O Governador. Duas palavrinhas para provocar um frio na espinha de qualquer fã de The Walking Dead, tamanho o impacto deste personagem, tanto nos leitores dos quadrinhos de Robert Kirkman, como nos personagens que habitam naquele mundo. Mas o homem que recebeu o desafio de dar vida ao vilão na adaptação para a TV feita pela AMC tem uma visão diferente do Governador, trazendo uma nova perspectiva para o maior inimigo de Rick. Este homem é o ator britânico David Morrisey.
Texto e Entrevista: Bryan Caims – The Walking Dead Magazine #2
CONTÉM SPOILERS DOS QUADRINHOS E DO LIVRO “THE WALKING DEAD – A ASCENSÃO DO GOVERNADOR”. Você foi avisado.
Desde quando cogitou-se em sussurrar o nome do Governador, em conjunção com a AMC, os fãs tem ficado em um estado absoluto de frenesi, buscando por detalhes a respeito de sua aparição. Apresentado na edição de número 27 dos quadrinhos de Robert Kirkman, O Governador é o punho de ferro que rege Woodbury, uma pequena comunidade, aparentemente fortificada contra o apocalipse zumbi dominante no resto do mundo.
Infelizmente, ele também é um ser humano vil, que curte atormentar e torturar os outros. Em sua essência, o Governador é o personagem que todos amam odiar e, muito em breve, as versões televisivas de Rick Grimes (Andrew Lincoln), Lori (Sarah Wayne Callies), Andrea (Laurie Holden), Michonne ( Danai Gurira) e os demais sobreviventes vão entender o porquê. O terceiro episódio da terceira temporada marca o début do Governador e, sustentando o cobiçado papel, está o ator britânico David Morrisey, que já estava muito bem impressionado com a série muito antes de assinar o contrato.
“Inicialmente, eu vim para o show porque eu conheço o Andrew Lincoln há bastante tempo”, explica Morrisey ao telefone, durante a Comic Con de Nova York. “Ele é meu amigo. E também, no episódio piloto, estava outro grande amigo meu, Lennie James, que interpreta Morgan. Eu sabia que eles estavam envolvidos. Eu gostei do centro moral abordado, o dilema dos personagens, toda a sofisticação com a qual os zumbis são retratados, e os efeitos especiais. Eu gostei de toda aquela parte com Andy, Lennie e a casa de Morgan, quando ele contava a respeito de sua esposa e como ele apontou a arma para ela.”
“Era uma premissa tão interessante para uma série. Eu não conhecia exatamente os quadrinhos, mas eu fui fisgado por eles, mais adiante. Eu sinto que a série mantém em seu cerne a questão moral, o dilema humano, o que você faria para sobreviver, e por sua família. Que decisões você tomaria? É um grande show, então, assim que tive a chance de participar, eu a agarrei. “
CARA A CARA
Graças a versão mostrada nos quadrinhos em relação ao Governador, que tinha como marca registrada um tapa-olho e cabelos escuros, muitos fãs tinham uma ideia pré-concebida de como o personagem seria fisicamente e como ele deveria ser interpretado. Esqueça tudo.
Para início de conversa, visualmente falando, Morrissey não guarda semelhanças, até o momento, com o personagem dos quadrinhos. Assim como para simplesmente vir a público, como um personagem mau, unidimensional, o Governador tem toda uma bagagem própria para argumentar. Aquela profundidade, o que o tornou tão repreensível, será explorada ao longo de todo o arco do personagem.
“É importante para mim avaliar as motivações de um homem, para entender o porquê de ele fazer certas coisas”, explica Morrissey. “Quando você lê os quadrinhos, o Governador está plenamente formado. Imediatamente, não temos ilusões quanto ao que é este homem. Ele vai direto na veia. Ele é sádico, mal, e todas aquelas coisas. Para mim, como ator, faria com que eu chegasse ao limite da criatividade muito rapidamente com ele. Procurar pelas motivações deste homem e o porquê de ele fazer aquelas coisas é interessante. Com o meu Governador, entramos em um ponto mais precoce da história. Eu fiquei muito à vontade e pesquisei no livro de Robert Kirkman e Jay Bonasinga, “A Ascensão do Governador”. Aquele é o homem que estou retratando. O personagem dos quadrinhos surge de onde ele está. Aquele foi um terreno muito fértil para eu explorar.”
“Existe um sentimento de que esse homem precisa de camadas”, adiciona Morrissey. “Os outros personagens em The Walking Dead se relacionarão com ele, mas a audiência tem um outro tipo de relação com este personagem. O que The Walking Dead fez, e é maravilhoso, foi ilustrar os momentos privados do Governador. Esses momentos falam muita coisa. A audiência irá conhecer esse homem melhor do que qualquer outra pessoa com quem ele interaja no show. Isso é muito importante.”
