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The Walking Dead completa 10 anos de história na TV no dia 31 de outubro de 2020. Em comemoração a essa marca histórica, entrevistamos vários atores que participaram da série ao longo dos anos. Essas entrevistas, que começaram a ser divulgadas no início de setembro e vão até o final de outubro, estão sendo lançadas diariamente. Elas se encerrarão com uma grande surpresa preparada exclusivamente para os fãs, com grande carinho.
Nosso convidado de hoje é Lawrence Gilliard Jr., intérprete de Bob Stookey durante as temporadas 4 e 5. O ator nos contou sobre a audição para um papel na 1ª temporada de The Walking Dead, sobre o trabalho ao lado de Sonequa Martin-Green, sobre a importância de “The Wire” em sua carreira e muito mais!
Sem mais delongas, confira nossa entrevista exclusiva com Lawrence Gilliard Jr.:
É uma honra conversar com você em um momento tão importante para The Walking Dead. Não é qualquer série que consegue chegar à marca de 10 anos. Comece contando para nós como foi fazer parte deste projeto. Como ele surgiu e como foi seu processo de audição? Você conhecia a série antes de conseguir o papel?
Lawrence Gilliard Jr.: Eu ouvi falar sobre a série pela primeira vez quando eles estavam escalando o elenco para o piloto. Eu li o primeiro roteiro e adorei. Eu fiz o teste para o papel de Morgan, mas não consegui o papel. Quando a série foi ao ar eu assisti ao primeiro episódio para ver quem tinha pegado o papel e vi que era Lenny James. Fiquei feliz por ele porque acho que ele é um ator fenomenal. Não assisti mais à série porque não sou muito fã do gênero terror, mas minha esposa começou a assistir e adorou.
Anos depois, eles queriam que eu voltasse e fizesse um teste para o papel de Bob. Não contei para minha esposa porque ela era fã do programa e não queria que ela ficasse muito empolgada. Eu não tinha assistido ao programa ou lido os quadrinhos, então eu realmente não sabia nada sobre o cara. Quando cheguei à primeira audição, estava lá um cara branco mais velho. Pensei comigo mesmo: “Não podemos estar fazendo teste para o mesmo papel”, mas estávamos. Mais tarde descobri que nos quadrinhos Bob é um cara branco.
Robert Kirkman, Scott Gimple, Gale Anne Hurd e alguns outros estavam na segunda audição. Quando terminei a audição, uma das diretoras de elenco, Sharon Bialy, me perguntou como eu me sentiria tendo que trabalhar em Atlanta no verão. Naquele momento eu sabia que tinha conseguido o papel.
Em duas temporadas, Bob teve momentos intensos em The Walking Dead. Era um alcoólatra, depois passou por momentos tensos em Terminus, teve seu romance com Sasha e morreu tentando se sacrificar contra os canibais. Qual sua avaliação desses momentos do personagem? E qual foi o seu favorito? Por quê?
Lawrence Gilliard Jr.: Sim, Bob passou por muita coisa em pouquíssimo tempo. Ele era um alcoólatra. Eu sempre pensava comigo mesmo: “Em um apocalipse, provavelmente haveria muitas pessoas tentando beber sua miséria”. Eu vi Bob como um cara usando um vício para lidar com seus demônios. Para superar o vício, você tem que desenvolver o amor próprio. Sasha ajudou Bob a encontrar esse amor próprio. Ela o fez sentir que ele era importante e necessário. Por mais que doesse deixar Sasha e o resto da equipe, depois que ele foi mordido, ele sabia que tinha que ir embora, infelizmente ele foi pego pelos canibais.
A cena da “CARNE CONTAMINADA” é uma boa cena. Eu não diria que foi meu momento favorito de filmagem na época porque era uma noite fria e as coisas estavam tensas. Na verdade, eles cortaram um pedaço de carne de porco no formato da minha perna e fizeram um churrasco durante a cena. Foi muito louco. Eu também estava muito emocionado porque o personagem estava morrendo e eu sabia que teria que sair e começar a fazer testes novamente para um novo emprego.
Minhas cenas favoritas de Bob são a montagem de Bob andando pela floresta no episódio “ALONE” e o momento nos trilhos do trem quando ele se reúne com Maggie e Sasha. A cena que eu achei mais divertida de filmar foi a cena com Daryl, Michonne, Tyreese e Bob no carro quando eles são parados pela manada de zumbis. Foi divertido assistir Greg Nicotero criar toda aquela magia para a TV.
Apesar de todos os problemas, sempre vimos Bob como um cara positivo e cheio de esperança. Essas características foram muito importantes para Sasha atravessar um momento complicado em sua vida, inclusive. Como foi o processo de construção da personalidade do personagem? Você se inspirou em alguém/alguma história?
