Depois do maravilhoso episódio 4 – “Killer Within” de The Walking Dead, o Dread Central fez uma conferência telefônica com Sarah Wayne Callies (Lori) e IronE Singleton (T-Dog), que falaram sobre o destino de seus personagens e muito mais. Se você, de alguma forma, ainda não assistiu o episódio, tome cuidado com grandes spoilers a seguir!
Sarah Wayne Callies
Sarah, você pode falar sobre como você chegou num nível de emoção tão intenso como atriz no episódio 4 e também nos contar sobre os laços que você tem com Chandler Riggs como seu filho na série? Como foi trabalhar nisso?
A morte de Lori foi muito única dentre as que costumamos ter em “The Walking Dead” porque foi a que ela escolheu. O outro que chega perto é Jim, que decide ficar na beira da estrada no episódio 5 da primeira temporada, apesar de ele já ter sido mordido a esta altura. Então é uma entonação interessante, porque não foi envolta no mesmo nível de crise e pânico, apesar de ela estar numa situação em que, claramente, as coisas vão acabar mal com ou sem sua escolha. De alguma forma, é doloroso admitirmos isso. Tem a ver com o trabalho que fizemos nos últimos dois anos e meio. Eu não imagino fazer uma cena dessa com um ator com o qual você não tivesse uma forte conexão e um personagem que você não conhecesse bem. Mas acho que há algo sobre uma cena como essa… todos meio que sentimos que a melhor coisa que podemos fazer é estar presente e apoiar uns aos outros e criar um ambiente onde tudo está bem.
Estava tudo extremamente quieto durante aquela cena inteira. Não fechamos o set. Toda a equipe estava lá e havia um nível de concentração e respeito e foco de todas as 80 pessoas presentes. Foi extraordinário e eu acho que, provavelmente, foi significante que todo o elenco estivesse lá. Eu terminei a cena e quando eu saí lá estavam quase todos os membros do elenco, que vieram sentar e assistir e estar ali. E eu acho que isso foi importante para Chandler, que ele estivesse rodeado das pessoas com quem ele continuaria.
Foi difícil, serei honesta. Chandler e eu não conversamos nenhuma vez naquela semana em que estávamos filmando porque não conseguíamos nos olhar sem nos perder. Eu amo aquele garoto. Quando perdemos Jon Bernthal, Andy e eu estávamos lá e abraçamos Chandler e dissemos: “Você sabe que tem a nós”. E eu me senti um pouco idiota tendo que assegurar a este jovenzinho que eu estaria ali para ele e então sair 5 episódios depois. Mas ele está em ótimas mãos com aquele elenco e equipe. E ele é um profissional extraordinário e eu sei que ele ficará bem.
Você teve alguma participação criativa nesse episódio, no roteiro ou em como Lori morreria?
Frank Darabont e eu conversamos sobre a necessidade da morte de Lori e ele foi contra mim. Ele disse que achava que tinha uma alternativa pra isso. Nunca tivemos uma chance de ver como isso ficaria. Glen Mazzara e eu conversamos muito sobre isso, não só sobre como a cena seria, mas sobre como chegaríamos a esse momento através dos dois primeiros episódios da temporada, porque originalmente havia uma linha do tempo diferente e tivemos mais tempo para construir esse momento. E então, quando tivemos nosso tempo encurtado, conversamos sobre o que precisávamos, o que precisava estar no lugar para Lori, Rick e Carl, para seu desenvolvimento no resto da temporada. E é um processo íntimo, porque Glen perdeu sua mãe um pouco antes dessa temporada. Então eu estava bem ciente de que essa era uma cena que ele tinha escrito sobre uma mãe dizendo adeus a seu filho, tendo acabado de dizer adeus à sua própria mãe e escutado muitas daquela palavras. Nós discutimos ideias e falas, de um lado pro outro, por umas duas semanas e o que filmamos foi uma combinação desses esforços. Algumas coisas que eu disse não estavam no roteiro, mas foram produto de sentar numa sala com Chandler e tentar dizer adeus a ele. E é uma cena que considero um presente, como atriz. Não que seja toda sobre mim, mas sou uma atriz. Então é sobre mim, certo?
