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Glen Mazzara fala de guerra, vingança e esperança no retorno da terceira temporada de The Walking Dead

Quando foi anunciado que The Walking Dead seria renovada para a quarta temporada, não houve surpresas. A série de zumbis da AMC se tornou um ponto de contato da cultura pop, quebrando recordes e mostrando ao público toda sorte de crueldades e horrores dos melhores filmes de terror, só conhecidos realmente dos fãs do gênero.

Ainda mais chocantes foram as noticias de que Glen Mazzara iria deixar seu posto como showrunner, uma partida amigável que resultou de diferenças criativas entre Mazzara e a emissora (Mazzara, claro, é o segundo showrunner em apenas 3 temporadas a partir de The Walking Dead sob circunstancias misteriosas – o criador da série, Frank Darabont deixou o show durante a produção da segunda temporada).

O experiente produtor permanece em seu cargo para acompanhar o final da temporada, no entanto, com um arco de 16 episódios que contam a história do confronto de Rick Grimes com o Governador, como contado por Robert Kirkman, na HQ de The Walking Dead.

O Hero Complex sentou para conversar com Mazzara no começo da semana para uma conversa em detalhes: na primeira parte da entrevista, ele discute a direção que o show tomará nos próximos oito episódios, a partir do próximo Domingo – o próximo tem como título “The Suicide King” (O Rei de Copas). Mazzara também fala de sua saída da série e o que há para ele em termos criativos.

E tome cuidado, alguns spoilers são divulgados aqui para quem ainda não viu todos os episódios que já foram ao ar.

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HC: Neste ponto, assistir, “The Walking Dead” é realmente uma experiência realmente arrasadora….

GM: É para parecer real, tipo, não há boas escolhas neste mundo, e qualquer escolha que você faça pode ser a diferença entre a vida e a morte. É por isso que penso que as pessoas se mantém no limite. Não damos uma saída a você. De vez em quando jogamos alguma coisa por lá – algo que fizemos na primeira metade da temporada foi Daryl segurando o bebê. Se você pensa em todo o horror que tivemos no episódio anterior, com Carl tendo que matar sua mãe durante a cesariana, nós não demos nenhum espaço para respirar naquele episódio. Então, no episódio seguinte, Rick está preso nas tumbas, como nós as chamamos. No fim do episódio, a cena de Daryl segurando o bebê mostra que tudo pode ficar bem. Algumas pessoas acharam que foi sentimental, mas eu pensei que foi merecido. Se você tomar aquele momento, na verdade ele foi muito sombrio, mas com uma pequena abertura por entre as nuvens.

HC: Tem que haver alguma esperança.

GM: Era o que eu queria mostrar, eu não os queria discutindo se havia ou não esperança. Eu queria mostrar estes pequenos momentos de conexão humana entre os personagens, e que mostram que a vida vale a pena, que não são apenas pessoas tentando sobreviver por sobreviver, que se o grupo de Rick se unir eles podem reconstruir uma vida, eles podem estar no caminho da recuperação de algum sentido.

HC: E o bebê sobrevive? Ela não conseguiu nos quadrinhos, mas vê-la morrer na tela poderá ser devastador – e mesmo alienante para alguns espectadores.

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GM: Se você parar para pensar, o bebê é um problema enorme, porque ele chora. O bebê não sobrevive nos quadrinhos. Isso é tudo o que posso dizer. Até aqui, tudo bem com o bebê.

HC: O que podemos realmente esperar da segunda metade da terceira temporada?

GM: Nos divertimos muito introduzindo todos esses elementos que os fãs conhecem dos quadrinhos e amam, Michonne, o Governador, a prisão, Woodbury, tudo o que está acontecendo. O palco está montado, agora é esperar nossos personagens encontrarem-se uns com os outros e mostrarem o seu desenvolvimento, mostrar esta dinâmica entre os personagens e as escolhas que precisarão fazer. Agora o Governador tem apenas um objetivo em mente, vingança contra Rick e Michonne. Isso coloca um monte de pressão em Rick, em um momento que sua sanidade está em xeque e ele está arrasado, então quanto Rick vai sacrificar seu grupo para salvar uma mulher que ele recém conheceu? Como vemos na midseason finale, Michonne se dá por conta de que não poderá sobreviver sozinha, que terá uma existência miserável e que mais cedo ou mais tarde ela perderá a luta. Então, ela quer ficar com o grupo de Rick. Tyreese e seu grupo: Rick tem uma péssima experiência quanto a deixar novas pessoas se juntarem ao grupo – na verdade, ele tem sido capaz de manter seu grupo vivo, mas agora que sua sanidade está sendo questionada, será um desafio para ele até mesmo fazer isso. Tudo acontecerá de maneira surpreendente. Os Dixons são outro fator a se considerar, Daryl está dividido entre seu irmão e o grupo de Rick. Tyreese é outro fator, o Governador é outro. Andrea estará entre o Governador e as pessoas inocentes de Woodbury, e sua lealdade com o grupo que, em algum nível, emocionalmente, a abandonou. É estranho pensar que Michonne estaria em um grupo do qual Andrea fazia parte. Tudo está fluindo.

