Talking Dead Brasil #28 – Robert Kirkman, Keegan-Michael Key e Emily Kinney

O Talking Dead do último domingo contou com a presença de Robert Kirkman, Keegan-Michael Key e Emily Kinney, para, juntamente com Chris Hardwick, conversarem a respeito dos eventos do episódio da midseason finale, “Coda”.

CHRIS HARDWICK: Como você decidiu que este seria o fim de Beth?

ROBERT KIRKMAN: Inicialmente, gostaria de dizer que foi uma decisão difícil. É, literalmente, a coisa mais difícil que fazemos na sala dos roteiristas. Os personagens precisam morrer, para tornar esse mundo real, crível. Se as pessoas sobrevivessem, não seria exatamente uma situação pós-apocalíptica, e muito trabalho duro é feito para se tomar esta decisão, a de que um personagem precisa ir, e como isso irá afetar os demais personagens. As coisas se encaixam, e então acontece.

CH: É muito mais fácil matar um personagem na HQ do que quando você conhece o intérprete na TV.

RK: Sim, sem dúvidas. É terrível, quando você os conhece. Na HQ você simplesmente diz “Hey, Charlie Adlard, não desenhe mais este personagem” e era isso. No show é diferente, estas pessoas são muito próximas, são quase família, passam muito tempo juntas na Georgia, as vezes por anos, e um dia você chega e diz “hey, você não brinca mais conosco”. É horrível para todos, mas é assim que funciona.

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CH: Keegan, você imaginava o que iria acontecer?

KEEGAN-MICHAEL KEY: Eu não esperava por isso. De maneira alguma. Quando aconteceu, eu estava neste estado simultâneo de negação e choque, tipo “isso não aconteceu, Beth está fingindo! Aquilo é geleia, não é sangue! São policiais, é o recheio de um donut” (risos) Eu fiquei realmente chocado. Eu daria os parabéns, pois não havia como dizer que aquilo aconteceria…

CH: Eu não apenas fiquei chocado com a morte da Beth, como meu pensamento seguinte foi “oh, eu preciso ver como a Maggie vai reagir a isso agora”. Como você acha que isso irá muda-la?

KMK: Esta é minha dúvida: o que Maggie pode fazer, na próxima parte do show? Eu acho que há algo ainda por vir, ela deve estar transformada em uma grande pilha de emoções. Quando Glenn estava longe, quando o pai dela morreu, havia algo que a fazia seguir adiante, mas agora? Ela não tem como compartimentalizar e partir em uma missão. Ela precisa processar todas estas emoções, e há zumbis por todas as partes.

CH: Sim, e ela era a sua irmãzinha! Beth era uma menina doce, inocente, iluminada. Você não pode jamais desejar ser a bússola moral ou a luz deste show, por que eles irão acabar com você! (risos)

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RK: Meu Deus, está ficando óbvio! (Risos) Eu preciso mudar isso.

CH: E como você acha que Daryl evoluirá a partir disso?

RK: Eu acho que uma das razões pelas quais as pessoas gostam tanto de Daryl é por que ele demonstra as suas emoções, mas não é capaz de processá-las da mesma maneira que os outros. Ele não queria admitir que Sophia pudesse estar morta, foi obstinado e não conseguia parar até que, enfim… Ele estava tão envolvido emocionalmente que ele não poderia ficar sem fazer nada.

CH: Mas vendo como o relacionamento deles foi construído por todo este tempo, depois reencontrá-la, e depois vendo tudo isso acontecer — eu realmente imaginei o país inteiro chorando ao ver Daryl chorar no final. Qual foi a sua reação?

KMK: Bem, eu esperava na verdade que Rick fosse tomar uma atitude, mas Daryl tem este senso de justiça, ele não conseguiu suportar. Ele simplesmente vai lá e age. Mas vê-lo desmoronar daquela maneira foi… bem, vou ser honesto: minha esposa estava assistindo comigo, e eu comecei a chorar quando Beth morreu e, ao ver Daryl reagindo daquele maneira, eu (o áudio é cortado, graças a um palavrão, mas presume-se que ele chorou pra caramba)… eu chorei muito!

