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FANFIC | Seus Ossos e Cicatrizes – Capítulo 13: Pela Primeira Vez, De Novo

Neste capítulo de Seus Ossos e Cicatrizes… Após serem cercados pelos Louva-Deuses, Tris e Daryl se encontram à beira da morte. E diante disso, emerge pela primeira vez uma preocupação que traz consigo sentimentos mútuos.

Os capítulos de Seus Ossos e Cicatrizes, uma fanfic focada especialmente em Daryl Dixon, são lançados semanalmente, às sextas-feiras, 19h, aqui no The Walking Dead Brasil. E, por favor, utilizem a seção de comentários abaixo para deixar opiniões e encontrar/debater/teorizar com outros leitores. Boa leitura! 😉

13. Pela Primeira Vez, De Novo

Sinto meu rosto arder assim que recobro minha consciência aos poucos. Incomodada, eu olho para cima, vendo que uma pequena luz do sol entrava pelas frestas do teatro, assim caindo sobre mim.

Me sento no sofá, coçando meus olhos lentamente. Sinto que meu rosto está inchado pelo sono, passo minhas mãos pelo mesmo, para me fazer acordar. Olho para o lado, assim percebendo que Daryl já não estava mais ao meu lado. Apoio meu cotovelo no joelho, sentindo todo meu cansaço pesar ainda mais sobre meu ombro. Suspiro pesadamente.

– Daryl… – Chamo pelo mesmo, quase soprando minha voz.

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Me levanto, agora retomando com mais clareza meu sentido. Caminho com calma até as escadas para o segundo andar, e então eu as subo com passos delicados. Aperto meus braços contra meu corpo, tentando afastar o frio que percorria em mim. Chegando cada vez mais perto do pequeno quarto, eu ouço o rádio chiar de longe no corredor. Chego à porta do quarto, já sendo recebida com o olhar de Daryl sobre mim.

– Bom dia. – Daryl fala para mim.

Ao fundo de mim mesma, sinto minha letargia subir por minha garganta, me fazendo bocejar. E então respondo Daryl de volta. Conversamos por um curto período de tempo. Daryl parecia estar incomodado com algo durante o tempo em que passei com o mesmo. Então tentei me apressar e sair do quarto onde Daryl estava. Combinei com o mesmo que ficaria no primeiro andar, na sala de teatro. E decidi que aquela tinha sido a ideia mais idiota que poderia passar pela minha cabeça.

Desci as escadas, ainda pensando que eu não deveria entrar na sala. Até por que a mesma estava cheia de cadáveres, e a última vez em que entrei nela não havia mesmo sido uma boa opção. Mas por fim, havia sido convencida pela ideia de que ficar no tédio pelo resto do dia era pior do que entrar em uma sala cheia de mortos e provavelmente sair dela vomitando depois.

Caminho até o sofá a qual eu estava dormindo minutos atrás, e então pego minha mochila que estava encostada logo ao lado dela. Verifico tudo o que está dentro da mesma, e então a coloco em minhas costas. Caminho até a sala, agora ficando de frente para a mesma. Eu suspiro, mais uma vez pensando em desistir.

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– Vamo logo. – Falo então abrindo a porta.

Viro o rosto assim que sinto o cheiro podre vir até mim. Balanço minhas mãos em frente ao meu rosto, para afastar o odor ruim de mim. Dou um passo à frente, e então começo a caminhar lentamente para dentro da grande sala. Ligo a lanterna que eu havia prendido em uma das alças da mochila, andando com cautela entre os corpos no chão. Minha respiração era alta, segurava a pistola em minhas mãos fortemente, de modo com que fizesse a ponta dos meus dedos ficarem totalmente brancas. Olho para baixo, encarando todos os cadáveres ao chão. A maioria estava que um tiro na cabeça, indicando que algum dia eles foram zumbis e logo depois jogados aqui dentro.

