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THE WALKING DEAD 10 ANOS: Entrevista exclusiva com Erik Jensen (Steven)
The Walking Dead completa 10 anos em outubro e, para comemorar, entrevistamos alguns atores da série. Confira nosso papo com Erik Jensen.
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The Walking Dead completa 10 anos de história na TV no dia 31 de outubro de 2020. Em comemoração a essa marca histórica, entrevistamos vários atores que participaram da série ao longo dos anos. Essas entrevistas, que começaram a ser divulgadas no início de setembro e vão até o final de outubro, estão sendo lançadas diariamente. Elas se encerrarão com uma grande surpresa preparada exclusivamente para os fãs, com grande carinho.
Nosso convidado de hoje é Erik Jensen, que interpretou Dr. Steven Edwards durante a 5ª temporada. O ator nos contou sobre os gostos musicais de seu personagem, sobre o trabalho com Emily Kinney (Beth), sobre as escolhas de Steven, sobre seus trabalhos no teatro e muito mais!
Sem mais delongas, confira nossa entrevista exclusiva com Erik Jensen:
É uma honra conversar com você em um momento tão importante para The Walking Dead. Não é qualquer série que consegue chegar à marca de 10 anos. Comece contando para nós como foi fazer parte deste projeto. Como ele surgiu e como foi seu processo de audição? Você conhecia a série antes de conseguir o papel?
Erik Jensen: Obrigado novamente por me receber, é uma honra estar aqui. A primeira vez que ouvi sobre The Walking Dead foi pelos quadrinhos. Eu conhecia os quadrinhos e fiz teste para o programa logo quando começou, eu acho que fiz teste para 3 ou 4 papeis diferentes, não lembro quais, mas eu definitivamente me lembro de ter feito teste para interpretar o Eugene, o que foi bem legal. E aí um dia eles fizeram um teste comigo para interpretar um personagem que estava disfarçado, ainda não era um médico, mas eu acabei interpretando esse médico que sabia muito sobre discos e amava música. Participar do programa foi uma oportunidade para mim e também para mostrar Junior Kimbrough para o mundo, que era a pessoa que eu estava ouvindo quando conheci a Beth.
Steven não concordava com o autoritarismo de Dawn, embora não tomasse frente da situação para enfrentá-la. Ele acreditava que a vida dentro do Hospital fazia mais sentido do que fora dele. Você acha que, no fundo, ele tinha esperanças de tomar a liderança por ali e tornar o Hospital Grady Memorial um lugar melhor para se viver? Como você analisa as atitudes do personagem?
Erik Jensen: Eu não acho que o Steven tem qualidades de liderança [risos], você precisa pensar rápido para ser um líder, manter sua palavra e eu não acho que enganar pessoas seja algo eficaz ou essencial para ser um líder, então eu não acho que o Steven estava esperando se tornar um líder, eu acho que ele estava tentando ficar em segurança e, ficar em seu mundinho com seus discos, foi o jeito que ele arrumou de ficar seguro e ele faria qualquer coisa para manter isso.
Não sabemos muito sobre o passado de Steven antes do apocalipse começar. Quando você o interpretou, criou alguma estória sobre o que já havia acontecido com ele ou isso não o afetava na hora de atuar? Os roteiristas te contaram algo sobre ele para ajudar de alguma maneira?
Erik Jensen: Eu tive uma conversa adorável com Scott Gimple quando ele ligou para me parabenizar sobre o papel do Steven, conversamos sobre música e eu tinha uma pergunta importante para ele sobre que tipo de música eu estava ouvindo e era Junior Kimbrough, de quem eu virei um grande fã desde então, um cantor de blues incrível. Você pode ouvir uma parte da música dele tocando em uma cena com a Beth no meu escritório. Então não, eu só tive conversas com Scott Gimple e então eu, os diretores e os cineastas montamos tudo no set de filmagem.
