A segunda metade da segunda temporada não virá até fevereiro, mas o ator Jon Bernthal – que interpreta Shane – provoca que a espera valerá a pena.
Do set de um filme que está fazendo com Dwayne Johnson, Susan Sarandon e Michael Kenneth Williams, Bernthal conversou com o TheWrapp sobre a devastadora midseason finale de The Walking Dead da última semana, como ele se sente sobre o comportamento polêmico de Shane sobre a morte de Otis e como o triângulo Rick/Shane/Lori ficará quando a série retornar. Duas palavras: “muito explosivo.”
Você está recebendo muitas respostas de fãs, e quão forte eles estão reagindo sobre Shane e suas atitudes na segunda temporada?
Sabe, estou sim. Quero dizer, são sempre reações fortes que se acumularam, boas e más, desde o início. Antes mesmo de começarmos, sabe, eu me lembro de ir a Nova York ano passado, antes da série ir ao ar, e quando fui anunciado na Comic Com. Anunciaram o nome de todos os atores e dos personagens que eles estavam intepretando, e eu disse que estava interpretando o Shane, e simplesmente recebi esse coro ressoante de vaias da audiência. (Risos)
Nos quadrinhos, acho que ele poderia ser considerado como esse tipo singular, como se fosse um vilão. Mas eu sempre achei, mesmo nos quadrinhos, que há muito mais a seu respeito. Acho que ele é apenas um personagem que, tipo, envolveu-se em uma situação muito maior do que ele próprio.
E isso é o que, inicialmente, me chamou para esse personagem e me fez querer muito intepretá-lo. Acho que ele é um cara tão interessante, e imagino que uma das melhores coisas do nosso seriado é que isso aumenta a audiência; isso os estimula a fazer perguntas.
Acho que muitas pessoas pensaram que isso… sabe, que era a coisas certa a fazer. O Shane é um vilão? Foi errado ele ter feito isso? E a qualquer hora, através da arte, através do trabalho, a audiência faz perguntas e olha para dentro de si, o que é a maior emoção que nós podemos ter como atores.
Então como você se posiciona sobre Shane ter matado Otis? Ele é herói ou vilão?
Acho que é muito importante, quando você intepreta um personagem, amá-lo e acreditar nele, e nunca agir fora do que esperam dele… Eu não acho que as pessoas ajam sem maldade. Acredito que Shane é um cara que está realmente tentando se adaptar à essa nova ordem do mundo, onde coisas como vergonha, emoção é uma “bússola” moral. Eu acho que ele se atém às coisas que o manterão nesse mundo.
Você precisar tomar decisões difícies e tem que construir esse muro ao redor de suas emoções.
O que há de tão interessante no personagem é que isso é uma coisa impossível de se fazer, ele é um homem inacreditavelmente emocional. É um cara de sentimentos intensos, e é impossível construir um muro ao redor do seu coração, acredito que ele está se esforçando para mostrar que é diferente do Rick… (que) ele é o cara disposto a tomar decisões árduas, e que ele é um sobrevivente.
O dilemma do personagem é que, novamente, construir esse muro ao redor de suas emoções é uma tarefa impossível. São elas que nos tornam humanos, e embora ele esteja se adaptando a esse novo mundo, é uma tarefa impossível, e eu acho que conseguiu fazer isso (matar o Otis) por pensar que estava fazendo isso pelo menino; que estava fazendo por Lori; que estava fazendo por Rick.
Ele pensou que pudesse ser capaz de bloquear suas emoções. Mas logo percebe que isso é impossível e isso o atormenta.
Shane também está em uma posição única, na qual não possui muitas pessoas que o amem… estão bem na frente delas, mas ele não pode ser com elas do modo que quer ser.
É, acho que você chegou à essência do personagem. É isso. Acho que há – como eu disse antes – há dois tipos de solidão no mundo. Há a solidão quando você está longe das pessoas que ama. A maioria dos sobreviventes nesse mundo perdeu pessoas muito importantes para eles. É uma existência muito solitária, mas é uma solidão diferente daquele tipo de solidão terrível de estar longe das pessoas que você ama mais do que tudo, mas você não pode lidar com eles do jeito que queria.
Acho que isso leva o homem a praticar atos inacreditáveis, se é o desespero de voltar a ter as relações que tinha, ou se é um esforço para se rebelar contra a solidão ou se é um esforço de se redimir. Esse tipo traz o que há de melhor e o que há de pior nas pessoas.
Acho que isso é uma coisa legal para o personagem, pois ele fará coisas que são absolutamente heróicas, mas também fará coisas que são absolutamente deploráveis e vingativas.
Na primeira temporada, parecia claro o propósito de Shane de proteger Lori e Carl.