A melhor coisa daquela cena, pra mim, foi que eu disse tudo o que queria dizer a ele e à série e ao elenco. E as pessoas perguntam “Como é deixar a série?” e eu só quero dizer “Bem, assista o episódio. Você vai saber exatamente como me sinto porque está tudo ali”. Houve algumas coisas muito específicas que foram importantes de encontrar com Lori na terceira temporada e redenção foi uma grande parte disso. Um sentimento de redenção em seu casamento e um sentimento de redenção com Carl. E por mais que eu não ache que ambos tenham sido alcançados completamente porque isso iria amarrar as coisas, isso é agradável demais para a série. Nós fomos por esse caminho, que eu acho que não muda a série dramaticamente, mas que de uma forma que me deixou pessoalmente grata, porque tenho uma afeição profunda por Lori.
O que significou interpretar esse personagem?
Oh, Deus, o mundo. Eu amava Lori; eu amo Lori. Ela é um daqueles personagens que vão viver em meu coração por muito, muito, muito tempo. Eu aprendi tanto com ela e uma das coisas pela qual sou mais grata à série desde o início, quando conversei com Frank pela primeira vez, foi que resolvemos que não faríamos uma “versão televisiva” da HQ. Lori não seria uma bonitona peituda. Nós conversamos sobre fazer a versão o mais feia, suja, perigosa e, às vezes, desagradável possível e então você pegaria o roteiro e perceberia que amarelou… e ele nunca amarelou. E eu me lembro de ir ao set no primeiro dia usando menos maquiagem e meu cabelo parecendo uma bagunça e com roupas sujas e rasgadas e largas demais. E ele olhou para mim e disse “Perfeito”. E, você sabe, eu nunca trabalhei numa série na qual os produtores não dissessem “Bem, quero dizer, pelo menos passe um batom e penteie o cabelo. E pelo amor de Deus, vamos dar a ela uma camiseta melhor”. Mas não houve nada disso, nem um segundo. E foi tão entusiasmante ser capaz de cavar fundo na obscuridade da maternidade e na obscuridade do casamento, porque isso é um empreendimento muito sombrio. Há uma longa lista de beleza e de força na luz. E trabalhar numa produção que teve a coragem de, mesmo que às vezes fazendo todos comentarem, dizer “vamos contar essa história de um jeito que nunca foi contada”. Foi maravilhoso. É o melhor trabalho que eu já fiz na frente das câmeras e é porque o material é muito forte, e por causa de Andy e Chandler e Norman e Steven e Lauren, de todas essas pessoas maravilhosas com quem eu tive a chance de atuar. É porque eles tiveram o mesmo comprometimento e realmente escolheram fazer a versão honesta, ao invés da versão chamativa. É uma experiência diferente de qualquer coisa que eu já fiz e aprendi muito com ela. E eu amo muito a Lori. Sua paixão e fogo, sua falta de vaidade, eu amo aquela mulher e vou sentir falta dela.
O que você acha que significou, para a série, a sua saída e a maneira como Lori se foi?
Bem, eu não sei. Não pensei nisso, realmente. Acho que Carl é uma força a ser reconhecida, e eu acho que dá pra perceber que Lori não está preocupada com Carl. Ela diz a ele que ele vai ficar bem. Durante toda aquela cena, sua alma está com Rick. E a coisa mais importante pra ela é que Rick não a veja como zumbi e não tenha que a abater e ela só diz boa noite a ele. E ela quase diz a Carl “Tome conta do seu pai, porque ele vai se desmanchar”.
Esses sinais são uma mudança de cenário. Nas primeiras duas temporadas, Carl chorava em nossos braços. Carl sempre esteve ao nosso alcance. Eu sempre estava colocando meu braço envolta dele e coisas do tipo. E seu caráter evoluiu, em parte, pelo maravilhoso ator que Chandler Riggs é. Ele evoluiu para um garoto sólido, e com todo o poder desconcertante que isso traz. Mas eu acho que, de alguma forma, com a morte de Lori, há uma mudança no equilíbrio entre Carl e Rick e talvez uma noção de que esse garoto tem sentimentos bons e ruins em seu coração. E seu pai não tem mais.
Você mencionou que conversou com Frank Darabont sobre a morte de Lori, então isso significa que você sabia desde o início que isso aconteceria em algum momento?
