isso antes e vou continuar dizendo até que me matem – até que eu seja mordido por zumbis e saia – é que esse é o trabalho mais importante da minha carreira até aqui e continua se tornando mais importante. Eu acho que a outra coisa é que tem muita gente nova no elenco, como você notou no set, e existe uma responsabilidade que eu acho que tenho, e todos os outros principais que estão na série há bastante tempo, de mostrar e dizer que este é um lugar seguro. Eu exagero para me impedir de jogar na zona de conforto, eu acho.
Muito de atuar é sobre o risco de ousar parecer bobo. Em uma série como essa, é fácil parecer bobo. É interessante, você pode parecer bobo se não habitar completamente as emoções e todo o resto. É melhor exagerar e dizer f***-se, eu não dou a mínima pro que as pessoas… eu não estou preocupado com o que as pessoas pensam. Você apenas se foca em fazer a cena.
Eu estava assistindo quando você segurava Corey, que interpreta Pete, em uma chave de braço logo antes do “ação”, e você estava sentado lá sussurrando “vai se f****” no ouvido dele. Isso me faz lembrar algo que Andrew West, que interpretou Gareth, me falou. Ele disse que estava legitimamente com medo durante aquela cena no cocho, porque você estava falando m**** pra ele logo antes da filmagem e encarando através de sua alma.
Andrew Lincoln: Eu não sei o que estou fazendo. [risos] Eu tenho sorte também pelo ator com quem contracenei, Corey Brill – era o primeiro trabalho grande dele na TV. Ele é um ótimo ator do teatro, e ele é um cara excelente. Você sabe que construiu confiança e eu espero ter construído um relacionamento com um ator para entrar em cena com alguém e ele não surtar se eu sussurrar coisas terríveis em seu ouvido. Parte de mim faz isso para mudar a atmosfera do lugar e encontrar uma parte de mim, porque eu sou um cara bem tranquilo na maior parte do tempo – provavelmente porque eu posso ser um psicopata no meu emprego, entende? Eu consigo extravasar aqui. Quero dizer, nós nos divertimos fazendo aquela cena juntos, e foi incrível e ele está maravilhoso neste papel, mas eu precisei habitar um espaço brutal. Entre as tomadas havia meio que um “Você está OK com isso?” Eu achei que não estava enforcando ele. Ele estava tranquilo com isso. Foi um grande momento, e eu queria deixar tudo ali.
Mas como você faz para deixar tudo ali, e ao mesmo tempo mantém vocês dois seguros fisicamente? Quão preocupado você fica com a segurança, porque essa era uma cena bem física.
Andrew Lincoln: Sim, quero dizer, existe um ponto em que você sabe que eu não vou machucar o outro ator. Eu quero acreditar que nós estabelecemos isso durante a sequência da briga, que nós sabíamos que era de mentira, mesmo que no final do dia tivéssemos alguns cortes e hematomas.
Você está no asfalto, cara. É uma superfície implacável quando se trata de rolar e se acotovelar nela.
Andrew Lincoln: Sim, de fato. Quando o seu diretor de dublê te dá um tapinha no final do dia, você sabe que fez um bom trabalho. Eu imagino que estou entrando em uma zona onde posso acessar partes de mim mesmo que eu normalmente não acesso. Muito disso é porque eu penso “eu não vou quebrar o feitiço de que estamos no set e existem câmeras aqui e tem um cara ali com um boom”. Eu não quero pensar nisso. Eu quero me conectar com o cara que está na cena comigo e deixar que seja só sobre isso. É por isso que eu sou muito dedicado aqui, porque nós fazemos grandes cenas em grupo com muitas câmeras. Isso significa que todo mundo está na cena o tempo todo, e é muito mais divertido. É muito mais divertido do que dividir uma cena em pedacinhos e fazer disso muito mais do que apenas um exercício técnico. Em gosto de cenas físicas e de briga porque eu gosto de estar em um espaço 3D, mais eu me divirto mais quando estou em uma cena e quando eles dizem “corta”, eu não tenho a menor ideia do que acabou de acontecer. Isso é o melhor.
Bom, eu não vou fazer você falar mais sobre isso porque eu percebo que isso te deixa um pouco desconfortável, mas é incrível saber disso.
Andrew Lincoln: Não, é divertido cara. É divertido porque quando os outros atores, como Steven veio depois e só disse “Legal, cara”. E Norman escreveu algo. Eu voltei para o meu camarim e não conseguia limpar aquilo. Ele escreveu com tinta permanente “Você é incrível pra c******”. Você sabe, esses são os meus companheiros. Significa muito pra mim, cara. E, você sabe, voltar a mim no final da cena e me ajeitar e ganhar um abraço. É brilhante.É brilhante pra c******. Eu fui pra casa e eu estava energizado e exausto, mas não existe sensação melhor.
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Fonte: Entertainment Weekly
Tradução: @Ivyleca / Staff Walking Dead Brasil
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