Apenas três dias antes da internet bombar com sua precoce saída de “The Walking Dead”, o produtor Frank Darabont participou de uma mesa redonda com jornalistas na Comic-Con em San Diego e não deu nenhuma indicação de que havia algo errado. Na verdade, tudo parecia ir normalmente enquanto o aclamado produtor falava ansiosamente sobre a segunda temporada e seu contínuo amor pelo gênero.
Em uma das suas últimas entrevistas oficiais sobre o assunto, Darabont – acompanhado por Greg Nicotero – deixou algumas dicas sobre a temporada que está por vir e os desafios de fazer dar certo uma das melhores séries de TV. Onde tudo vai parar é uma pergunta para todos.
P: Quanto envolvimento você teve no relançamento da edição especial de Blu-Ray com a versão em preto e branco do Piloto?
FRANK DARABONT: Foi minha ideia, minha sugestão. Eu aprovei o relançamento da coisa. Eu estava no litoral com Dan, nosso responsável pela cor dos episódios. Não sei se The Walking Dead precisa disso, mas funcionou muito bem em The Mist. Eu pensei, “Por que não? Vamos fazer esse pequeno experimento.” É certamente uma adição que vale a pena num DVD e passa muito mais a impressão de uma noite dos mortos vivos.
P: Eu vi no trailer que os personagens estavam correndo por um cemitério. Pode falar um pouco sobre isso?
FD: Não foi uma conexão com a Noite dos Mortos Vivos de propósito, mas é um paralelo legal agora que você mencionou. Eles estão procurando por algo nos episódios dois e três, e acabam procurando também nessa pequena igreja de zona rural que tinha esse fantástico cemitério anexo. Na busca por locais de filmagens que estávamos fazendo, procurávamos essas pequenas igrejas e quando achamos essa foi meio que “Oh meu Deus! Olhe essa pequena lápide aqui! É visualmente fantástico!” E essa é realmente a única razão pela qual escolhemos essa locação.
P: Sobre a maquiagem, já houve alguma discussão sobre algo indo longe demais?
FD: Não. Nunca.
GREG NICOTERO: E é um presente o fato de eles nos deixarem fazer praticamente o que quisermos. Muitas vezes, o Frank está em Los Angeles, trabalhando em roteiros e nós ficamos enviando fotos de vez em quando. Eu sempre tive que trabalhar com sangue em camadas e ser cuidadoso para não exagerar, e, literalmente, Frank olharia para algo e diria algo como “Ah, cara. Eu estava imaginando muito mais sangue que isso.”
P: As pessoas sempre colocam surpresas dentro de seus trabalhos lembrando de outros filmes, quadrinhos, etc. O que seria uma boa surpresa sobre o FX?
GN: Nós fizemos várias partes de corpos semi-devorados e um deles é que eu recriei o braço de Chrissie de Tubarão.
FD: [risos] Esse sempre foi meu filme favorito!
GN: Mas de vez em quando, nós olharemos para um zumbi e lembraremos de algum outro filme. Tem um zumbi que fizemos para a abertura do primeiro episódio da segunda temporada que tinha esse olhar realmente assustador e que lembra um da Noite dos Mortos Vivos. Porque nós somos muito nerds e amamos o gênero, de vez em quando faremos algo assim.
FD: Uma coisa que foi muito divertida no Piloto que eu dirigi foi a aparição de um caminhão cheio de corpos. Ele simplesmente pegou cada corpo da KNB e colocou no caminhão, tipo, uns oitenta corpos mais ou menos. E eu estou verificando essa pilha de corpos só para checá-los e lá estava o Bruce Willis deitado ali. E depois o Johnny Depp. Eles eram como camafeus de celebridades. É claro que nós cobrimos o rosto deles, porque não queríamos irritar ninguém. Mas era legal saber que debaixo do lençol era o Bruce Willis.
P: Bruce Campbell mencionou que queria ser um zumbi na série. Mais alguém da indústria pediu pra ter um zumbi parecido consigo?