Eu sabia desde o início que Lori morria na HQ e então eu aceitei esse trabalho achando que ela tinha uma data de validade porque há algumas coisas, a morte de Shane, a morte de Lori, que são bem difíceis de se contornar. E eu disse algo a Frank sobre isso. Ele disse “Eu não preciso matar você”. E eu disse “Com todo o respeito, senhor, sim, você precisa”. E ele riu e disse “Nunca tive uma discussão dessas com uma atriz. Nunca uma atriz principal veio reclamar seu direito de sair de uma série”. E eu pensei nos quadrinhos, Rick fica maluco porque sua esposa morre. E eu acho que a maneira como ele faz isso é muito legal e acho que ele gostaria de ter feito aquilo em algum momento, apesar de Lori ter de ser durona pra fazer essa escolha. E eu mal posso esperar pra assistir os episódios que se seguem, pra ver o que vai acontecer.
É um momento muito, muito tocante e a maioria das mães se sacrificariam por seus filhos, mas ela tem alguma ideia de como essa criança vai sobreviver sem ela? E ela está se preocupando se o bebê é do Rick ou do Shane?
Bem, eu não sei se isso é algo que alguém vai ser capaz de determinar. E falamos muito sobre isso. E acho que a única maneira de se dizer, num mundo onde não há testes de paternidade, seria que se o bebê tivesse olhos azuis, seria de Rick, porque ambos, Rick e Carl, têm olhos azuis. Mas é uma característica recessiva. E Shane e Lori têm olhos castanhos. Com um bebê de olhos castanhos, não há como dizer se é de Rick ou de Shane. Mas de um ponto de vista genético, se tiver olhos azuis é de Rick. E acho que Lori está apavorada pela criança, e desde o início viu essa gravidez como sua sentença de morte. Sua decisão de vomitar a pílula do dia seguinte, que ela tomou na última temporada, foi, em parte, uma decisão de dizer “ok, eu prefiro morrer por esse bebê ou morrer com esse bebê”. Mas eu me lembro de estar grávida e de ficar nervosa sobre todas as coisas que podiam dar errado e eu tinha as melhores parteiras do mundo e um hospital a 10 minutos de distância. Então eu me ponho no lugar da Lori, sabendo que não há nenhum apoio médico, nenhum acompanhamento pré-natal, nenhum tipo de nutrição ao nível que se gostaria. Nós nem sabemos quando ela engravidou. Ela podia estar de nove meses ou de oito. E sabendo como o stress afeta uma gravidez, ela podia estar de sete meses e o bebê ter nascido muito prematuro.
Então ela passa tantas noites em claro com essas perguntas em sua mente. Rick aceitará a criança? Ela terá uma chance? Essas eram as coisas nas quais ela mais pensava e com Deus e sua consciência como testemunhas de que ela fez tudo o que pôde. Claramente, Hershel e Carol estavam cuidando dela o máximo possível. E acho que ela confia neles para manter esse bebê vivo da melhor maneira que puderem. E há grandes perguntas agora, por exemplo, como vão alimentar um recém-nascido. Mas essas são perguntas nas quais eles teriam pensado muito, discutido bastante em volta da fogueira, a noite, nesse longo inverno pelo qual passaram. Eles teriam feito essas perguntas várias vezes e já teriam pensado em um plano.
A composição da cena final, com Lori, Maggie e Carl e não ter uma cena final com Andy Lincoln para compartilhar de seus pensamentos e sentimentos com o personagem dele, como foi isso? Porque esses três estavam lá?
Acho que era uma questão mais visual… primeiro lemos o roteiro e há o perigo de a cena se tornar nojenta demais e o público não conseguir assistir. Então, visualmente, a cena foi composta de uma maneira que não ficasse “que nojo, estão abrindo a mulher com uma faca e arrancando um bebê de sua barriga”. Foi sobre as pessoas. Em termos de composição dos personagens naquela cena, toda a conversa que Lori teve com Maggie era para tentar fazê-la se impor e ser uma matriarca. Ela pede que Maggie faça algo que apenas as pessoas mais fortes conseguem. Maggie é uma jovem, namorada do Glenn, filha de Hershel, mas ela ainda não se sobressaiu como mulher. E Lori, basicamente, fica dizendo – é a frase errada, mas vou usá-la ironicamente – “Você tem que ser homem. É hora de deixar seu medo e suas lágrimas e seu ‘não posso fazer isso’ de lado e fazer o que tem que ser feito agora.” E se houvesse mais alguém com eles, Maggie não faria aquilo, certo? Hershel faria, ou Rick ou Daryl. Quero dizer, francamente, quem melhor que Daryl para abrir uma criatura viva?