HC: As pessoas de Woodbury são realmente inocentes? Eles parecem ser tão sedentos por sangue para aceitarem tão facilmente a ideia de irmãos sendo obrigados a lutar até a morte.

GM: Você vê como eles são manipulados. É um exército que o Governador está tentando montar. Se estas pessoas estão sendo manipuladas e enganadas pelo Governador, e eles são, até certo ponto, marchando rumo à prisão, Rick e seu grupo terão que se defender contra essas pessoas inocentes. É um dilema interessante. É uma luta que vale a pena? De certo modo, há uma guerra a caminho, mas como que Rick decidira contra quem ele estará lutando? Será que estas pessoas não tem realmente nada a ver com isso? Bem, lhes foi dito alguma coisa. É interessante que nada é realmente como parece, e ninguém tem uma ideia completa. Rick vê essas pessoas como uma ameaça, Andrea vê essas pessoas como sendo manipuladas pelo Governador. O que significará isso para Andrea, como ela vai agir para impedir isso, essa tragédia que está por vir? E quanto a Rick? Não apenas estamos diante da questão de como parar com essa guerra, mas também existem dinâmicas interpessoais em jogo. O relacionamento Andrea/Michonne, Merle/Daryl, Glenn e Maggie. Ele quer se vingar do Governador por um motivo pessoal, que pode comprometer o bem estar de todo o grupo. Tudo isso está na mesa. Agora vai ficar complicado..

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HC: Andrea parece estar à beira de se tornar uma líder de uma maneira interessante.

GM: Ela será jogada a esse papel de liderança. A solução mais fácil para ela seria deixar Woodbury e voltar para a prisão, mas aí, o que acontece? Ela sabe que o Governador está indo para lá. Ela pode afetá-lo de algum modo? Ela tem alguma responsabilidade em proteger estes inocentes? Andrea irá encarar vários dilemas morais. Estou feliz em dizer que não há grandes discursos a respeito de moralidade, mas ela tem muitos dilemas morais para acontecer. Teremos alguns episódios em que ela será o foco.

HC: Em que ponto você realmente coloca os atores no processo, e os faz conhecer o que há para ocorrer com seus personagens?

GM: Muito cedo. Isso é algo que Shawn Ryan já fez em “The Shield” e eu tenho usado isso em cada show que trabalho. No começo de cada temporada, antes de começarmos a filmar, os escritores trarão cada ator, sentarão com eles por algumas horas para conversar sobre a ultima temporada e então eles conversarão em termos gerais sobre o arco emocional da próxima temporada. Nós não falaremos a eles especificamente, mas daremos pontos de partida específicos. Então eles se darão por conta do oposto de como se sente quando você está recebendo um script todas as semanas e que há um trabalho maior. Eu convido todos os atores para nos dar um feedback em cada script e seus arcos, e que digam o que eles acham que está bom e o que não está certo

HC: O elenco é fantástico. É realmente surpreendente, de alguma forma, que “The Walking Dead” não tenha sido reconhecida em termos de premiação, como ocorre com outras séries…

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GM: Eu acho que eles são fantásticos e merecem ser reconhecidos. O show só é assim graças à performance deles. Há outros shows que são reconhecidos e que eu tenho lido notas na imprensa falando que eles não parecem ser tão sólidos como o show de zumbis. Enquanto estivermos conectados aos fãs e nosso público, e tão entusiasmados como estamos, estes prêmios, bem, eles são bons, mas não sei por que precisaríamos deles.

HC: O que há na série e que faz as pessoas se conectarem tanto?

GM: Eu acho que o que tem de divertido no show é que ele realmente mexe com aquilo que faz as pessoas irem aos cinemas. Há uma experiência nos cinemas, em que as pessoas estão sentadas e assistindo algo que é maior do que a vida, e ainda assim se conectando a isso emocionalmente. As pessoas assistem a esse show, assistem juntas, com suas famílias, colegas, amigos, namorados e namoradas, e eles falam a respeito. Eles vão online falar a respeito, é uma experiência coletiva, por que é emocional. Ser parte disso é divertido. As pessoas se sentem pessoalmente afetadas por isso.


Fonte: Hero Complex
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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