“O tempo passa e o homem não percebe.” – Dante Alighieri.
É com a frase de Alighieri, influente pensador e poeta da era italiana que dou inicio a essa discursiva. O tempo, querido walker, pode ser cruel e nos levar a lugares inimagináveis. O tempo passa e não percebemos, levando consigo nossas histórias e consequentemente montando para nós novos cenários para o futuro.
Tomando por base o tempo de cinco anos – ou sessenta meses, ou ainda mil oitocentos e vinte e cinco dias – podemos pensar em quem nós éramos e quem somos. Pode ser que tempos atrás éramos cheios de tantas coisas, tínhamos tudo o que queríamos e parecíamos muito felizes com isso. Ao passar dos dias, meses ou anos, nos vimos perdendo cada uma dessas coisas e lutamos para mantê-las. Mas hoje percebemos que perdendo cada uma dessas, que foram e são importantes na nossa história, pudemos nos tornar quem somos hoje, totalmente fortes e preparados.
Talvez, ao refletirmos sobre o passado, lembremos que cinco anos atrás não éramos ninguém, ao menos aos olhos dos outros. Cinco anos atrás podíamos ser a pessoa para quem os outros olhavam e pensavam que nada poderíamos fazer. Éramos indefesos, falhos e fracos. Nossas emoções e sentimentos superavam a razão e a vontade de fazer. Contudo, com o passar do tempo e com as adversidades que enfrentamos fomos nos fortificando, nossos sentimentos nos tornaram forte e toda a dor que um dia passamos hoje nos constitui pessoas insubstituíveis.
Podemos ser ainda daqueles que cinco anos atrás eram totalmente imaturos, quem sabe fôssemos daqueles que nada entendiam sobre a vida e apenas esperavam a proteção dos outros. Mas o tempo pesou e o passar dos dias nos cobraram amadurecimento instantâneo. Tivemos que crescer, não porque quisemos, mas porque necessitamos crescer. Deixamos para trás nossa imaturidade, abdicamos da vida de irresponsabilidades para sermos aqueles que estão um passo a frente dos nossos semelhantes.
Cinco anos atrás podíamos ser cheios de habilidades, inteligentes, prontos para tudo e o passar do tempo só nos fez intensificar o uso dessas habilidades. Tornamo-nos mais maduros, mas nossas habilidades natas nos colocaram sempre em frente dos outros e conquistamos nosso lugar em meio à multidão. Tornamo-nos necessários por aquilo que somos e sabemos fazer.
Por fim, podemos ser daquelas pessoas que naquele tempo éramos cheios de preconceitos, de rebeldia, que não queriam compreender o mundo e preferiam a solidão. O tempo passou para nós, fomos vendo o quanto mal o preconceito fez para nós mesmos e que é impossível lutar sozinho. Hoje é admirável nossa impossibilidade de não ter alguém com quem lutar e para quem lutar. Damos tudo o que nós temos para defendermos aqueles que amamos.
Talvez, caro walker, você esteja desorientado com o conteúdo do texto e com a incompatibilidade que ele apresenta com o assunto que você está acostumado a buscar por aqui. Na verdade, desde o início falo da nossa série. Os parágrafos acima citam as personalidades e transformações dos cinco sobreviventes de Atlanta: Rick, Carol, Carl, Glenn e Daryl. Esses cinco personagens estão conosco desde o começo. Cada um deles faz parte de nós e talvez, nos identifiquemos com cada um deles.
É incrível que tenhamos exatamente cinco personagens vivos (restam ainda dúvidas) desde o início para comemorarmos os cinco anos da série. Sim, passaram-se cinco anos desde o coma de Rick, ao menos para nós. São cinco anos, ou sessenta meses ou ainda mil oitocentos e vinte e cinco dias de The Walking Dead. Até o momento são 70 episódios assistidos – contando com o doloroso episódio da semana passada, 25 de outubro.
Nesse tempo todo pudemos ver nosso xerife se transformando em um indomável sangue frio, disposto a tudo pelo seu grupo. Vimos à fragilíssima Carol receber a entidade maligna e se tornar o mais próximo do diabo na terra. Vimos o durão e bad boy, Daryl Dixon, chorar e permitir-se sentir. Acompanhamos o magnifico crescimento de cabelo de Carl ao mesmo tempo em que ficamos no aguardo da puberdade de Glenn chegar para que sua barba crescesse.
São cinco anos de histórias que só nós – independentemente de quem acompanha desde o início ou pegou a série pela metade – podemos contar. Cada um de nós sentiu muito com as perdas, nos revoltamos com os rumos que por vezes grandes personagens tomaram (saudades Andrea) e vimos um sorriso se formar ao mesmo tempo em que nossos olhos se embaçaram com lágrimas quando vimos cenas no maior estilo Baby Looney Tunes (tipo aquela cena maravilhosamente maravilhosa do reencontro de Carol com o grupo no início da quinta temporada).
São histórias que são próprias de cada fã. Cada um de nós tem um porquê específico de acompanhar a série. Alguns acompanham por não terem nada a fazer, outros pelo fato de The Walking Dead ser o nome do momento (momento cumprido esse, né galera?), ou por verem na série algo representativo para nossa vida, ainda por puderem inspirarem-se na trajetória e dramas dos personagens. O fato é que cada um de nós, por nossas histórias com a série, faz de The Walking Dead muito mais que um simples programa de TV. Tornamos tudo isso vivo em nós, algo que marca nossa vida e nos faz seguir em frente.