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CH: Você o quê???? (risos)

• Tradicionalmente, no final do segundo bloco do programa, o quadro In Memorian homenageia os mortos durante o episódio.
– Walkers da igreja
– Walker estripado por Rick
– Walker atingido pelos snipers
– Walker milagrosamente morto por Gabriel
– Pé do Bob
– Policial Lamson
– Policial O’Donnel
– Dawn
– Beth Greene

“A única coisa que nos conforta em momentos como esse é saber que, em breve, você estará nos braços de seu pai.” RIP, Beth.

CH: Keegan, o que você achou de Rick atropelando o policial Lamson, no inicio do show? Aquilo foi bem no começo do show, tipo, “oh, começou!”

KMK: Começou assim, imagine os próximos 50 minutos! O que acho que ocorre agora é que Rick começa uma nova liga de baseball, onde você só pode rebater uma vez. É isso: eu mandei você parar, você não parou, eu bato com meu carro e arremesso você, atiro em sua cabeça e mando o cadáver calar a boca! (risos) Eu já achava antes, mas agora eu tenho certeza, Rick está de saco cheio. Ele simplesmente vai lá e atropela. E se você insiste, leva bala! Isso facilita as coisas! (Risos)

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CH: Kirkman, o que você tem a dizer a respeito do estado mental atual de Rick.

RK: Bem, você diz que ele está de saco cheio. Nós o vimos nesta progressão, de temporada para temporada, onde ele lentamente se torna mais sombrio, com o ápice ocorrendo na quarta temporada. Este é o novo Rick Grimes, e ele não leva mais desaforo pra casa.

CH: Em um momento eu até imaginei que ele iria mandar o cara se levantar…

KMK: Quando Rick bateu nele com o carro e o policial disse “eu acho que você quebrou a minha coluna”, por algum motivo achei que ali seria o fim. Mas eu acho que há aquela sensação de que é necessário eliminar as ameaças imediatamente, naquele momento. Não há mais tempo para negociar, não há mais tempo para ser humano.

CH: Especialmente quando é necessário preservar o grupo. E aquele grupo deve ser tão assustador quanto qualquer outro grupo lá fora…

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KMK: Sim, pergunte a Gabriel!

• A primeira pergunta da enquete da noite foi: Se eles tivessem seguido o plano de Rick, Beth poderia ainda estar viva? Responderam que sim 82% dos telespectadores.

KMK: Sim, se eu bem me lembro do plano original, ele envolvia alguns pescoços degolados. Aí teríamos também Daryl com a besta e talvez eles tivessem conseguido retirar Carol e Beth de lá. Eu não concordei muito com o plano de Tyreese.

CH: Você acha que a apreensão de Gabriel com o grupo é justificada?

RK: Sim, definitivamente acho que sim. Se você olhar para nossos personagens e imaginá-los sem tê-los vistos nas temporadas anteriores, sem ver tudo o que eles passaram e como evoluíram, você acharia que são um bando de lunáticos. Se olharmos cada um deles como são agora, sim, eles são assustadores, e que há por que ficar apreensivo com eles por perto.

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• Em seguida, Hardwick apresenta perguntas dos fãs a Robert Kirkman, feitas via Skype para serem veiculadas ao longo do programa. A primeira delas era a respeito do destino do grupo: eles ficarão apenas na Georgia ou partirão para outras regiões do país? E se os telespectadores poderão ver Maggie beijar outra garota no show…

RK: Bem, eu não quero largar spoilers, mas vocês sabem o que ocorre nos quadrinhos. Poderá acontecer, ou poderão seguir em Atlanta. A respeito de Maggie beijando outra garota, bem, quem escreve sou eu e posso fazer o que bem entender com ela… (Risos)

• A segunda pergunta foi: qual foi sua cena ou episódio favorito nesta temporada, ou de todas as temporadas?

RK: Difícil escolher uma. A minha favorita de todos os tempos é a de Morgan na primeira temporada, quando ele não tem coragem de atirar em sua esposa. É minha favorita por vários motivos: ela capta o espírito do que realmente é o show, é aquele momento em que você se dá por conta de que não é um show normal sobre zumbis, é sobre pessoas e suas emoções, e Lennie James o encarna maravilhosamente. Mas mais do que isso, quando retornamos na terceira temporada, no episódio Clear, você reencontra Morgan, e ele parece ter perdido a sanidade. Fica implícito que, por ele não ter sido capaz de matar a esposa, ela acabou por matar o filho de ambos. Foi uma maneira de darmos profundidade àquela história sem termos que explicar tudo em detalhes.