Paro assim que dou de cara com a parede da sala. Coloco uma das mãos sobre a mesma, e então começo a andar pela grande sala tateando a parede ao meu lado. Paro mais uma vez, agora em frente ao palco do teatro. De longe, ouço um grunhido baixo e sofrido. Caminho até o mesmo, que vai se tornando aos poucos cada vez mais nítido. Deixo a arma de lado, pegando agora a faca e empunhando a mesma na mão. Viro para a esquerda assim que passo por um empilhado de corpos, agora me deparando com um zumbi. Logo que o mesmo nota minha presença, seu grunhido se fortalece. O mesmo tenta virar seu corpo para mim, estendendo seus finos braços até mim. Mas o infectado estava preso pelos outros mortos acima dele. Suspiro agora não ligando mais para o odor que transpiravam. Caminho até ele, e então me agacho a sua frente. Encaro seus dentes, sentindo cada ruído que saia de sua garganta, tremer entre meus ossos. Cravo a faca em seu crânio, agora ouvindo seu corpo estalar contra o chão por um breve segundo. Me levanto e volto para o palco do teatro. Agora subindo no mesmo, indo até o centro e então olhando para todos os corpos espalhados pelo lugar.

Viro meu corpo para trás, agora ficando de frente com as cortinas do teatro. A mesma estava praticamente toda rasgada e manchada de sangue seco. Passo minha mão na mesma, a afastando e então vendo a parte de trás do palco. Pego minha arma mais uma vez, e volto a minha caminhada lenta pelo local de novo.
___
Um longo tempo se passa comigo dentro do grande salão do teatro, não havia saído sequer uma vez daqui e não fazia ideia alguma de que horas poderiam ser agora. Nesse meio tempo, eu vasculhava as diversas salas dentro do salão, pegando tudo o que achava necessário levar. Agora, nesse momento, eu tentava abrir uma das portas que havia logo atrás do palco. Era uma porta velha, e era a única a qual eu não havia entrado até então. Com um pedaço de cobre fino, eu tentava abrir a porta trancada. Mas nenhuma combinação dava certo com a da porta.

– Porra. – Falo bufando e jogando o pedaço de cobre no chão com raiva.

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Olho para a portaria com as mãos na cintura, pensando em como fazer a mesma se abrir.

– Foda-se essa merda. – Pego minha faca atrás da cintura, e então cravo na maçaneta. Forçando a mesma para sair.

Num ato rápido, a maçaneta voa com força até o chão. Olho para porta agora entreaberta e sorrio de lado. Empurro a mesma para trás com calma, vendo o interior do lugar. Entro no pequeno quarto, olhando aos arredores. O lugar não estava muito diferente das outras salas que haviam espalhadas pelo salão. Tudo estava muito empoeirado, até mesmo o ar. O que ocasionava em mim tossindo com isso.

Paro em frente a um balcão, deixando minha mochila em cima do mesmo. Aperto meus ombros, sentindo os mesmos mais pesados do que antes com a mochila apoiada. Ando entre os balcões do quarto, olhando tudo com atenção. Até ver mais adiante o corpo de um morto. Caminho até ele, o observando com cuidado. A maioria do mesmo já estava em decomposição e a parede parecia o engolir com o mesmo musgo que cobria as paredes. Paro assim que meu pé esbarra em algo, fazendo um breve barulho não muito alto. Olho para baixo e então vejo ser um emaranhado de flechas amarradas. Pego as mesma, tirando o pó que as cobria. Olho para o cadáver novamente, agora vendo que em sua mão esquerda havia um arco preso entre seus dedos. Agarro o arco, retirando o mesmo das mãos do morto a minha frente. Agora, eu intercalava meu olhar entre o arco e as flechas.

Volto até a minha mochila no balcão, colocando as flechas ao seu lado. Com o arco em minhas mãos e o posiciono em frente ao meu corpo, esticando seu fio.

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– Parece bom. – Digo por fim, passando a mão pelo fio do arco.

Coloco o mesmo nas costas e então pego o que restava sobre o balcão. Na minha cintura, eu ponho minha faca ali novamente, enquanto minha arma fica em uma de minhas mãos. Passo por todo o trajeto de quando entrei, então saindo para a frente do palco novamente. Sinto as flechas arranharem minhas costas com suas pontas, me fazendo tirar a mochila e colocar no chão.

– Que droga. – Falo assim que abro a mochila, vendo que as flechas haviam rasgado seu interior. Retiro as flechas com cuidado. Desamarro a corda entre elas e as coloco dentro da mochila novamente, dessa vez com parte da mesma para fora.

