A primeira temporada de The Walking Dead começou atendendo a todas as expectativas dos fãs e a sua primeira parte foi fantástica, porém nos últimos episódios aquela impecabilidade já não parecia tão infalível quanto no começo. Os fãs não desanimaram e esperavam que alguns dos (poucos) erros cometidos no primeiro ano fosse resolvido na segunda temporada da série dramática envolvendo zumbis e a sobrevivência humana em meio ao caos.
O segundo ano chegou com mudanças significativas por trás dos bastidores Frank Darabont o showrunner e idealizador da série foi jogado pra escanteio e Glen Mazzara assumiu a responsabilidade pela série. Assim como o conturbado bastidor tivemos uma temporada também cheia de altos e baixos, começando muito bem, assumindo uma curva decrescente e finalmente ascendendo em seu final deixando as expectativas para o terceiro ano altíssimas, acredito inclusive que até mais altas do que para a estreia da série em si, afinal, o melhor arco das HQ’s em que a série é baseado seria sua trama base. Desta forma fomos surpreendidos e presenteados com esta ótima terceira temporada.
Durante sete episódios acompanhamos as desventuras de Rick e seu grupo de sobreviventes tentando transformar uma prisão em um lugar habitável e protegido. Tivemos a inclusão de novos personagens, o retorno de antigos e pudemos acompanhar o desenvolvimento de cada um deles de forma muito satisfatória, ok, nem todos eles… Tivemos também mortes consideráveis, ação e tensão, MUITA tensão. O nível desta temporada conseguiu deixar as outras duas aquém e a qualidade do seu roteiro deu um salto considerável. É assim que chegamos ao oitavo episódio da terceira temporada, sabendo que será o último de 2012 e com uma pausa de dois meses para o próximo, o que os produtores iriam fazer para nos surpreender? Escrito pelo criador da HQ, Robert Kirkman, nós já estávamos esperando coisas boas vindas por aí, mas o que tivemos foram coisas ótimas! Recheado de ação “Made to Suffer” concluiu alguns arcos e nos apresentou a novas possibilidades dramáticas advindas do embate entre prisão e Woodbury.
Tyreese, um dos personagens favoritos dos fãs das HQ’s finalmente foi introduzido na série com um grupo diferente do seu no material original (Sasha é uma personagem que não existe nos quadrinhos e Donna, Ben e Alen tem aparências e idades diferente, além de faltar um membro dessa família). O braço direito de Rick e questionador de muitos dos seus atos teve rápidas aparições, se mostrando um homem benevolente e que se importa com as pessoas de seu grupo, além de respeitar os limites impostos a ele de forma consciente. Nos resta aguardar para conferir o que os produtores reservam a este personagem, confesso que fiquei muito animado com sua inclusão!
No silêncio que precede o esporro conferimos Andrea notando sua semelhança com a esposa de Phillip antes de o acompanharmos utilizando as técnicas de Milton para tentar encontrar alguma consciência em sua filha desmorta. É triste e tenso ver o homem tentando trazer algum traço de racionalidade da menina à tona e vê-lo irritado ao notar que a atenção de Penny é somente dirigida a tigela de carne é deveras interessante, ainda mais por acompanharmos a sua contrariedade ao perceber sua impotência diante daquela situação. Outro fato legal de se acompanhar são suas intenções e opiniões acerca da prisão, ao contrário da HQ o Governador não quer levar seu povo para aquele lugar “cheio de celas e cercado de arame farpado”, ele quer subjugar as pessoas que lá vivem para que não sejam uma ameaça para sua cidade, eu vejo este pensamento de forma estúpida, afinal se você ataca uma colmeia de abelha é esperado que suas moradoras não fiquem quietas e revidem, não é mesmo? E é exatamente esta a ação que já começamos a acompanhar por parte do grupo de Rick que com a ajuda de Michonne adentram Woodbury a fim de resgatar os membros tomados de seu grupo que já foram condenados a morte pelo líder da cidade.
