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FANFIC | Seus Ossos e Cicatrizes – Capítulo 12: Algo Que Eles Precisam
Seus Ossos e Cicatrizes é uma fanfic inspirada no Universo The Walking Dead e focada em Daryl Dixon. Confira abaixo o capítulo 12.
Neste capítulo de Seus Ossos e Cicatrizes… Tris e Daryl precisam lidar com um estranho que aparece dizendo que eles tem algo que seu povo precisa. O tempo de estadia no teatro está acabando e logo os dois tem que planejar como saíram da cidade para voltar para Alexandria vivos.
Os capítulos de Seus Ossos e Cicatrizes, uma fanfic focada especialmente em Daryl Dixon, são lançados semanalmente, às sextas-feiras, 19h, aqui no The Walking Dead Brasil. E, por favor, utilizem a seção de comentários abaixo para deixar opiniões e encontrar/debater/teorizar com outros leitores. Boa leitura! 😉
12. Algo Que Eles Precisam
Apertei fortemente a arma em minhas mãos. E então, passei pela porta logo atrás de Daryl, enquanto olhava para os lados com atenção. Andamos por todo o trajeto que havíamos passado antes. A cada esquina em que virávamos, sentia o medo crescer por minhas costas. Num ar gélido que passava por mim lentamente, quase como de forma torturante.
Seguimos a caminhada de forma silenciosa até chegar a um prédio de distância do teatro. Assim que passamos pelo grande edifício, Daryl e eu paramos abruptamente.
– Oi… – Um homem desconhecido com um pano claro escondendo metade do rosto acena para nós dois, a poucos metros em frente ao teatro. O mesmo começa a caminhar lentamente em nossa direção.
Daryl rapidamente, vai para o meio da estrada. Mirando sua arma até o homem. Eu o sigo.
– Pra trás, agora. – Daryl grita, impondo seu corpo mais pra frente enquanto ainda mirava para o homem.
– Coloca a mão pra cima. – Agora, eu quem grito exigindo ao homem, enquanto também mirava minha arma até ele.
Dessa vez, Daryl e eu estamos em dois lados da rua. Daryl se afastou até ficar atrás de um antigo carro abandonado, do lado direito da rua. Eu estava ao lado esquerdo, em frente a uma loja com a porta e janelas abertas.
– Oh, oh. Calma gente. Eu tava… – O mesmo olha diretamente até mim, parando de falar. – Eu tava só fugindo de uns mortos.
Agora, o mesmo começa a levantar as mãos lentamente, voltando a andar até nós com calma. Do canto do olho, vejo Daryl olhar pra mim.
– Tava fugindo dos mortos, ou se escondendo dentro daquela loja? – Pergunto de modo sarcástico.
O homem ri sem graça, como se tivesse sido pego na própria mentira.
– Fugindo dos mortos me escondendo lá. – Dessa vez, ele abaixa as mãos. Colocando-as atrás das costas, enquanto olhava para trás. O homem não parou de continuar sua caminhada até nós.
Olho para Daryl desconfiada, e ele faz o mesmo para mim.
– Meu nome é Tris, ele é o Daryl. – Indico nossos nomes apontando para nós dois. – Qual é o seu?
O homem deixou o ar sair pela boca. E então retirou o pano do nariz, colocando sobre seu pescoço. Agora revelando seu real rosto.
– Paul Rovia… Mas, meus amigos me chamavam de Jesus. Podem escolher. – O mesmo fala com um sorriso no rosto. Como se estive se divertindo.
E puta merda. O cara parecia mesmo com a figura de Jesus.
Do outro lado da rua, Daryl olhou pra mim e então começou a caminhar até o meio da estrada novamente.
– Escuta, Jesus. – Daryl começou a falar bravamente. – Pode fingir sua melhor carinha de santo pra qualquer um, menos pra mim.
Então Daryl mira a arma novamente para o mesmo. Agora, havia poucos metros entre nós dois e Jesus.