CH: E sobre Morgan agora, já que vimos ele no final. Eu ainda acho que ele encontrará os X-men! (risos)

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RK: Eu acho que você precisa perguntar a si mesmo: teria ele melhorado? Ainda é um homem louco? Vai que ele encontre o grupo e mate a todos… quem sabe o que irá acontecer?

CH: Você sabe o que vai acontecer! (Risos). Você é literalmente quem sabe o que irá acontecer!!!

RK: (Risos)… Eh… vai ser louco.

• A terceira pergunta feita por fãs via Skype foi: Finalmente haverá um fim da virgindade para Daryl Dixon? Ou vocês estão o guardando para alguém em especial? (Risos)

RK: Nós estamos tratando Daryl Dixon como um ser assexuado durante o show. Ele é um personagem muito introvertido e, sabe, na dele. Eu quero esclarecer uma coisa, que sempre perguntam na sessão de cartas da HQ, a respeito da possibilidade do personagem de Daryl Dixon ser gay. Isso causou frisson online. Eu queria apenas esclarecer que a possibilidade está lá, eu disse isso, para mim é ok, para a emissora está tudo bem, mas na verdade não faremos isso. É oficial, Daryl Dixon é hétero. Porém, na próxima metade da temporada veremos um personagem gay bastante importante, que vem da HQ. Vai ser muito legal, aguardem.

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• A quarta pergunta via Skype foi: O quão diferente seria o grupo se Rick tivesse morrido no lugar de Shane?

RK: Bem, eu acho que, devido ao tempo que levou para Rick evoluir até este ponto, eu acho que ele seguiu todos os passos que precisava seguir para chegar onde ele precisava chegar, no momento certo, da maneira certa. Embora ele esteja em uma situação parecida à situação de Shane neste momento, eu acho que Shane seguiria estes passos mais rapidamente. Ele não hesitaria inclusive em sacrificar membros do grupo, então acho que este grupo realmente seria muito menor no caso de Shane ser o líder.

• A quinta pergunta foi: “Eu não entendo por que, quando Eugene veio com toda aquela mentira da cura, por que Rick não pulou na frente gritando ‘Olhe, eu estive na porra do CDC, não tem cura, o mundo acabou, cacete! Supere isso!!!!’” (risos gerais)

RK: (risos)

CH: Como é que vamos responder algo assim? Ainda mais com o cara usando esse gorro de animal???? Esse aí vai entrar para a Galeria da Fama do Talking Dead, juntamente com o Marilyn Manson! (risos gerais)

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• Durante o quadro Inside the Dead ficamos conhecendo algumas curiosidades sobre o episódio:
– A atriz Christine Woods não vê sua personagem Dawn como vilã. Ela pensa em Dawn como uma pessoa valente, assustada, que estava apenas tentando ser um herói.
– Norman Reedus diz que Beth era a personificação da pureza e da honestidade no mundo de Daryl. “Presenciar esta pequena chama se apagando foi algo super triste.”
– Denise Huth diz que todos sabem que será um dia difícil quando eles filmam uma cena de morte. O abraço coletivo do elenco foi por terem sentido a perda daquela personagem e a perda que eles imaginam que o público sentiria.

• No último bloco do programa, Emily Kinney juntou-se aos demais convidados, visivelmente abalada pela morte de sua personagem e, por várias vezes, chorando durante o programa. Chris Hardwick abre o bloco lendo para Kinney os tweets dos fãs, reagindo à morte de Beth.

CH: As pessoas estão chateadas, muito chateadas. Como você se sente e como você descreve os seus sentimentos ao filmar este episódio?

EMILY KINNEY: Bem, eu ainda não olhei meu Twitter, eu realmente estou assustada e não sei se pronta para toda esta resposta. Os fãs são tão incríveis e, mesmo antes deste episódio, eu vinha recebendo tantas coisas boas, então… isso é muito bom de se ter. Filmar aquele episódio foi estressante, porque, você sabe, você não está apenas deixando o personagem, mas… oh, não… (Emily começa a chorar)

CH: É, é triste, tudo bem… Todos nós estamos tristes, mas para as pessoas, ver você aqui…