Qualquer um é mais bem preparado para isso que Maggie, mas era ela quem estava lá. E então Lori tem que torná-la uma matriarca em dois minutos para salvar a vida de seu bebê. E essa é uma história extraordinária. E, da mesma forma, Carl tem que se tornar um homem nos mesmos dois minutos, porque não há mais ninguém para abater Lori e ninguém mais para ouvir suas últimas palavras. Bem, Maggie está no limite da histeria, mas também tem que se manter focada nessa seção C. E então Carl tem que ouvir as últimas coisas que Lori tem a dizer e levá-las com ele para o futuro, o que é um peso enorme. Então eu acho que é uma composição maravilhosa, porque você tem uma jovem e um jovem e o último ato de Lori é transformá-los em adultos que podem fazer o que é preciso para manter o bebê vivo.
Quanto a Lori e Rick, é importante… ou o que acontece com Rick mais tarde na temporada, ele tem que reviver o tempo todo o que aconteceu entre os dois no final do episódio 2 e pensar “Porque não disse que a amava? Porque não disse que a perdoei? Porque não disse que sentia muito?”. Porque é essa parte da série que é honesta. Todos perdemos pessoas pensando que teríamos mais tempo. Deveríamos ter tido aquela conversa quando as coisas estavam melhores. E Lori e Rick viveram um inverno inteiro sabendo dos riscos desse mundo, onde qualquer um se vai a qualquer hora, mas eles ainda estavam tão focados no ódio próprio e no luto e na perda. Eles não foram capazes de trazer isso à tona. Há um preço para isso, há um preço em manter o silêncio ao invés de dizer o que dissemos. E, para bem ou para mal, Rick irá pagar esse preço.
Eles estão sendo fiéis aos personagens dos quadrinhos como antes? E como você lidou com a consciência de que o público reagia negativamente quando você só estava tentando ser honesta quanto à personagem?
Para ser honesta, eu não vou atrás dessas coisas. Eu sei que existe porque me disseram. O que eu leio é o roteiro e as cartas dos fãs que chegam pelo correio. E o que eu leio são de 20 a 50 cartas por semana, de pessoas dizendo que amam a Lori e o meu trabalho. Ou “eu acredito nela, eu sou uma mãe e é bacana ter um personagem com o qual eu possa me relacionar”. Essas cartas são arrebatadoramente positivas; na verdade, nunca recebi uma carta que dissesse “Vou pegar seu autógrafo porque gosto da série, mas eu odeio a Lori”. E essas pessoas podem estar por aí, mas até onde eu sei, saber que há uma reação entre uma certa demografia de pessoas que assiste uma série e tem tempo para ir para a internet e reclamar disso… Dadas as 10 milhões de pessoas que assistem a série, eu não sei qual proporção delas faz isso.
Mas para essas pessoas, eu não sei se esse tipo de reação é por causa do último personagem que fiz, em “Prision Break”, que era meio que um anjo e as pessoas a amavam e apoiavam muito e era muito bom. Mas ao sair daquela série, minha principal preocupação era não ficar presa interpretando “marias das dores”, o tipo de personagem que nos deixa comovidos e sempre faz a coisa certa, fica do lado de seu homem e é muito chamativa. E eu amava a Dr. Sara e amava inrterpretar aquele papel. Mas parte das minhas razões de querer interpretar Lori foi porque a achei um tipo bem diferente de mulher. Então saber que esse tipo de controvérsia estava na rede, as pessoas falando sobre ela, se ela era uma boa mãe, se ela era uma boa esposa, de certa forma era gratificante para mim, porque era a evidência de que eu não estava interpretando exatamente o mesmo personagem. E que eu estou crescendo como artista e expandindo meu alcance. Eu não estou me limitando a fazer a mesma coisa o tempo todo.
Nem sempre é o que você e Andy dizem, mas esses incríveis momentos de silêncio que parecem dizer muito mais. Você fez cenas com Andy nas quais vocês não estavam falando, mas obviamente havia muita coisa acontecendo entre vocês, que estava implícita. Que tipos de coisas passam pela sua cabeça quando você está interpretando um personagem nesses momentos?