FD: Jon Hamm mencionou isso uma vez. Eu continuo pensando que ele estava brincando. Teve um rumor rolando por aí que Charlie Sheen seria um dos zumbis…E Lindsay Lohan…
GN: É muito fácil dizer “Eu adoraria ser um zumbi” e ir a fundo, e depois passa por toda a maquiagem e coloca as lentes de contato e as dentaduras e é quente e é grudento…
FD: E trabalhar dezesseis horas por dia…
GN: A coisa sobre zumbis é, quando nós temos sessenta ou oitenta deles, há mais pele exposta, demora mais tempo na maquiagem, então, às vezes, nós usamos camafeus. E eles estão suando muito porque estão vestindo golas rulê enormes e jaquetas esportivas. Nós estivemos no Globo de Ouro, e várias mulheres de “Mad Man” vieram a mim e disseram “Eu adoraria ser um zumbi” e estou olhando para Christina Hendricks. “Não.” [risos] “Se pudermos fazer você parecer um zumbi, vou me aposentar.”
P: Você criou algum zumbi com aparência incomum até agora?
FD: Na verdade não. O que acontece é que eu não quero ter a “bailarina zumbi” ou o “jogador de futebol zumbi” ou o “vendedor de sorvete zumbi”, porque nós estamos tentando pensar com lógica em tudo. É simplesmente bobagem. Quem vai para a aula de balé ou ao treino de futebol quando o mundo está acabando? Você não faria isso! Você não iria ao treino de torcida organizada se houvesse uma epidemia varrendo o mundo e havendo pânico nas ruas. Então, eu nunca entendi de onde o “palhaço zumbi” veio, entendeu? E nós tivemos uma ótima conversa cedo na produção, dizendo que é um enorme problema mundial então ninguém iria ao treino de torcida. Todo mundo está no meio de uma batalha pela sobrevivência e leva um tempo para o mundo acabar. Então nós nunca queremos essas piadas visuais, porque queremos levar o plano de fundo a sério. Nós queremos fazer com que pareça real para o público.
P: Algum pensamento sobre um zumbi tipo o Bub? Algo assim funcionaria no seu mundo?
FD: Eu gosto de Bub. Eu não vejo porque não. Se a história precisar de um zumbi por perto por um tempo, eu certamente conseguiria ver isso. Não temos nenhum plano imediato para isso.
P: Nós vimos alguns flashbacks do começo da epidemia na última temporada. Mais algum plano pra algo como isso?
FD: Na verdade sim! Eu adoro aqueles pequenos flashbacks. Não quero transformar isso num show de flashbacks. Tenho uma regra meio que não-oficial. É o seguinte, se realmente faz sentido e combina com o episódio sendo feito, fazer um flashback na primeira cena, antes do título do episódio é suficiente. Nós fizemos isso na última temporada algumas vezes, mas nunca centralizando a trama, porque é fácil descansar em algo assim quando não se tem uma idéia naquele dia. E eu não quero fazer isso, eu quero continuar desafiando a nós mesmos. E eu não quero acabar pegando uma página da técnica de LOST emprestado porque isso seria muito imaturo de nossa parte. Eles fizeram isso muito bem.
GN: O que me vem a cabeça é, na verdade, um flashback de antes da epidemia então era um dia no set onde os atores não estavam cobertos de poeira e suor e pareciam com pessoas normais. E o que tornou esse particularmente intrigante pra mim é que é uma lembrança visual de como o mundo costumava ser e como as vidas deles costumavam ser. E, se tratando de uma série como essa, tendo esse balanço, que nós vimos no episódio seis da primeira temporada onde Shane estava no hospital e tendo aquele momento em que não sabia o que fazer. Eu achei que era realmente impactante, porque fazia a situação atual deles ainda mais triste, porque é como “Tem alguém com a xícara de café do Starbucks deles. Bem, isso não existe mais.”
P: Você pode dizer quais personagens o flashback envolve?
FD: Lori e Shane, na verdade.
P: Você pode comentar sobre como você fez o gênero zumbi mais intelectual com a televisão?
FD: Nós fizemos isso?
P: Bom, filmes de zumbi tendem a ter um orçamento menor. Eles não costumam ter muita credibilidade. Como essa atmosfera afeta a série?
GN: É por causa do Frank.
FD: Bom, isso depende de que filme de zumbis nos referimos. Mas a resposta real é que nós não estamos tentando contar uma história em noventa minutos ou duas horas. Nos temos o luxo de manter uma peça muito característica. E, uma vez que você tenha esse luxo e você tenha o elenco que nós temos, você realmente consegue coisas incríveis.
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Fonte: Dread Central
Tradução: Daniel / Staff WalkingDeadBr
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