– Conta logo a merda que cê tá aprontando. – Jesus ergue a cabeça, como se quisesse mostrar não ter medo.
– Sabe… essas armas… não são de vocês. – O mesmo me encara.
– É isso o que você quer? As armas? – Dessa vez, eu pergunto.
– Não. – Disse de forma espontânea. – Não. Pelo menos, não eu. Mas, os outros…
– Como assim? Tem mais gente com você?
– Não necessariamente comigo. Mas eles precisam da minha ajuda às vezes. Inclusive me pediram ajuda agora mesmo pra ir atrás de você. – Jesus apontou o dedo para mim.
Senti todo o medo de antes se cravar dentro de mim. Meu medo me causava dor naquela hora.
– O que cê que com a gente? – Daryl parecia mais bravo agora. Parecia estar com medo também.
– Com você eles tão pouco se fudendo, Daryl. O negócio é especificamente com a senhorita. – O homem continuava a se aproximar de nós, sem medo. Como se sentisse seguro mesmo com Daryl apontando a arma para o mesmo.
– Você, Tris, é especial pra todos eles. – Dizia ele sorrindo para mim. – Você tem algo que eles querem. Algo que eles precisam. Então me pediram pra ir atrás de você. Mas você acabou fazendo todo o trabalho pra mim, entrando na cidade, se alojando no teatro. Você me poupou bastante tempo.
– Eu não vou poupar de explodir sua cabeça.
Daryl então vai até o mesmo, pronto para atirar em Jesus. Mas para assim que me ouve gritar.
– Tris. – Daryl se vira até mim, deixando com que Jesus saísse correndo.
Senti minhas costas pesarem, como se algo caísse sobre mim. Me virei rápido, vendo que um infectado tentava agarrar a mim, pronto para rasgar minha pele. Atrás de mim, pude ouvir os passos apressados de Daryl vir até mim.
– Argh. – Deixo o corpo do infectado cair no chão, logo após ter atirado em sua cabeça.
Senti o gosto podre do sangue do morto em minha boca, me fazendo quase vomitar.
– Tris, cê tá bem? – Cuspi toda a saliva que ia se acumulando em minha boca, com nojo. Passo o dorso de minha mão em meus lábios, de modo que trancasse meu vômito.
– Ele te arranhou. – Daryl me para no meio da rua, com as mãos em meu ombro direito.
Olho para Daryl e então percebo que uma pequena horda de mortos se arrastava até nós.
– Eu tô bem. – Falo tirando sua mão de mim, e indo até a mochila que eu havia deixado no chão.
– Você engoliu sangue infectado. – Daryl me olhou com uma expressão preocupada.
– Daryl eu não viro. – Falei de um jeito obvio, segurando o braço onde havia a cicatriz.
– Vamo logo sair daqui. – Digo enquanto atirava na cabeça de um dos mortos que caminhava lentamente até nós.
Daryl e eu corremos juntos até a porta do teatro. Paramos em frente a mesma, enquanto Daryl tentava abrir o cadeado ao qual trancava a porta para quem quisesse entrar.
– Daryl a gente precisa entrar logo. – Falo atrás do mesmo, enquanto observava a pequena horda de mortos vir até nós.
– Eu tô tentando, Tris. – Ele grita como resposta.
Me viro para o mesmo vendo-o jogar o cadeado contra a porta com raiva. Daryl então se vira para trás e vai em direção a sua arma que havia deixado no chão.
– O que você vai fazer? – Pergunto, o observando.
– Abrir essa porra de porta. – Então, com sua arma em mãos, Daryl começa a socar o cadeado com o cano da arma. Tentando fazer com que a correndo arrebentasse, e assim fazer a porta se abrir.
Deixo o mesmo para trás, pegando minha faca e então indo em frente aos primeiros infectados que nos alcançávamos. Deixei que todos viessem em minha direção, e então os matava com a faca.
