Atenção! Este conteúdo contém SPOILERS do oitavo episódio, S08E08 – “Iron Tiger”, da oitava temporada de Fear the Walking Dead. Caso ainda não tenha assistido, não continue. Você foi avisado!
Após um retorno morno com “Anton”, Fear the Walking Dead mostra que ainda sabe surpreender e impactar quando quer, pois “Iron Tiger” (Tigre de Ferro) é um ótimo episódio e o melhor em muito tempo.
Depois de uma temporada abaixo da média e um episódio 7 de retorno tão qualquer coisa que poderia ser enquadrado como ruim se não fosse pelo final, o episódio 8 dessa temporada é uma verdadeira surpresa e um fiozinho de esperança de que essa série tenha um final decente.
Um episódio ousado que trouxe uma vibe parecida com as primeiras temporadas da série, tomando decisões arriscadas (que funcionaram no final) e cenas que com certeza irão chocar.
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Após vários episódios desaparecida, Luciana (Danay Garcia) finalmente está de volta e com um ar de novidade. O caso de Luciana em Fear the Walking Dead é triste e curioso ao mesmo tempo. Pois em sua introdução, na metade da 2ª temporada, a personagem era uma das mais “Badass” da série e recebia destaque toda vez que entrava em cena, carregando consigo um ar de liderança e bravura, mas que ao decorrer das temporadas foi se perdendo drasticamente, até se tornar uma personagem que é totalmente o oposto do que havia sido em sua introdução.
Depois da morte de Nick (Frank Dillane), a personagem tinha tudo para crescer e se desenvolver cada vez mais, mas ao invés disso os roteiristas decidiram a deixar de lado para se tornar uma “figurante de peso”. Entrando em uma decadência desde a 5ª temporada, cominando na 7ª aonde ela se tornou praticamente inútil, Luciana agora retorna com destaque e pela primeira vez se tornando protagonista de um episódio.
É notável o que os roteiristas tentaram fazer com a personagem nesse episódio, a resgatando como uma líder e trazendo de volta esse ar mais brutal da personagem que ficou na 2ª temporada. Foi uma boa ideia e ela é funcional, mas é lamentável que a personagem teve que esperar até o final da série para receber o destaque que tanto merecia.
Além de Luciana, também temos o retorno de Charlie (Alexa Nisenson), que até então tinha sido dada como morta. Diferente do caso de Luciana, que havia ficado em aberto, o retorno de Charlie é um tanto quanto forçado, ainda mais se levarmos em consideração o estado no qual ela se encontrava no final da 7ª temporada e todos os indícios deixados durante a primeira parte dessa 8ª temporada.
Aqui fica visível que a ideia de traze-la de volta foi tomada de última hora e com certeza após a finalização das gravações da 1ª parte da temporada, pois ao longo dela, Charlie foi dada como morta diversas vezes através de diálogos. Porém, apesar de contraditório, a decisão foi bem utilizada aqui, pois toda a trama do episódio é voltada através desse retorno, e esse retorno gerou a cena mais impactante da série em anos.
A decisão de trazer Charlie de volta também serviu para concluir um arco e para canonizar um acontecimento que a muito era esperado, o embate entre Charlie e Madison (Kim Dickens), e a revelação sobre a morte de Nick. Aqui nesse episódio isso finalmente aconteceu e foi bem feliz no que se diz respeito ao desenvolvimento e conclusão dessa trama.
Esse embate sempre teve potencial para desencadear algo grande e definitivo, e talvez esse tenha sido o motivo de ausentar Charlie durante toda a primeira parte da temporada, pois assim que ela aparecesse essa trama teria de retornar, obrigatoriamente.
Com a ausência de Madison, Charlie conseguiu evoluir ao longo das temporadas e se tornar uma das personagens principais do derivado, e conhecendo sua trajetória, quando vemos esse embate enfim acontecendo, nós os telespectadores não escolhemos um lado. A gente sente o pesar de Madison, mas também compreende a evolução e redenção de Charlie, algo que foi um dos pontos mais bem trabalhados nessa segunda fase da série, pois quando chegamos aqui ficamos divididos com os dois lados, compreendendo e temendo pelas decisões que foram tomadas.
Na crítica do episódio 7, citamos o quão delicado e arriscado era o retorno de Troy Otto (Daniel Sherman) para a série, pois ela poderia não o trabalhar tão bem como o fez na 3ª temporada, correndo o risco de estragar o personagem que já estava muito bem estabelecido e tinha um arco concluído. Pois bem, aqui a série mostrou que apesar da decisão questionável de o trazer de volta, eles ao menos estão se esforçando para o desenvolver e o trabalhar de forma digna.
Ao final do episódio anterior a sensação de vê-lo retornar era boa, mas a impressão era de que suas motivações não eram claras e boas o suficiente para justificar seu retorno. O personagem havia retornado com um ar de caricatura, mas felizmente esse episódio mudou esse cenário.