Mas quando Rick voltou, e, na segunda temporada, ele definitivamente assumiu seu papel de líder, ainda assim Shane não parecia acreditar que Rick pudesse pertencer a esse mundo. Então, qual é o propósito na mente dele, ainda é proteger Lori e Carl?
É. Acredito que sim. Quer dizer, acho que é muito importante lembrar que, no começo, essa decisão de levar Lori e Carl e tentar chegar a Atlanta e tentar mantê-los em segurança, fazer simplesmente o que for necessário para mantê-los vivos, isso aconteceu por causa do amor que sentia por seu amigo Rick, e isso deixa tudo muito interessante.
Shane é um cara muito objetivo e uma vez que ele tomou a decisão de que sua vida agora é mantê-los (Lori e Carl) vivos, que dizer que se apaixonou por essas duas pessoas. Ele ama ser uma figura paterna para Carl. Ele ama ser o namorado de Lori. Sabe, uma vez que ele adotou essa ideia, qualquer um que se meter nisso está se metendo no meio dessa missão e violando o código de porque agora está vivo.
E a primeira coisa que está no meio do caminho agora é Rick.
Sim. É isso que há de tão interessante nisso, que ele é exatamente o cara que lhe deu a missão em primeiro lugar e que agora está atrapalhando de tudo.
Uma das coisas mais legais nessa série é que as coisas possuem muitas camadas e nada é verdadeiramente preto ou branco. Acredito que, sim, Shane acredita que a bússola moral de Rick e o fato de ele tomar esses decisões fracas atrapalharão a segurança dessas pessoas.
E acho que há também um tom subjacente para isso que é que ele não admite para si mesmo, que realmente quer provar para Lori que é mais do que um homem, e que pode mantê-la em segurança de uma maneira que Rick não pode.
Muito de seu comportamento, acredito, é reacionário ao fato de que Lori escolheu Rick em vez dele.
Então para onde Shane e Rick podem ir a partir daqui? Eles estão meio que provocando um ao outro agora, mas isso deve explodir eventualmente, certo?
O que há de mais interessante na segunda metade da temporada é que Rick provará que é muito capaz de manter essas pessoas vivas.
O que isso faz com Shane é muito interessante mesmo. Você quer que alguém seja de uma certa maneira, e então ele prova que, na verdade, ele é dessa maneira, e o que acontece entre eles podem ser muito explosivo.
E tem toda a questão do bebê da Lori… Shane acha mesmo que é o pai do bebê, não acha?
Absolutamente, e eu acho que você precisa olhar a realidade de viver em mundo do apocalipse zumbi. Acho que Shane está lá, pensando, sabe, nesse mundo em que nunca encontrará uma esposa. Você nunca encontrará uma mulher. Nunca vai sossegar. Nunca conseguirá ter uma família. Todos esses sonhos e todas essas coisas você pressupôs como possibilidades nas nossas vidas, nesse mundo, uma vez que você está nesse mundo em que o seriado se localiza, é uma existência muito sem esperança nesse sentido.
E então, de repente, boom, é assim; aqui está sua chance e sim, eu acho que ele realmente acredita que o bebê é dele. E novamente o que há de maravilhoso no personagem é que isso também o torna muito perigoso: uma vez que ele coloca essa ideia na cabeça e a aceita como uma verdade absoluta, irá até o inferno para defender isso.
O elenco de The Walking Dead parece ser um grupo muito coeso, especialmente desde que vocês estão filmando longe de Hollywood, em Atlanta juntos. Como o elenco foi afetado pela demissão de Frank Darabont?
O que houve com Frank, foi um golpe devastador para todos nós, criativa e emocionalmente. Quer dizer, foi algo terrível que passamos. Frank é um grande amigo. Eu o amo de todo o meu coração, e essa série é o que é por causa do Frank. Acho que o motivo que nos fez ir em frente e continuar a fazer um ótimo trabalho foi por Frank ter reunido um grupo inacreditável de atores, e todos nós acreditamos muito uns nos outros. Só tínhamos uma escolha, e tivemos de nos ater a ela.
Mas a perda de Frank foi intensamente triste para todos, você sabe que sim. Acho que o que ajudou foi que estávamos na Georgia, longe de todo mundo, e que pudemos nos unir e nos concentrar nas pessoas que estavam lá, fazendo o show todos os dias. Mas perder Frank foi muito triste para mim. Eu amo o Frank e, sabe… não sei mais o que dizer.
Agora eu estou em Shreveport. Estou gravando aqui no centro de Shreveport. Estou fazendo um filme chamado “Snitch”. Então é muito curioso estar interpretando um personagem que não seja o Shane. É bem esquisito, como se fosse um recomeço.
Esse filme é com “The Rock”?