A SEGURANÇA DO LAR
De muitas maneiras, a presença do Governador irá sacudir a paisagem de The Walking Dead. Toda esta ideia de Woodbury é fresca e diferente. E então surge a ideologia distorcida que o Governador traz consigo…
“É uma raça humana que sabe que deve recomeçar,” explica Morrissey. “Eles estão contra a parede, no que diz respeito à civilização. Como eles irão reconstruí-la? Como recomeçar? E a vantagem que o Governador tem sobre Rick é a que ele criou um lugar seguro. As crianças podem correr na frente de casa e você não precisa se preocupar com elas. Isso lhes dá tempo – tempo de planejar, de construir e acreditar no futuro. Rick não tem isso. Rick está por si, ele é um nômade. O perigo está em todos os lugares. Ele não tem o privilégio de sentar-se e pensar: “o que vamos fazer na semana que vem?” Ele está muito preocupado em sobreviver um dia de cada vez.”
Ele continua: “O Governador é capaz de construir e planejar. Esses planos e essa construção de uma ideia de futuro podem não ser o futuro que todos querem. Neste mundo desafiador, algumas pessoas tomam a dianteira, e não necessariamente seriam as pessoas que você votaria para isso em um mundo maravilhosamente pacífico e democrático. É “você vai me manter vivo por mais tempo? Vai manter minha família viva?” Eu não acho que precisamos olhar muito longe em nossa história, ou mesmo nos dias atuais, para ver comunidades tomando essas decisões.”
Independente das melhores intenções do Governador, as atitudes falam mais alto do que as palavras. Neste caso, é virtualmente impossível ignorar sua história perversa e doentia. Nos quadrinhos, ele tortura Michonne e a estupra repetidamente. Além disso, o Governador não tem escrúpulos em desmembrar todos os que se opõem a ele, e então alimentar com carne crua sua sobrinha zumbi, mantida acorrentada, Penny. Veremos como o show e Morrisey abordam esse material tão perturbador.
ASCENSÃO E BRILHO
“Em ‘A Ascensão do Governador’, ele não faz nada realmente horrível em termos sádicos”, diz Morrissey. “Ele faz coisas para que ele e o grupo sobrevivam. Ele enfrenta situações terríveis nesse mundo louco em que vivem. Nos quadrinhos, ele faz coisas ruins escancaradamente. Minha tarefa é descobrir por que ele faz isso. Podemos olhar de fora e dizer, ‘ele é mau’. Podemos demonizar as pessoas. Fazemos isso com pessoas de verdade o tempo todo, quando são nossas inimigas. Se você está interpretando aquela pessoa, você não pode rotulá-la como má ou sádica. Quando você a interpreta, não acredita nisso sozinho. As suas complexidades e suas lutas, é isso que estou procurando.”
“O que é monstruoso ou terrível em relação a qualquer atitude é quando não há razão para isso, quando não há sentido.”, continua Morrissey. “Os zumbis são estúpidos. Esta é a natureza deles, então você pode levar para o lado pessoal com eles. Quando as coisas se tornam terríveis ou assustadoras, é quando as ações se tornam pessoais, quando a motivação de alguém trabalha contra você. É quando fica perigoso. Os zumbis são perigosos por que são como animais selvagens. É assim que são. É como nadar com tubarões, e eles estão querendo pegá-lo. Eles os veem como um pedaço de carne apenas. “
Certamente não há falta de derramamento de sangue, brutalidade ou carnificina na série de TV. Os zumbis tendem a ser degustadores viciosos, frequentemente estraçalhando suas vítimas. Mesmo os humanos foram forçados a decapitar e atirar para matar em suas cabeças para derrubar os mortos-vivos. Se a equipe de criação fosse direto na jugular e retratasse as abomináveis ações do Governador, o conteúdo gráfico poderia incrementar cada detalhe. Ou poderiam terminar todos no chão de uma sala de tortura.
“Sempre foi algo estranho para mim, a censura da TV e o que você pode ou não fazer,” comenta Morrissey. “Isso muda de país para país. Isso certamente muda dos Estados Unidos para o Reino Unido. Há violência neste show, mas, na maior parte do tempo, é contra zumbis. O fato de zumbis terem personalidade zero fazem com que sejam mais tolerados. Como um indivíduo, a minha ira se desperta quando se trata de violência contra mulheres e crianças. É uma linha tênue. Eu acho que nosso show é muito cuidadoso com isso e no quanto este tipo de violência é mostrado quando mulheres e crianças estão envolvidos. Tivemos várias conversas sérias quanto a esse tipo de violência e o quanto estaríamos satisfeitos com ela.”
BOTANDO LENHA EM WOODBURY
O Governador nos faz lembrar de vários adjetivos. Cruel. Impiedoso. Desumano. Sexy. Ok, este último foi meio forçado, a menos que os complexos de messias impiedoso sejam o seu ponto fraco. No entanto, em uma entrevista à MTV News, esta foi uma das palavras pouco usuais utilizadas pela atriz Laurie Holden para descrever a interpretação de Morrissey para esse malvado icônico.