Se antes a impressão era de que Troy havia retornado mais forte do que nunca e com sede de vingança, esse episódio conseguiu dar a ele mais peso e uma motivação além dessas já pré estabelecidas, o que o deixou ainda mais completo. Agora ele tem uma filha e a vingança que ele diz buscar de Madison não é pelo seu pai e irmão (o qual convenhamos, ele não dava a mínima), mas sim pela mãe de sua filha.
Vê-lo perder a postura e toda a sua imponência ao descobrir que sua filha havia desaparecido trouxe um ar mais humano para o personagem e o colocou num paralelo imediato a Madison. Agora, sabemos que Troy na verdade nada mais é do que uma cópia de sua inimiga, com as mesmas motivações e objetivos, apenas lutando do outro lado.
É interessante o como ao longo do episódio ele havia sido trabalhado como o vilão imponente e frio, mas que ao ter seu bem mais precioso em jogo, toda essa persona simplesmente desaparece e ele volta a ser um descontrolado e desesperado.
São coisas pequenas como essa que dão mais profundidade ao personagem, algo que faltou em Strand (Colman Domingo) durante toda a 7ª temporada, quando ele ainda era o vilão, e nos irmãos Shrike (Maya Eshet) e Ben (Daniel Rashid) durante a primeira parte dessa mesma temporada. Esse pequeno desenvolvimento já fez dele um vilão melhor do que esses três antecessores que acabei de citar e é bom que a série se atente a torna-lo mais interessante e profundo, e não apenas uma caricatura do que ele já foi.
Assim como no episódio anterior, o auge desse capítulo é todo o terceiro ato e as decisões que foram tomadas.
A morte de Charlie foi uma das cenas mais impactantes de toda a série. Retratar um suicídio sempre é algo muito delicado e perigoso, e aqui devo dar créditos para Heather Cappiello que dirigiu esse episódio, e que nesse seguimento em especifico, se ateve em mostrar apenas o necessário e que soube causar impacto, mesmo mostrando tão pouco.
Retratar o suicídio de uma adolescente da forma no qual foi feito poderia ter dado muito errado, extrapolando os limites e deixando a cena problemática. Mas, felizmente, não é o que acontece, pois assim como no episódio 14 da 9ª temporada da série principal, que teve todo o cuidado em não mostrar a execução de crianças, a decisão de mostrar a morte de Charlie em segundo plano é um acerto e tanto. Além disso, a morte da personagem possui um peso narrativo muito grande e gerou uma série de consequências irreparáveis para os personagens.
Mesmo sendo compreensível as reações de Madison ao longo do episódio ao descobrir que Charlie matou Nick, é inegável que a personagem tenha agido com uma certa imaturidade ao longo da trama.
Um dos pontos mais bem trabalhados do episódio e da temporada é como a série constrói Madison como uma personagem cheia de falhas e que está sempre tomando decisões questionáveis. Se nas primeiras temporadas a personagem tinha essa vibe de matriarca protetora, aqui ela recebe uma nova roupagem, se tornando essa líder que sempre falha e se deixa levar pelo emocional. E por incrível que pareça, isso não é um ponto negativo, pois ao trabalhar as consequências desses atos a série deixa o texto mais profundo, o que seria um problema se não o fizesse.
As decisões precipitadas de Madison gerou a morte de Charlie e o rompimento do grupo, deixando uma cicatriz em Daniel (Rubén Blades) no qual ele jamais seria capaz de perdoar. E mais ainda, deu a ele um desenvolvimento que a tempos não tinha, a partir dessa tragédia.
É interessante como o episódio trabalhou essa questão das ações e consequências, algo básico, mas que a série pareceria ter abandonado já fazia um bom tempo, pois poucas eram as ações que geravam consequências para os personagens. Isso é fundamental para a evolução da trama, algo essencial para dar profundidade ao texto. E talvez esse tenha sido o ponto mais bem trabalhado desse roteiro: o como cada ação, tanto do passado quanto do presente, está gerando consequências e influência sob esses personagens. Caso essa pegada se estenda para os últimos episódios, a serie terá potencial para entregar um final digno e marcante.
Superando o retorno medíocre que havia sido o episódio 7, “Iron Tiger” é o melhor episódio de Fear em tempos.
Possui uma direção muito boa de Heather Cappiello, que sempre busca por movimentos de câmera inventivos e dinâmicos, usando muita câmera na mão e sabendo conduzir a narrativa no tempo certo sem muitas pausas ou quebras de ritmo.
Além de desenvolver Troy e mostrar que seu retorno possui uma boa justificativa e que a série ao menos está sabendo trabalhar com sua presença e o impacto que ela causa.
Esse episódio é tecnicamente o melhor da temporada, o que não significa muita coisa, mas mesmo assim não deixa de ser um episódio muito bom. Ele é ousado, arriscado e sabe trabalhar muito bem aquilo que propõe, é com certeza a maior surpresa dessa temporada e o auge dela até o momento.
Fear the Walking Dead – S08E08: Iron Tiger
Nota: 8.1/10
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