Um dos aspectos mais convincentes da série “The Walking Dead” é observar um grupo de sobreviventes tentando descobrir o que é certo e o que é errado nesse mundo novo em que vivem, habitado por uma epidemia de zumbis.
Desse lote, o Shane Walsh de Jon Bernthal tornou-se um dos personagens que mais discute com a maioria do grupo em um mundo sem lei. Em sua essência, Walsh é um cretino de cabeça quente que recorre à violência para resolver os problemas. Mas, ao mesmo tempo, sua atitude parece o tipo de coisa que você pode precisar fazer para sobreviver ao próximo ataque de zumbis que o está esperando na esquina. Acrescente-se a isso a idéia de que a mulher que ele ama voltou para o marido, e o resultado é uma grande e complicada bagunça.
Bermthal é um ator veterano dos palcos, cuja carreira inclui a breve sitcom “The Class” e participações em séries como “How I Met Your Mother”, “CSI: Miami” e “Numb3rs”. A segunda temporada de “The Walking Dead” retornou no domingo, e a CNN falou com Bernthal sobre interpretar Shane e como os atores normalmente trabalham para construir as emoções em “The Walking Dead”.
CNN: Shane tornou-se uma figura central na segunda temporada. Você acha que ele mudou ao longo da série, até agora?
Bernthal: Você pega um cara que é muito humano e comum e o coloca nessas circunstâncias incomuns, e o que se revela é uma loucura. Mais importante, eu acho que ele é o primeiro personagem do seriado a se tornar um produto desse novo mundo. Ele descobre na primeira temporada, quando surra Ed próximo da água, que pode continuar batendo no cara porque não há lei, não há ordem. É uma coisa inacreditavelmente perigosa para se descobrir. Ele percebe que você precisa se adaptar a esse novo mundo. Para um cara que está tentando desesperadamente esconder e reprimir suas emoções e seus sentimentos, eu acho que ele genuinamente sente que não pertence a esse mundo. Eles irão restringi-lo. É um ótimo espaço para Rick [Andrew Lincoln], que é guiado pelo coração e tenta fazer o que é certo. Shane considera isso como ser fraco. É extremamente interessante interpretá-lo, como ator, porque esse é um homem muito emotivo que está passando por um tormento emocional – e, mais cedo ou mais tarde, precisa explodir.
CNN: Uma das questões com ele sempre foi se ele é um cretino ou um lutador em um mundo cercado por zumbis?
Bernthal: Tudo isso retorna ao [showrunner original] Frank Darabont. É o que Frank realmente queria fazer. Ele percebeu que esse era um personagem unidimensional dos quadrinhos e disse que há muito mais coisa. O caso não diz respeito só ao Shane e à Lori. Rick e Shane amam-se como amigos. Shane e Carl [o filho de Rick e Lori] possuem uma relação extraordinária. É uma família muito fraturada e fragmentada que passa por todos esses estágios de perda e renascimento, e eles estão mudando o tempo todo. Foi Frank que disse que esse é o âmago dessa história, não é que um cara que todo mundo pensa que morreu, retorna e descobre seu amigo que está dormindo com sua esposa e enlouquece. É uma queimadura lenta e muito mais interessante para humanizar. Frank e eu realmente nos empenhamos para mudar a opinião dos espectadores, semana sim, semana não.
CNN: Shane, mais do que ninguém, parece pensar que o grupo de sobreviventes com quem ele está pode acabar mal. Que pode existir um caminho diferente.
Bernthal: Ele é o primeiro a falar sobre o que está acontecendo sozinho. Ele é um daqueles que poderiam. O que é interessante no Shane é que, ao mesmo tempo, ele sente duas coisas igualmente. A primeira delas é que, ao contrário dos outros personagens, as pessoas que ele mais ama no mundo estão vivas. Elas estão muito próximas, mas ele não pode ficar com elas da maneira que queria. Diariamente, ele quer mantê-las vivas. Ao mesmo tempo, ele está bastante consciente de que seus sentimentos por Lori e Carl são como um câncer para o grupo e poderiam, eventualmente, causar um grande rompimento entre Rick e ele. Essa relação está começando a se romper agora, onde estamos na série.
CNN: O elemento óbvio do seriado é a sobrevivência. Mas as emoções que existem no mundo “não-zumbi” e no mundo zumbi, eles não vão embora simplesmente porque as pessoas querem comer sua cara.
Bernthal: Isso. O que o mundo zumbi faz, o mundo do apocalipse, o que queremos criar, isso eleva as coisas, vai além das aparências e o conforto da vida cotidiana e faz com quem você lide com quem você é e com sua personalidade. É uma ótima discussão com os espectadores: qual é o melhor modo? Até agora, na segunda temporada, nós criticamos muito o modo do Shane. No resto dela, vamos ver alguma validade na abordagem do Rick. A abordagem mais “humana”.
CNN: No fim do último episódio (da primeira metade da segunda temporada), quando os zumbis saíram do celeiro – como estava o clima no set durante a gravação?
Bernthal: Nós amamos as cenas em que o elenco trabalha como um conjunto completo e todo mundo trabalha um com o outro. E quando você junta o nosso grupo e joga um monte de zumbis nele, você nunca sabe o que acontecerá. Noventa por cento das reações que vocês vêem nas cenas e nas interações entre os personagens, isso não está no roteiro. É algo que Frank incentivou desde o início. Eu acho que esse grupo de atores e de equipe compreendeu como trabalhar como unidade e essa cena – é uma chance de todo mundo tocar seu instrumento.
CNN: Quanto desse seriado é improvisação?
Bernthal: O que sempre tentamos fazer é um gênero, uma série de zumbis, mas não para piscar para a audiência, para ser legal ou burlesco. A única maneira de conseguir fazer isso é fazendo as pessoas acreditarem de verdade. E reagirem de verdade. Se você ficar só esperando por sua fala… é uma maneira de trabalhar, mas o estilo da série que desenvolvemos é um pouquinho diferente. Quando os atores entram nesse seriado, eu acho que eles dizem, “Ai meu Deus, isso é televisão?” Porque eles percebem que é muito livre. Todo mundo está 100%, o tempo todo. Não existe isso de estar no plano de fundo. A beleza disso é que as apostas são altíssimas. A qualquer momento, um zumbi pode aparecer do meio do mato e comer sua bund* ou alguém que você ama.
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Fonte: The Indy channel
Tradução: Lalah / Staff WalkingDeadBr
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