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EK: Ei, ei, é fingimento! (tenta fazer graça)… Mas a gente realmente se envolve, e bem, a gente tem uma vida em Atlanta, todos nós nos mudamos para lá, trabalhamos lá, e… (volta a chorar)… desculpe. Bem, vou tentar colocar os pensamentos em ordem. Eu tinha um trabalho lá, há 3 ou 4 anos, tinha meu apartamento, tinha uma vida lá, e descobri durante o episódio sete que morreria no episódio oito! Então eu precisei lidar com toda esta parte logística, entregar o apartamento, as pessoas perguntando se eu estava saindo do show, meus amigos que eu deixaria… Lauren, Steven e Norman se tornaram pessoas muito próximas a mim… Mas, ao mesmo tempo, eu também queria oferecer uma grande interpretação, pois era meu último episódio, minha última cena. Foi muito estressante, pois tive que lidar com minha vida real, ao mesmo tempo que precisava dar o foco necessário para aquele momento do show.

CH: Bem, eu gostaria de dizer que você fez um trabalho maravilhoso, e que você não deve se sentir mal por chorar. Eu acho que é importante que o público veja que este show foi importante para você da mesma maneira que é importante para eles. Eu acho que Beth teve um arco tão excelente, ela saiu fortalecida. Kirkman, o que você acha que Beth trouxe para o grupo, o que ela mudou para todos?

RK: Acabo de mudar de ideia, você vai voltar! (Risos) Eu acho que Beth trouxe uma grande dose de realismo à história, ela passou por tanta coisa. Foi uma verdadeira montanha-russa, tudo o que ela viveu. O desespero da segunda temporada, o apagão emocional da quarta temporada, a força que mostrou na quinta temporada, é como se fosse um personagem completamente diferente a cada temporada, até chegar a este momento. É incrível que você tenha conseguido fazer isso. E Beth… eu não acredito que, quando você chegou, na segunda temporada, você imaginaria que este seria o seu arco, viveria tanta coisa, e isso é mérito seu enquanto atriz. Nós escritores a empurrávamos para vários lugares, e você respondeu a todos os desafios tão bem, isso é notável!

CH: Como foi filmar aquela cena final, nos braços de Daryl?

EK: Bem… foi um pouco assustador por que… Norman estava realmente chateado, todos nós estávamos, mas depois de filmar várias e várias vezes eu estava com medo que Norman me deixasse cair no chão (Risos)… Ele realmente é muito forte, mas… e eu realmente tinha que parecer morta, não podia sequer me segurar para ajudar a sustentar o peso. Então eu, morta, de olhos fechados, só sentia que estava escorregando… (Risos) Para mim foi uma cena fácil, eu só tinha que ficar deitada lá… (Risos)

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CH: Quais são suas melhores memórias do show?

EK: Há várias boas lembranças, mas as minhas melhores memórias foram de logo que cheguei à Georgia, para a segunda temporada do show. Eu me lembro de ter ficado num hotel e Steven, Lauren e Scott irem me buscar para irmos para a filmagem, estávamos mais ou menos começando juntos, lá na fazenda. Lembro de Steven se oferecendo para trazer o “brunch”… Eu lembro deles e de todos os demais me recebendo com um grande abraço, tipo “agora você é uma de nós”. Foi um momento tão acolhedor, de boas vindas. Nas semanas seguintes, durante o 4 de Julho… (começa a chorar novamente e é consolada por Hardwick)

CH: O que você acha que Beth estava pensando quando atingiu Dawn no pescoço? Você acha que foi algo impensado, quando ela viu que Noah iria ficar?

EK: Nos vimos Beth crescer e ganhar confiança, ela se tornou mais forte, mas acho que naquele momento ela abusou demais desta confiança que ela adquiriu. Dawn poderia ter conseguido o que queria, mas faltava uma coisa… e ela a atacou. Obviamente, foi uma má decisão.

• A última pergunta da enquete foi: Dawn mereceu morrer? 93% (noventa e três por cento) do público respondeu que sim.

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KMK: Sim, ela mereceu!!!

CH: Vocês sempre botam estes personagens babacas no show para depois tentar humaniza-los e então… (Risos)

O programa encerrou com a divulgação do sneak peek do próximo episódio, que estreia em Fevereiro, bem como com as felicitações a Robert Kirkman por seu aniversário.

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Galeria de imagens do Talking Dead

Sabrina Picolli

Perdida nesse mundo cheio de walkers, geeks, seres fantásticos, pessoas incríveis... e adorando!

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