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Os cinco de Atlanta – Analisando Carl Grimes

Carl Grimes é o segundo personagem a ganhar seu espaço na série de textos que faz a retrospectiva dos cinco últimos sobreviventes da primeira temporada. O pequeno grande homem que – conforme o próprio Kirkman – oportunamente possa se provar o verdadeiro protagonista do mundo The Walking Dead.

Histórico na série:

Na primeira temporada Carl é um garoto de 12 anos que leva uma vida normal de filho único com uma mãe superprotetora: se dedicar aos estudos e ser o projeto de um futuro brilhante. Num dia comum presencia uma discussão entre seus pais, vê Lori acusando Rick de ser irresponsável com a própria família e se empenhar mais com o trabalho do que com o filho. Após a aula, Carl recebe uma má notícia de sua mãe, Rick foi atingido em uma troca de tiros e está no hospital em coma. Mais tarde – na segunda temporada -, Lori compartilha com Rick que no exato momento que Carl ficou sabendo da situação de Rick, quis doar sangue, ciente que os dois eram da mesma tipagem sanguínea e só não o fez por ter sido proibido por ela.

Após o surto que induz o mundo ao apocalipse zumbi, Carl é levado por Shane e Lori em direção a capital da Geórgia, Atlanta. Acabam se alocando junto a um grupo de desconhecidos a espera de respostas para os fatos que veem presenciando. Carl está mergulhado em um momento de muita dor e de incertezas, pela primeira vez ele sente que perdeu o pai para sempre. Uma das cenas mais bonitas na primeira temporada é justamente o reencontro de Carl com o pai, o abraço confirma que há um laço de confiança entre os dois e que existe uma dependência enorme entre um e outro.

A primeira temporada se estende com Carl sendo uma simples criança, obrigado pela mãe a continuar estudando e se relacionando com os demais membros do grupo de forma amigável. Chegamos à segunda temporada e é nessa que temos o inicio do desenvolvimento dele. Após ser atingido por um tiro, Carl passa alguns episódios desacordado lutando diretamente com a morte. Sua vida está nas mãos de um veterinário e é alimentada pelas insistentes doações de sangue de Rick.

Ao se recuperar, o garoto se encontra em uma realidade dura: a única criança que havia estado com ele no acampamento e que seguiu junto ao grupo em direção ao CDC, Sophia, ainda estava desaparecida. Carl parece sentir um grande pesar por Sophia, sente-se deslocado entre os adultos como se nunca pudesse ser compreendido.

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Em um momento de muita dor se descobre que Sophia havia se transformado em um dos monstros e ele presencia o próprio pai dar fim ao sofrimento do que um dia havia sido Sophia. A partir desse dia Carl decide que não será omisso como Sophia, ele quer encarar a realidade sem covardia. Por isso, começa a explorar a área sozinho e acaba se deparando com uma situação inadministrável: um walker preso num poço de lama. A situação poderia ser facilmente resolvida por qualquer membro do grupo, mas Carl ainda não estava pronto para matar uma daquelas criaturas. Após se divertir um pouco apedrejando o errante, Carl decide retornar a fazenda Greene e manter silêncio quanto ao seu ato covarde.

Na mesma noite Carl vê o peso do seu silêncio ser escancarado a todos, isso porque Dale Horvath, em uma de suas patrulhas noturnas, acaba por ser atacado pelo mordedor do poço de lama. Carl se sente totalmente responsável pela morte de Dale, sabe que seu ato de covardia e seu comedimento frente à situação desencadeou uma consequência irreversível. Mais uma vez ele entende que é impossível ser omisso no novo mundo, ou você age ou morre e/ou perde quem você ama.

Carl toma um tom mais rebelde frente a sua mãe, ele não aceita que ela continue o protegendo e o tratando como uma simples criança, ele sabe que não há mais espaço para crianças nesse mundo. Carl quer conquistar seu próprio espaço de importância no grupo e assumir papel parecido com o do pai.

Certa noite, Carl presencia uma discussão entre Rick e Shane no meio do campo e vê os dois se envolverem em uma briga que – por autodefesa – culmina na morte de Shane. Carl encara Rick em estado de choque por um tempo, aponta sua arma na direção do pai e dispara. Com um jogo de câmeras é revelado que Carl na verdade mirava num ponto posterior a Rick, em Shane reanimado.

Após alguns eventos, obrigados a fugirem da fazenda, Carl vê o pai tomar o manto de líder totalitário para si e cada vez mais vê sua admiração por ele crescer. Ao mesmo tempo Carl presencia um distanciamento desenfreado acontecer entre seus pais, estando sua mãe grávida.