Sim, é com Dwayne Johnson e Susan Sarandon, Barry Pepper, Michael Kenneth Williams, que interpretou Omar em “The Wire.” É um dos melhores atores que nosso país possui, então, sim, estamos aqui ensaiando agora mesmo. Nós começamos no domingo. Estamos trabalhando com esse excelente diretor, Ric Roman Waugh, que fez um filme chamado “Felon”, que foi um ótimo filme. Estou muito empolgado para começarmos, mas estou bastante nervoso.
É um ótimo elenco.
É, é um elenco muito legal. Quer dizer, ainda há outros… Benjamin Bratt, David Harbour, Harold Perrineau – e continua. É um elenco muito, muito legal, e será um filme bem interessante. Só espero que eu não estrague tudo.
Estou certo de que isso não acontecerá. Você pode contar sobre mais sobre o filme?
É baseado numa estória real. É um “Frontline” (um programa de TV que produz e transmite com profundidade documentários sobre diversos assuntos) da PBS sobre mínimas compulsórias em julgamento sobre drogas. É sobre um jovem que foi sentenciado a 10 anos de prisão, cujo pai fez um acordo com a promotoria para tirá-lo de lá, para tentar trazer um grande traficante de drogas.
E seu pai se junta a um ex-golpista que está tentando colocar sua vida em ordem por causa do filho. Eles formam um time juntos, e derrubam alguns membros da máfia mexicana e dos cartéis de drogas. Dwayne Johnson interpreta o pai, e eu, o cara que se une a ele, o ex-golpista.
Você também participou de “Rampart”, certo, com Woody Harrelson?
Sim, “Rampart” foi uma experiência incrível. Acho que o foco da estória mudou muito do meu papel nela. Eu terminei não aparecendo muito no filme, o que é meio chato. Mas poder trabalhar com (o diretor) Oren Moverman foi uma honra para mim. Acho que ele é um tesouro nacional. Que é um dos melhores diretores que está trabalhando atualmente, e eu vou adorá-lo e vou trabalhar com ele sempre.
E ficar amigo de Woody Harrelson é tipo um sonho que se realizou para mim, por que ele é meu ator favorito. Ele tem sido meu ator favorito desde que eu era criança, e agora é um dos meus caros amigos. E eu acredito nele como ator e como homem, e ele é ótimo, pelo que sei. Foi uma experiência incrível fazer o filme.
Sua biografia diz que você jogou basquete profissionalmente e estudou atuação na Rússia… como foi que isso aconteceu?
Sim, eu me mudei para Moscou. Abandonei a escola. Eu era tipo um cabeça-dura, um menino briguento em crescimento. Fui para a escola, nos EUA, para praticar esportes, e descobri a atuação na faculdade, mas aí deixei a faculdade. Não terminei, era um rapaz que se metia em problemas o tempo todo. Conheci essa maravilhosa professora de atuação chamada Alma Becker, que me contou sobre o Teatro Artístico de Moscou na Rússia, e me mudei para Moscou, onde comecei a estudar atuação.
Isso salvou minha vida, e me ensinou coisas sobre interpretação que não teria aprendido aqui. Disciplina inacreditável, treino em acrobacias e balé… É uma crença inacreditável, quase religiosa, na atuação.
E joguei baseball quando estava lá, e foi a experiência da minha vida. Vivi em Moscou por alguns anos, e de lá, eu fui para a faculdade de atuação (em Harvard). Eles me viram em Moscou e me convidaram para estudar lá.
Então eu realmente dou créditos à Alma por ter salvado minha vida e por ter colocado minha vida no caminho certo. O que aprendi na Rússia foi muito valioso, e foi, eu acho, o mais importante – além do nascimento do meu filho e meu casamento – foi a melhor coisa que me aconteceu.
Então Alma terminou casando a mim e a minha esposa no último verão.
Que legal. Ela realmente encerrou todo o círculo para você.
Sim, definitivamente, todo o círculo. Ela é o meu anjo, não há dúvidas quanto a isso.
Qual a idade do seu filho?
Ele está com quase cinco meses agora.
Uau, então ele nasceu durante o seriado, e, enquanto você estava gravando essas storylines sobre a paternidade de Shane em relação a Carl e possivelmente ter um filho com Lori?
Sim, e isso foi uma loucura, pois, sabe, ele nasceu quando eu estava filmando e eu saí correndo do set. Andy Lincoln se ofereceu para me cobrir. Ele insistiu para que eu fosse embora. Eu recebi a notícia quando estava coberto de lama e de sangue, e ele me ajudou, tomou conta do meu cachorro e disse, “Vai, vai, vai, nós tomamos de conta da série!”
Eles realmente são a melhor família da TV que você poderia desejar, aquele elenco e aquele grupo, então, sim, meu filho é filho de The Walking Dead, entende. Ele mudou para a Georgia conosco e está no set o tempo todo. É o presente da minha vida, esse carinha.
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Fonte: The Wrap
Tradução: Lalah / Staff WalkingDeadBr
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