– Tris, vem. Corre. – Ouço Daryl gritar atrás de mim.
Olho para o mesmo, vendo que conseguirá abrir a porta. Pego minha mochila, a qual também havia sido jogada no chão por mim. E então corro para dentro do teatro.
– Me ajuda. Pega aquela cadeira. – Daryl pede enquanto segurava a porta contra os mortos.
Rapidamente vou até a cadeira jogada sobre o assoalho do teatro, a pegando e então colocando a mesma na porta. Fazendo assim com que a porta fosse trancada de novo. Ao meu lado, pude ver Daryl pegar o cadeado que ainda continuava intacto, e assim o prender sobre a porta. Fazendo com que ela ficasse ainda mais trancada.
– Que merda. – Falo, colocando minhas mãos atrás de minha cabeça.
– Tá tudo bem? – Daryl pergunta indo até o sofá, colocando todas as bolsas de armas ao seu lado.
– Tão atrás de mim Daryl. Não tem como ficar bem. – Falo de um jeito irritada.
Daryl suspira sentado no sofá. Começo a andar de um lado para o outro, deixando toda minha ansiedade me consumir naquele momento.
– O que a gente faz agora? – Pergunto colocando a mão na cintura.
Vi Daryl olhar pra mim pensativo, sem me responder. Eu sabia que estava ofegando loucamente. Estava eufórica, não sabia em qual pensamento focar.
– Agora sabem onde a gente tá. Vão vir atrás da gente Daryl, a gente tá fudido. – Falo baixo, me tocando de tudo o que estava acontecendo.
Daryl levanta e vem até mim, ficando a minha frente.
– Tris, escuta. – Daryl fala me segurando pelo ombro. – Só me dá um tempo, e então a gente pensa em um jeito de sair daqui. Tudo bem?
Eu concordo com a cabeça baixa, segurando meus dedos.
– Mais um dia, e daí a gente vai. – Daryl levanta minha cabeça. – Vai ficar tudo bem. A gente sai dessa.
– Tá. Desculpa. – Passo a mão sobre meu rosto, a fim de me acalmar.
– A gente precisa comer alguma coisa. Vem. – Daryl então, me puxa até o sofá. Me fazendo sentar ali, enquanto pegava algo em sua mochila.
– A gente tem que dar um jeito nisso. Estamos ficando sem comida. – Daryl coloca algumas poucas latas em cima da pequena mesa a minha frente.
– Não tô com tanta fome assim. – Ele olha pra mim. – Consigo ficar sem comer hoje.
– Não, nada disso. Nós dois vamos comer. A gente mapeia a comida até amanhã, é tempo o suficiente pra gente conseguir sair daqui.
Daryl e eu, então, dividimos a comida entre nós dois.
– Não consigo não me sentir enjoada quando como isso. – Falo após engolir mais uma colherada da comida enlatada.
– Eu também. Mas a gente só tem isso agora.
Comemos em silêncio. Ouvindo apenas os arranhados dos mortos na porta. Às vezes, olhávamos em direção aos barulhos que os mesmos faziam, assustados. À medida que o tempo passava, parecia ter cada vez menos dos infectados nos esperando lá fora. Tentávamos não fazer barulho para não os atrair mais ainda, então apenas ficamos longos minutos parados, sentados no sofá sem fazer nada.
– Acho que vou lá pra cima, vê se de repente aparece algo no rádio. – Me levanto calmamente, passando por Daryl que apenas acescente com a cabeça, olhando para mim.
– Tudo bem, eu vou ficar por aqui. – Daryl fala deitando no sofá.
Eu concordo sem falar nada, e então subo as escadas até o segundo andar. Me sentia mal naquele momento. Não sabia dizer exatamente pelo o que, mas me sentia cansada. Tanto fisicamente, quanto emocionalmente. Eu sabia estar com medo. Com medo de tudo. E me sentia perdida.