Lawrence Gilliard Jr.: Eu sou uma pessoa muito otimista por natureza. Foi fácil para mim explorar o lado positivo e otimista do personagem. Foi mais difícil para mim explorar o lado alcoólico de Bob porque não bebo álcool. Adorei o bom coração e a perspectiva positiva de Bob.
Você e Sonequa Martin-Green (Sasha) dividiram muitas cenas juntos. Como foi para vocês trabalharem juntos no desenvolvimento dos personagens? Você ainda mantém contato com ela de alguma maneira?
Lawrence Gilliard Jr.: Foi ótimo trabalhar com a Sonequa. Ela é uma atriz talentosa, inteligente e trabalhadora. Às vezes, sentávamos juntos e conversávamos sobre a direção dos personagens ou criamos uma história de fundo para que as cenas parecessem mais autênticas. Quando Bob está conversando com Sasha enquanto ele está morrendo na igreja, nós choramos em cada tomada. Foi muito emocionante. Nós só nos olhamos, começamos a dizer as palavras e começamos a chorar. Hahaha.
De vez em quando entro em contato com ela e seu marido Kenric. Eles acabaram de ter uma nova menina. Eles são um dos meus casais favoritos e estou muito feliz por eles, pela família que estão construindo e por todo o seu sucesso.
Nos quadrinhos de The Walking Dead, Bob Stoockey é um homem branco, e na série ele foi interpretado por um homem negro. Você chegou a conhecer o personagem antes de assumir o papel? Achou importante essa mudança em termos de representatividade?
Lawrence Gilliard Jr.: Eu não sabia que Bob era branco nos quadrinhos. E sou feliz por não saber na época. Se eu soubesse, provavelmente não teria feito o teste. Não acho que importe que ele fosse um cara negro. O que realmente importa é a história do homem, não sua raça. Não me interpretem mal, estou feliz que eles decidiram torná-lo negro porque eu pude interpretar e isso deu a este ator negro alguns ótimos momentos na TV em um programa icônico.
Olhando para o seu tempo na série, qual foi o episódio mais divertido de gravar? E qual o mais desafiador? Por quê?
Lawrence Gilliard Jr.: A cena mais divertida para mim foi o carro sendo parado pela manada de zumbis. A cena mais desafiadora foi quando Bob foi mordido no depósito de alimentos. Ficamos submersos na água o dia todo e foram usados muitos efeitos especiais na minha luta contra o zumbi na água e as coisas tinham que ficar perfeitas.
Você lembra como foi o seu primeiro dia no set? E o seu último? Adoraríamos saber detalhes sobre o dia a dia com o elenco e também sobre sua despedida!
Lawrence Gilliard Jr.: Eu me lembro de dirigir para o set pela primeira vez. Estacionei no estacionamento e fiquei sentado por um minuto. Então eu vi alguém ao longe correndo em minha direção. Eu realmente não conseguia ver quem era, mas quando a pessoa estava perto o suficiente, pude ver que era um zumbi. Ele continuou correndo e passou direto pelo meu carro. Fiquei ali sentado sorrindo por alguns minutos e pensando: “Uau! Estou realmente nesta série!”
Meus últimos dias foram muito tristes. Todo o elenco saiu para jantar para se despedir. O último dia de filmagem foi muito difícil. Eles juntaram todo o elenco e equipe e anunciaram que era meu último dia e me agradeceram por fazer parte do show e eu fiz um discurso e todos aplaudiram.
Se Bob tivesse sobrevivido por mais tempo na série, com quais personagens você gostaria que ela tivesse interagido? Existe algum ator/atriz específico com quem você gostaria de ter trabalhado mais durante seu período em The Walking Dead?
Lawrence Gilliard Jr.: Felizmente tive a chance de trabalhar com o grande e já falecido Scott Wilson, que interpretou Hershel. Gostaria de ter tido mais tempo com David Morrisey. Teria sido legal trabalhar com Lenny James e Jeffrey Dean Morgan. Tenho certeza de que há muitos outros atores fantásticos que estiveram na série com quem eu gostaria de trabalhar, mas parei de assistir depois que Bob morreu.
Agora falando sobre o final de The Walking Dead, eu não sei se você continuou assistindo a série após a sua saída ou se acompanhou alguns momentos, mas adoraria saber de você: Como você acha que poderia ser o final ideal da série?
Lawrence Gilliard Jr.: Não tenho ideia do que está acontecendo no programa agora, então não sei como deve terminar. Vou apenas citar Bob: “o pesadelo acabou”.