Nesse tempo declaramos nosso amor por Robert Kirkman, ao mesmo tempo em que o odiamos. Amamos Frank Darabont, adoramos odiar Glen Mazzara (te odeio, Glen – só pra não perder o hábito) e enaltecemos Scott M. Gimple com sua brilhante dedicação a adaptar os quadrinhos para a TV. Juramos amor eterno a personagens que logo depois nos decepcionaram e odiamos personagens que hoje ocupam todo o espaço do nosso coração. Fizemos de tudo pela morte de Lori, mas quando ela chegou, nosso coração foi dilacerado. Reclamamos da inutilidade de alguns, mas quando chegou a hora do adeus a eles, vimos nossa glândula lacrimal em pleno funcionamento.
Sofremos todos os dramas de nossos personagens. Passamos semanas nervosas ao aguardo do próximo episódio e quase morremos nos hiatos de uma mid-season ou de temporada pra temporada – ainda mais quando esse hiato nos deixava com dúvidas terríveis ou sem respostas claras. Aliás, sofrer é algo que está intrínseco a ser fã de The Walking Dead. Há uma ordem cósmica que especifica que todo o walker deve ser sofredor. Mas é isso que nos alimenta, corremos atrás do quanto mais nós podemos sofrer. Sempre queremos mais uma dorzinha no coração, uma taquicardia ou uma lágrima escorrendo do nosso olho.
The Walking Dead é tão grandioso por vários motivos e se diferencia por um desses: formou uma família. Todos nós já vimos como funciona o elenco. Nomes como de Andrew Lincoln, Danai Gurira, Norman Reedus, deixam famílias, negócios e tudo mais para trás para se dedicarem totalmente à série. Passam meses dentro dos estúdios, das matas, passando frio e calor para que a série funcione. A falta da família acabou por aproximar os atores e eles demonstram todo o seu amor e carinho uns pelos outros, sejam nas declarações totalmente emocionantes ou nas brincadeiras nojentas (alô, Norman Reedus). Nós vemos uma compatibilidade estrondosa entre eles. Eles nos fazem querer fazer parte disso e nos incluem de forma amistosa em suas vidas. Há um diferencial nesses atores, pois a humildade e a vontade de demonstrar que estamos todos na mesma instância, no mesmo degrau e o carinho que eles respondem aos fãs, fazem deles um algo a mais. Nós somos The Walking Dead.
Não, desculpe as outras aclamadas séries, mas não consigo pensar em qualquer outra que tenha chegado a esse ponto. Ao ponto de ter um elenco tão unido e tão família que quando um personagem morre há uma comoção do elenco. Eles intercedem junto aos produtores uns pelos outros. Já vimos Norman, por exemplo, implorando pela personagem Carol, depois por Beth. Eles realmente se importam em estarem juntos. Isso é tão verdadeiro que Laurie Holden (Andrea), disse em entrevista que há uma dor enorme em seu coração por não poder mais viver o dia-a-dia com os colegas. Ela classificou aquele como o seu melhor trabalho, não porque acredite que foi brilhante em atuação (o que de fato foi), mas porque toda a equipe criava nos estúdios a sua própria casa.
Nós passamos pelos mais diversos cenários nesses anos. Vimos à grandiosa Atlanta devastada em duas oportunidades. Vimos à calmaria de uma fazenda no interior. Presenciamos momentos em que nossos personagens preferiam tornarem-se prisioneiros para terem o mínimo de segurança. Estivemos nas matas e nas ruas. Nem um local está seguro, isso foi comprovadíssimo nesse tempo.
Nós, walkers, aprendemos. Aprendemos que o ser feliz para sempre é algo questionável. É necessário dor para que a felicidade seja buscada com esperança, o que não se pode é desistir. Aprendemos que para sermos melhores para nós mesmos e para os que estão perto de nós, às vezes é necessário perder. Nas perdas nós damos espaço para que os nossos sentimentos maturem e tornem-se nossas forças. Aprendemos que mesmo em tempos difíceis há espaço para o amor e nunca é tarde para acreditar nele. Aprendemos que pessoas totalmente diferentes podem conviver juntas, podem lutar juntas e podem desenvolver uma semelhança: um vínculo inquebrável de companheirismo. Estar exposto à dor nos faz ser tratáveis e ser tratáveis nos faz crescer. Talvez hoje nós sejamos suprimidos pela força opressora de outro, mas mais pra frente, toda essa opressão tornar-nos-á os inquebráveis e aprenderemos a agirmos por nós mesmos, descobriremos nossas qualidades e as usaremos para protegeremos todos a todo o custo, mesmo que questionáveis.
Nós comemoramos meia década de existência da série com a certeza de que iremos continuar crescendo. Compartilharemos muitas dores e desilusões, vibraremos com muitas cenas. Teremos alguns ataques de carisma por personagens e logo depois iremos detesta-los. Vamos urrar de raiva do showrunner (Scott, continue! Eu nunca te pedi nada.) a cada personagem que se for, mas vamos ama-lo pelo mesmo motivo também. Vamos protestar, brigar e detestar quem falar mal dos nossos personagens favoritos. Vamos gastar todo nosso salário comprando itens da série e nos prometeremos que nunca mais o faremos, mas no primeiro lançamento de qualquer produto, lá estaremos nós colocando itens no carrinho. O mais importante de tudo é que: WE ARE THE WALKING DEAD! Esperemos alcançar a década cheia, porque The Walking Dead com toda a certeza não é perda de tempo.
Agora, abrimos espaço nos comentários abaixo para que vocês nos contem suas histórias com a série. Qual o momento de maior dor? Com que personagem você se identifica? The Walking Dead te ajudou em algum momento? Como você conheceu a série e o que te faz ser um fã? Até onde você iria se fosse um dos personagens? Você se sente parte dessa família? Conte-nos, estamos curiosos pelas suas histórias.
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