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FANFIC | Seus Ossos e Cicatrizes – Capítulo 9: O Que Vem Pela Frente
Seus Ossos e Cicatrizes é uma fanfic inspirada no Universo The Walking Dead e focada em Daryl Dixon. Confira abaixo o capítulo 9.
Neste capítulo de Seus Ossos e Cicatrizes… Tris e Daryl precisam fugir de todo o caos que causaram. Quando estão seguros e a proximidade dos dois começa a ficar mais forte, Tris se pergunta o que vem pela frente.
Os capítulos de Seus Ossos e Cicatrizes, uma fanfic focada especialmente em Daryl Dixon, são lançados semanalmente, às sextas-feiras, 19h, aqui no The Walking Dead Brasil. E, por favor, utilizem a seção de comentários abaixo para deixar opiniões e encontrar/debater/teorizar com outros leitores. Boa leitura! 😉
9. O Que Vem Pela Frente
Tris Rhee:
Daryl e eu continuávamos a olhar os zumbis em cima do cavalo. Por um momento quase pude ver perfeitamente a mão de um deles entrando e cravando na pele do animal. Mesmo que por segundos parados ali, foi o suficiente para alguns deles começarem a se levantar e andar em nossa direção. Logo atrás, pude ouvir passos apressados, também na nossa direção. E quando me dei conta do que ouvia, me virei para trás. Vendo um grupo de várias pessoas correndo até nós, enquanto miravam suas armas na gente. Olhei mais uma vez para o cavalo, ele parecia já não ter mais vida e seu sangue escorria pelo solo, cobrindo boa parte dele.
Daryl e eu começamos a correr imediatamente para dentro da floresta que tomava conta da maior parte da cidade. Passamos por ruas com diversas casas agora tomadas pelo mato verde. Os tiros e os passos ainda nos perseguiam.
Por conta da adrenalina e o medo, não conseguia me sentir cansada mesmo correndo tanto. Daryl carregava a bolsa onde a maioria das armas estava, e mesmo assim mantinha o mesmo ritmo que o meu.
Olhei para trás, para uma das pessoas que nos perseguia. E assim que nossos olhos se encontraram, a mesma parou. Simplesmente parou.
Eu continuei. Me virei em direção a Daryl, e então recuperando mais fôlego, eu apressei meus passos.
Logo depois da mesma garota de antes, parar de correr atrás de nós. Os outros também começaram a não nos perseguir mais. Eu já não conseguia mais os ouvir, a não ser nossos próprios caminhares. Eu ainda continha a feição da garota em minha mente, era como se ela tivesse me reconhecido. Mesmo nunca termos nos encontrado antes – pelo menos eu acho que nunca nos encontramos -.
Daryl e eu ainda corríamos pela “floresta”, mas em um ritmo mais devagar que antes. As ruas eram um completo verde, juntamente com as casas ao nosso redor. E diversos tipos de árvores cresciam entorno das casas.
Olhei para frente, para o fim do lugar “manchado” por verde. E então pude perceber mais prédios a nossa frente. Os prédios e as ruas eram quase iguais à floresta atrás de nós, mas pareciam bem mais… cuidadas? Como se alguém tomasse conta para que o musgo verde não preenchesse o resto que havia dos prédios e edifícios.
Daryl parou logo mais adiante de mim, colocando as mãos no joelho e tentando recuperar o fôlego. Ele olhou pra mim, como se quisesse falar algo, mas nada saiu do mesmo. Passei minha mão sobre a testa, me encostando em uma das arvoras que havia ao meu lado. Fui me escorregando sobre ela, até sentar sobre o chão de concreto da pequena cidade.
– Caralho… eu tô morta. – Digo com dificuldade pela falta de ar.