Fechando a mochila com calma, eu ouço um barulho alto vindo da entrada do teatro. Como um tiro. Olho para a porta mais a frente, vendo a silhueta de um homem. Me desespero.

– Daryl. – Falo como num sussurro, mas sentindo todo meu corpo gritar em ansiedade.

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Em um ato rápido, eu coloco a mochila nas costas e começo a correr em direção à saída do salão. Algumas vezes eu tropeço entre os braços dos cadáveres sob o chão. Sinto a ponta dos meus dedos pulsarem intensamente enquanto corro. E quanto mais me esforço para correr mais rápido, mais parece que a porta se afasta de mim. Ouço alguém gritar furioso, me fazendo ter um espanto durante a corrida. Sinto a luz de fora bater mais forte em meus olhos, eu estava saindo. Seguro a arma com força em minha mão, ainda sentindo meus dedos pulsarem. Ultrapasso a porta do salão de teatro, e então sou surpreendida com um tiro em minha direção. Como se já esperassem por mim.

Me jogo ao chão, ficando encostada sobre o balcão principal, de um jeito que me deixava escondida.

– LEVANTA PORRA. LEVANTA AGORA. – Escuto a voz do homem ecoar em meus ouvidos.

Olho para meu ombro, vendo-o mais uma vez sangrar. Encaro minha pele exposta e sangrenta, enquanto tento entender o que acontecia ao meu redor.

– Tris. – Ouço a voz dolorosa de Daryl me chamar, me fazendo retomar minha consciência.

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Ouço um estalo forte, de um provável soco disparado sobre alguém.

– Daryl. – Digo baixo.
– EU MANDEI LEVANTAR CARALHO. – Ouço mais uma vez a voz do homem.

Tento apertar a pistola em minha mão, mas sinto meu braço fraquejar pela dor. Pego a arma na outra mão, agora conseguindo a conduzir sem dor.

– Não. Não levanta, Tris. – Ouço Daryl quase implorar, com dificuldade.
– Cala essa boca, porra. – O mesmo homem grita novamente, agora não em direção a mim.

Com meu corpo duro e quase tremendo, eu me levanto num ato rápido. Agora vendo toda a cena. Olho primeiro para Daryl ao chão, sendo segurado por dois homens, enquanto outro apontava a arma para mim com fúria nos olhos.

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– Não. – Escuto Daryl falar, com a voz amargurada. Sinto seu olhar queimar sobre mim.

Aponto a arma para o homem.

– Larga a arma. – O homem faz o mesmo gesto que eu, em direção a mim agora.

Sinto minha mão estremecer e minha perna fraquejar.

– Não faz isso Tris. – Viro a cabeça pro lado por um instante. Ouvir a voz de Daryl daquele jeito era como tortura.
– LARGA A ARMA. – O homem agora aponta a arma para Daryl, como forma de ameaça. Engatilhando a mesma.
– Merda… – Falo com a voz embargada, jogando a arma para longe.

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Coloco as mãos para o alto, agora olhando para Daryl.

– Ah, quanto amor. Fazendo de tudo pelo namoradinho. – O homem ri exageradamente, olhando para os outros dois. Os quais não esboçam nenhuma reação.

O homem anda para o lado, com a arma para mim.

– Você não tem noção do quanto eu esperei por esse momento. – Ele coloca a outra mão livre na cintura, passando a língua nos lábios e sorrindo torto. – Isaac vai me agradecer tanto por isso.

Deixo um soluço alto sair da minha garganta, involuntariamente. Em nenhum momento eu havia percebido que tinha começado a chorar. E agora não sabia dizer se era devido à dor ou pela cena de horror que se passava diante de mim. Ouço Daryl gemer, me fazendo voltar a olhá-lo.

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– Vai lá Adam, pega ela. – O homem coloca a arma na cintura, olhando para um dos homens em cima de Daryl.