Em frente à porta do quartinho, eu pude ouvir atrás de mim, os grunhidos famintos dos infectados lá fora. Me viro em direção à janela, vendo que a mesma se encontrava aberta agora. Caminhei em passos lentos até a mesma, e então, vendo logo mais afora do teatro, vejo a pequena horda dos mortos caminhar preguiçosamente ao redor do teatro. A maioria se encontrava em frente à porta, batendo na mesma. Os outros poucos caminhavam sem rumo por todos os lados.
– Tira isso da cabeça, Tris. – Falo sozinha, pra mim mesma. Me referindo ao assunto sobre a vacina.
Caminho novamente em direção ao quartinho, entrando no mesmo. Me sento sobre a cadeira em frente ao rádio, pensativa.
De repente, toda a ideia da vacina não me parecia ruim. Talvez eu poderia curar esse mundo, tirar todo mundo desse pesadelo, proteger o mundo contra o vírus e principalmente… proteger a Glenn. Mas me assustava a dúvida de que pra isso acontecer, eu tivesse que morrer no final disso tudo. Apesar de tudo, se a vacina realmente funcionasse, eu iria me oferecer para que isso desse certo. Até mesmo se eu tivesse que morrer.
– Que merda cê tá pensando, porra? – Pergunto a mim mesma, tentando me convencer de que aquilo era uma péssima ideia.
Me levanto da cadeira, indo agora para a cama. “Isso não pode acontecer.”, penso. “A gente pode salvar o mundo com isso.”, meu outro pensamento rebate. Então eu fico ali. Por longos minutos, sentada sobre a cama, e dividida com meus pensamentos.
___
Era noite, ainda no mesmo dia. Uma noite fria e silenciosa – quase silenciosa -. O rádio chiava, e os grunhidos não haviam parado – apenas perdido a intensidade -. Eu ainda continuava perdida em meio aos pensamentos. Olhava vagamente para o nada, enquanto tentava organizar meus sentimentos com calma.
Do lado de fora, os infectados pareciam se acalmar também. Já não havia mais o ar de fome pairando sobre eles, e agora, os mesmos pareciam apenas perdidos andando em círculos e aos poucos se afastando vagamente do teatro. O rádio não havia mais tocado mais nada, e nem parecia que iria tocar. Afinal, se Jesus estivesse realmente atrás de nós como um pedido dos Louva-Deuses, todos eles já deveriam saber que o rádio do teatro passava pelo canal deles. Lá em baixo, não ouve sequer um barulho. Daryl provavelmente dormirá no momento em que subi para cá, logo de tarde.
Do lado de fora, o crepúsculo alaranjado já quase sumirá de vista. Fazendo a noite completa prevalecer. Também não havia lua, ou pelo menos, a mesma se escondia entre as nuvens grossas que pairava sobre os grandes prédios da cidade.
Suspirei brevemente, com tédio. Tinha ficado boas horas aqui dentro, sem conseguir ir para o primeiro andar. Honestamente, eu havia subido até o segundo andar apenas por que não suportava o barulho que os mortos faziam sobre a porta de entrada. O barulho em si não era incomodo, mas o sentimento a qual o mesmo me causava era o que me incomodava. Então, tive que fugir do mesmo.
Me levantei com calma da cadeira, desliguei o rádio e caminhei para fora. Fui em uma direção reta, até a pequena janela de sempre. Observei mais uma vez os mortos. Mas, agora não parecia me afetar olhá-los. Era quase como observar a escuridão completa, apenas um último feixe de luz do sol me ajudava a enxergá-los. E nada mudará de poucas horas antes, os mesmos continuavam apenas andando em círculos entre eles.
Então, voltei a andar até as escadas, indo até o primeiro andar novamente. Já lá em baixo, o lugar tinha um silêncio tão calmo, que me causava estranheza. Tateei a parede ao meu lado, até sentir o disjuntos sobre meus dedos. Então acendi somente a lâmpada que iluminava o centro da sala. A luz era fraca e alaranjada, como se fosse a luz de um lampião, era o suficiente para passarmos despercebidos do lado de fora.