Isso é interessante. Eu sempre fui ensinada que, como ator, uma das coisas mais importantes que você pode fazer é ter o seu cérebro tagarelando da mesma forma que o cérebro das outras pessoas, mesmo se você não estiver falando. Então, seu trabalho não é apenas decorar as falas e dizê-las, seu trabalho é descobrir qual tagarelice no seu cérebro acompanha essas falas. E se isso está lá, não importa se você está falando ou não, porque sua mente está trabalhando da maneira que a mente do personagem trabalharia. Algumas das minhas cenas favoritas com Andy são aquelas em que um de nós não fala muito. Uma das minhas cenas favoritas foi a do final da segunda temporada, quando ele me diz que Shane está morto. Eu não digo nada durante toda aquela cena, a não ser no comecinho. Mas há todo um diálogo entre nós, que acontece sem expressão verbal. De certa forma, é um dos meus tipos favoritos de trabalho, porque pode ser diferente a cada corte e você pode brincar com ele. Você não pode trocar de pensamento a cada corte; isso seria falta de educação. Mas você pode mudar a reação em seu rosto e essa mudança pode torcer toda a cena. Mas Andy é um ator tão maravilhoso que você só atua junto e acaba descobrindo esse tipo de coisa.
Nós já fizemos isso no episódio – não olhar um pro outro até o final, e isso é o que você tem de Rick e Lori – novamente, seria uma longa trajetória para isso e quando diminuímos o tempo, decidimos que a melhor maneira de contar nossa história era contar a história de duas pessoas que não conseguem se olhar. E então, no final, ele poe sua mão no meu ombro. E então, logo antes de ela morrer, nos olhamos através do campo e você tem uma sensação de que se eles tivessem tempo eles se curariam e ficariam bem.
Há uma diferença entre a cena da morte de Lori na série e na HQ, que foi um evento muito mais randômico, onde Lori e o bebê são mortos, literalmente, em um tiro. Você sabia que o tempo do seu personagem seria emprestado? Você teve alguma oportunidade de dizer “quero que pelo menos minha morte tenha mais impacto no episódio, e possivelmente no futuro da série, do que no evento randômico que acontece na HQ”?
Quando me disseram que eu ia morrer, eles me deram uma dica de como tinham pensado em fazer isso. E minha primeira pergunta foi “o bebê sobrevive?” e eles disseram que sim. Por alguma razão estúpida, isso fez toda a diferença. Eu fiquei tipo “Okay. Bem, ótimo, contanto que o bebê sobreviva”. Qualquer um que leu a HQ já está tão familiarizado com a maneira como Lori morre que acho que eles veriam que isso ia acontecer a um quilômetro de distância. Então faz todo o sentido mudar as circunstâncias. Ela é um dos três personagens do piloto que ainda estão vivos, e agora há apenas dois, Rick e Carl. E há meio que a necessidade, eu acho, de ouví-la dizer algo, não só morrer anonimamente. Eu não sei, você teria que perguntar isso aos escritores porque desde o início, quando eles me ligaram e disseram que eu morreria no episódio 4, eles me disseram “você se sacrificará pelo bebê e dirá adeus a Carl e Carl terá que atirar na sua cabeça”. E eu pensei “Oh, bem, isso será divertido.”
Você mencionou antes na conversa que eles resolveram adiantar a morte de Lori pra esse episódio. Porque tomaram essa decisão e em que momento isso aconteceria caso não houvessem mudanças?
Quando falei com Glen, em novembro do ano passado, ele tinha uma linha do tempo diferente em mente. E me disseram, por volta de março ou abril, que tinham adiantado a morte pro episódio 4. Eu não sei porque; essa é uma pergunta pro produtor/escritor. E, francamente, me pareceu uma pergunta meio covarde de se fazer quando alguém te liga e diz que você perdeu seu emprego. E você pergunta “Porque?”, eu não sei, pareceu uma questão meio covarde. Para mim, a única resposta era “Sim, senhor, me mande os roteiros. Farei o melhor que puder.”
Isso ter acontecido antes na temporada significa que teremos mais tempo para ver o que vai acontecer depois. Você faz alguma ideia de como isso afetará Rick mais pra frente?