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Já alocados na prisão, Carl quer constantemente provar sua força e sua aptidão a agir e ser tão útil como o próprio pai para o grupo. Ao mesmo tempo ele parece sofrer com o relacionamento enfraquecido dos pais, parece não saber qual partido tomar e como lidar com a situação.

Certo dia uma invasão de walkers ocorre no interior da prisão e ele, junto a Maggie e sua mãe tentam encontrar um esconderijo. O estado da gravidez de Lori é avançado e no meio do caminho ela sente a certeza de que é o momento da criança vir ao mundo. Sendo uma das cenas mais emocionantes da terceira temporada, vemos o nascimento da menina e Carl tendo que ver sua mãe dando a própria vida em razão daquela. No fim, Carl sabe que algo precisava ser feito por sua mãe, o tiro de honra que a impediria de retornar como morto-vivo. Ele decide agir e cumprir com seu papel.

Passado o tempo de luto por sua mãe, Carl escolhe um nome para a irmã, Judith, e se esforça ao máximo para que seu cuidado com ela seja parecido com o que a mãe tinha com ele. Nesse enredo que a ameaça do Governador tem inicio e ele está determinado a lutar ao lado do pai pelo local onde estão residindo e por cada um dos membros do grupo. Mas Carl sempre parece ser mantido a parte das decisões do seu pai e deixado para trás nas investidas de Rick contra o Governador.

Com uma batalha que parece ser a derradeira entre os dois grupos, Carl acaba recebendo na prisão novas pessoas vindas de Woodbury. Após isso um momento de paz se instala sobre o local e Carl vê algo que o deixa desolado: o pai abdicar o poder de líder e tomar uma posição totalmente omissa quanto aos problemas do agora grande grupo. E, para Carl, o que mais lhe surpreende é que o pai tenta induzi-lo a tomar a mesma posição. Inconformado, Carl começa a tentar reativar o animus de liderança em Rick e até mesmo delata que Carol está contrariando a vontade de Rick ensinando as crianças a manusear armas brancas, na intenção de fazer com que Rick tome o controle da situação novamente.

O tempo passa e o Governador retorna para sua vingança. A guerra termina em um número grandioso e doloroso de mortes e com a destruição do local onde estavam residindo. Carl, junto com o pai coberto de ferimentos da luta que acabara de enfrentar e com uma tristeza imensa pela suposta morte da irmã, fogem sem rumo da prisão. Carl acaba demonstrando toda a frustração que acumulara nos últimos tempos com o pai. Ele responsabiliza Rick pela proporção que a guerra tomou. Para ele, se o genitor tivesse tomado partido ao invés de retroceder e abdicar sua liderança, e se tivesse seguido em busca do Governador e o matado, nada teria acontecido à prisão e Judith não estaria morta.

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Carl aos poucos vai se afastando de Rick e se aproximando de Michonne, que os encontrou e está seguindo com eles para um local denominado Santuário. Pouco dirige a palavra para Rick e o trata com indiferença. Contudo, ele muda sua posição quando é salvo pelo pai das mãos de um grupo que atenta contra sua vida. A partir daí a relação dos dois vai sendo reconstruída.

Em Terminus – o Santuário -, Carl se vê em uma situação embaraçosa e é obrigado a lutar pela própria vida. No fim, todos saem com vida e mais uma vez é surpreendido, Carol (que havia sido expulsa da prisão pelo próprio pai) retorna com a notícia de que Judith está viva.

A partir daí toma cada vez mais a posição de proteger Judith e é visto próximo a ela em todas as cenas de risco. Custe o que custar, Carl agora tem uma missão: manter a irmã indefesa viva. Quando o grupo de canibais sobreviventes de Terminus retorna em busca de vingança, ele defende Judy com unhas e dentes e não retrocede por nenhum instante até saber que a segurança dela está garantida.

Não há muita história própria para Carl a partir daí até sua chegada a Alexandria. Nesse local torna a ter parte de protagonismo. Ele parece não estar muito satisfeito em ter que estar preso dentro de uma muralha, fingindo que o mundo ali dentro é totalmente diferente do que ele vivenciou lá fora. Ele acredita que se permitir envolver com o local é dar margem a se tornar fraco.
As palavras de Carl ecoam até hoje, na verdade todos os que viviam antes deles ali em Alexandria se mostram extremamente frágeis com o que o mundo lá fora oferece e ele possui medo que ele e aqueles que o acompanharam desde o começo dessa jornada se tornem parecidos com os residentes do local.