Daryl me olha mais uma vez, antes de se levantar com calma. Colocando as mãos ao redor da cabeça e olhando ao redor. Mais especificamente para a rua a nossa frente. Eu continuei olhando o mesmo de costas para mim. Então, olhei para trás. Para dentro da floresta, de onde nós havíamos vindo. Então fui me levantando aos poucos, agarrada a árvore. Sentindo o ar entrar com mais facilidade pela minha garganta.
– Cê tá bem? – Daryl foi chegando mais perto de mim. Colocou a mão no meu ombro enquanto verificava se estava tudo certo comigo.
Tirei sua mão de mim, foi um ato repentino. Então isso fez Daryl olhar confuso para mim.
– Eu quem deveria perguntar isso. Você foi baleado no braço, Dixon – Fiquei ao seu lado, de como que seu braço ferido ficasse de frente para mim.
– Argh… – Daryl gemeu de dor, assim que toquei as extremidades de seu ferimento.
Olhei para ele. E ele olhou para mim.
Voltei minha atenção para seu braço, dizendo:
– Não foi nada tão grave assim, mas ainda tem que fazer um curativo. – Ajeitei a manga curta de sua blusa, de modo que não pegasse tanto na ferida para não doer no mesmo. – O que cê acha de andarmos pela cidade aí? A gente pode achar algo útil pra usar.
Daryl concordou com cabeça baixa, pegou sua mochila que ele mesmo havia jogado no chão e então assim começamos a andar. Entrando mais a fundo de uma nova parte da cidade.
Dixon foi caminhando mais adiante de mim, com a mão em seu braço machucado. Ele olhava para todos os lados, olhando dentro de cada alojamento que passávamos. Assim que atravessamos umas das ruas da cidade, Daryl entra em um dos antigos comércios. Não tinha nenhuma placa do lado de fora que pudesse identificar que ali era uma farmácia, mas dava claramente para ver que era uma – ou que restava dela -.
Daryl foi passando por cada prateleira, pegando sedativos, gaze e tudo o que mais achava necessário. O mesmo colocou tudo num outro bolso da mochila. Enquanto isso, eu apenas o observava, sentada no que antes era uma janela de vidro. E assim que o mesmo passou por mim, eu retirei a mochila de suas mãos.
– O que você tá fazendo? – Ele falou assim que coloquei a mochila nas costas, e andei para fora do local onde estávamos.
Daryl veio apressadamente ao meu lado, ainda me olhando.
– Eu levo pra você. Você tá machucado, melhor não fazer nada com seu braço até a gente encontrar algum lugar pra ficar.
– Não precisa me tratar como uma criança, Tris. – Daryl falou um pouco seco.
– Não tô te tratando como um bebê, tô sendo cuidadosa, Dixon. – Olhei para o mesmo, e pisquei o olho.
Depois disso, o silêncio se instalou entre nós. Apenas continuamos a andar. Viramos ruas e ruas, até chegar numa parte mais calma que o resto. Diferente dos outros prédios, estes estavam cheios de musgo crescendo as paredes externas. Sendo a rua, o mesmo.
De repente, sinto a mão áspera de Daryl segura meu braço. Me trazendo mais perto de si.
– Toma, vou ficar mais tranquilo com você usando isso. – Ele, então, esticou com sua outra mão uma pistola com um silenciador no cano.
Olhei para ele antes de pegar a arma. E então analisei a mesma em minhas mãos.
– Valeu, pai. – Digo sorrindo provocativa para ele, que logo fechou mais a cara.
Volto minha atenção a estrada, e só então percebo um teatro logo a nossa frente. Solto meu braço das mãos de Daryl, e vou correndo em direção ao antigo estabelecimento. Paro em frente a um dos cartazes de exibição. Retiro a grande raiz que encobria o mesmo, e sinto uma onda gelada percorrer meu corpo.
“Fim dos Tempos” era o filme a qual era exibido. Era também o filme favorito de Glenn. Chega até ser meio irônico pela situação em que o mundo está agora. Mas, assim que penso no mesmo, a falta de ar começa a retornar. A preocupação toma conta de mim novamente, então tento ao máximo não chorar. Recuperando o ar e assim me virando para Daryl.