Em poucos episódios pudemos notar a incrível evolução de Glenn, outrora o rapaz que brincava com a própria vida e se arriscava abobalhadamente em benefício do grupo se viu amando outra pessoa e passando a dar mais valor em si mesmo, mas sua lealdade para com os seus nunca mudou, e mesmo torturado o asiático se manteve firme e neste “made to Suffer” pudemos notar um pouco mais do seu lado badass. Quando Glenn começou a arrancar o braço do walker (ou biter, afinal estamos em Woodbury) fiquei me perguntando “wtf?!” e achei genial a arma branca que ele conseguiu fazer com os ossos. Em outro aspecto, pudemos notar que a tortura sofrida por Maggie lhe causará um grande impacto, a filha do fazendeiro já não tem mais a mesma confiança em humanos, afinal, tanto tempo matando zumbis, ela se esqueceu dos que os homens são capazes.
E assim, Merle e seus homens vão até o casal para cumprir as ordens do Governador, porém são pegos de surpresa com a reação dos dois e desta forma se inicia a revolução em Woodbury. Com o barulho dos tiros Rick e seu grupo tem a brecha que esperavam para partir em busca de Glenn e Maggie. Guiados por Michonne até ali e somente com um homem em seu caminho, até que o grupo estava se dando bem na sua batalha de três contra toda uma cidade. A única coisa que me incomodou até então foi a forma como Rick e seus asseclas esperavam que Michonne fizesse tudo. O que eles queriam? Que ela entrasse na cidade, desse uma Genki Dama e mostrasse onde o casal vinte estava? Menos né, Sr. Rick?!
Daí pra frente o episódio intercalou cenas de ação e tensão com o embate do grupo de Rick e Daryl (que mesmo sabendo o destino de seu irmão e querendo encontrá-lo acabou por se manter leal ao seus) e os homens de Woodbury com Merle liderando-os na “batalha” enquanto o Governador fugia pelos cantos e dava ordens para tirar Andrea de circulação, afinal, ela não poderia descobrir que os “terroristas” eram seus antigos amiguinhos. E assim o “sobrevivente” Phillip chega em seu apart e encontra Michonne a ponto de matar sua querida Penny. A guerreira já o esperava quando ouviu os barulhos da garota e foi surpreendida com o aquário de zumbis e logo depois com a filha morta do líder. Somente achei estranho que Michonne não notou antes que a menina era uma zumbi, decrépita como ela estava acredito que não deveria ter um cheiro muito bom, não é? Aliás, até abro um parênteses aqui: li muita gente reclamando que os motivos de ódio de Michonne pelo Governador não estavam claros na série assim como na HQ. Concordo que nos quadrinhos o ódio mútuo é mais bem trabalhado, mas não acredito que na série tenha ficado tão gratuíto assim o desejo de vingança de Michonne. Pensem comigo: o Governador a manteve presa sob o pretexto de estar ajudando-a e quando finalmente permitiu sua partida, mandou um grupo de extermínio em seu encalço. Ao meu ver o ódio é completamente justificado dentro daquele universo. Voltando ao embate de Michonne e Phillip, vemos a espadachim “matando” sua filha ao notar como ela era importante para ele, o prazer era visível no rosto de Michonne e era perceptível sua vontade de causar dor no homem que mandou caçá-la como um animal. O combate que se segue é fenomenal, com ambos lutando não só por suas vidas, mas com um desejo latente de matar o outro, e quando Michonne fere o Governador no olho com o caco de vidro eu soltei um grito. A cena foi toda visceral e cheia de tensão, definitivamente o ponto alto do episódio. Fiquei um pouco frustrado com a interrupção abrupta de Andrea que ficou cara a cara com sua antiga parceira, mas preferiu defender o homem que lhe deu abrigo…
Em outro prisma vemos o grupo de Rick também lutando por suas vidas buscando fugir de Woodbury em meio a tiros de ambos os lados- É engraçado que quando estão atirando em zumbis os headshots acontecem frequentemente, mas no embate entre humanos quase nenhum tiro atinge seu alvo! Quando o grupo finalmente chega nos muros na cidade Rick novamente tem uma alucinação, mas desta vez com Wolverin… digo, Shane. O policial para por alguns segundos achando que está vendo o seu ex-parceiro vindo em sua direção, mas sua pausa momentânea tem um alto preço: Oscar acaba sendo ferido e morto.
