Kirkman Explica Por Que Shane é “Mocinho” na Série

“Bloodletting” (Banho de Sangue), é um titulo que você poderia dar praticamente para qualquer episódio cheios de gore e zumbis de The Walking dead. Porém este foi particularmente adequado para o episodio do último domingo, o qual encontra-se Carl (Chandler Riggs), recebendo transfusões da “substância vermelha” de seu pai Rick (Andrew Lincoln), depois de ter levado um tiro na estréia de temporada. Ditas transfusões, acontecem em uma fazenda que pertence ao novo personagem Hershel (Scott Wilson), ao que parece o lugar poderá ser provavelmente, base dos personagens para os próximos episódios (Pelo menos aos que conseguirem chegar lá vivos. T-Dog interpretado por Irone Singleton estava parecendo um tanto mal no final do programa e Deus sabe o que aconteceu com Sophia interpretada por Madison Lintz.

Abaixo – Robert Kirkman – Que escreve o quadrinho de The Walking Dead e também é um dos roteiristas do programa – Fala sobre o episódio, por que Shane (Jon Bernthal) é um “mocinho”, e seu entusiasmo com a idéia de um cereal matinal de Walking Dead.

ENTERTAINMENT WEEKLY: Por que você começou o programa com um flashback pré-apocalipse?

ROBERT KIRKMAN: Isso fala do Shane e seu relacionamento com Lori e Rick nos dias anteriores. Muitas pessoas pensam no Shane como um vilão claro, e que ele fez uma coisa ruim. Mas se você realmente analisar a situação, ele é um cara bom e tem feito a coisa certa em cada momento. Porque ele fez aquilo, e não está dando certo para ele, isso está enlouquecendo ele. Então nós realmente queríamos que ele fosse mais uma figura trágica do que uma vilãnesca. Isto é só uma série de situações infelizes que tem feito lentamente com que ele se perca nesse mundo. Voltando no tempo e mostrando a sua preocupação por Rick e como ele se importa com Lori e Carl, eu achei que aquilo poderia ser a coisa certa a fazer.

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Eu me vejo tentando predizer as motivações do Shane o tempo todo. Nesse episódio, quando ele insiste que é ele quem deve ir e pegar Lori, você deixou a imaginar se ele está fazendo aquilo porque é o curso de ação mais sensato ou porque ele quer ser visto de alguma forma heróica por ela.

A este ponto, quem sabe? As motivações dele poderiam ser qualquer uma. Mas eu gosto de pensar que no mínimo, lá no começo, tudo que ele fez foi altruísta. E também eu tenho que voltar e dizer que a escolha de Enerst Dickerson (Diretor) de rodar naquela cerca bem no começo da cena, antes de você nem se dar conta de que é um flashback, realmente me surpreendeu. Aquele cara é uma estrela do rock quando se fala em direção.

“Bloodletting” introduziu muitos membros novos no elenco, incluindo dois grandes atores que são Scott Wilson e Pruitt Taylor Vince. Nesse momento, como é o processo de audição do programa?

É realmente incrível poder assistir os testes de tela quando eles chegam, ou os vídeos, ou seja lá como chamam quando o ator senta em um quarto e começa a ler falas com a esperança de que você irá contratá-lo. É legal ver esse processo. Me deixa fascinado, pensar como os atores vão para um quarto e lêem as falas, não sabendo se a sua altura ou a cor do cabelo irão coloca-los de fora. Não que a gente decida na cor do cabelo. Mas as vezes [alguém irá dizer], “eu não gosto das maçãs de rosto daquele cara”. Você fica como, “Vá se Fo—, as maçãs de rosto dele? Isso não é culpa dele! Como você pode fazer isso?” É uma situação estranha que por alguma razão me deixa fascinado.

Eu não vi nenhuma cerca decente em volta da fazenda do Hershel, o que me deixa com uma grande preocupação, considerando os zumbis.

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Isso é algo que exploramos indo mais adentro da temporada. Há muitas cercas na fazenda do Hershel e também é um extenso lote de terra e sendo também uma área muito rural. É tão rural que mesmo tendo cercas pode não ser necessário, porque a população é tão… qual o oposto de denso?

Disperso?

Disperso! Essa é a palavra.

Ainda bem que você não é escritor ou coisa do tipo.

Bem, eu não estou acostumado a fazer isso ao vivo. Vamos lá! Mas pela população ser tão dispersa – Que há cada vez menos zumbis à medida que eles saem da cidade – Rick e o seu grupo estão encontrando um tipo diferente de ameaça, eles estão encontrando pessoas que não sabem como o mundo lá fora está. E isto irá trazer muitos conflitos, mais a frente.

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Você sempre esteve determinado a chegar na fazenda do Hershel o mais breve possível nessa temporada? No quadrinho há um pequeno arco distinto, onde Rick e o resto dos sobreviventes acham que encontraram esse grandioso lugar livre de zumbis, chamado Wiltshire Estates, o qual na verdade acaba por ser uma central de zumbis. Você estava tentado incorporar aquilo no programa?