Olho para Adam, vendo-o bufar pesado e então caminhar até mim. Dessa vez, sinto meu corpo todo ficar ereto, sem tremer. ‘Não posso deixar isso assim’; penso. Assim, eu engulo seco e me encolho com as mãos para trás. Dou um passo para trás e então vejo Adam já a minha frente. Sinto meu corpo mandar uma onda de energia por ele inteiro, e então retiro a faca de minha cintura. Indo para cima do mesmo e então cravando a mesma em sua garganta.

– Filha da puta. – Posso escutar o outro cara gritar do outro lado da sala, seguido por outro estalo.

Retiro a faca do pescoço de Adam, vendo o mesmo ir para o chão enquanto se engasga no próprio sangue. Olho para trás e então vejo Daryl agora por cima do outro homem a qual segurava o mesmo segundos atrás.

– Vadia. – Olho de onde vinha a voz. Me deparando com o mesmo cara apontar a arma para mim novamente.

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Fecho os olhos assim que ouço a arma ser engatilhada. E então o tiro sai.

– Não. – Posso escutar Daryl gritar brevemente a alguns metros de mim.

Mas, nada acontece. Nenhuma bala me atinge e nenhuma dor se espalha por mim novamente. Abro meus olhos com medo, e assim vejo o homem gemer enquanto seu sangue se espalha por seu tórax. O homem cai de joelhos com seu peito aberto pelo tiro, e logo atrás do mesmo, Jesus aparece carregando a arma a qual foi disparada no homem. Jesus joga a arma no chão, encarando o corpo semimorto sob o assoalho do teatro.

– Jesus. – Indago incrédula pelo mesmo aparecer tão de repente.

O mesmo olha para nós.

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– Vocês precisam sair daqui. Tem muito mais deles vindo até aqui, vão caçar vocês por toda a cidade. – Eu caminho apressadamente até Daryl, que agarra minha cintura assim que me sente ao seu lado.
– Vão, vocês precisam ir. Agora! – Jesus praticamente grita conosco.

Sinto a mão de Dixon agarrar a minha. Me puxando até a porta do teatro. Nós corremos juntos antes de Daryl pegar sua mochila jogada pelo salão do teatro. Ultrapassamos a porta e em poucos segundos já estávamos correndo pelas diversas ruas da cidade. Corremos em direção oposta a outra parte da cidade, para o Oeste. Por um momento me concentro em nossos passos, quando isso se tornar a única coisa que posso ouvir. Nossos passos e respirações pesadas e aceleradas. Em nenhum momento me senti sem folego durante a corrida, mas sentia todo meu corpo latejar e meus músculos ter espasmos – principalmente minhas pernas -. As pontas de meus dedos ainda pulsavam loucamente com a ansiedade, quase como se borbulhassem em minhas mãos.

Então, virando uma esquina para enfim sairmos da cidade, nos vemos de frente com uma nova horda de mortos espalhados pela rua. Paramos bruscamente juntos olhando para os infectados.

– Merda. – Ouço Daryl dizer ao meu lado enquanto se vira para trás.

Continuamos a correr agora em direção oposta aos mortos.

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– ELES ESTÃO ALI. – Ouço a voz fina de uma mulher ao longe.

Daryl estica seu braço, me parando no meio da rua. E então vira seu olhar para a estrada, a nossa direita, de onde vinham mais dos Louva-Deuses atrás de nós.

– Daryl. – O chamo, puxando o mesmo para mim e assim apontando para um beco estreito.

Daryl passa por mim rapidamente, indo em direção ao beco. Eu o sigo. Atrás de nós o barulho se mistura entre grunhidos famintos dos infectados e gritos exagerados dos que nos seguiam. Daryl abre o portão de arame do beco, me esperando passar. Corro para dentro do beco desesperadamente, enquanto agora tiros descontrolados nos perseguem. Daryl fecha o portão e logo eu arrasto a grande lata de lixo recostada na parede até o portão, trancando a entrada de mais alguém por ali.

– Vamo. – Daryl me puxa para continuarmos a corrida.

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Passamos pelo beco rapidamente, sentindo o pudor dos restos de lixo deixados no chão. Atravessamos o pequeno lugar estreito ligeiramente e logo já estávamos em outra rua. Nos assustamos com o barulho alto vindo de uma das lojas, e então vemos a porta de um estabelecimento estraçalhada ao chão. E da porta, saindo mais e mais infectados.