Seu personagem desenvolveu uma relação de amizade com Beth quando ela chegou no Hospital. Ela o ajudava com os pacientes e o fazia companhia. Sabemos que Beth era uma pessoa muito forte, porém doce e ainda muito ingênua. Como você definiria o sentimento de Steven por Beth? E como foi trabalhar com Emily Kinney no desenvolvimento dos personagens?
Erik Jensen: Bom, Emily Kinney, como vocês sabem, é uma cantora incrível. Nós passamos a maior parte do nosso tempo na sala verde, conversando sobre música, sobre o que ela gosta na música, das bandas que eu gosto, eu anotei as bandas que ela gosta, conversamos sobre nossos violões… então construímos uma relação baseada nisso. Eu tenho uma filha, então da perspectiva do Steven eu a olhava como uma filha, o que torna o que o Steven fez muito pior [risos], mas é como eu a olhava e eu gosto muito da Emily, ela é uma ótima pessoa.
Steven era o único médico no Hospital, e ele propositalmente instrui Beth a dar a medicação errada para Trevitt – um paciente estável e que também era médico – causando a morte do homem. Sabemos que ele fez isso porque temia não mais ser útil para Dawn e acabar sendo expulso ou morto. Steven tirou vantagem da ingenuidade de Beth para não levantar suspeitas do real motivo de suas ações?
Erik Jensen: Ser o único médico do hospital e instruir Beth a dar o medicamento errado, foi uma coisa horrível de se fazer e acho que o truque do personagem foi para que você pudesse confiar nele no começo do episódio e assim você não esperar que ele fizesse o que fez. Foi o que eu, os diretores e os cineastas tentamos fazer todos juntos… espero que isso responda sua pergunta.
Depois da morte de Beth, Rick oferece acolhimento àqueles que quisessem se juntas ao seu grupo, mas Steven escolhe permanecer. Por que você acha que ele tomou essa decisão?
Erik Jensen: Eu acho que o Steven tem medo do que existe no mundo lá fora, algo como ficar quieto no seu canto. Eu acho que ele diz no programa “pessoas como nós não sobrevivemos lá fora” e eu acho que ele acredita firmemente nisso, acho que nada poderia ter tirado ele daquele hospital.
Nós adoraríamos ter visto mais da história dos sobreviventes do hospital e como Steven iria se comportar após a morte de Dawn, mas infelizmente foi confirmado por Greg Nicotero que todos morreram. Como você acha que estaria a comunidade hoje se você pudesse decidir?
Erik Jensen: Bem, isso seria legal, mas veja bem… Eu tive uma oportunidade de estar em The Walking Dead, de trabalhar com o melhor pessoal que existe no show business, você não entra nesse programa como um assistente pessoal, ou assistente de diretor, ou um chef [risos], ou um figurante… Se você é sortudo o suficiente por fazer alguns episódios como eu… Você só entra nesse programa se você é o melhor naquela determinada área, sabe? E eu apenas amei trabalhar com aquela equipe. Na verdade eu me senti inspirado depois de interpretar o Steven, me senti inspirado com a positividade que tinha no set, nunca senti algo parecido com isso antes. Eu fiquei tão inspirado pela direção do Scott Gimple, que era o showrunner na época, que decidi que era hora de eu mesmo atuar como diretor. Eu e minha esposa dirigimos um filme independente com um orçamento inferior a 1 milhão de dólares, também fizemos uma peça de teatro sobre o Lester Bangs, eu fiz o Lester Bangs e ela dirigiu. A atenção que eu recebi de The Walking Dead me trouxe oportunidades em programas como Mr. Robot, e agora estou fazendo “For Life”, sabe? O programa espera um certo profissionalismo e que façamos jus a ele, então foi uma honra apenas tentar fazer isso em The Walking Dead. É um dos melhores programas na televisão, eu era um fã antes de fazer parte dele… Então é isso!
