3ª Temporada
O guia definitivo para a prisão de The Walking Dead
Ela é úmida, é escura e não exatamente acolhedora, mas o Centro de Correção de West Georgia ( West Georgia Correctional Facility) tornou-se, ao menos temporariamente, o lar de Rick e sua gangue na terceira temporada de The Walking Dead. Sua primeira aparição foi na edição 12, e o arco da prisão se estendeu por mais 40 edições dos quadrinhos, até que Rick foi forçado a escapar de seu assombrado confinamento. Sendo um personagem, tanto quanto qualquer um dos vivos (e não-vivos) que vivem dentro dela, a prisão agiganta-se tanto no seriado de TV como nos quadrinhos, então a The Walking Dead Magazine fez este guia para a prisão.
Texto: Dan Auty, Toby Weidmann e Tara Bennet , TWD Magazine #2
CUMPRINDO PENA – O GUIA DEFINITIVO DA TWDM PARA A PRISÃO
Quando foi anunciado que a prisão seria o cenário principal para a terceira temporada de The Walking Dead, os fãs tiveram motivos para comemorar. A questão de se os produtores da série utilizariam ou não a prisão em algum momento era algo que os leitores de quadrinhos se perguntavam desde o início. A fazenda de Hershel foi um bom cenário para um drama intenso na segunda temporada, mas todos os problemas que ocorreram na prisão e à sua volta são consideradas como algumas das mais importantes na história dos quadrinhos, e os fãs mal podiam esperar para vê-la representada na série.
Mas o que faz a prisão ser uma parte tão importante no universo de The Walking Dead?
Quando Dale e Andrea inicialmente viram a prisão – que não tinha um nome nos quadrinhos, mas é chamada de West Georgia Correctional Facility na TV – nas páginas finais do episódio 12, o grupo havia recém saído das terras de Hershel e estavam de volta na estrada, com poucas opções. Então a ideia de um lugar amplo, um complexo de construções abandonadas com o objetivo de manter quem está dentro totalmente separado do mundo lá fora parecia ideal.
TODOS CERCADOS
Apesar de haver vários walkers dentro dos limites da prisão e que deveriam ser removidos, no momento em que o grupo fecha os portões eles sabem que as coisas serão diferentes. Este é um ambiente que eles podem controlar. As cercas altas e pesadas manteriam do lado de fora quase todas as hordas de zumbis, e os extensos campos planos em todos os lados proporcionariam uma visão perfeita de qualquer adversário que se aproximasse. Assim, Rick e Tyreese descobrem, quando eles fazem a inspeção inicial dos prédios principais, que o lugar possui um estoque de suprimentos que durariam meses, e mesmo os poucos remanescentes vivendo ali não parecem perigosos. Ou, ao menos, é o que eles pensam.
Há poucas dúvidas de que a aparente segurança da prisão evidencia uma surpreendente ingenuidade na maneira como o grupo lida com Dexter, Axel, Thomas e Andrew, os quatro internos que eles encontram ainda vivendo ali. Apesar da confissão de Dexter ser um assassino, e da errada premissa de que os demais estavam falando a verdade a respeito de seus crimes menores, há pouca discussão a respeito de manter o quarteto de criminosos vivendo e trabalhando com eles. Talvez eles não tivessem muitas chances, mas a única voz discordante – Lori – é rapidamente abafada. E, evidentemente, é Thomas e não Dexter quem mostra ser o verdadeiro perigo, assim que sua confissão inicial de estar preso por fraude fiscal mostra ser uma grande mentira quando ele massacra as filhas gêmeas de Hershel.
ISCA DE PRISÃO
À medida em que os novos moradores da prisão, ao longo dos meses, descobrem que eles ficando entre aquelas paredes, fechando os portões e se trancando, estariam protegidos dos mortos, isso também significava que eles deveriam começar a (con)viver juntos adequadamente pela primeira vez. Eles nunca foram mais do que hóspedes temporários na fazenda de Hershel, e agora o lado prático de se estabelecer uma comunidade estável, com grupos tão amplamente divergentes de pessoas, vem à tona.
