“Essa é uma daquelas coisas que você faz logo antes de morrer,” diz Norman Reedus. Ele não está cercado de zumbis, desta vez, mas por uma horda ainda mais assustadora: cerca de 150 alunos de faculdade em Savannah, Georgia, abrindo cadernos de anotações e anotando avidamente seus conselhos sobre o sucesso artístico.
Por detrás de um par de Ray Bans, Reedus fala animadamente sobre suas primeiras impressões a respeito do roteiro de The Walking Dead (“Que diabos é isso?”), a música que ele ouve enquanto está no set (“Motörhead, muito Motörhead”), como o elenco reage quando alguém morre (“Temos um jantar de morte em um restaurante, com muito álcool, lágrimas e fotografias”) e a persistente insegurança em ser um ator (“Eu sempre me sinto como se estivesse a três meses de participar do Dançando com as Estrelas”).
O “Dançando com as Estrelas” terá que esperar. Reedus, 44 anos, interpreta Daryl Dixon, um tímido e habilidoso caipira que matou vários zumbis, incluindo o seu próprio irmão, em The Walking Dead. Na terceira temporada, o show mais sangrento da TV também foi o mais popular. E mesmo com a série da AMC insistindo em matar personagens chave nas garras dos mortos-vivos, Daryl é aquele pelo qual os fãs são obcecados. Haveria taxas de suicídio contabilizáveis se matassem Daryl.
Mas a maneira mais certeira de se medir a popularidade do show é seguindo Reedus enquanto ele participa do Savannah Film Festival. Durante um almoço simples, incluindo frango e massa com queijo, em um restaurante que funciona em uma mansão do século 18, os clientes agem como se fosse Comic Con, constantemente cumprimentando Reedus, que se mantém educado e alegre. Ele ainda usa seus Ray Bans, por que ele o faz sentir mais ‘oculto’. “Eu jamais tiro esses óculos”, ele diz. “Nunca”.
Assim como Johnny Depp, Reedus costuma interpretar caras bizarros, que desconhecem pente ou sabão. Seus fãs – entre eles as Dixons Vixens ou as Reedusluts — mandam presentes estranhos: chicotes, pacotes com carne, animais empalhados, próteses de silicone. Ele autografa peitos e bundas. É tudo reflexo do sex appeal incomum de Daryl: “Ele provavelmente morderia seu pescoço e puxaria seu cabelo, mas ele jamais tomaria a iniciativa,” diz Reedus. “E ele não quer saber de carinho depois. Talvez isso faça com que ele pareça um pervertido.”
Suas interações com os fãs também envolvem saliva. Reedus já postou fotos dele lambendo coisas, de amigos a monumentos europeus. Os fãs perceberam e resolveram aderir. “As pessoas pedem para eu lambê-las o tempo todo,” diz ele, suspirando. “Eu não posso lamber todo mundo, sabe?” (Ele também postou fotos onde vestia saia de bailarina ou fofas pantufas de coelhinho. Reedus é ótimo no Instagram.)
A tristeza parece também fazer parte. Os pais de Reedus separaram-se quando ele era “muito pequeno” e ele raramente via seu pai. Sua mãe teve vários empregos (“ela foi Playboy Bunny [nota do tradutor: garçonete nos Playboy Club], e em certo ponto, vendia caixões também”), e ele e sua irmã mudavam-se constantemente – San Francisco, Texas, Colorado, Espanha, Tóquio. “Eu era um garotinho punk-rock babaca,” ele diz. “Deus, eu continuo sendo um garotinho punk-rock babaca. Eu lembro ter sido espancado e bastante ferido fisicamente em casa, e de começar a brigar com garotos maiores na escola para esconder o que realmente havia acontecido com meu rosto.” Quando perguntei quem o espancava, Reedus diz que não era sua mãe, ou parentes. Seria um namorado ou segundo marido de sua mãe? “Apenas pessoas diferentes,” ele responde evasivamente.
Ele também não confirma seu relacionamento com a modelo de biquíni Cecilia Singley, 20 anos, mas ela não seria a primeira beldade com quem ele namoraria. Ele e a supermodelo Helena Christensen tem um filho de 14 anos, Mingus. “Ela veio atrás de mim”, diz Reedus, parecendo ainda estar surpreso. “Eu jamais teria coragem de convidar uma garota tão linda para sair.”
O gerente do restaurante para para cumprimentar. Depois alguns homens. E alguns fãs. As locações de The Walking Dead na parte rural da Georgia e Savannah parece agradecer o que o show fez pela economia do estado. Aquela noite, após a premiere do novo filme de Alexander Payne, uma pequena multidão esperava por Reedus. Uma hora após o final do filme, o lanterninha já anunciava “Desculpe, amigos, ele já deixou o teatro.” Norman Reedus fugiu novamente.
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Fonte: Rolling Stone (a ser publicado em 21/11/13)
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