– Que inferno. – Desabo minha cabeça para o lado. Pareciam que eles não tinham mais fim, e apareciam mais e mais.

Não paramos, continuamos a corrida mais uma vez. Agora mais perto de finalmente sair da cidade. Mais a frente da larga estrada, podia-se já ver o fim da cidade e o começo da floresta que cercava tudo ao redor. Olho para trás, vendo a horda dos mortos se tornar maior a cada infectado que aparecia de dentro das lojas. Ainda não estávamos muito longe deles, se parássemos um pouco sequer, eles nos alcançariam em menos de 5 minutos.

Então, pisamos uma última vez na estrada asfaltada, agora entrando na floresta que cobria uma boa parte do resto do que havia sido uma cidade. Agora podia-se apenas escutar nossos passos sobre a grama verde e os grunhidos baixos dos infectados ao longe.

Continuamos na corrida por tempo demais, quase por uma hora. Sem pararmos um momento sequer.

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– Daryl, eu não consigo mais. – Digo para o mesmo com dificuldade. Puxando o ar com força a cada palavra.

Daryl para e olha para mim. O mesmo caminha por mim, enquanto me encosto em uma árvore qualquer. Coloco as mãos no joelho, sentindo meu pulmão doer a cada vez que expirava.

– Estamos longe o suficiente deles agora. – Daryl fala apontando para a direção de onde viemos. De onde estávamos, dava apenas para vermos a ponta de alguns prédios da cidade.
– Ótimo. Pra onde a gente vai agora? – Olho para Daryl, ficando de pé.
– Não sei. Acho melhor apenas continuarmos nessa direção. – Daryl olha para meu ombro.
– Não tá doendo mais. – Falo para o mesmo, tendo sua atenção até mim agora.

Daryl suspira.

– Tem alguma coisa na sua mochila que de para cobrirmos essa ferida? – Ele para ao meu lado, de frente para o ferimento. E intercalando seu olhar entre meu rosto e meu machucado.
– Tem só uma gaze.
– Ótimo, já serve.

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Ele abre minha mochila, pegando o que havia falado para o mesmo e então enrolando o pano branco entorno de meu braço.

– Daryl. – Chamo seu nome, sendo respondida por um múrmuro dele. – O que é aquilo?

Aponto para a coisa a nossa frente. Daryl franze o cenho, agora me deixando de lado e indo em direção ao o que eu havia indicado. Vou logo atrás dele.

– É… um mercado? – Pergunto confusa, já que o mesmo se encontrava no meio do nada, dentro da floresta.
– Parece que tem um caminho por aqui. Vem. – Sigo Daryl, que caminha pelo trajeto em que havia achado. Me guiando.

Passamos por outra antiga loja, até que então estávamos no meio de mais uma rua tomada pela floresta. A maioria dos alojamentos estavam cobertos pelo musgo verde, assim como a estrada. Daryl para em frente a um carro, enquanto eu continuo a caminhar.

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Todas as lojas estavam caindo aos pedaços – no sentido literal -. A maioria tinha sempre uma parede caída, se não todas. Passo por um carro abandonado, agora ficando no fim da rua. Olho para trás, para Daryl. Vendo-o olhar o interior de uma das antigas lojas. Me viro para frente, agora vendo ao longe o que parecia ser uma outra parte da estrada. Caminho sozinha até o lugar, passando entre os galhos das árvores. Reparo minha respiração ficar mais pesada sem querer e meu coração bater mais freneticamente. E logo, eu já estava a frente de mais um estabelecimento. Vou até a janela da grande loja, passando a mão na mesma, retirando toda a sujeira. Olho dentro do lugar, vendo prateleiras e livros jogados ao chão.

– Biblioteca municipal de Virgínia. – Leio a placa caída em frente a biblioteca.
– Tudo bem aí? – Ouço a voz de Daryl atrás de mim, me fazendo pular de susto.
– Que porra Dixon. Você me assustou. – Coloco a mão no peito, escutando sua risada baixa.
– Desculpa. Não era minha intenção. – Ele caminha até mim em passos lentos, rindo da minha reação a ele. – O que você achou?
– É uma biblioteca abandonada. Parece que não nada lá dentro, a gente pode ficar aqui e descansar até amanhã. – Falo olhando para Daryl, esperando uma resposta do mesmo.