– Ah… – Pude escutar Daryl resmungar sobre o sofá.
E mesmo certa sobre o mesmo ter dormido quando sai, ainda assim me impressionou o fato de o mesmo ter conseguido dormir enquanto um bando de infectados batia a porta.
– Tirando uma sonequinha da tarde, Dixon? – Digo sorrindo, enquanto caminho de braços cruzados até o mesmo.
– Não enche. – O mesmo fala tentando se acostumar com a luz.
– Já tá de noite. Acho que até o amanhecer os infectados vão embora. – Falo sentando no outro sofá, logo ao lado do dele.
– Esses puto ficaram me acordando toda hora. – Daryl fala, agora sentado sobre o sofá e passando a mão sobre os olhos inchados.
– É sério que você conseguiu dormir com um bando batendo na porta? – Pergunto num tom indignada. – Tipo… e se eles abrissem a porta?
– Eu tava cansado. – Daryl diz, encostando as costas no sofá, ainda sentado.
– Você é surreal. – Falo, e então ouço a gargalhada de Dixon.
– Tem medo de mim, Tris? – Daryl fala num tom provocativo.
– Não. Você teria que morder meu braço pra eu ter medo de você. – Agora, eu digo num tom provocativo.
Nós dois rimos.
E então, olhando para Daryl, percebo que seu braço sangrava.
– Daryl, sua ferida. – Falo apontando para o mesmo.
Daryl olha para seu braço, também reparando no sangue.
– Que merda…
Caminho até minha mochila, pegando tudo o que precisava para um novo curativo.
– Tá doendo?
– Não tava, até eu perceber que tava sangrando. – Me sento ao lado de Daryl, de frente para seu braço.
– A ferida deve ter aberto enquanto você dormia. – Falo limpando o pouco sangue que escorreu por seu braço.
Daryl apenas observava todos meus movimentos, sem falar nada.
– Vou trocar o curativo. – Então, com calma, eu vou retirando a antiga gaze que estava enrolada em seu braço, agora manchada pelo sangue do mesmo.
– Ah… – Daryl geme. Fazendo uma cara de dor.
– Desculpa. Saiu pus da sua ferida, a gaze ficou grudada no seu machucado. – Retiro com cuidado os restos da gaze.
– Eu vou ter que lavar sua ferida, Daryl. – Falo olhando para o mesmo.
– Ah, nem ferrando.
Pego o único antibiótico que restava para lavar o ferimento.
– Sabia que o pus é decorrência de uma ferida que está se infeccionando? – Pergunto tentando manter Daryl ocupado, logo passando o remédio por cima do seu ferido.
Daryl geme novamente.
– Sabia Tris… – Ele responde com dificuldade, tentando reprimir a dor.
Eu rio sem querer.
– De que merda cê tá rindo? – Daryl pergunta indignado, olhando pra mim.
– Desculpa, eu não aguentei sua carinha. – Falo rindo mais ainda.
– Da próxima vez que você se machucar eu também vou limpar teu ferimento, só pra rir da sua cara. Puta que pariu.
Ainda rindo, eu começo a enfaixar seu braço com uma gaze nova e limpa.
– Eu, incrivelmente, não sinto dor com esses remédios. – Falo me gabando para o mesmo. Ele me olha ainda mais incrédulo.
– Você é surreal. – Gargalho, percebendo Daryl repetir minhas palavras de antes.
– Tem medo de mim, Dixon? – Pergunto sorrindo provocativa para o mesmo.
– Tenho pavor. – Sorrimos um pro outro.
– Tá pronto. – Falo me levantando, pegando tudo o que havia usado, e então os colocando de volta na mochila novamente.