A morte de Lori é sobre Rick, o que ela sabe nos últimos momentos. E também sobre a maneira como ter um recém-nascido muda o grupo. Então, o que significa, é que eles têm que achar um lugar seguro e tem que ser agora. Então há aquela dúvida. E enquanto isso, temos mais ou menos a mesma coisa, que são as perguntas. Não é somente sobre como sobreviver na prisão? Como encontramos comida para o bebê? Como mantemos o bebê quieto? Mas há apenas uma pessoa ali. Somente uma mulher que já foi mãe e é a Carol e ela acabou de perder sua filha. Ela irá ajudar? Bem, as filhas de Hershel já são meio grandinhas. E então eu acho que isso deixa a situação muito mais difícil, muito maior para o resto do grupo.
E todo o “Oh, não, temos que carregar Lori porque ela está grávida”, acho que um pouco disso acontece porque entendemos isso. Então desmembrar essa jornada, acho que é uma maneira melhor de contar a história e chegar à frase de efeito, que é o que fazemos agora. O que fazemos com um bebê? E o que Rick fará sem sua esposa? E essa é a temporada.
Você pode falar sobre como é divertido fazer essas cenas nojentas? Temos falado bastante com Greg Nicotero e ele se diverte muito falando sobre como gosta de algumas dessas maluquices e das próteses.
Não houve muitos risos naquele dia no set enquanto filmávamos. Não foi muito divertido. A equipe e eu somos muito próximos e estivemos juntos desde o início. Foi bem triste. Eu não gostaria de estragar o trabalho de Lauren ou de Chandler tornando a coisa engraçada. O que Chandler teve de fazer é uma coisa difícil de se pedir a qualquer ator e ele acabou de virar um adolescente. Então eu não sei se houve um momento em que alguém riu de alguma coisa. Eu fiquei colada no chão com todo o sangue. Estava tão grudento no concreto, e eu não podia levantar e estava muito frio, o que é estranho, na verdade, porque passei a série toda suando. Mas o chão de concreto, depois de 8 horas, fica frio e eu tremia incontrolavelmente no final. E Guy, nosso diretor, Deus o abençoe, veio até mim e disse “Deite-se comigo no chão”, e me enrolou num cobertor. E foi um ótimo conforto. E então, no fim do dia, quando tudo estava feito, acho que houve algumas risada quando tentaram me levantar, porque precisaram de uma espátula e várias garrafas de solvente. E sempre que alguém sai, se despede da equipe e do elenco que estiver presente, e eu não podia, fisicamente.
Então eles terminaram de filmar a cena entre Maggie e Carl depois de o bebê nascer. E a prótese de barriga saiu de mim e havia sangue pra todo lado e pedacinhos de bebê e gosma. E eu tentei me limpar o máximo possível e coloquei roupas pra sair e cheguei para me despedir da equipe e dissemos várias coisas. E no fim, dissemos “Vamos para a Roadhouse”, que é um ótimo bar na estrada próxima a onde filmamos, e fomos tirar tudo aquilo de nossos sistemas.
Qual será seu próximo papel? Você já interpretou a mulher boa, forte e que defende seu marido. Você interpretou essa mulher cheia de conflitos, que, basicamente, acabou com seu jovem filho lhe dando um tiro na cabeça. Pra onde você vai agora?
Na verdade, já acabei de gravar meu próximo projeto, porque terminei “The Walking Dead” em meados de junho. No início de julho, trabalhei em um filme chamado “Black Sky”, que foi minha primeira experiência em um filme de grande orçamento. É sobre a vida de alguém, que está em risco a cada segundo. É sobre sobreviver a um tornado, sobre as maneiras como pessoas estranhas podem se tornar bem importantes umas para as outras bem rápido, numa época de crise. E eu o finalizei há algumas semanas, com Richard Armitage.
A família “The Walking Dead” foi uma na qual eu realmente investi e significou muito para mim. Mas foi um verdadeiro presente ter entrado em outro set apenas duas semanas depois de ter saído de um, e eu realmente agarrei esse outro personagem com unhas e dentes, essa outra história, para que eu pudesse pegar tudo o que tinha aprendido com “The Walking Dead” e colocar em prática. E também, enquanto eu ainda estava em luto pela perda da série, era bom ter algo criativo no qual me focar. E, especialmente, eu sou uma atriz e uma pessoa com sorte, porque já tenho outro papel sobre o qual falar.
IronE Singleton
Como você se sentiu assistindo ao seu episódio final?