Daryl cruza os braços olhando para dentro da biblioteca.

– Tudo bem. A gente fica. – O mesmo passa a mão na minha cintura, antes de começar a andar até a entrada da biblioteca.

Sinto meu corpo se arrepiar por inteiro com seu toque, me fazendo até ficar sem jeito. Observo Daryl abrir a porta de vidro da biblioteca e então passar por ela. Olho para trás e logo me viro seguindo Dixon. Passo pela porta, rapidamente sentindo cheiro de mofo e coisa velha. Balanço minha mão afrente de meu rosto, para afastar a poeira que havia subido pelo ar. Vejo Daryl caminhar entre a prateleiras de livros com cuidado, vendo se não tinha mais alguém ali realmente. Vou para o lado oposto do mesmo, indo para o antigo balcão da recepção. Apoio minhas mãos sobre a madeira empoeirada da mesa, olhando o que havia dentro do caixa. Atrás de mim, posso ouvir Daryl abrir uma porta qualquer. Olho para o lado, assim vendo mais uma porta de vidro. Vou até a mesma, tentando olhar através dela. Então, do outro lado da porta, vejo que havia um quarto totalmente organizado, com uma cama encostada na parede do quarto. Coloco minha mão sobre a maçaneta, e a giro tentando abri-la. Mas não funciona. Olho ao redor, a procura de algo que me ajudasse a passar pela portaria. Vou diretamente até uma pequena sala que tinha acesso ao quarto e a biblioteca, olho pelo vidro da janela vendo o interior da pequena sala.

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– Não tem outro jeito mesmo. – Digo logo após pegar um pedaço de concreto que havia caído do telhado, sobre o chão. E então o jogo contra a janela, fazendo um grande estrondo.
– Tris? – Ouço a voz preocupada de Daryl me chamar, e logo seus passos apressados vindo até mim.
– Eu tô bem. Só queria entrar nessa sala. – Falo assim que o mesmo aparece na minha frente, eufórico.

Daryl analisa toda a situação à sua frente.

– Sério? E por que simplesmente não tentou abrir a porta? – Daryl vai até a porta e então abre a mesma sem dificuldades.
– Ah… eu não-
– Não sabia que tava aberta? Pois é, checa da próxima vez.
– Foi mal. – Falo não ligando para o que o mesmo disse. Passo pela porta, e então ficando dentro da sala.
– O que você quer aqui dentro? – Daryl pergunta, logo atrás de mim. Me seguindo.
– Aqui dentro nada, mas aqui sim. – Digo abrindo a porta ao fundo da sala. Dessa vez me deparando com um longo corredor e então o mesmo quarto de antes.
– Isso é um quarto?
– Parece que sim. – O respondo olhando ao redor do quarto.
– Tris, fica perto de mim. Ainda pode ter gente aqui.
– Acho que se tivesse alguém, já teria aparecido. – Sinto a mão de Daryl agarrar minha cintura mais uma vez. Como numa forma de não me perder no meio do escuro em que nos encontrávamos.
– Ou então tá se escondendo depois do barulho todo que você fez. – Eu rio.
– Não tem nenhuma luz por aí não? Não consigo ver mais nada agora.
– Fica aqui, acho que sei como resolver isso. – Noto a mão de Daryl vacilar de mim e então o mesmo deixar o lugar.

Suspiro sozinha, apenas esperando o mesmo.

Não demorou muito e então a luz de um abajur se acendeu ao lado da cama no quarto.

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– Tem um gerador de energia.
– Certeza que alguém mora aqui. – Falo agora ao redor do cômodo em que estávamos.
– Será um Jesus 2? – Daryl brinca e ri de sua própria piada. Enquanto eu noto algo no chão.
– O que é isso? – Olho para ele e logo depois para o chão.

Uma luz amarelada saia diretamente do chão. Me agacho logo em cima de onde vinha a luz, tentando olhar entre suas frestas.

– Parece que tem uma escada que desce até um subsolo. – Digo para Daryl.