Para a maioria do grupo, isto significa uma chance de descansar sem o medo constante de serem atacados pelos mortos. Mas para Julie e Chris, a filha de Tyreese e seu namorado, a paz e solidão do complexo prisional oferece a eles a chance de fazer um pacto suicida. Este evento traumático é o primeiro de vários incidentes parecidos que surgem ao viverem em tamanha proximidade uns aos outros.
Novos relacionamentos surgem, outros terminam. Amizades são testadas e, surpreendentemente, novas alianças são formadas. Em várias maneiras, o mundo naufraga ao redor dos limites das cercas, e, como o grupo logo descobrirá, quando a ameaça à sobrevivência que os unia lá fora é removida, nem todos veem o mundo da mesma maneira. Teria Carol feito sua bizarra proposta de “casamento” a Lori se eles ainda estivessem na estrada? Teria a amizade de Rick e Tyreese colapsado tão violentamente enquanto eles estavam lado a lado lutando contra os zumbis?
Ao mesmo tempo em que a prisão proporciona um santuário para alguns, por algum tempo – e quem sabe ao certo quanto tempo o grupo sobreviveria lá fora? – ela finalmente se mostra uma armadilha mortal. Uma vez que o Governador fica sabendo de sua existência, ele inicia uma série de ataques ao complexo; as paredes espessas que antes proporcionavam segurança, agora tornam a fuga inacreditavelmente difícil. Muitos do grupo escapam após o primeiro e mal sucedido ataque do tirano, e o preço da morte entre alguns dos que ficam é alto, assim como a tentativa de Rick e sua família alcançarem os portões evitando uma rajada de balas. Os remanescentes entre os homens do Governador são forçados para dentro, assim que um enxame de walkers vem em direção a eles.
O local, outrora um santuário de esperança, se torna nada menos do que um grande mausoléu de pedra.
LOCAÇÃO, LOCAÇÃO, LOCAÇÃO
Vale mencionar o papel de Charlie Adlard em trazer a prisão à vida tão brilhantemente. Seu trabalho artístico não apenas capturou a atmosfera do local, mas sua geografia também – nunca houve a sensação de que ele e Kirkman não sabiam onde cada cela e corredor ficariam dentro de todo o layout da prisão. Adlard usa as barras e paredes para criar tanto uma sensação de segurança e de solidão, dependendo do que a cena precisa, enquanto mais de uma vez ele utiliza o tamanho pequeno dos locais para criar um efeito dramático, à medida em que os personagens estão isolados junto às entradas, contemplando as cenas pavorosas que ocorrem – Hershel descobrindo os corpos das gêmeas mortas, ou Rick encontrando Tyreese embalando o cadáver ainda quente de Julie são casos assim.
Tão espetacular quanto são os painéis que retratam os walkers do lado de fora das cercas de arame farpado – intermináveis porções de metal entrelaçado, com as silhuetas irregulares dos comedores de carne atrás delas, uma constante lembrança do mundo lá fora. Depois de tantas edições descrevendo o selvagem e devastado sul dos Estados Unidos num mundo pós apocalíptico, a ênfase de Adlard no concreto e no aço evoca uma atmosfera bastante específica, proporcionando à prisão uma personalidade própria.
DAS PÁGINAS PARA A TELA
A atmosfera assombrada que permeia a arte de Adlard tem sido retirada dos quadrinhos e adaptada à reprodução da prisão pela AMC. Vista pela primeira vez no final da segunda temporada, a West Georgia Correctional Facility faz sua aparição propriamente dita no episódio de abertura da terceira temporada, “Seed”, e, apesar de proporcionar algumas poucas horas de descanso, claramente é um lugar perigoso. Os pátios cercados, as paredes, as celas – tudo está repleto com os “não-mortos”. E não apenas com alguns poucos, mas com várias centenas, incluindo guardas zumbis vestidos com seus uniformes de tropa de choque.
