Post destinado aos comentários da centésima sexagésima nona edição (The Walking Dead 169) dos quadrinhos de The Walking Dead. Aqui, SPOILERS SÃO LIBERADOS, então se você ainda não leu, ou não está em dia com os mesmos (e não quer saber o que vai acontecer), pare de ler imediatamente. Você foi avisado.
Anteriormente: Conforme os Alexandrinos começam a reparar sua cidade, John e os Salvadores exigem respostas. O que eles não esperam é que Negan é quem as dará a eles. A guerra entre os dois lados é evitada, dando a Rick, sua família e amigos a colocar Andrea e os outros soldados caídos para descansar.
“Eu olho pro Negan agora, e honestamente… Eu penso em quantos maridos eu matei… quantas esposas.”
(Rick, The Walking Dead 169)
Sempre que um novo arco se inicia em The Waking Dead, a metáfora corriqueira é: cacos sendo juntados. Em grande parte das vezes os cacos não são metafóricos, mas sim reais. Os personagens literalmente juntam os cacos para reconstruir não somente suas vidas destroçadas por alguma calamidade, como também para reconstruir as comunidades onde vivem. Nessa edição, nos deparamos com a reconstrução de Alexandria e também com direcionamentos para a reconstrução de Hilltop, e tudo isso ocorrendo em meio a um suposto momento de tranquilidade para Rick se deixar vivenciar o luto pela morte de Andrea.
As primeiras páginas da edição mostram um monólogo de Carl para Lydia. Nesse momento, as memórias de Carl nos levam lá para os arcos iniciais da história onde Andrea ainda namorava Dale e ambos tinham adotado os gêmeos Ben e Billy. Apesar de ser uma cena pesarosa, é agradável a nós leitores rememorarmos as memórias de Carl, já que nós mesmos nos apegamos aos falecidos personagens e do mesmo modo sentimos suas mortes. Graças a essas conexões, sentimos uma sensação de saudosismo aos lermos essas primeiras páginas.
Igualmente marcante foi o choro de Carl ao lembrar o momento em que ele confessa para Andrea que matou Billy, o “filho adotivo” dela. A partir do momento em que ele revela a frase “eu te amo” dita por Andrea após sua confissão, e que foi nesse momento que ele passa a chama-la de “mãe”, nós entendemos todo o laço afetivo e de confiança que Carl tinha com Andrea. Carl, que perdeu sua mãe ainda criança, claramente sentia falta de uma figura materna. Tamanho era o afeto e a confiança que ele tinha em Andrea, que era quase que natural se referir a ela como “mãe”. Eu me lembro perfeitamente que, logo no início do arco seguinte à guerra contra os Salvadores, houve um salto temporal e Carl já estava mais crescido e já chamada Andrea de “mãe”. Porém, jamais foi necessária uma explicação para o leitor, visto que nós mesmos já entendíamos e sentíamos que essa relação entre os dois era verdadeira. Esse monólogo de Carl foi muito bem pontuado nesse momento da história por nos mostrar o tanto que os personagens amadureceram e o quanto a trama evoluiu. O estopim que faz Carl decidir se mudar para Hilltop em definitivo é justamente o óbvio: chega de tristeza!!
Outro ponto a ser destacado é que, agora que a poeira baixou, finalmente Maggie se deu conta de que Negan não é mais um prisioneiro e muito menos um vilão supremo tal como era no momento em que ela viu os miolos de Glenn espalhados pelo chão. Nitidamente ela demonstrou indignação com essa permissividade de Rick para com Negan e exige explicações. Porém, a resposta que Rick dá é a mais franca possível: Negan complementa Rick. Ambos não são muito diferentes. No momento em que Rick se indaga em quantos maridos e esposas ele já matou, claramente está se equiparando a Negan. Se Negan merece prisão perpétua ou pena de morte por ter assassinato Glenn brutalmente, Rick também o merece. De certa forma Rick sabe que Negan possui uma imprevisibilidade, uma malícia e uma pretensão à violência que Rick não possui, ao passo que Rick possui um senso de justiça e de equidade que Negan não possui. Tal como um Yin Yang, ambos se complementam. Caso Negan não tivesse matado Glenn e deixado essa rusga pessoal entre todos os personagens em relação à Negan, certamente ambos estariam liderando e regendo as comunidades com equilíbrio.