Me sento ao lado de Dixon de novo, agora encostando minhas costas sobre o sofá.
– Obrigado. – Daryl fala num sussurro ao meu lado. Também encostado no sofá.
Olho para o mesmo.
– Daryl… – Falo ao mesmo tom que ele antes. Tendo sua atenção voltado para mim. – Acha que vamos conseguir entrar os outros?
– Acho. – Ele responde de imediato. Convicto de sua resposta. – Acho mesmo.
Quebro nosso olhar, olhando agora para o teto.
– Não se preocupa com isso. A gente sai dessa.
Com receio, Daryl entrelaça nossas mãos. Como forma de me acalmar sobre o assunto. Olho para ele, vendo o olhando pra mim. Eu suspiro concordando, e então ficamos ali. Um ao lado do outro, até dormimos.
___
Daryl Dixon:
Sinto meu olho arder levemente com o pequeno feixe de luz do sol. Passo a mão sobre meu rosto, me sentando sobre o sofá. Olho para a porta de entrada, percebendo que não havia mais barulho dos mortos. Olho para o meu lado, logo vendo Tris dormindo. Me lembro que havia dormido com a mesma na noite passada. Tris não parecia ter se mexido enquanto dormia, ainda continuava na mesma posição. Observo a mesma por um tempo.
Então me levanto, decidindo ir agora para o segundo andar e deixando Tris dormir mais. Subo as escadas lentamente, ainda me sentindo tonto pelo sono que restava em mim ainda. Já em frente ao pequeno quarto, eu viro meu caminho até a pequena janela que havia no fim do minúsculo corredor. Observo as ruas pela mesma, vendo que agora todos os mortos haviam saído de frente do teatro. E, posteriormente, já longe o suficiente de nós.
Volto meu caminho e então, dessa vez, vou até o quarto. Adentrando no mesmo e então me sentando na cadeira que havia bem ao centro do local. Olho por um instante, meu reflexo no espelho sujo. Mas, logo desviando para o rádio a minha frente. Levo a cadeira mais próxima da mesa, e então ligo o rádio. O ouvindo chiar novamente. Espero por alguma coisa por um tempo, mas nada aconteceu. Assim, com apenas o rádio chiando de fundo, eu me acomodo mais sobre a cadeira. Logo pensando sobre o que havia prometido a Tris, um plano para nos tirar daqui.
Um longo tempo se passa, comigo ainda apenas pensando em um plano. E então, nas escadas, eu escuto os passos de Tris. Eu sabia que era a mesma, devido a seus passos leves. Eu me viro um pouco para eu conseguisse olhar em direção à porta, e então Tris entra em meu campo de visão. A mesma se encosta no batente da porta coçando seus olhos inchados.
– Bom dia. – Eu falo para a mesma.
– Ah, bom dia. – Tris responde bocejando. – Alguma novidade com isso?
Ela aponta até o rádio, indo até a cama ao meu lado e então se senta sobre a mesma.
– Não. Nada.
– Acho que eles devem saber que o rádio passa pelo canal deles, por isso devem estar em silêncio assim. – Tris diz, apoiando suas mãos na cama.
– Pode ser. – Digo sem saber ao certo o que responder.
Ficamos um instante em silêncio.
– O que você vai fazer agora? – Tris pergunta.
– Eu pensei em ficar por aqui, e pensar em alguma coisa que nos ajude a sair daqui.
– Certo. Eu acho que vou ficar lá em baixo. Vou entrar na sala de teatro, ver se acho algo a mais por lá. – Tris então se levanta e vai até a porta do quarto.
– Tudo bem, se tiver alguma novidade eu te conto.
A mesma vai embora logo após murmurar um “Ok”. Espero até parar de ouvir seus passos descendo as escadas, e então me viro para frente. Voltando a pensar no assunto de antes.