Como você acha que Steven morreu? Ou como você gostaria que tivesse sido a morte dele?
Erik Jensen: Como eu acho que o Steven morreu? Eu acho que ele morreu porque ele teve que voltar e ouvir mais um disco.
Você lembra como foi o seu primeiro dia no set? E o seu último? Adoraríamos saber detalhes sobre a recepção do elenco e também sobre sua despedida!
Erik Jensen: Se eu me lembro do meu primeiro dia no set? Sim eu me lembro, eu estava muito nervoso, mas sabe, as vezes atuar é basicamente andar, se mover, ficar parado, falar [risos], então eu tentava essas coisas e fui deixando de ficar nervoso. E tinham pessoas maravilhosas lá como Tyler James Williams, Emily Kinney, Scott Gimple estava por lá… Outras pessoas legais também como alguns produtores. Todos que estavam lá eram legais, foi como me juntar a uma família funcional.
Se eu me lembro do meu último dia no set dando adeus… Foi um dia triste porque eu acho que foi o dia que a Beth morreu, a personagem da Emily Kinney. Foi difícil estar por lá nessa hora, é difícil quando um programa dá adeus a um personagem. Mas ao contrário disso, eu consegui ver um velho amigo aquele dia, eu sou amigo do Chad Coleman por muitos anos, ele esteve em algo que eu escrevi chamado “The Exonerated”, muitos anos atrás, então consegui ver velhos amigos… Mas sempre estamos nos encontrando, sabe? Atores nunca morrem, eles só desaparecem [risos].
Se Steven tivesse sobrevivido por mais tempo na série, com quais personagens você gostaria que ele tivesse interagido? Existe algum ator/atriz específico com quem você gostaria de ter trabalhado mais durante seu período em The Walking Dead?
Erik Jensen: [Risos] Qualquer oportunidade de trabalhar com alguém como… Vou listar pessoas que eu gosto no programa: Chad Coleman, mesmo ele não estando no programa enquanto meu personagem estava vivo, eu acho. Larry Gilliard, Andrew obviamente, Norman… Quero dizer, escolha qualquer um. Melissa, eu trabalhei com ela por um tempinho, eu empurrei ela na cadeira de rodas. Mas além disso eu também consegui trabalhar com um herói da direção para mim, um cara chamado Ernest Dickerson, quero dizer, eu não poderia estar mais feliz pela experiência, foi ótimo.
Você esteve em várias outras séries, interpretando muitos tipos de personagens. Se você pudesse escolher um deles para ser um sobrevivente – vilão ou mocinho – em The Walking Dead, qual seria e por quê?
Erik Jensen: Eu certamente escolheria o personagem que fiz em Mr. Robot, o cara careca com um talk show [risos], só que eu acho que ele não sobreviveria mais do que um episódio, mas eu adoraria ver esse personagem em The Walking Dead.
Atualmente você está interpretado Dez O’Reilly, na série For Life. Como tem sido trabalhar nesse projeto? E, eu sei que você não pode dar spoilers e nem queremos, mas o que você pode nos contar do que podemos esperar tanto do seu personagem como da 2ª temporada?
Erik Jensen: Eu estou fazendo um programa novo agora chamado “For Life” na ABC, estou muito orgulhoso disso, estou trabalhando com atores do nível de The Walking Dead, um cara chamado Nicholas Pinnock que é um ator genial, ator de teatro, filmes, ele se tornou um grande amigo meu. Me encontrei no meio de mais um programa onde me sinto em família e não a trabalho. Agora está difícil, estamos passando por um momento difícil, porque estamos tendo que filmar durante a quarentena e tem todas essas regras novas sobre Covid e essas coisas, mas estamos seguindo as ordens e todos estão sã e salvos, queremos que isso continue. Temos coisas empolgantes sobre o programa, a atuação é incrível, eu trabalho com pessoas como Tim Busfield e alguns diretores incríveis também, então me sinto bastante sortudo em estar em “For Life” na ABC, espero que vocês vejam!