Por um momento, agradeço mentalmente pelo mesmo estar prestando atenção ao teatro. Pois sabia que se o mesmo perguntasse se eu estava bem, eu iria desabar a chorar. Então eu respiro fundo novamente, e vou até o mesmo. Daryl mantinha seu olhar sobre o lugar, mas assim que me viu chegando perto, me olhou.
– Acha que esse lugar tá bom pra gente passar a noite? – Coloco as mãos no bolso da calça, esperando uma resposta do mesmo.
– Não consigo ouvir nada lá dentro, parece que tá limpo.
Daryl começa a andar até a porta do local, logo seguido por mim. O mesmo examina a fachada, e então tenta empurrar a mesma para ela então se abrir. Mas nada acontece. Daryl tenta mais uma vez, com persistência. Mas a porta ainda se mantém fechada.
– Tem alguma coisa emperrando a porta lá dentro.
Ele se afasta da portaria, olhando para mim. Eu logo engatilho a arma que o mesmo havia me dado, coloco a mochila no chão e então chego mais perto da porta. Posiciono meu ombro na madeira macia, e então dou me impulso com o resto do corpo contra a mesma. Logo fazendo com que ela abra um pouco. Espreito meus olhos tentando olhar algo dentro do lugar, mas eu não conseguia ver nada. Olho mais pra baixo, assim vendo um grande cadeado que mantinha a porta fechada.
– Se liga aqui. – Chamo a atenção de Daryl para mim e a porta. O mesmo pega a mochila que eu havia deixado para trás e logo vem se aproximando de mim. Ele me olha por um pequeno estante antes de focar na maçaneta encadeada.
– Porra… – Ele pega o cadeado por dentro do pequeno vão e então puxa o mesmo com força.
– Daryl não vai ser sua super força que vai fazer essa porta se… – Então, antes que eu pudesse terminar minha fala, Daryl joga o cadeado enferrujado no chão.
– Eita… Então tá…
Ele olha para mim antes de começar a empurrar um grande sofá, a qual ajudava a trancar a porta por dentro. Coloco a mão – agora dentro do lugar – na parede, e então começo a andar pela escuridão daquele teatro. Daryl já havia entrado no local muito antes que eu, então acabei por perder o mesmo de vista. Chamava o nome do mesmo quase como num sopro. Aquele homem tava com brincadeira com a minha cara. Naquela hora eu ao menos conseguia escutar os passos do mesmo.
Então, logo mais à minha frente, pude ouvir um zíper de algo sendo aberto. Chamei novamente pelo mesmo, colocando a mão sobre meus olhos. De modo a enxergar algo a mais que não fosse só o escuro.
– AI CARALHO. – Senti as mãos de Daryl cobrirem minha boca quase de imediato. E então, ele me puxou mais para perto. Quase nos colocando um com o outro.
– Faz silêncio. – Sentir o sopro das suas palavras ao pé do meu ouvido, me fez arrepiar. Não esperava que estivéssemos assim tão próximos.
Respirei baixo assim que ele retirou suas mãos de mim. E então ouvi o mesmo ajeitar algo em sua mochila, já que eu podia ouvir o som claro das armas se batendo umas com as outros dentro da bolsa. De repente, um clarão de luz branca me fez fechas os olhos com força.
– Que merda, Dixon. Quer me deixar cega? – Coloquei as mãos nos olhos, depois massageando os mesmos.
– Desculpa. Tá tudo bem? – Daryl chegou perto e então coloca as mãos em cada lado do meu ombro. Eu assenti com a cabeça, com o braço a minha frente, já que a luz ainda pairava sobre mim.
– Aqui, pega isso. – Ele pegou uma de minhas mãos e logo colocou algo sobre elas.
Abri mais meus olhos, olhando o que o mesmo havia me dado. Logo percebi ser uma lanterna também.