Claro que essa permissividade de Rick em relação a Negan tem incomodado muitos leitores, afinal, todos tínhamos a certeza de que haveria uma merecida vingança pela morte de Glenn. Eu particularmente ainda creio que o fim de Negan seja de acordo com a virulência do personagem. Não creio que haja algum tipo de redenção para ele. E também não acho que seria o melhor desfecho para o vilão.
Mas é com Eugene que vemos o acontecimento que talvez seja o divisor de águas para a trama. A existência de outra rede de comunidades cai nos ouvidos de Rick, gerando as primeiras palavras dele com Stephanie. Com ela, talvez Rick tenha sido muito afoito em ter confiado de imediato. Será que esse excesso de cautela por parte de Stephanie, esse fato dela nunca ter pedido informações a Eugene sobre a localização de Alexandria, será que não é simplesmente um jogo para ganhar a confiança do grupo de Rick? Se o grupo de Stephanie apresenta ou não uma ameaça, só as próximas edições irão dizer.
Aliás, novamente a trama da história está expandindo. E é impossível não fazer uma contextualização no que tange a conversa de Eugene com Stephanie via rádio. Nossa sociedade está tão acostumada a conhecer, conversar e até mesmo desenvolver intimidades com desconhecidos via Internet, mas devemos nos lembrar de que tal situação existe desde meados do século passado graças à comunicação via rádio. Ver Eugene dialogar com uma “amiga virtual pós-apocalíptica” consegue nos ser familiar e antiquado ao mesmo tempo.
Por fim, temos mais uma intriga entrando nessa trama. Dwight está claramente incomodado com Rick e PASMEM, ele quer liderar o grupo no lugar do protagonista da história. Dwight desconfia da morte de Sherry e joga na cara de Rick que este seria o culpado por tantas mortes e que não teria mais condições de ser líder de Alexandria. É importante entendermos a motivação de Dwight, já que ele era capanga de Negan durante o auge dos Salvadores e depois mudou de lado, se tornando aliado de Rick. Ainda assim, Dwight convive tanto com Negan quanto com Rick, tanto com Salvadores quanto com membros de Alexandria, e nunca teve uma posição de destaque fora da “panelinha” Rick-Andrea-Maggie-Michonne. Sempre atuava nas margens e nos bastidores. Essa motivação certamente terá consequências importantes. Será que Alexandria preza tanto assim por Dwight a ponto de levar a sério sua reivindicação de ser líder? Enfim… mais um problema caindo no colo de Rick.
Encerrando a história, não tem nada de Negan “lone ranger”. Uma revoltada Maggie está de olho nos passos do vilão enquanto ele vaga sem rumo…
Pontos altos da trama:
– É sempre bom lembrar dos personagens antigos e que já não estão mais conosco. Ainda mais sob uma ótica tão profunda mostrada por Carl logo nas primeiras páginas.
– The Walking Dead não é previsível. Apesar de muitos leitores querendo ver Rick matando Negan desde a morte de Glenn, isso está longíssimo de acontecer. E é sempre bom vermos o “herói” da trama se despindo de todos os trajes do heroísmo. Até que ponto Rick é diferente de Negan? Até que ponto justiça se equipava a vingança?
– Temos uma Maggie vingativa à espreita…
A edição 170 será lançada no dia 2 de agosto de 2017 nos Estados Unidos, mas sem data no Brasil. Fiquem ligados aqui no Walking Dead Brasil para ficar por dentro de tudo!
Este espaço está aberto para você e sua ideia sobre o que acontecerá no próximo volume da história. Você também pode utilizar os comentários abaixo para deixar sua opinião e teorias sobre as próximas edições.
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