Robert Kirkman revela que o senso de ameaça que permeia a prisão deve-se ao produtor Glenn Mazzara. “Ele estava na dianteira daquilo, dizendo que este show nunca foi fácil e estes personagens nunca tiveram uma vida confortável. Seria fazer um desserviço ao show tê-los subitamente vivendo confortavelmente nessa prisão. A prisão deve ser uma casa mal-assombrada, desgastada, com corredores assustadores. A estética é ainda mais intensa do que nós idealizamos nos quadrinhos. Ela estabelece muito da tensão que virá a seguir.”
Dividindo sua própria participação no aspecto final da prisão, Kirkman revela que “os desenhos foram entregues a mim quase em sua forma acabada e eu estava como ‘oh, meu Deus, era exatamente como eu queria.’ Houve alguns pequenos ajustes aqui e ali, tipo, eu queria ter certeza de que teríamos a quadra de basquete e outras coisas reconhecíveis dos quadrinhos. Mas desde o primeiro dia, todos da produção estavam na mesma página no que diz respeito ao que desejavam da prisão e o que queriam que ela fosse.”
O EXTERIOR COBERTO
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A estrutura, de natureza tão premonitória, foi cuidadosamente construída pela equipe de produção do show e pelo departamento de arte, liderado pelo designer de produção Grace Walker e o diretor de arte Doug Fick, respectivamente.
“Nós originalmente iniciamos o trabalho do design no final de 2011”, Fick revela sobre a evolução da prisão. “Eu tinha alguns designers de set trabalhando aqui e nós estávamos realmente desenvolvendo completamente o exterior da prisão com seus interiores combinando. Se tivéssemos ido naquela direção, teríamos basicamente comprado um pedaço de terra e construído nossa fachada exterior nela, então criado interiores em uma etapa diferente e uma locação totalmente diversa. Teria custado consideravelmente mais. Tom Luse, um dos produtores, veio com a ideia de cobrir os fundos de nossos estúdios em Atlanta. Dali, começaríamos a adicionar e derrubar o que era e o que não era importante, o que nos tomou alguns meses. Queríamos que a prisão fosse ‘lida’ como algo que foi desenvolvido ao longo do tempo. Isso também nos deu vantagem no momento em que criamos os espaços interiores, à medida em que eles podem variar. “
Fick continua: “Haviam parâmetros estritos a respeito do que poderíamos e do que não poderíamos fazer naquele estúdio. Nós destruímos algumas estruturas, como o prédio de um celeiro, mas em geral trabalhamos com a geografia que encontramos lá. Adicionamos poucas coisas. A ponte foi um elemento crítico, e as torres, que foram criadas completamente. A ponte era um dos elementos que [o designer de produção anterior] Greg Melton e seu designer de Los Angeles desenvolveram e que Grace Walker gostou desde o começo. O interior foi remodelado completamente. Houve algumas considerações práticas também. O prédio de tijolos que aparece como o exterior das celas é um depósito funcionante para nós. Temos escritórios acima deles, então tivemos que colocar a ponte de maneira a esconder uma entrada naquele espaço.”
E aqueles que assistiram a terceira temporada poderão dizer, o exterior do estúdio se tornou parte do set também, aponta Fick. “Obviamente, o lago estava lá, assim como o limite da estrada. Também tínhamos bem presentes a realidade do que poderíamos fazer em nosso campo, quanto espaço poderíamos cercar ou se teríamos estradas pavimentadas ou de chão batido. Uma das vantagens de se trabalhar com Grace Walker é que ele tem tanta experiência que não leva muito tempo para ele imaginar todos os ângulos de filmagem e onde eles serão importantes. “
“O layout das torres foi baseado nisso, e elas foram realmente importantes desde o início. Eu acho que nos demos por conta de que elas eram elementos críticos para soar como uma ‘prisão’. Terminou em uma escala muito boa, e estamos ambos muito contentes em relação ao quanto o trabalho de campo da prisão funcionou. Fizemos uso de toda a linha da cerca da prisão com os personagens correndo ao longo dela. “
Refletindo a respeito do produto final, Fick diz, “Eu acho que as celas são o meu espaço favorito, talvez porque foram nosso primeiro trabalho interior (nessa temporada). Eu tenho que admitir que realmente me fez sorrir a primeira vez que a vi na tela. Eu estava feliz com o quanto elas funcionaram bem, e Grace sente o mesmo. Ela passou por várias mudanças desde o começo, de quando imaginávamos como ela seria até sua aparência final.”