O mesmo faz menção para eu voltar de pé. Eu obedeço. Daryl crava seus dedos entre as entradas do chão, e então retira um chão falso do mesmo lugar. Olho para dentro do pequeno buraco que havia a minha frente. Havia uma lâmpada velha iluminando uma escada que dava acesso até a parte de baixo.

– Onde cê tá indo? – Daryl me puxa assim que piso no primeiro degrau, disposta a descer até o subsolo.
– Ué, tô indo ver o que tem lá embaixo. – Falo simplista, com um tom óbvio.
– E se tiver alguém lá?
– Daryl relaxa um pouco. Eu vou na frente se a mocinha quiser. – Falo rindo do mesmo e então voltando a descer a escada.

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Os degraus eram de cimento e grudado na parede. Olho para Daryl assim que passo pelo último degrau, ficando logo acima da lâmpada.

– Pode vir, é só mais uma sala no final. – Não espero pelo mesmo e começo a caminhar até a porta de madeira logo no fim do corredor.

Ouço os passos de Daryl descerem finalmente pelas escadas. Eu paro em frente à porta, olhando pela pequena janela ao centro da mesma. Olho para dentro da sala, vendo que se passava de um laboratório extremamente suspeito.

Abro a porta finalmente, sentindo um cheiro de chá queimado. Olho pelas extremidades do lugar. Haviam diversas plantas todas iguais espalhadas pelo laboratório.

– Que porra é essa.

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Sigo a voz de Daryl do fundo da sala. Vendo o mesmo segurar um pedaço de papel velho e quase todo rasgado.

– O que é isso? – Pergunto, me juntando ao seu lado.
– Esse bilhete é do Eugene pro Abraham. – Ele me entrega o papel e caminha até a mesa atrás de nós, onde havia mais das plantas em cima da mesma.
– Por que um bilhete do Eugene estaria aqui dentro? – Pergunto me virando para Daryl.
– Não tá obvio? Esse lugar é do Eugene.
– Sério isso. – Caminho até o mesmo, levemente chocada.
– Quem mais teria essas coisas, se não o Eugene? – Daryl aponta para a prateleira atrás de nós, onde várias ferramentas e objetos estavam. Os típicos do Eugene.
– E mais, essas plantas é a maconha que o Eugene consegue pro Abraham. – Daryl diz rindo assim que vê minha reação em meu rosto, e então colocando sua mão em minhas costas.
– Mentira que é o próprio Eugene quem faz isso pro Abraham. – Falo rindo, juntamente com Dixon.

Levo minha mão até uma das plantas a nossa frente, passando em um de suas folhas. O cheiro dela se espalha pela sala.

– Parece que ele deixou um potinho especial pro Abraham. – Me viro para Daryl, que estava do outro lado da prateleira. Agora segurando um pote de vidro em suas mãos.

Daryl olha para mim, e então retira sua mochila das costas. Colocando sobre uma mesa logo atrás dele, deixando o pote de lado. Caminho até o mesmo, também retirando minha mochila e a colocando sobre o chão.

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– E se… a gente pegasse só um? – Olho para Daryl com malícia, logo após pegar o pote.
– Tem certeza disso? – Daryl perguntou meio contrariado com a ideia proposta.
– Que mal tem? – Digo, e então Daryl toma o pode de minhas mãos, tentando abrir o mesmo. Eu me recosto na mesa atrás de mim, apenas esperando pelo mesmo.
– Quer ajuda Dixon? – Pergunto brincalhona, já que o mesmo parecia estar não conseguindo abrir o objeto de jeito nenhum.
– Não, tá suave. – O mesmo diz, forçando a tampa com todo o esforço. Eu rio.
– Dá isso pra mim. – Roubo o pote de suas mãos, ouvindo o mesmo suspirar derrotado.

Sinto Daryl sorrir à medida que eu me esforçava em retirar a tampa de madeira do pote. Mas sem sucesso. A tampa parecia estar colada com o restante do vidro.

– Quer ajuda Tris? – O mesmo ri, repetindo minhas palavras.

Me irrito e assim eu jogo o pote no chão, o estraçalhando sobre o solo.