Uau, foi surreal. Eu não tive a oportunidade de vê-lo por inteiro, mas eu participei do “The Talking Dead” e assisti-lo no estúdio foi um tipo de experiência surreal. Foi tipo “Uau, acabou.” Agridoce. Mas estou total e completamente satisfeito com a forma que a série caminhou. Eu acho que a série foi um sucesso de uma equipe brilhante, todo mundo se unindo fazendo sua parte. Eu estou tão feliz por ter feito parte de algo tão especial, tão histórico.
Você tinha ideia de que você ia sair assim quando você começou? E qual foi sua reação quando você finalmente leu a cena da morte e a maneira como você saiu – uma espécie de herói durão?
Muito obrigado. No início eu não tinha ideia de que eu ia sair tão heroicamente, porque quando eu fui escalado para o show foi-me dito que eu iria fazer dois, talvez três episódios. Mas acabei ficando na série por três temporadas. Quão milagroso foi isso? Então, eu sou muito grato. E quando eu recebi o telefonema, eu chamo de telefone da morte, eles estavam muito gratos e apreciaram o que eu tinha feito, a equipe executiva inteira. Então, eu fiquei muito grato por receber o telefonema e ser respeitado nesse sentido. E quando eu li o roteiro me disseram que eu ia morrer, e eu estava ansioso para lê-lo inteiro. Quando eu li eu fiquei contente por ele sair como um herói. Isso me fez sentir muito apreciado.
Então se você tem um dilema moral e você está do lado dos anjos, aparentemente você morre na série? Você meio que tinha a mesma atitude de Dale: “Não, podemos mantê-los vivos. Vai dar tudo certo.”
Sim, eu vi isso antes. Eles disseram que uma vez que você tem aquele momento em que você meio que começa a apelar para a consciência das pessoas, e meio que começa a ser a voz da razão, você é mordido ou algo parecido acontece com você. Por isso, é interessante como isso acontece. E eu pensei sobre isso também, fiquei tipo, oh uau, tipo o Dale de uma forma mais convicta e abreviada, e a próxima coisa que você vê é ele sendo mordido.
Você é um dos poucos personagens que chegaram sem bagagem, pois a maioria dos outros personagens era da HQ, além de algumas criações novas. Você acha que isso foi mais libertador, sendo que seu personagem foi literalmente escrito para a série de TV?
Exatamente. Eu acho que foi muito libertador, porque como ator você começa com uma lousa limpa e não há nada mais libertador do que começar com algo que não está escrito. Então você praticamente cria a história desse personagem, você cria a força do personagem, seu significado, a sua história de vida. Então, o que for que você faça, o que quer que você invente, o que você decidir, podemos trabalhar com isso, e se o diretor ou se os executivos gostarem, então você vai se apegar a isso. Então, isso é uma coisa boa em vez de ter algo que já está escrito, isso meio que minimiza quem seu personagem é.
Como é ser rasgado por zumbis? Não a parte de ficção, mas a parte de televisão, de ter de se sentar lá e ter todas aquelas aplicações e as bombas de sangue e tudo isso ligado a você? É um processo bastante complicado, sendo que você tem que atuar no meio de tudo isso, não é?
Bem, eu acho que isso é como qualquer outra coisa, é como a natureza do negócio. Com filme você para e continua, você para e continua. Você tem a primeira tomada, e vinte tomadas, e assim por diante. Então, eu estou acostumado, porque eu venho fazendo isso por um tempo. Quanto a ter a minha carne rasgada por um zumbi, é muito bom. É uma sensação muito boa. Você devia tentar algum dia.
Você acha que ter um bebê no grupo é mais assustador ou dá uma sensação de esperança… um pequeno lampejo de esperança para a série e para os sobreviventes?
Todos os itens acima. Porque agora, temos um bebê. Temos um bebê no apocalipse e nas guerras apocalípticas. Assim, a maioria das decisões terá de pencar pra esse lado, pois afetará o bebê. E o humor, ao mesmo tempo, pois há esperanças de que ele é como o renascimento de inocência, porque ela morreu com Sophia. Assim, talvez isso nos teste também, na medida em que a humanidade estiver interessada. Talvez isso nos ajude a voltar um pouco, reconhecendo a inocência nesse pequeno bebê. Uma criança tem um jeito de fazer você mudar para melhor. E eu penso em meu relacionamento com meus filhos. Eu acho que valeu a pena mencionar. Quando minha filha nasceu, eu estava longe de onde estou agora. E minha filha, aliás, Heaven (céu em inglês) é o seu nome, me levou a outro nível. Então eu disse que teria de me tornar uma pessoa melhor nesta vida se eu quisesse ser um exemplo, se eu quisesse servir como um exemplo positivo para ela eu mesmo precisaria mudar para melhor. Então eu acho que é isso o que o bebê traz para a série. Tão horrível quanto pareça, é também muito gratificante para a humanidade.