Fick também gosta da sala das caldeiras, que aparece no episódio quatro, “Killer Within”. “Nós somos muito orgulhosos deste cenário da sala de caldeiras”, ele revela. “Foi muito divertido, pois estava realmente cheio de coisas. A decoração do set realmente tinha um grande buraco ali, e eles fizeram um grande trabalho preenchendo-o. Era um espaço bem complicado com muitos níveis e quinas. E corredores são lugares utilitários para nós – utilizamos, e muito. Francamente, nós mesmos nos perdemos neles e eles são realmente uma prisão, nesse sentido. Não são elementos diferentes de design para alas diferentes, então muitas vezes pareciam que todos os corredores eram o mesmo.”
Os frutos das equipes de design de arte e de produção estão lá para serem vistos na tela, e devem entusiasmar particularmente os fãs de horror – por exemplo, a assustadora cena do corredor em “Seed”, na qual o grupo de Rick é separado por uma horda de walkers, é um arquétipo no cardápio do gênero. Se, como Glen Mazzara falou em nossa edição anterior, a prisão era para ser um personagem próprio nessa temporada, tanto quanto foi a fazenda de Hershel na temporada anterior, então “a West Georgia Correctional Facility não é algo para se brincar”.
THE WALKING DEAD – UM ARTIGO POR GRACE WALKER
Graham ‘Grace’ Walker escreveu, a pedido da APDG, a respeito de sua experiência trabalhando em The Walking Dead. Confira:
Há dois anos atrás, um produtor em Atlanta me pediu para fazer um filme de baixo orçamento que ele estava produzindo entre a primeira e segunda temporada de The Walking Dead. Tivemos um ótimo momento durante aquela oportunidade e então ele voltou a me telefonar no ano passado, logo antes do Natal, e perguntou se eu consideraria fazer o design da terceira temporada de The Walking Dead. Eu devo dizer que precisei pensar a respeito um pouco, já que eu não fazia nenhum trabalho para a TV desde ‘Skippy the Bush Kangaroo’. Os produtores pareciam querer dar ao show uma sensação de algo maior, o que parece ser muito para onde a TV está indo agora, e eles pensaram que eu poderia fazer isso por eles. Eu realmente não sabia onde estava entrando, mas eram dez meses de trabalho e muito próximo de onde eu estava vivendo, então eu disse a mim mesmo, ‘por que não?’, apocalipse zumbi… Hell yeah!
A temporada precisava de uma prisão e de uma cidade onde dois grupos oponentes viveriam. A prisão tinha que ser bastante extensa e incluir interiores e exteriores. A cidade também precisava possuir uma rua principal e interiores de vários tipos.
Primeiramente, me foi dito que eu teria uma certa quantidade de dinheiro para fazer isso tudo, e eu sabia que poderíamos fazê-lo. À medida em que o tempo passava o orçamento foi diminuindo, e teríamos que cortar este set ou aquele set. Meu produtor Tom Luse é um grande cara e, além do mais, ele é um produtor e tem um trabalho a fazer, então tivemos algumas batalhas a respeito do que eu poderia gastar, mas eu fui teimoso e me mantive persistente a respeito daquilo que o show precisava, e na maior parte das coisas, consegui fazer do meu jeito.
A pesquisa foi razoavelmente mínima, afinal de contas, é uma prisão. Além do mais, queríamos que ela tivesse uma sensação de frieza. Eu fiz dois filmes de prisão, então tinha algo para começar. Havia pouco tempo para um design conceitual, já que tínhamos pouco tempo para ter tudo pronto para o primeiro dia de filmagem. O primeiro episódio precisaria de 90% de todos os sets. Então tivemos 11 semanas desde o dia do conceito inicial até o primeiro dia de filmagem. Eu posso trabalhar muito rápido quando chegamos ao cerne da questão, então eu comecei a fazer rapidamente todos os meus desenhos conceituais e os mandei a Montreal, para um fabuloso artista conceitual que conheci enquanto trabalhava lá em Gothika. Eu desenharia o set em um dia, mandaria por email para ele e teria um excelente desenho enviado para mim de volta na noite seguinte. Ele é tão rápido e muito bom. Desta maneira, tivemos todas as aprovações rapidamente e podíamos seguir fazendo os desenhos de trabalho. Tínhamos dois designers de set que trabalharam feito loucos e não foi muito antes de produzirmos os sets em massa. Eu tive a vantagem de contar com o diretor de arte e o supervisor de construção das duas temporadas anteriores, então isso foi também um grande adicional.