Sabemos que a pandemia adiou muitos projetos, e nós, fãs de The Walking Dead, estamos sofrendo porque a season finale da série foi afetada. Como a pandemia te afetou? Algum projeto que estava em andamento teve que ser adiado? E como você tem se cuidado?
Erik Jensen: Falando sobre a pandemia e projetos adiados… Minha esposa e eu também somos escritores, diretores e produtores e temos uma peça de teatro chamada “Coal Country” que criamos com o cantor e compositor Steve Earle, que também é um ator. É sobre uma explosão que ocorreu nos Estados Unidos há uma década, 29 homens foram mortos e decidimos fazer uma peça de teatro com música sobre, então entrevistamos sobreviventes da explosão e seus familiares, fomos com o Steve e ele fez as músicas, adaptamos as palavras e fizemos essa peça. Acabou de estrear e as famílias foram ver, eles aprovaram e se sentiram vistos e então veio a pandemia e esse show que empregamos 7 dos nossos amigos de repente foi encerrado e eu fiquei sem emprego. Mas sabe, não deixamos isso nos afetar, decidimos fazer outro show sobre o que aconteceu com a gente, a fim de entendermos tudo isso, então escrevemos um show chamado “The Line”, onde entrevistamos médicos na linha de frente de Nova York, contando sobre a experiência deles em março, quando o pior da pandemia aconteceu. Escrevemos e Aimee Mann fez a composição musical da peça, eu tive a oportunidade de trabalhar com uma das minhas heroínas na música, dois deles em um ano… Mas, sabe, tudo isso para entendermos o Covid e honrar nossos primeiros representantes. A peça estreou ao vivo online alguns meses atrás e cinquenta mil pessoas assistiram, o que não é grande coisa para televisão, mas é para o teatro, teria que ocupar uma boa parte do ano para abrigar toda aquela gente dentro do teatro. Então foi isso o que aconteceu, alguns projetos foram cancelados, muitos dos meus amigos estão sem trabalho agora, sou muito sortudo por estar fazendo “For Life”, o meu novo programa, e tem interesse de outros programas para fazermos mais coisas. Então vamos apenas continuar e esperar que tenha uma vacina logo e todos podermos voltar ao trabalho e não estar passando por um momento difícil.
Para encerrar: aqui no Brasil sempre mandamos muito amor a todos que estão envolvidos em The Walking Dead. Os fãs brasileiros são muito apaixonados! Esse carinho chega de alguma maneira até você através de convenções ou redes sociais? Deixe um recado para os fãs do nosso país!
Erik Jensen: Aqui está o que eu sei sobre os fãs brasileiros de The Walking Dead: eles são uns dos fãs mais apaixonados do universo. Muitos fãs brasileiros me acolhem ainda e eu não sei porque [risos], mas eu aprendi muito sobre o país maravilhoso de vocês e as pessoas do Brasil, sou especificamente interessado na música, sendo um nerd da música que sou, então tenho a intenção de aprender mais sobre isso nos próximos anos. Quero que todos os fãs de The Walking Dead fiquem a salvo, eu rezo para que vocês fiquem bem e saudáveis durante esse momento difícil. Espero ver todos vocês pessoalmente logo, espero que tenha uma vacina para todos nós logo para que todos possam seguir com suas vidas juntos em um mundo pacífico. Paz! Se cuidem e obrigado por me receberem.
REDES SOCIAIS DO ERIK:
– Twitter: @erikjensen123
AGRADECIMENTOS:
– Entrevista: Rafael Façanha & Dhebora Fonseca
– Tradução: Victoria Rodrigues & Rafaela Mazulquim
– Arte da capa: FORMES
ENTREVISTA ANTERIOR:
– THE WALKING DEAD 10 ANOS: Entrevista exclusiva com Ann Mahoney (Olivia)