Ao se aproximar do fim do episódio vemos os danos causados no Governador e como, mais uma vez, ele conseguiu enganar Andrea com suas palavras, mas Phillip já não era o mesmo, quando Merle aparece para dizer que o grupo de Rick havia escapado, o olhar de ódio do Governador para seu “tenente” era visível, afinal o irmão de Daryl havia mentido sobre o destino de Michonne, o que causou a morte definitiva de sua filha e a perda de sua visão direita. Por sua vez o grupo de Rick espera por Daryl quando Michonne aparece, e mesmo dizendo que Rick precisava dela dava para ver que a mulher na verdade implorava para ser aceita.
Phillip surge de sobretudo e com uma postura completamente diferente da que estávamos habituados nos minutos finais da midseason, com um discurso cheio de pesar o líder coloca em prática sua vingança contra o homem que era seu braço direito. O Governador revela que foram traídos por Merle que estava de conluio com seu irmão Daryl e os terroristas e “lava suas mãos” deixando o destino dos Dixon a cargo das pessoas de Woodbury, uma decisão inteligente dos roteiristas e um ótimo gancho para esse finale, por serem personagens originais da série não temos noção alguma do que acontecerá com eles quando a série retornar em fevereiro.
Por outro lado também temos vários pontos de interrogação no ar: será que Rick irá aceitará Michonne? Qual será o destino de Tyresse e seu pessoal na prisão? E Andrea, ficará ao lado do Governador ou voltará sua lealdade para seu antigo grupo?
A temporada até então conseguiu desenvolver os personagens e seguir com a trama de forma altamente satisfatória, foi muito regozijante ver como contrabalancearam as cenas de ação com o discurso pesado dos sobreviventes se virando em meio a um apocalipse zumbi. A inclusão de Woodbury trouxe frescor, ao contrário da fazenda no ano anterior que deixou os episódios lentos e arrastados e o perigo iminente do embate entre os grupos elevou o drama a outro nível. O retorno de Merle trouxe uma nova carga dramática a um dos personagens favoritos dos fãs, a morte de Lori por sua vez deu outro tom a Rick e transformou Carl, outrora um menino que fazia bobeiras e agia de forma impensada, em um dos pontos mais interessantes de se acompanhar. Andrea por sua vez, que havia se redimido no final da temporada anterior parece ter regredido, a mulher forte das HQ’s é confusa e infiel a si mesma e seus valores. O Governador brilhantemente construído por David Morrissey exala manipulação e perigo de forma autêntica e o encontro dele com Rick é algo que espero com anseio. Estou satisfeito com a temporada até então e espero que a segunda parte continue neste ritmo! E vocês o que acharam da série até aqui?
Um parâmetro com as HQ’s.:
– Tyreese apareceu! Porém de maneira complemente diferente do que é visto no material original. Nos quadrinhos o ex-jogador de futebol americano encontra o grupo de Rick assim que estes deixam Atlanta e se torna o braço direito do Policial. Sua filha e o namorado se suicidam e são as primeiras pessoas que vemos se transformar em zumbis sem serem mordidos. Tyreese apareceu com outro grupo e não temos a mínima ideia de qual abordagem darão ao personagem, mas parece que seu cerne foi mantido.
– Michonne é torturada por semanas a fio em Woodbury, sendo estuprada pelo Governador todos os dias. Quando ela escapa e tem a chance de se vingar, somos brindados com as mais impactantes cenas de toda a HQ. Michonne turtura o Governador arrancando suas unhas, ferindo-o em várias partes do corpo, corta um de seus braços, arranca seu olho com uma colher e enfia a mesma colher em seu ânus, deixando-a lá mesmo.
Vale destacar também:
– Esse povo ainda não aprendeu que gritar atrai os zumbis? A tal da Donna ganhou o prêmio gogó de ouro do episódio. Ainda bem que morreu, senão iria atrair manadas de zumbis com seus berros!
– Axel interessado em Beth e se espantando ao saber que Carol não era lésbica! Priceless!
– Não entendo como as pessoas tem a chance de matar seus algozes e não o fazem. PORQUE Maggie não matou Merle quando teve a oportunidade?
– A cara de Andrea ao ver Daryl foi ótima!
– A trilha sonora dos minutos finais do episódios me lembrou a trilha de Jogos Mortais quando estão revelando os mistérios!
E que esses dois meses passem rápido! Ou não, vamos viver, né? Ao contrário dos zumbis! =P
Por Átila Rithiery (@tiul) que pede desculpas pelo atraso da Review por motivos de: mudança e computador quebrado! 😉
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