Tom Luse teve a grande ideia de transformar os estúdios na prisão, o que significou que estaríamos cobrindo uma parte dos andares do som, um bloco de escritórios e as estações de trabalho. Os andares eram de zincalume, então eu os armei e recobri com aglomerados, depois uma camada de cimento sobre aquilo. As janelas de aço foram adicionadas e depois envelhecidas como concreto. O bloco dos escritórios e as estações de trabalho foram revestidas em pedra, com amplas janelas que combinavam com o interior das celas e com as salas em comum. Funcionou excepcionalmente bem. Poderíamos ter a unidade principal trabalhando no jardim da prisão e uma segunda unidade fazendo coletas em vários sets interiores simultaneamente. Uma das fachadas cobria o prédio contendo guarda-roupas, departamento de efeitos especiais e os departamentos de apoio. Eu sempre pensei nisso como sendo muito legal estar filmando lá fora e, atrás dos muros, continuar sendo feito o trabalho para nossos futuros episódios. Tudo isso sem problemas com o som.
Os estúdios ficam no sul de Atlanta em uma área de 200 acres, então temos muito espaço para construir a parte externa, como o pátio da prisão, as cercas ao longo do perímetro e as torres de guarda. Uma empreiteira colocou 2800 pés de cerca ligada por correntes, e no topo desta arame farpado, o que pareceu fantástico, juntamente com as torres de guarda de 30 pés de altura.
Tanto quanto com a prisão, tivemos muito trabalho a fazer em uma cidade que deveria ser rodeada por cercas para manter os zumbis afastados. Escolhemos a cidade de Senoia, Ga. Uma bonita cidade pequena a dez minutos dos estúdios. Esta não foi filmada até o episódio 3, então tivemos um pouco mais de tempo, uma vez que a prisão estava completa. Como esta era uma cidade propriamente dita e não um terreno nos fundos, tivemos muitas restrições quanto a filmar ali. As paredes tinham que ser colocadas no lugar todos os dias e retiradas à noite, para restabelecer o tráfego quando não estávamos filmando. As paredes foram construídas com aço, pneus de trator e caminhão na carroceria de semi-trailers, então poderiam ser movidas rápida e eficientemente incontáveis vezes ao longo das filmagens. Antigos ônibus escolares também foram usados com aço e ferro corrugado nas laterais. Um velho armazém serviu como nosso estúdio dentro da cidade, onde construímos alguns sets dos interiores. A decoração do set teve que cobrir todas as janelas das lojas, já que elas funcionavam quando não estávamos lá. Eles usaram uma mistura de cortinas e vários tecidos, além de ripas de madeira, para parecer que as pessoas das cidades moravam nessas lojas. Todo este trabalho tinha que acontecer antes do início dos trabalhos da equipe, então o transporte, carpintaria e decoração do set tinham que começar às cinco da manhã de cada dia, para preparar tudo. Tudo tinha que ser feito de novo na maior parte das noites (dependendo do dia da semana). Uma fachada enorme da entrada da cidade foi construída em um estacionamento na avenida principal, também.
Um dos pedidos iniciais de Glen Mazzara, o showrunner, foi de que a prisão tinha de ser escura, assustadora e áspera. Para o acabamento, eu tive que confiar nos pintores que eu não conhecia, o que me assustou um pouco no início, mas não demorou muito para eu descobrir que eu tinha uma grande equipe. A equipe de construção era igualmente talentosa e todos eram grandes pessoas e excelentes trabalhadores. Eles todos amam TWD, então foi incrível para eles fazer parte do show. Eu acho que no pico das construções tivemos cerca de 80 operários e 25 pintores, e esse número foi diminuindo à medida em que as filmagens foram avançando. Meu departamento de arte consistia em um diretor de arte, dois designers de set, um PA, um decorador de set, um comprador e eu. Um pequeno departamento de arte para um projeto desta magnitude, mas estávamos presos pelo orçamento, então estávamos todos MUITO ocupados.
