A segunda temporada de The Walking Dead se preocupou em mostrar como Rick chegaria e abraçaria a liderança daquele tal grupo de sobreviventes que o salvara dos desmortos em Atlanta. No final daquela temporada vimos Rick assumir com gana o cargo de líder, inclusive com uma certa aura de ditador, chegando a usar um discurso inspirado sobre o fim da democracia no grupo, porém, com o começo da terceira temporada fomos privados de ver como foi o desenrolar desse ato de Rick e seus desdobramentos dramáticos. Com um salto de pelo menos seis meses, fomos apresentados a um grupo unido que não questionava as ordens d’O Chefe, aqueles que antigamente se mostravam desajeitados com planos que geralmente caíam no risco de dar errado estavam agora com uma nova postura. Sob a liderança de Rick vemos os sobreviventes trabalhando engenhosamente, quase de forma automática, sem medo e cooperativamente. Nós nunca saberemos se foi uma decisão sábia ou não dos produtores dar este salto temporal, mas após o primeiro episódio e os acontecimentos do segundo uma coisa é certa: Eles não erraram.
Começando exatamente de onde o primeiro episódio havia parado, “Sick” nos mostra Hershel lutando pela vida enquanto Rick e seus fiéis escudeiros Daryl e T-Dog lidam com a ameaça dos prisioneiros que estavam vivendo na cafeteria da prisão.
Ao perceber as intenções de Tomas, o líder dos prisioneiros, Rick precisa tomar a decisão entre o que é certo e o que é necessário para manter seu grupo a salvo, afinal, aquela prisão tem tudo o que é necessário para que Lori tenha um parto menos difícil e é a chance de dar à Carl a infância que lhe fora roubada, além claro, de comparecer com as expectativas postas em seu ombro como o líder auto-proclamado do grupo.
Desta maneira, tentando seguir o caminho mais justo, vemos Rick fazendo um acordo com aqueles homens que nem ao menos sabiam como estava o mundo lá fora (é legal notar que a reação de quem se vê em um mundo dominado por mortos é sempre a mesma: a preocupação com a família e qual a melhor maneira de localizá-los/contactá-los), prometendo ajudá-los a livrar um bloco da prisão para que eles pudessem viver (além de mantê-los longe dos seus), o policial exige em troca metade da comida que mantiveram os presos vivos durante este tempo.
Quem acompanha os filmes de zumbis hão de concordar que o maior inimigo da sobrevivência humana são os próprios humanos. Porém zumbis e humanos agem de maneira semelhante: ambos seguem um instinto de sobrevivência, oz zumbis de forma quase animal, procurando apenas se alimentar. Os humanos lançando mão de sua “inteligência” querem tirar do seu caminho aqueles que podem privá-los de acordar respirando no dia seguinte, e por aqueles digo zumbis e outros seres humanos. E em The Walking Dead não é diferente, notem que neste episódio nenhum dos sobreviventes foi morto pelos Walkers sem que houvesse a interferência de um humano. É a cobiça, a intriga e o tal instinto de sobrevivência que se mostram inimigos mais poderosos do que os comedores de carne, dando conta, enfim, de dar cabo da vida daqueles presidiários.
Desta forma, vemos que mesmo uma oferta de paz não foi o bastante para fazer com que Tomas se submetesse às ordens daquele homem que acabara de invadir “sua casa”, e acabar com a vida de Rick era a solução que o presidiário encontrou para se livrar daqueles estranhos. E foi justamente esse o seu calcanhar de Aquiles. Afinal, tendo notado o instinto assassino do latino, Rick, em prol do grupo (e de sua própria pele), acaba por tomar a difícil decisão de matar aqueles que mais ofereciam perigo, de maneira quase animal e irracional Rick enterra seu facão na cabeça de Tomas e em outra oportunidade deixa Andrew (que parecia ser o braço direito de Tomas) para ser devorado vivo pelos zumbis.
O que Rick estava pensando após fechar a porta? Era um sentimento sádico ou de dever cumprido? Era o animal que respirava fundo por abater a presa ou o ser humano que estava aliviado por afastar o perigo?