– Tris. – Daryl quase grita meu nome assim que faço o pode virar em cacos.
– O quê? – Pergunto rindo. – Abriu, não abriu?

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Digo e então pego o primeiro enrolado de maconha que eu vejo.

– Será que tá boa? – Pergunto a Daryl, tentando limpar o enrolado de todo o vidro que havia caído sobre o mesmo.
– E maconha estraga? – Daryl pergunta rindo.
– Hm… vamo descobrir. – Respondo levantando os ombros. Daryl rouba o enrolado de minhas mãos, indo agora até o sofá avermelhado que havia nos fundos da sala. Eu o sigo, me sentando a seu lado e me encostando no braço do sofá.
– A gente vai ficar aqui até amanhã, então… – Daryl abre sua outra mão, revelando um isqueiro e assim acendendo o cigarro. De primeira, o cheiro é apenas de papel queimado, mas logo se transforma no mesmo cheiro das plantas. Daryl defuma o cigarro primeiro, e logo solta toda a fumaça que acumulou dentro da boca. Ele tomba a cabeça para trás por um tempo, e então se vira pra mim.
– Quer? – Ele estica o cigarro até mim.

Sorrio sem saber o que fazer, coçando a cabeça e então tomando o cigarro de suas mãos. Encaro o mesmo em minhas mãos por um segundo, e então o coloco na boca. Agora puxando tudo dentro do cigarro, sentindo minha boca ser preenchida pela fumaça. Me engasgo, tossindo a fumaça pra fora. Daryl ri.

– Sabia que ia tossir. – Ele toma o mesmo de minhas mãos novamente, enquanto eu ainda continuo a tossir.
– Mas… o gosto é bom. – Sorrio pra ele, que faz o mesmo para mim.
– Se o Glenn visse isso, ele iria me matar. – Ele estica o cigarro de novo para mim. Eu o pego.
– Com certeza. E eu deixaria. – Falo de soltar mais uma vez a boca pela boca.
– Deixaria seu irmão me matar, Tris? Sério? – Daryl se estica para frente, ficando mais próximo de mim.
– Não. Só… dar um soquinho. – Sorrio para ele, dando o cigarro de volta em sua mão. O mesmo pega sem prestar atenção, ainda olhando para mim.
– Você acha que é isso o que eu mereço? – Daryl fuma o tabaco de novo, sem quebrar nosso olhar. Eu me aproximo do mesmo também.
– Acho. – Sorrio provocativa para ele. Mas o mesmo não esboça nada. Apenas muda seu olhar, encarando minha boca agora.
– Cê é foda, viu? – Daryl lambendo os lábios e então voltando a olhar para meus olhos de novo. Não deixo de sorrir.
– Olha quem fala. – Falo para o mesmo.
– Você me da vontade de ir lá fora, e acabar com todos aqueles caras. – Daryl se aproxima mais, de um modo que dava para sentir sua respiração bater contra mim.
– Ninguém te amarrou aqui, sabia? – Não me afasto em momento algum.

E então, depois de encararmos a boca um do outro por um bom tempo, sinto a mão quente de Daryl passar entre meus cabelos, me trazendo para si. No primeiro momento foi estranho, mas de repente estávamos no beijando ferozmente. Coloco meus braços entorno de seu pescoço, nem me importando com a dor no ombro. Daryl me puxa pela cintura com sua outra mão, me deixando em cima de seu colo. Nos afastávamos para respirar e então voltávamos a grudar nossas bocas um no outro. Nossos estalos me faziam estremecer e arfar. Daryl aperta minha cintura assim que nos afastamos. Faço menção em começar a tirar minha blusa, mas Daryl me para.

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– Você tá machucada. – O mesmo fala se referindo ao meu ombro.
– Foda-se isso agora, Dixon, – Digo sem ar, agora retirando minha blusa juntamente com Daryl.

Coloco minhas mãos entorno de seu rosto, agora o puxando para mim. Nos beijando novamente.

Luiza Matias

Com um universo inteiro na cabeça tentando ser explorado e exposto por meio de palavras, tenho o sonho de ser uma escritora famosa e ter uma carreira com isso. Meus principais objetivos é compartilhar minhas histórias com o mundo e amar Daryl Dixon. <3

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