Você está disposto a compartilhar qualquer outro tipo de detalhes sobre o T-Dog que você saiba, ou que você e Robert tenham conversado sobre o personagem, tanto quanto o que estava sendo trazido para aquele personagem que você não compartilhou na tela?
Sim. Eu não tive qualquer conversa com Robert Kirkman ou qualquer outra pessoa no início, ou Frank ou Glen ou alguém assim. Eles não disseram nada revelador sobre T-Dog, se eles estavam satisfeitos com o que eu trouxe para ele. Mas o que eu fiz com o meu personagem foi… sempre que tenho qualquer personagem eu tento trazê-lo para frente e para trás, tanto quanto eu posso com qualquer personagem que eu estou interpretando, tanto quanto eu puder na minha vida real, trazer esse personagem tanto quanto eu posso para os dias de hoje. Dessa forma, eu não tenho que fazer lição de casa tentando encontrar o meu personagem. Então T-Dog basicamente teve minha história de vida. Ele cresceu em projetos na cidade e teve a sorte de chegar à faculdade através de uma bolsa de futebol e de bolsas de estudos acadêmicos e, eventualmente, se formou em comunicações de voz. O mesmo que eu fiz. Eu também me formei em teatro, mas eu não atribui isso ao meu personagem, porque isso provavelmente teria feito dele um pouco mais dramático. Nós já estamos suficientemente dramáticos na TV, então eu não quis acrescentar isso nele. Então, ele se formou na faculdade, não se tornou um espcialista, mas chegou perto. Assim, ele acabou ficando em um trabalho normal. Então foi assim que eu criei meu personagem para o T-Dog.
Quais foram algumas das suas memórias e momentos favoritos das temporadas passadas?
Todo o processo foi ótimo. Eu não tive um dia ruim no set. Todo dia era tão bonito. Eu ficava ansioso para ir pra lá todo dia, para sacudir as mãos e receber os abraços e os beijos. Por isso é tão difícil para mim apontar um dia, porque cada dia foi tão glorioso. Todo dia era tão bonito.
Sendo que o seu personagem T-Dog não está nas histórias em quadrinhos, você teve uma conversa sobre como ele surgiu, e você disse a eles que queria que ele tivesse a parte mais durona dentro do grupo?
Não exatamente, mas eu estou querendo saber se os executivos ouviram minhas entrevistas nas quais me perguntam sobre quando o T-Dog morresse, como eu gostaria de morrer ou como eu gostaria que ele se fosse. E eu disse: “Só heroicamente”. Eu amaria ele sendo um herói. E isso me faz sentir tão bem porque na minha mente eu sinto que é como eu gostaria de sair como pessoa. Então, eu posso realmente me comprometer com esse tipo de indivíduo. Então, sair como um herói da forma como T-Dog fez é muito especial para mim.
Existe alguma coisa que você não teve a chance de fazer na série que você gostaria de ter feito?
Não, a não ser que fosse algo direto como isso aqui… Sabe, eu teria gostado de ter uma cena com cada membro do elenco individualmente, um por vez. Eu só tinha uma cena assim com Dale. Uma cena individual com Jeffrey DeMunn, Dale, e isso foi muito especial para mim. Então, sim, se eu pudesse fazer isso de novo, então eu provavelmente faria cenas individuais com todo mundo.
Você gostaria de ter tido uma cena dessas com Merle?
Você sabe, só para os fãs, certo? Porque eles estavam tão ansiosos por isso. Eles ficavam tipo “Oh, quando você e Merle ficarem juntos vai haver um grande encontro”. E eu queria dar isso a eles. E as pessoas ainda estão falando sobre isso. Eles estão tipo “Merle! Ok você está morto. Mas Merle nunca meteu uma bala na cabeça T-Dog”. Então talvez Merle tenha esse encontro com o T-Dogzumbi. Você nunca sabe… e isso seria especial.
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Fonte: Dread Central
Tradução: Jéssica e Vick / Staff Walking Dead Brasil
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