Prefiro acreditar que o sentimento seja de dever cumprido, afinal Rick poupou a vida dos outros dois presos, mesmo sabendo que esta decisão poderia custar caro…
Nos próximos dois parágrafos abordarei alguns acontecimentos da HQ, portanto se você ainda se interessa em ler este material e não quer revelações da trama, sugiro que pule esta parte e continue a leitura após a indicação de fim do spoiler.
Durante o episódio notei como os produtores estão pegando o melhor do material original e utilizando da melhor forma para contar a mesma história, mas sob um prisma diferente. Fazendo uma rápida alegoria, imagino a audiência de The Walking Dead como um grupo numa sala escura que será vez ou outra invadida por monstros, alguns sabem que tipo de monstros virão (os que leram a HQ) e alguns estão totalmente a deriva (os que assistem a série sem conhecer o material original), porém todos acabam sendo surpreendidos e pulam em seus lugares quando os monstros aparecem. Nos quadrinhos os presidiários encontrados participam de um arco interessante, em que um deles (justamente o de aparência menos ameaçadora) se revela um assassino serial que mata alguns dos sobreviventes, enquanto outro acaba por criar uma situação de sítio. Na série já vimos que em apenas um episódio se livraram de três dos presidiários encontrados e que aquele arco foi resolvido rapidamente, porém ainda temos dois dos homens vivos, e não temos a menor ideia de como serão abordados, já que na HQ o Axel é diferente fisicamente, apesar de também aparentar ser gente boa e Oscar por sua vez, nem existe nos quadrinhos.
No material original temos dois personagens mordidos na perna por zumbis: Allen, um pai de família que perde a esposa e tem que cuidar dos filhos gêmos, mas que não foi adaptado à série e Dale que foi morto na temporada passada. O primeiro mesmo tendo a perna decepada acaba por morrer, enquanto o segundo sobrevive e até mesmo ganha uma perna de pau, sobrevivendo ao arco da prisão. No primeiro episódio fiquei completamente surpreso ao ver Hershel tendo este destino, mas não sabia o que esperar, dariam à ele o destino de Allen ou de Dale? Parece que não perderemos o Hershel tão cedo, mas será que o veremos com uma perna de pau?
– Fim do Spoiler da HQ-
Em outra esfera vemos Hershel lutando contra a morte, e suas filhas cada uma a sua maneira lidando com a possível perda do pai. Temos Carol aplicando os ensinamentos que o veterinário lhe passou ao longo dos meses (inclusive treinando em uma zumbi). E por fim vemos como Carl está se tornando cada vez mais independente, encontrando a farmácia da prisão sozinho e trazendo os materiais necessários para curar a perna de Hershel, que acaba sendo salvo por Lori (em uma cena incrivelmente tensa que me fez pular do sofá). No fim do dia vemos uma conversa entre Rick e Lori, e finalmente vemos que em meio a todo o tumulto o sentimento acaba falando mais alto e o policial finalmente parece estar abrindo as guardas para sua esposa. E, esposa e marido, cada à sua maneira acabaram por salvar a vida de quem lhes era caro.
Como abordado no início do texto, é clara a evolução de todos os personagens no tempo que passou, e este episódio só deixou isso mais claro, o grupo está unido e focado, cada um fazendo a sua parte para o benefício de todos. Juntamente com a evolução do grupo esperamos que os perigos e arcos dramáticos pelos quais passarão também tenha evoluído com essa passagem de tempo. E se levarmos em conta as HQ’s acho que podemos esperar por isso! E que venha o Governador e o terceiro episódio “Walk With Me”!
Interessante ressaltar também:
– Cadê os zumbis que fizeram o grupo de Rick ir parar na cafeteria? Quando abriram a porta somente um deles apareceu!
– E os presos que mesmo após ouvir qual a forma certa de matar os zumbis correm pra cima dos desmortos como animais?
– Beth limpando a boca suja do Carl.
– Carol enquanto treina o parto na zumbi gatinha e bulímica é sondada por alguém…
Por Átila Rithiery (@tiul)
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