– Parece tudo limpo por aqui. Mas mesmo assim é melhor a gente olhar. – Daryl ajeitou sua mochila nas costas e então olhou para mim.
– Tudo bem pra você olhar essa parte?
– De boas, eu fico por aqui sim. – Dixon assentiu com a cabeça, então começou a andar até as escadas para o segundo andar do tetro.
– Vou ficar lá em cima, qualquer coisa só grita que eu venho correndo. – Daryl parou no primeiro degrau, olhando pra mim.
– Digo o mesmo pra você.
Daryl sorriu de leve, e então começou a subir os pequenos degraus da escada. Fico olhando para o mesmo, até ele finalmente desaparecer de vista. Então o lugar volta a ficar escuro novamente. Assim eu pego a lanterna que Dixon havia me dado momentos atrás, logo ligando a mesma. A luz preenche quase todo o lugar. Me viro, olhando as coisas ao meu redor. Reparo que logo mais adiante da porta principal, havia algumas caixas empilhadas e cobertas por uma lona preta. Olho mais para o lado, logo mais adiante da escada, e reparo num grande sofá também coberto. A minha frente, havia um grande balcão onde deveria ser a recepção do teatro. E logo mais ao lado, mais cartazes e então portas que davam acesso a um banheiro.
Como não havia nada no salão onde eu estava, eu decido ir até a sala onde eram os espetáculos. Mas antes, eu puxo a pistola branca que o próprio Daryl havia me dado. Engatilhando a mesma, novamente. Começo a andar até a porta com a arma na mão esquerda e na direita, a lanterna. Fico frente a frente com a porta, espero alguns momentos ali parada para ouvir algo dentro do salão. Mas, tudo o que eu podia ouvir eram os passos pesados de Daryl no segundo andar.
Sem esperar muito, eu abro a porta com calma. Tentando fazer o máximo de silêncio possível. Cubro minha boca com o braço. Abrir a porta fez com que uma poeira subisse até mim, fazendo minha garganta coçar. Eu tusso em resposta. Olho para trás, com medo. E então assim que me viro para frente novamente, sinto um arrepio descendo pela minha espinha.
– Caralho… – Digo num sussurro.
A minha frente se encontrava várias cadeiras vermelhas, e nelas… cadáveres. A maioria já tinha virado apenas osso e poeira. Mas, outros estavam entrando em decomposição recentemente e emanavam um cheiro de morto, igual aos zumbis.
Fui adentrando mais, caminhando em direção a uma pilha de corpos que havia mais ao canto da grande sala. Vou passando a luz da lanterna em cada canto que eu passava, até finalmente chegar à pilha onde se encontravam vários mortos. Por sorte nenhum deles estavam zumbificados. Chego mais perto de um dos corpos, vendo algo brilhante com o mesmo. Assim que pego percebo ser uma caixa de alumínio. Abro a mesma e então vejo que dentro havia vários curativos médico. Sorrio e então coloco a caixa abaixo do meu braço, prendendo a mesma ali. Decido revirar mais os corpos de modo a encontrar mais alguma coisa. Mas assim que toco num dos corpos que estava no topo daquela pilha, o mesmo cai. Fazendo com que seus órgãos saiam com facilidade por sua pele fina. Sinto algo retornando pela minha garganta. Me fazendo sair daquela sala rapidamente.
Assim que passo pela porta, vejo Daryl me olhando assustado. Por sorte, sair da sala naquela hora, fez com que eu não vomitasse mesmo. Mas ainda assim, me sentei no chão tentando recuperar o fôlego.
– Tudo bem? – Daryl pergunta com uma cara estranha, mas, ao mesmo tempo, confusa.
– Não… entra naquela sala. – Falei com dificuldade. Mas, mesmo que eu implorasse, Daryl iria entrar na sala. E foi exatamente o que ele fez.
Ouvi os passos lentos do mesmo, indo exatamente em direção a pilha de mortos. Daryl voltou com uma cara de nojo e então fechou a porta, se encostando nela depois.
– Eu não deveria ter entrado ali. – Ele falou fechando os olhos com força.
– Confia em mim da próxima vez. – Me levanto do chão rindo.
Logo vou até a caixa com os curativos e então olho para Daryl.
– Achou alguma coisa lá em cima? – Falo seguindo o mesmo com o olhar até o sofá.
– Achei. – Dixon fala logo depois de desligar sua lanterna, fazendo a escuridão se instalar entre nós novamente.
Mas assim que chego mais perto do mesmo, vejo o salão tomar sua luz de volta. Ele havia acendido um lampião.
Olho para o lado, para Daryl.
E ele olha para frente, pra mim.
Sinto meu corpo estremecer, e então sorrio.
– É, isso é um achado legal. – Ando até ele, sentando ao seu lado.
Daryl pega sua mochila e então começa a mexer na mesma. Logo vejo ele retirando algumas comidas enlatadas.
– Porra, maldita hora que não fui lá pra cima. – Falo, vendo toda a comida que o mesmo havia conseguido.
Ele ri, olhando pra mim. Me encosto no sofá, olhando pra frente.
– Que foi? Não tá com fome?
Daryl dobra as pernas, se sentando de frente pra mim agora. Viro a cabeça em sua direção.
– Na real, eu tô. – Me levanto levemente, pegando um dos potes com a comida. Daryl me estende uma colher, e então nós dois começamos a comer depois de horas sem nada.
Não falamos nada durando aquele momento. Até terminamos de comer, e então me lembro dos curativos que havia pegado minutos atrás. Olho para Daryl que estava ainda sentando um pouco mais afastado de mim. O mesmo agora mexia em sua faca, lixando o objeto.
Me levantou, vou até onde havia deixado minha coisa e pego a caixa de alumínio. Logo depois indo de volta até Dixon, sentando ao seu lado, de frente para seu ferimento. Daryl me olhou confuso pela proximidade de ambos.
– Que cê tá fazendo? – Ele chegou para trás assim que levantei o pano limpo para o mesmo.
– Relaxa, só vou cuidar da sua ferida, Daryl.
Tentei olhar para ele de um modo que o mesmo não se sentisse incomodado. Mas, assim que comecei a passar o pano em seu braço, pude reparar no mesmo ajeitando sua postura em forma de desconforto.
O sangue de Daryl havia caído por quase todo o seu braço, então fiquei ali por bons minutos apenas tentando tirar toda a sujeira que tinha nele. Naquela hora nenhum de nós dois teve coragem a dizer algo, mas não precisávamos que isso acontecesse agora. Ficamos em um silêncio confortável, até eu começar a passar o líquido para limpar a ferida por dentro. Daryl gemeu fazendo com que eu retirasse minha mão dali.
– Desculpa… tá ardendo?
– Não, só… continua.
Eu sorrio levemente. Daryl parecia se importar muito em não demonstrar que sentia dor. Ou que não se sente magoado às vezes. Olho para o mesmo. Ele estava suado e sujo, assim como eu. O sangue dos Louva-Deuses ainda estava em sua pele e em seu rosto. Seu olho estava pesado, como se estivesse cansado. Podia ver que por dentro da boca, ele mordia sua bochecha internamente.
– Que bom que tá ardendo. – Volto a passar o líquido na sua ferida, fazendo o mesmo gemer de dor novamente.
– Não entendi. Gosta de me ver sofrendo ou dos gemidos? – Daryl olhou pra mim com um sorriso provocativo.
Eu estava com um semblante confuso. Daryl sempre conseguia me pegar de surpresa com esse seu tipo de piada. Eu não sabia lidar com isso na maioria das vezes.
Sorrio provocativa, prensando minha mão contra a ferida com o remédio ardente.
– Aah, caralho. – Ele gemeu novamente, agora se afastando de mim. – Acho que era a segunda opção.
Daryl me olha bravo, enquanto eu ria do mesmo.
– Vem aqui. Ainda não terminei, Dixon.
Puxo o mesmo de volta até mim. Daryl senta ao meu lado, ainda me olhando. Mas agora o mesmo estava sério de novo. Um semblante a qual eu não conseguia decifrar.
Quando já estou quase terminando de passar a gaze entorno de seu braço, Daryl me chama.
– Tris, eu…
Ele se calou quase no mesmo momento, como se estivesse arrependido de me chamar. Olhei para ele, ainda esperando uma resposta do mesmo. Seu semblante estava com uma expressão triste.
– Sim? – Retirei meus olhos de cima do mesmo, porque sabia que aquilo o incomodava.
Voltei a enrolar a gaze no mesmo, ansiando que ele voltasse a falar algo. Mas não aconteceu.
– Nada. – Daryl se levanta assim que eu termino seu curativo.
Olho para o mesmo, sem conseguir entender o motivo dele estar assim tão de repente.
– Daryl…
Tento puxar o mesmo para a conversa, mas ele desvia do meu ponto.
– Tem um quarto lá em cima. Queria que você fosse dormir um pouco. – Ele fala agora olhando pra mim. Depois de minutos sem conseguir fazer tal ato.
– Tudo bem.
Me levanto lentamente, enquanto Daryl pega o lampião com cuidado e logo depois sua lanterna. O mesmo começa a andar, logo sendo seguida por mim. Durante todo o caminho, de subir as escadas e passar por diversas outras salas, nenhum de nós dois falamos nada.
Então, de repente, Daryl parou em frente a uma porta quase que imediatamente. Fazendo com que faltassem poucos segundos para eu esbarrar no mesmo.
– Cê tá bem? É aqui? – Falo chegando mais perto do mesmo, ficando ao seu lado.
Daryl vira o rosto em minha direção, concordando com a cabeça. Ele então vira a maçaneta, fazendo a porta se abrir. A luz do lampião ilumina toda a sala, fazendo com que eu visse tudo o que tinha lá dentro. Era um quarto onde os atores do teatro se vestiam. Haviam dois espelhos que cobriam quase toda a parede. Mais à esquerda do cômodo, haviam uma cama de solteiro e parecia bem limpa comparada ao resto do teatro. Havia também uma cadeira em frente a um dos espelhos.
– Aqui. Pode ficar com a luz. – Daryl coloca o lampião sobre uma das mesas que tinha também logo a frente do espelho.
Olho ao redor, indo em direção à cama. A cada passo que eu dava, sentia minha perna tremer. Durante todas as horas que eu não havia sentido dor em meu corpo, eu senti agora. Tudo.De.Uma.Vez.
Me sentei lentamente na cama, sentindo cada parte do meu corpo latejar. Desde meus ossos, até minhas cicatrizes. Respirei fundo, com os olhos fechados. Sentindo finalmente meu corpo relaxar.
– Descansa. – Daryl me puxa para a realidade novamente, fazendo com que eu olho para o mesmo.
Ele se vira começando a ir embora da sala.
– Daryl, espera.
Dixon parou ainda de costas pra mim, o mesmo se virou para o espelho. Olhando para mim por ele.
– O que você vai fazer?
Olhei para o fundo dos olhos do mesmo, quase me hipnotizando. Tentava buscar algo em sua feição, mas Daryl conseguia não demonstrar ele mesmo com tanta facilidade, que eu me sentia decifrando um enigma cada vez que olhava para o mesmo. E até agora eu não havia pegado nenhuma parte do mesmo.
Daryl sorriu, olhando para baixo com as mãos umas nas outras. Depois o mesmo se vira para mim.
– Esperar você. – Dixon voltou a andar calmamente até a porta.
– Daryl…
Então antes que eu pudesse terminar de dizer algo, o mesmo saiu fechando a porta atrás de si.