Além de sua marcante participação como Bob em The Walking Dead, você também esteve em uma das séries mais memoráveis da TV, interpretando D’Angelo Barksdale em The Wire. Quais as lembranças você tem deste projeto? E o quão marcante The Wire foi para você e sua carreira?
Lawrence Gilliard Jr.: D’Angelo será para sempre um dos meus personagens favoritos e “The Wire” será para sempre uma das minhas experiências de trabalho favoritas. Foi um daqueles programas em que todas as estrelas do céu se alinharam. Foi e sempre será um dos trabalhos de narrativa mais surpreendente. Fui abençoado por fazer parte disso.
Estar no programa fez muito pela minha carreira. Até então, apenas outros atores sabiam quem eu era, mas depois de The Wire, estranhos aleatórios vinham até mim e sabiam meu nome. Produtores e diretores de TV que assistiam ao programa me ofereciam papéis em outros programas. Às vezes, as pessoas gritam uma das falas de D’Angelo do programa. É tudo muito especial.
The Wire, entre tantos outros temas, tratou sobre um assunto muito atual, que é a relação do racismo e a polícia dos Estados Unidos. Como você acha que isso se relaciona com temas tratados em 2020?
Lawrence Gilliard Jr.: Infelizmente, The Wire ainda é muito relevante em 2020. Parece que as coisas não mudaram muito. Ainda há gangues, drogas, brutalidade policial e corrupção política. Quem sabe se, quando ou como as coisas vão realmente mudar.
Quem também esteve em The Wire foram Seth Gilliam (Padre Gabriel), que interpretou o policial Ellis Carver, e Chad Collman (Tyreese). Como foi reencontrá-los em The Walking Dead tantos anos depois? Sabemos que toda essa escalação dos atores de The Wire foi por conta de Robert Kirkman ser um grande fã da série, você chegou a conhecer/conversar com ele sobre The Wire?
Lawrence Gilliard Jr.: Não consegui conversar com Kirkman sobre The Wire, mas jantei com Scott Gimple uma noite e conversamos sobre isso. Foi incrível estar com Seth e Chad em The Walking Dead. The Wire tem uma enorme família de atores e é sempre divertido trabalhar uns com os outros em projetos diferentes.
Você esteve em várias outras séries, interpretando muitos tipos de personagens. Se você pudesse escolher um deles para ser um sobrevivente – vilão ou mocinho – em The Walking Dead, qual seria e por quê?
Lawrence Gilliard Jr.: Eu escolheria deixar Bob sobreviver por todas as suas boas qualidades. Sua desenvoltura. Sua bondade. Seu otimismo e sua sabedoria.
Sabemos que a pandemia adiou muitos projetos, e nós, fãs de The Walking Dead, estamos sofrendo porque a season finale da série foi afetada. Como a pandemia te afetou? Algum projeto que estava em andamento teve que ser adiado? E como você tem se cuidado?
Lawrence Gilliard Jr.: Eu tinha acabado de trabalhar no filme “One Night in Miami” e estava em Hollywood tentando conseguir meu próximo emprego quando a pandemia atingiu e tudo fechou. Eu apenas tenho me mantido saudável e ficado com a minha família. Na maior parte do tempo, estou em modo de espera.
Para encerrar: aqui no Brasil sempre mandamos muito amor a todos que estão envolvidos em The Walking Dead. Os fãs brasileiros são muito apaixonados! Esse carinho chega de alguma maneira até você através de convenções ou redes sociais? Deixe um recado para os fãs do nosso país!
Lawrence Gilliard Jr.: Sim! Sempre vejo os fãs brasileiros nas minhas redes sociais. Eu amo o quanto eles amam o programa e o personagem Bob. Posso dizer que eles são muito apaixonados por The Walking Dead. O Brasil está na minha lista de lugares que quero visitar. Espero visitar em breve. Enquanto isso espero que todos os fãs brasileiros do TWD me sigam no Instagram. Se eles me seguirem e disserem que são do Brasil, darei um destaque e reconhecimento especial para eles.
Parabéns a The Walking Dead em seu 10º ano. Agradeço ao THE WALKING DEAD BRAZIL por me entrevistar. Eu quero que todos os seus fãs me sigam. OBRIGADO A TODOS OS FÃS DO BRASIL!!!! E estarei acompanhando o BRASIL na próxima COPA DO MUNDO!!!
– Twitter: @gilliardl_jr
– Instagram: @thereallgjr
– Entrevista: Rafael Façanha & Bruno Favarini
– Tradução: Victoria Rodrigues & Ávila Souza
– Arte da capa: Lucas Saboia
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