Carl, dois anos depois do início do apocalipse cresceu muito. Foi um dos personagens que teve um desenvolvimento bem trabalhado em todas as temporadas, um dos poucos que não sofreu muito com as alterações dos showrunners.

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O desenvolvimento do personagem durante as temporadas:

Carl começou sendo o que era pra ser: uma criança. Na primeira temporada não passou disso e foi membro quase que figurativo no enredo da trama. O que podemos rebuscar dele naquela época são os fatos que deram margem para seu crescimento: sua pequenice. Exatamente isso, caro leitor. O crescimento de Carl é tão majestoso justamente por lá no começo ele ser um menino condicionado ao ser o que era.

Após ter seus olhos abertos para a nova realidade e ver que agir como criança o faria arcar com consequências grandiosas demais, Carl pareceu necessitar mudar. Contudo, por diversas vezes teve como impeditivo a ação da mãe que muitas vezes acabava coagindo o pai a proibi-lo de agir frente ao novo mundo.

Com a morte de Lori, Carl sentiu que era hora de deixar aquele menino de 12 anos da primeira temporada para trás. Começou incessantemente querer provar que já era suficiente para o grupo e não queria mais ser o ponto frágil desse. A busca por isso era justamente dada por ele ser um observador. Ele observou seu pai durante todo esse tempo e agora deveria saber como agir.
Todo o desenvolvimento de Carl se dá sobre isso, o fato de ele ter que agir como adulto e ao mesmo tempo ter que deixar sua criança interior para trás. É como se fosse uma exteriorização do que todo o adolescente do mundo comum passa, mas em grau avançado.

Do menino que ansiava pela atenção do pai que tanto amava até o menino que é a razão da vida de Rick. Se Lori pudesse ver a relação de Rick com o filho hoje em dia, provavelmente jamais proferiria a acusação de que Rick não se importa o suficiente com Carl.

Perspectivas para o futuro do personagem:

Bem, Carl é o filho de Rick e isso já é motivo de grande orgulho. Não podemos acreditar que ele deva ter seu fim muito logo. Ele caminha como discípulo fiel de seu pai e todas as suas ações são constantemente inspiradas no modo de agir do genitor.

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Ele quer chegar ao nível de Rick, tem um caminho muito longo pela frente para isso e matá-lo em meio a esse enredo seria loucura dos roteiristas.

Fora que Carl é o combustível de sobrevida para Rick, não há nada que dê mais razão de Rick fazer o que faz do que Carl.

Provavelmente teremos um crescimento desenfreado do personagem daqui para frente, tendo em vista o próximo grande antagonista que já nos foi apontado para o fim dessa temporada.

Pontos fortes do personagem:

– Carl é o vulto de seu pai e mantém um vínculo muito forte com o mesmo;
– Ele é corajoso e parece sempre estar pronto para o embate;
– Tem uma meta de vida nesse novo mundo: chegar a ser parecido com Rick;
– É um observador nato. Está sempre observando como as coisas acontecem e tenta achar o exato momento em que as decisões do pai se desdobram em consequências boas ou ruins.

Pontos fracos do personagem:

– É cabeça dura ao extremo e precisa ver para crer;
– É imediatista e deixa que sua imaturidade muitas vezes o domine;
– Perder o pai é perder seu norte, Carl não sobreviveria sem Rick;
– Por sua inexperiência, quando alguém não faz as coisas conforme quer, Carl pode se colocar contra essa pessoa numa espécie de birra infantil e causar desentendimentos e desunião desnecessários – já vimos acontecer com Carol, Daryl e com o próprio Rick diversas vezes.

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Após o texto que retratou Rick Grimes, encerramos aqui o segundo texto da série de cinco sobre os sobreviventes do grupo de Atlanta da primeira temporada. Ainda temos Glenn, Daryl e Carol para discutir. Fiquem atentos na próxima semana para o próximo personagem a ganhar seu espaço na série e enquanto o texto não chega, discuta conosco nos comentários sobre Carl Grimes e sua caminhada até o momento.

The Walking Dead, a história de drama mais assistida da TV a cabo, irá retornar com a segunda parte da sexta temporada no dia 14 de Fevereiro de 2016 no AMC (EUA) e na FOX Brasil. Confira todas as informações sobre a sexta temporada e fique por dentro das notícias.

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Carlos Knewitz

Gaúcho, nascido na primeira metade dos anos 90 e com memória fotográfica. Estudante de Direito e extremamente viciado em escrever. Aficionado pelos quadrinhos de Robert Kirkman, fã de The Walking Dead e Fear the Walking Dead. Apaixonado por Carol Peletier e Alicia Clark e, sucessivamente, por suas intérpretes.

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