___
Era de tarde, no mesmo dia. E eu ainda continuava dentro do pequeno quarto, planejando todo o plano. Havia pensado em mil e uma coisas para nós dois sairmos com segurança. Confesso que já estava ficando irritado de ter que ficar aqui por tanto tempo.
Em nenhum momento eu havia descido ou visto Tris. Ficamos um em cada andar do teatro sem nos vermos.
– Caralho. – Esbravejo logo após mais um plano falho dar errado. Eu havia conseguido achar apenas uma caneta que mal funcionava, juntamente com umas poucas folhas amareladas numa das gavetas que havia na mesa logo a frente do espelho.
Passo a mão sobre meu rosto, tentando reprimir minha raiva. Me levanto da cadeira, e então abro a gaveta para guardar tudo o que havia pegado dentro da mesma. Então eu paro. Um estalo alto se fez logo a porta de entrada do teatro. Fecho a gaveta com cuidado, atento a ouvir algo mais.
– Tris. – Chamo pelo nome da mesma, mas sem resposta.
Saio do quarto com passos cuidadosos, e então desce as escadas com calma. Mais perto do primeiro andar, posso ver que o salão principal estava mais iluminado, indicando que a porta havia mesmo sido aberta. Piso no chão do primeiro andar do teatro. Me assusto assim que sinto agarrarem meus braços e então me jogarem no chão.
– Fica parado, porra. – Um homem armado grita.
Aos meus dois lados, dois homens me seguravam, me deixando imóvel sobre o chão.
– Se fizer alguma graça, eu estouro sua cabeça. Tá me ouvindo? – O homem aponta a arma para minha cabeça.
– Não precisa fazer encenação, Eric. A gente só precisa de uma coisa. – Um dos homens a qual me segurava, fala.
– Ah, cala a porra da boca Adam. – Eric esbraveja. O mesmo volta a olhar pra mim. – Vai, ajeita o cara.
Os dois homens, então, me levantam. Me colocando de joelhos logo a frente de Eric, ainda me segurando.
– Não parece tão durão agora, né Daryl. – Franzo minha testa por um estante, me perguntando como o mesmo sabia meu nome. – Pois é, Jesus me contou sobre você.
Não respondo a nada, apenas continuo a encarar Eric. O mesmo se abaixa, ficando cara a cara comigo.
– Fala pra mim, Daryl, onde tá a mulher? – O mesmo dá um tempo para eu responder, mas não faço nada. – Vai, seja bonzinho, cara.
Continuo sem o responder.
– Eu tô tentando te ajudar, de verdade. Pensa só, esse mundo sem mais infectados, sem mais mortes, todo mundo bem novamente. Você não quer isso Daryl? – O mesmo se levanta, ainda me olhando. Eu o acompanho com os olhos centrados no mesmo.
– Mais uma vez, onde ela tá? – Eric olha para mim, agora parecendo ficar mais bravo. – Eu tô perdendo minha paciência, sinceramente. Onde tá essa caralha de mulher, Daryl?
Erik ri com raiva, então aponta a arma novamente para mim.
– Eu juro por deus que vou atirar em você. – Ele encosta mais a arma em mim. – Não acredita, Daryl?
O mesmo então atira no chão do teatro, próximo a mim. Continuo encarando o mesmo.
– Fala logo onde tá a porra… – O mesmo para de falar, e então olha para a sala de teatro.
Pude ouvir passos apressados vindo até nós. Era Tris. Eric então engatilhou a arma para mais uma bala, e então apontou até a sala, apenas esperando Tris passar em sua mira. Eu gritei e me debati, tentando ir para cima do mesmo.
Então, Tris passou pela porta. Eric pronto, atirou na mesma, que caiu no chão gemendo.
– LEVANTA PORRA. LEVANTA AGORA. – Eric gritou.
– Tris. – Chamo pela mesma, mas levo um soco por um dos que me segurava. Me fazendo ir pro chão com dor.
De longe, eu vejo o sangue de Tris se espalhar pelo chão.