Trabalhar com um chefe australiano era uma novidade para muitos deles (embora alguns deles recém tivessem terminado de filmar “Os Infratores”, com Chris Kennedy) e todos nós tivemos momentos ótimos, com piadas e provocações, tipo “Seu pai era um grande homem branco e sua mãe era uma cerveja”. Eu devo dizer, no entanto, que trabalhar com as equipes americanas é muito parecido com trabalhar em casa (n. do t. referindo-se à Australia), no sentido de que sempre há grande devoção ao trabalho feito, fazendo ele parecer o melhor que você pode fazer, apesar das dificuldades que você pode encarar.
Uma das coisas que eu gosto bastante no que diz respeito a trabalhar nos Estados Unidos é a estrutura de departamentos. Quero dizer: a decoração de set, não obstante trabalhe muito com o designer, tem sua própria equipe, consistindo de um líder e uma equipe de copeiros, o seu (enorme) caminhão próprio e motorista. O arsenal também tem seu próprio grupo, com um mestre licenciado para lidar com todas as armas de fogo usadas no show, além dos suportes de mão. Os carros de cena vem sob os cuidados dos caminhoneiros e o coordenador adquire e entrega todos os veículos no show. Qualquer pintura ou adições aos veículos são feitas por esta pessoa. É bem claro aqui também que não há sobreposição de tarefas. Eu sei que parece muito com o que fazemos em casa, mas acreditem, não é. É um modo bem mais eficiente de trabalhar.
Um dos adicionais dos episódios de TV (ao menos para mim) é que você tem diretores de episódios, significando que cada diretor faz um episódio cada (às vezes dois) e eles chegam oito dias antes do início do episódio atual, então eles filmam seu episódio de oito dias e voltam a Los Angeles para editar. Eles não tem tempo de fazer mudanças, e basicamente tem que filmar aquilo que construímos para eles. Eu amo isso! Eles tem sido pessoas maravilhosas e tão boas de trabalhar. Eu posso ouvir alguns de vocês dizendo: wow, é bom demais para ser verdade. Nosso chefe de maquiagem Greg Nicotero (chequem as credenciais dele) dirige também, e o trabalho desse cara é tão fantástico, e é um prazer trabalhar com ele.
Alguns de nossos principais desafios foram quando tivemos que filmar longe do estúdio (mas dentro de um limite de 20 milhas) e o script parecia estar atrasado. Um episódio fez com que fôssemos a outra cidade que teve a avenida principal totalmente modificada, com um grande interior onde esse cara louco vive, e uma mercearia que transformamos em um café. Um dia para cobrir e pintar a casa desse cara, e outros cinco dias para montar o café (o que incluiu um monte de trabalho de construção). Tudo parecia fabuloso, e a gloriosa decoração deveu-se à minha esposa Kristen (decoradora de set), que, com sua equipe, fez um trabalho incrível.
A equipe de efeitos visuais trabalha na casa feita nos estúdios. Com quaisquer maiores extensões indo de volta para o escritório principal em Los Angeles. Meu envolvimento com eles é quando eu preciso fazer alguma extensão no trabalho de arte e coordenar o set ao vivo e o trabalho de arte. Não tivemos que fazer muito disso, já que os sets são todos práticos e com amplo escopo.
Então, adicionando, tem sido um grande ano, eu espero estar de volta novamente no próximo ano para a quarta temporada. Eu não posso ver por que não teríamos aproximadamente 11 milhões de telespectadores nos Estados Unidos naquela semana. Vale o mesmo para outros 120 países. O programa de TV a cabo mais visto na história da Televisão.
Um show de zumbis, quem diria.
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Fonte: The Walking Dead Magazine #2 e APDG
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil