Post destinado aos comentários da centésima septuagésima quarta edição (The Walking Dead 174) dos quadrinhos de The Walking Dead. Aqui, SPOILERS SÃO LIBERADOS, então se você ainda não leu, ou não está em dia com os mesmos (e não quer saber o que vai acontecer), pare de ler imediatamente. Você foi avisado.
Anteriormente: Após a Guerra dos Sussurradores, Rick concede a Negan sua liberdade. No entanto, Negan deve viver por si só, longe de qualquer uma das comunidades. Nem todos concordam com a decisão de Rick.
“Toda vez que eu tento visualizar o rosto de Glenn, tudo que eu vejo é ele gritando meu nome… com seu crânio esmagado e seu… seu olho pulando pra fora. Quando eu ouço sua voz, ele gritando meu nome, perdido em agonia… essa é minha memória dele. E com isso… eu vejo você sorrindo.”
(Maggie Rhee, The Walking Dead 174)
Para esta edição de número 174 tivemos uma pausa na trama envolvendo o tão esperado encontro com o grupo de Ohio para vermos uma edição focada exclusivamente em Negan. Pausar a trama principal para entrar em meandros individuais de um único personagem é um artifício muito utilizado na série de TV e que confesso desgostar, porém nesta edição tal artifício foi muito bem vindo e soberbamente trabalhado. A edição abre com uma splashpage mostrando Negan, com um semblante maligno, dizendo “agora você vem comigo, sua filha da mãe sexy”. Logo de cara indagamos “qual barbaridade o personagem estaria cometendo?”, mas assim que viramos a página, Negan está falando com um girassol e com um motivo muito nobre: levar a flor para o túmulo do “finado” taco de basebol Lucille. Sim, o outrora tão odioso vilão está mudado e muito dessa mudança é muito bem explicado nessa edição.
Como todos lembram, Negan foi libertado por Rick. Maggie, obviamente descontente com tal atitude, foi ao encalço do vilão. Este se encontra a esmo, sem rumo, solitário, introspectivo e com um sentimento de remorso claramente latente. Num dos diálogos em frente ao túmulo da Lucille-taco, ele agia como se conversasse com a Lucille-esposa, e são nesses diálogos que vemos um rancor e um sentimento de culpa. Além de cultuar a esposa morta, alegando que ela seria uma pessoa melhor que ele e tomaria atitudes melhores que as dele, Negan até mesmo lamenta que foi necessário ter matado um cachorro para saciar a fome. Ele claramente está em uma crise de identidade. Solitário e sem rumo, em um ímpeto do acaso Negan encontra um taco de basebol e por um instante ele se sente de novo importante. “Jovem e vivo novamente”, como ele mesmo diz. Porém, no instante em que está enrolando o fatídico arame farpado na “nova Lucille”, Maggie chega apontando uma arma para Negan.
Não preciso nem dizer o grande motivo pelo qual Maggie perseguiu o vilão e aponta a arma para ele, certo? E é nesse momento que vemos o grande ponto alto da HQ. Tanto as falas dos dois personagens quanto seus semblantes retratados pela incrível arte de Charlie Adlard mostram os sentimentos que estão saltando em ambos. Negan, pelo personagem dúbio que é, não admite estar arrependido do que fez, mas suas lágrimas mostram que ele perdeu toda aquela postura e confiança que tinha outrora. “Maggie, é uma luxúria viver tempo suficiente nesse mundo para se arrepender das coisas que fiz, ter um momento quieto suficiente que permita que as memórias de suas ações te deixem horrorizado. Me desculpe pelo que fiz. Eu não revidarei”. Essa frase mostra que até uma pessoa cruel, implacável e controladora como Negan pode se arrepender de seus atos, mas mesmo assim, é possível uma redenção para ele? Por pior que uma pessoa seja e por piores que sejam suas atitudes, é possível o perdão? Creio que dificilmente qualquer leitor poderia perdoar plenamente Negan. Tamanha foi a crueldade de sua pessoa que, em condições normais, somente a religião seria um refugo para ele. Mas nesse mundo pós-apocalíptico, como Negan poderia encontrar um refúgio, alguma orientação luminosa? É impossível cravar. Ele fazia o que fazia justamente porque acreditava naquele caminho, e não só isso, ele se sentia confortável com o poder que exercia sobre as pessoas. Ele acreditava piamente que fazia o que fazia para garantir que as pessoas ao seu redor pudessem viver, mesmo que os meios sejam duvidosos, autoritários e sádicos. Nessa jornada, Rick conseguiu mudar o personagem e mostrar novos caminhos para uma civilidade e novas possibilidades de convívio. Rick conseguiu transformar as crenças de Negan, tanto que ele cai em prantos ao admitir isso para Maggie.
E é nesse momento que vemos o clímax da edição. Negan, claramente desamparado e com uma enorme crise de identidade, implora para Maggie matá-lo. Por um momento realmente achei que esta edição seria histórica mostrando uma morte inesperada de um vilão antológico e um dos maiores personagens de The Walking Dead, mas Maggie consegue uma vingança muito bem encaixada. No momento em que vê Negan implorando para ela matá-lo, se rebaixando em prantos, o semblante de Maggie mostra que ela venceu. Ela tem Negan nas mãos. Um homem acostumado a controlar, aterrorizar e a comandar agora está a mercê de Maggie. Ela tem o poder de não dar a morte que ele deseja e realmente não deu. Ela quer que ele conviva com as memórias, remorsos e dores dos atos cruéis que cometeu. Uma vingança muito bem concluída e Maggie ainda por cima salva a vida de Negan ao matar dois mortos-vivos que se aproximavam dele.
Na ultima página, Negan pega a “nova Lucille” e a joga no fogo, claramente simbolizando uma virada no personagem. Qual será a retomada que Negan dará em sua vida?
Esta edição foi um ótimo respiro de qualidade em uma história que estava enrolando em torno dela mesma. Realmente espero que daqui pra frente, principalmente com a chegada de um novo grupo, a história dê um salto de qualidade e tome rumos diferentes em direção a uma evolução da trama, dos personagens e dessa sociedade pós-apocalíptica.
Pontos altos da trama:
– Só Robert Kirkman pra, em meio a uma edição tão introspectiva dessa, colocar Negan fazendo literalmente uma cagada depois de algumas comidas enlatadas com anos e anos fora do
prazo de validade.
– Sensacional foi o plano dos quadros mostrando Maggie em pé e Negan ajoelhado de frente dela. Uma imagem que mostra perfeitamente a virada de chave nas relações de poder entre
os dois personagens.
A edição 175 será lançada no dia 3 de Janeiro de 2018 nos Estados Unidos, mas sem data no Brasil. Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil para ficar por dentro de tudo!
Este espaço está aberto para você e sua ideia sobre o que acontecerá no próximo volume da história. Você também pode utilizar os comentários abaixo para deixar sua opinião e teorias sobre as próximas edições.
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