Todos na sala de roteiro queriam chegar naquela fazenda, ver aqueles pastos, mudar vibração do programa o quanto antes e tivemos uma transição bem clara entre a primeira e a segunda temporada. Mas eu gosto daquele material de Wiltshire Estates no quadrinho também. Há um tipo de tributo àquilo vindo mais a frente na temporada.

Quando eu vi um zumbi com a jaqueta da FEMA no colegial eu imaginei um monte de membros do grupo Tea falando, “há! É isso que acontece quando o governo federal tenta resolver um desastre!”

Nós queremos qualquer membro do mundo para fazer parte da nossa audiência.

De política à religião: Nos primeiros dois episódios dessa temporada, houve vários acenos para o tema de oração e na estréia, você realmente teve o Rick pedindo conselhos divinos. Isso foi algo que você sentiu que o programa tinha que enfrentar?

Nós sentimos que é verdade para a região. Há muitas pessoas religiosas naquela área do país. Não seria sincero ignorar isso. É uma coisa interessante para se lidar com: Que lugar teria a religião depois desse tipo de catástrofe e onde a mentalidade das pessoas estariam em relação a isso. Eu gosto de pensar no Rick como uma pessoa não religiosa. Eu acho que a cena mostra o quão desesperado ele está, que ele não necessariamente acredita naquilo, mas ele está tipo “Okay, eu estou aqui, isso irá doer? O que diabos eu faço?” Ele simplesmente não sabe se o que ele está fazendo é a coisa certa e ele está muito inseguro sobre a sua posição no grupo e como todo mundo olha para ele como um líder. E através dessa linha de insegurança que nesta temporada, Rick meio que se encontra como líder.

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Quando eu re-li o quadrinho, constantemente fui atingido por um pensamento,enquanto Rick demonstra, bem e claramente, ser um bom indivíduo, talvez ele não seja um bom líder. Se os seus seguidores tivessem que preencher um formulário de saída, eu posso imaginar alguns deles tendo coisas duras a dizer, particularmente no assunto da inabilidade do Rick em manter as pessoas vivas.

[Risos] “Sim, eu peguei esse questionário de quão bom trabalho eu fiz. Quem gostaria de…? Oh, não ficou ninguém.” Quero dizer, ele salvou Glenn! Não, ele tem um trabalho impossível. Em certo ponto, mesmo sobreviver é miraculoso em um mundo desses. O fato de que todo mundo está morrendo em volta dele e ainda assim as pessoas meio que “esse cara sabe o que ele está fazendo” só mostra a quão caóticas e terríveis são as coisas, o que é legal. Mas ele de fato é ruim como líder quando a questão é essa, no quadrinho, no programa, ele poderá ser um pouco melhor.

Eu tenho que admitir que eu estou sofrendo com a retirada de Michael Rooker.

Nós todos estamos sofrendo com a retirada de Michael Rooker. Isso é tudo que posso dizer sobre o assunto. Nós adoramos ele. Nós queremos ele de volta. Isso pode acontecer no episódio 3, pode acontecer no episodio 7, pode acontecer em uma possível terceira temporada. Mas nós teremos ele de volta. Ambos, ele e Lennie James (que interpreta Morgan) trouxeram bastante crédito para a primeira temporada, e nós estamos absolutamente torcendo para trabalhar com esses caras de novo no programa. Não é algo que nós iremos esquecer. Nós não iremos abandonar esses personagens.

Walking Dead está longe de ser o único quadrinho que você escreve. Qual outro titulo seu, você recomendaria para os fãs do programa conferir.

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Eu sou contratualmente obrigado a mencionar que eu faço Invincible com Ryan Ottley, que é um artista muito bom, e todos da Entertainment Weekly devem ler o quadrinho. É muito importante para mim manter um pé no mundo dos quadrinhos. Eu sou um sell out. Eu não vejo problema algum quanto isso. Eu tenho filhos pequenos e uma esposa e eu tenho que sustentar e, por Deus. Eu farei o cereal de walking dead. E eu não estou nem ai. [Risos] “zumbis pegajosos em cada mordida!” Mas eu não quero abandonar quem eu sou e eu sou um escritor de quadrinhos. O programa de TV é demais e eu curto trabalhar nele. Mas eu não quero trabalhar nisso ao ponto onde eu não possa fazer quadrinhos. Então eu fiz um compromisso real que, se eu irei para a Califórnia e trabalhar na segunda temporada, eu terei que arranjar um tempo para fazer os quadrinhos. Mas eu estou feliz em fazer um boné de baseball de Walking Dead, porque é uma coisa agradável e as pessoas gostam de usar bonés de baseball e essas coisas. Eu levarei esse dinheiro.

O problema virá quando Rick começar a matar zumbis enquanto usar um boné de baseball de Walking Dead.

Vê, é onde eu irei desenhar a chamada. Eu nunca terei Rick andando por ai andando com uma blusa da Subway, “Se eu pudesse apenas encontrar um sanduíche submarino!” Isso não é legal.


Fonte: EW
Tradução: Felippe Otaviano / Staff WalkingDeadBr

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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