“É estranho falar de alguém nesses termos,” diz Morrissey. “O que você tem que fazer quando assiste a esse show é decidir se vai se sentir atraído por esse homem. Você pode sentir-se atraído por pessoas terríveis. Eles possuem carisma, ainda mais se forem líderes. O que uma pessoa pode achar assustador ou sexy, outra pode não achar. É muito individual. Você terá que esperar para ver, mas eu acho que existe uma sensação de que ele cria um espaço considerado seguro. Woodbury é um lugar seguro. Se você obedece as suas regras, é um lugar seguro. Se não, você volta à estrada, onde não é um lugar seguro para se estar. Você precisa fazer escolhas difíceis nesse mundo.”
O reino do Governador não vai permanecer sem ser desafiado, no entanto. De acordo com a tradição de The Walking Dead, ele e Rick eventualmente irão disputar o comando da prisão nas redondezas, e que serve de abrigo contra os zumbis. É um confronto sangrento que culmina com a mão de alguém sendo cortada fora. Morrissey não confirma se eles filmaram esta disputa, mas observa que qualquer sequência intensa ainda exige foco e comprometimento, mesmo quando está contra seu amigo, Lincoln.
“O fato de sermos amigos não facilita as coisas,” diz Morrissey. “O fato de Andrew ser um ator brilhante, um grande profissional e um líder torna isso mais fácil. Torna-se fácil no sentido em que conseguimos extrair mais das cenas porque ele tem um grande cérebro, intelecto e instintos. Ele sempre surge com coisas simplesmente fantásticas quando trabalhamos juntos.”
GAROTO NOVO NA CELA
Chegar como o vilão que se agiganta durante a terceira temporada do show pode ser intimidante. Os atores de The Walking Dead já são muito próximos entre si, produzindo em série vários episódios ótimos. É muito para se absorver, então Morrissey ficou aliviado quando foi imediatamente aceito em sua nova família.
“É um sonho se realizando”, diz Morrisey. “Como um fã, eu sempre soube que havia grandes atores envolvidos. É sensacional trabalhar com pessoas como Andrew, Sarah, Michael (Rooker), Norman (Reedus) e Laurie. Eu estava nervoso, mas no momento em que cheguei, eles fizeram com que eu me sentisse em casa. É importante dizer que eu sabia que se tratava de um grande elenco, e eu sabia que eles tinham excelentes escritores. “
“O que foi uma grata surpresa para mim foi a equipe,” continua Morrissey. “ Cheguei ao set e, provavelmente, esta foi a melhor equipe com quem eu trabalhei. Eles são fantásticos. Eles vivem o show. Eles são comprometidos e estamos levando isso adiante todos os dias. Seguimos adiante com o que queremos fazer, como queremos fazer. Alguém como Greg Nicotero obviamente ganhou vários Emmys por seu trabalho. Ele é também um de nossos excelentes diretores. O pessoal das câmeras e do som… Tivemos um ótimo designer nesta temporada chamado Grace Walker, que faz estes maravilhosos cenários darem certo. Eles são os heróis anônimos, as pessoas que trabalham nos escritórios enquanto estamos chegando. Estas pessoas trabalham por várias horas para que tenhamos tudo o que precisamos ao chegar no set. Por isso é que tudo funciona como a engrenagem de um relógio.”
CAUSANDO UMA IMPRESSÃO
Ao longo dos anos, Morrissey construiu um impressionante currículo. Ele foi aclamado pela crítica pela série da BBC “State of Play”e pelo drama “The Deal”. Morrissey mais tarde apareceu em filmes maiores, como “Instinto Selvagem 2”, “The Reaping” e “Nowhere boy”. Por causa de The Walking Dead, ele agora está tendo suas primeiras experiências com os fãs mais hardcore, graças à suas aparições durante as Comic Cons de San Diego e Nova York – The Walking Dead pode ser considerado seu projeto mais importante até o momento.
“É maravilhoso,” reflete Morrissey , quanto a participar do painel de The Walking Dead e interagir com os fãs. “O show é um sucesso por causa dessas pessoas que o assistem e vestem as fantasias, e vem para a Comic Con. The Walking Dead é um hit internacional. Eu recebo correspondência de fãs e tweets de todo o mundo. É brilhante ter essa base de fãs. Eu acho que estou em uma bolha, em lua-de-mel com isso no momento, porque eu posso caminhar pelos corredores e as pessoas não me incomodam. Eu posso ter um pouco mais de liberdade do que os demais atores, porque eu ainda não estive na TV. Isso pode ficar diferente no próximo ano.”
Não restam dúvidas de que Morrissey deixará uma impressão duradoura na atual temporada de The Walking Dead, mas não significa que o Governador chegou para ficar. Os leitores dos quadrinhos sabem muito bem que ele tem um final violento e horripilante. Este desfecho é inevitável, mas para o futuro próximo, Morrisey espera ficar longe de uma execução.
“Assim como todos no show, eu também quero ficar por perto o máximo que puder,” ele conclui. “Eu amo estar neste show. É um grande personagem e eu não estou contemplando minha morte neste exato momento. Estou lidando com os vivos e não quero sequer pensar no que irá acontecer com ele. Eu quero viver o máximo possível. “
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Fonte: The Walking Dead Magazine #2
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil
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