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FANFIC | Seus Ossos e Cicatrizes – Capítulo 2: O Fim de Todos Nós

Neste capítulo de Seus Ossos e Cicatrizes… Depois de ter encontrado certos intrusos na cidade, Tris Rhee precisa explicar todo o alarde que causou enquanto estava fora. Mas, a comunidade não pode deixar essa situação de lado, e agora O Reino precisa planejar o que fazer com essas pessoas desconhecidas.

Os capítulos de Seus Ossos e Cicatrizes, uma fanfic focada especialmente em Daryl Dixon, são lançados semanalmente, às sextas-feiras, 19h, aqui no The Walking Dead Brasil. E, por favor, utilizem a seção de comentários abaixo para deixar opiniões e encontrar/debater/teorizar com outros leitores. Boa leitura! 😉

2. O Fim de Todos Nós

Era de tarde e o lugar onde eu me encontrava não cheirava nada bem. Era sujo e fedorento. Ezekiel chama ele de “O Purgatório”. Era onde as pessoas confessavam tudo o que acontecia com elas, seja a pessoa nova no acampamento ou não. Eu costumava entrar várias vezes no Purgatório, podíamos dizer que eu não cooperava muito com as regras, mas sempre me livrava de todas as merdas que fazia no Reino.

A minha frente se encontrava Martha (braço direito do Rei), Ezekiel e Zyon. Geralmente eram eles que atendiam as pessoas nesse lugar. Todos os três me olhavam profundamente, principalmente Martha – digamos que eu não tinha uma boa relação com ela -. Zyon estava do lado esquerdo de Ezekiel e tinha cabelos escuros e os olhos, o mesmo, ele segurava uma 12mm firmemente e estava um pouco inclinado para frente. Martha ficava do lado direito e tinha o mesmo olhar, só que mais expressivo. Um olhar raivoso, como se fosse me atacar a todo momento. E Ezekiel, bom, ele sorria. Sempre mantinha o sorriso na minha direção quando eu estava numa situação dessas. Era o que me aliviava também.

Deixando de lado seus dois companheiros, O Rei se aproximou mais. Colocando suas mãos cruzadas em cima da mesa, colocou um pouco do cabelo para trás e começou a falar:

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– Então, Tris… pode nos explicar o porquê estava na cidade tão cedo assim?

Eu suspirei.

– Olha, eu me sinto sufocada nesse lugar, ok? Eu…
– Como assim sufocada? Você tem tudo aqui.
– Martha, agora não! – Falou Zyon, levantando a mão suavemente.

A mulher se encostou na cadeira passando a língua na bochecha. Cruzou os braços e levantou mais a sobrancelha.

– Olha, não é a primeira vez que eu saio assim do Reino. Já teve outras vezes que sai, mas nunca aconteceu isso antes, eu juro. – Martha solta um riso nasal. Ela estava me provocando.

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Olhei para Ezekiel, que não tinha mais um sorriso no rosto e mordia o interior da boca, focado.

– Tudo bem, Tris. Pode me contar exatamente o que aconteceu pela manhã? – Zyon perguntou, enquanto se acomodava mais na cadeira e deixava de lado sua arma.
– Ah, sim. Eu tinha saído do Reino assim que todos foram dormir. Não foi difícil até chegar na cidade, a floresta estava calma e não havia sinal de zumbis. Então quando eu cheguei, fui direto para O Eixo e fiquei no topo do prédio até que amanheceu, sem eu perceber e me dei conta que já teria que voltar logo. – Eu respirei um pouco e coloquei a mão atrás do pescoço, coçando. Eu estava suando frio.
– Já nas ruas, enquanto andava entre os infectados, os tiros começaram. Havia pessoas gritando toda hora e isso atraio mais zumbis. Eu não pude ficar nas ruas, então subi num dos prédios próximo e de lá eu pude ver o mesmo grupo da rua. Um deles tinha sido mordido, eu acho. E morreu com um tiro que alguém disparou. Então me viram do outro lado do prédio e eu tive que fugir.

Ezekiel brincava com os dedos, mas parecia pensar sobre o que eu havia dito. Martha continuava na mesma e Zyon me encarava sério. Mas agora, parecia mais interessado em me ouvir.

– Certo… E você não viu mais ninguém depois disso? – Agora Ezekiel perguntava e levantou a cabeça.
– Na verdade, eu encontrei três pessoas num antigo mercado. Era um garoto que usava um chapéu de xerife e também usava um pano para tampar seu olho direito e segurava um bebê no colo, não tinha nenhuma arma aparentemente. E também uma mulher com cabelo curto e quase inteiramente branco. Ela foi a única a tentar me desarmar e carregava um revólver.
– E o que você fez nessa situação? – Zyon perguntou, enquanto anotava algumas coisas num papel.
– Tirei o revólver da mão dela e a amarrei num cano velho perto dali. O menino tentou vir para cima, mas não conseguiu. Depois disso eu só sai dali e cheguei no Reino. Foi basicamente isso o que aconteceu.

Martha se levantou na hora que acabei e ficou perto da porta, como se falasse para sairmos logo dali. Ezekiel olhou para ela brevemente e logo fez um sim com a cabeça para Zyon, que saiu da sala com a mulher.

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– Olha, Tris. Eu não sabia realmente que você se sentisse assim sobre o Reino. Se eu puder ajudar com…
– Não precisa sério, tô de boa. – Me levantei também e coloquei as mãos no bolso da calça. – Eu só… não me sinto bem quando as pessoas me veem como uma ameaça ao acampamento, sabe?
– Uhum… – Murmurou ele passando a mão na barba. – Sinto muito que isso aconteça com você, mas não posso te deixar sair daqui, ainda mais com sua imunidade.
– É, tô ligada. – Caminhei até a porta. – Agora, eu vou tentar descansar. Hoje é o dia que eu fico nas cercas de madrugada vigiando, e…
– Na verdade, Zyon já pegou seu lugar hoje dizendo que você precisa de um tempo a mais depois de tudo isso.
– E você deixou, com certeza – Eu rio. O jeito preocupado de Ezekiel e Zyon comigo, me deixava alegre. Como se fosse uma mensagem de que eu era importante de fato.
– Mas, é claro que deixei. Sabe como eu me preocupo com sua saúde.

Agora saiamos juntos do Purgatório e íamos em direção as casas do Reino.

– Muito obrigada.

(…)

Era de noite ainda no mesmo dia, e o povo do reino se reunia agora para o jantar. Todos dividiam a comida entre si enquanto os guardas que circulavam o Reino, revezavam o horário de cada um. Não tinha muita comida, a situação do Reino agora estava muito ruim e o pouco que ainda tinha no armazenamento não duraria para as próximas semanas. Por isso cada um tinha direito somente a um pouco de pão, (às vezes, carne) e água.

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O pão era seco e duro, como se fosse de dias atrás. Eu não tinha fome alguma para terminar de comer aquilo, então só bebi meu copo de água e fiquei um tempo ali sentada, olhando cada pessoa daquele lugar. Algumas delas riam umas com as outras, outros só aproveitavam a comida silenciosamente. E em meio do meu transe observatório, uma criança começou a chorar do meu lado. Ela estava no chão, tinha um ralado no joelho e sua comida agora se encontrava cheia de terra. A menininha foi direto correndo para um cara alto e magro que servia as pessoas.

– Moço, por favor. Só mais um, eu nem tive como comer o meu. – Ela pedia enquanto soluçava forte.
– Me desculpa, mas eu não tenho mais nenhum para te dar. – O homem disse e então deu as costas para a garotinha. Não hesitei em me levantar de onde eu estava e ir na direção daquela menina.

Oi! Qual seu nome? – Disse me abaixando a sua altura.

– Abigail.
– Olha Abigail, se você quiser pode ficar com a minha parte da refeição. Eu não comi muito e…
– Ela não precisa. – Uma senhora de idade me interrompeu e pegou a comida que tinha nas minhas mãos. – Ela pode ficar doente de comer algo que você pegou. Melhor prevenir. Vem cá querida, eu divido com você. É mais seguro.

Eu não tive reação. Apenas fiquei parada enquanto aquela mulher puxava a criança para o seu colo e jogava minha comida numa lata de lixo que havia ali do lado. Eu não sabia o que fazer naquela hora, nem o que pensar. Então, Ezekiel me chamou.

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– Você tá bem?
– Uhum…
– Amanhã Martha e um grupo vão voltar para a cidade, só para ver se tá tudo bem e se aquele grupo continua lá. – Ele andava um pouco mais a frente e parou assim que chegou em frente à minha casa.
– E eu queria que você fosse junto, já que você conhece mais a área e sabe onde aquelas pessoas estavam. Tudo bem para você voltar lá?
– Claro, mas tem que mandar o Zyon junto comigo, já que a Martha não vai muito com a minha cara mesmo.
– Por mim, sem problemas.

Agora, nós estávamos na varanda de casa, sentados nos bancos que tinha ali. A varanda dava a exata visão do refeitório onde a maioria do povo se encontrava agora. O Reino não tinha muitas luzes acessas pela noite. Somente o refeitório em si ficava iluminado nessas horas. E era melhor assim, já que não chamava muita atenção de quem estava de fora.

– Estive pensando em mudar meu cabelo. O que você acha? – Ezekiel se pronunciou depois de uns minutos em silêncio, e virou sorridente na minha direção.
– Eu acho que na sua idade deveria agradecer por ainda ter cabelo. – Digo sem o olhar e sorrindo pouco.
– Obrigada. – Coçou a garganta. – Isso vai ajudar muito com a minha autoestima.
– Que isso, velhote. Tamo junto sempre. – Digo me levantando e dando um tapinha em seu ombro.
– Não gosto quando você fala desse jeito.
– Eu sei, por isso eu falo assim. Vai dormir, vai. Velho não pode ficar acordado até tarde, faz mal pros ossos. – Fecho a porta atrás de mim e retiro meus sapatos.
– Você me paga, Tris Rhee.

(…)

Novo dia, 7:30 da manhã e agora eu me preparava para sair do Reino. Iriamos para a cidade abandonada como Ezekiel havia me pedido ontem. Todos colocavam seus trajes e pegavam as armas que mais se davam bem. Eu tinha minha vestimenta de sempre. Duas facas de cada lado da cintura, revolver, escopeta e minha Cross-bow de sempre. Tinha também minha mochila e flechas feitas a mão, que aprendi a fazer com algumas pessoas daqui. Estávamos em 20 pessoas, e cada uma iriam formar 4 grupos de 5 pessoas. Zyon e Martha estavam do outro lado da sala prontos e esperando que todos se arrumassem. Eles conversavam baixo para que ninguém ali os escutassem.

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– Bora, pessoal. Não temos o dia todo. – A mulher se colocou à frente da porta com ar de autoridade e assim, logo depois de sua fala, todos saímos dali. O Reino estava quieto, ninguém saia de casa quando os guardas iam para as ruas. Então só podia se escutar nossos passos.

O portão se abria lentamente e alguns preparavam suas armas nas mãos. Antes de sair, Ezekiel passou por nós e acenou positivamente com a cabeça, sem falas. Então todos se dividiram, uns aos lados dos outros e seguimos a frente até a cidade. Zyon estava do meu lado e às vezes puxava assunto com algumas pessoas. Mas eu não prestava atenção. Ficava pensando nas mesmas pessoas que encontrei ontem, no cara gritando, no som que a bala fez quando foi disparada. Eu não sei por que me importava tanto assim com isso. Mas uma coisa me incomodava.

– Tudo bem. A partir de agora vamos nos separar em 4, cada um vai para um dos Eixos. Tris e Zyon ficam comigo, vamos ficar nas ruas enquanto vocês vigiam se tá tudo limpo.

Assim eu, Martha e Zyon saímos em direção ao mercado onde eu havia encontrado umas das pessoas daquele grupo. Não tinha barulho e maioria dos zumbis estavam mortos, caídos uns sobre os outros.

– Olha. – Chego perto de um dos errantes. – Isso é uma flecha de Cross-bow.

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Pego a flecha quebrada da cabeça do infectado e mostro para eles.

– Pelo visto, esse grupo tá muito bem equipado.
– É, e é por isso que a gente tem que andar logo. Vamo?

As ruas fediam, a coisa podre e tinha sangue para todo lado. Os vidros da maioria dos edifícios estavam quebrados e estraçalhados sobre o solo. E a porta do mercado onde estava fechada antes, agora estava totalmente aberta.

– Estranho quando eu sai, essa porta tava trancada.
– Acha que a gente deve entrar? – Zyon pergunta a Martha.
– Foi aqui onde você encontrou o menino e aquela mulher, Tris? – Aceno que sim. – Então é melhor entrar. Você primeiro.

Pego a escopeta em minhas mãos e puxo o gatilho lentamente para não fazer barulho e entro devagar no local. Não tinha nenhum sinal de pessoas ou infectados, então faço um sinal para os dois entrarem junto comigo. A porta dos fundos estava entreaberta e o cano onde eu havia prendido aquela mulher, estava no chão agora.

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– Aí, Tris. – Zyon me chama do outro lado e me entrega um papel. – Uma carta para você.

“Seja quem for a mulher que esteve aqui comigo e com minha irmã, saiba que você deixou sua faca para trás quando me deu para tirar a mulher que estava comigo, daquele cano. E não se preocupa ela está bem. Aqui está sua faca, espero que possa pegá-la a tempo, antes que alguém pegue por você.
ASS: C.G”

– C.G… Deve ser as iniciais do moleque que tava aqui.
– É, pode ser. – Martha olhava todos os cantos procurando alguma coisa. – Vamo dá o fora, não tem mais nada aqui.

Zyon e eu apenas a acompanhávamos. As ruas estavam soturnas e calmas, só havia um vento muito agitado para preencher nossos ouvidos naquele momento. Como cada rua já havia sido verificada pelos outros grupos, decidimos entrar no mesmo prédio que eu havia ficado no evento passado.

Cada um se comunicava uns com os outros pelo rádio, sem alarmes. O vento ficava mais agitado, então Martha decidiu que não iríamos ficar ali por muito tempo.

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E conforme o tempo passava e a manhã também, a comunicação ficava cada vez mais ruim. A maioria dos rádios só ficava chiando quando ligávamos e nenhuma voz era reconhecível a esse ponto. Não tardiamente, eram pelo menos 3:00. Mas as nuvens escuras faziam parecer mais perto da noite.

– Muito bem pessoal está ficando difícil manter vigia nesse estado. Então vamos voltar e amanhã decidimos se voltaremos ou não. – Ela esperou uns segundos e nada. – Pessoal, estão me ouvindo?
– En… – Chiando de novo. – Entendido… vamos descer.

De repente, meu braço começa a arder. A dor subia por toda a área e foi aí que percebi o sangue que escorria de mim. Eu havia sido baleada. Zyon que estava do meu lado me puxou até a porta para sair dali. Eu demorei para processar, mas quando me dei conta que meu braço jogava sangue para fora agora, eu parei. E a dor aumentou ainda mais.

– Tris, não para caralho. – Zyon me puxou pelas escadas até chegarmos ao final do prédio.
– Olha para mim. Você não pode pensar nisso agora, ok? – Ele prensava com força sua mão contra meu ferimento. – Olha a gente tem que encontrar o Oliver agora tá? Ele vai poder cuidar de você, me acompanha Tris.

Haviam mais tiros percorrendo a cidade. Mais sangue pelas ruas. Não sabia no que pensar, mas quando vi, já estava dentro de outra loja enquanto um homem alto e velho passava uma gaze limpa entorno do meu ferimento.

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– Escuta, você não pode passar a mã… – E então, o mesmo homem que falava comigo, parou e uma bala certeira atravessou sua cabeça fazendo seu corpo cair por cima de mim sem vida. Tinha mais alguém ali comigo e se eu não fugisse rápido, aquele poderia ser meu fim.

Luiza Matias

Com um universo inteiro na cabeça tentando ser explorado e exposto por meio de palavras, tenho o sonho de ser uma escritora famosa e ter uma carreira com isso. Meus principais objetivos é compartilhar minhas histórias com o mundo e amar Daryl Dixon. <3

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