O inimigo se aproxima. O medo toma conta de todos. O combate será inevitável. Os mistérios sobre o refugio serão revelados. Gomes poderá ter mais uma pista de quem realmente ele é. Mais uma batalha terá seu inicio.
Cinco de Janeiro de 2011, Canoas, Rio Grande do Sul
O tenente Renan liga o transmissor de rádio e pega comunicador para tentar contatar aquelas pessoas que se aproximavam cada vez mais do refúgio.
– Aqui é o tenente Renan comandante do refúgio Berlin 823794. Com quem eu falo, cambio.
– Repito aqui é o tenente Renan comandante do refúgio Berlim 823794. Com quem eu falo, cambio.
Todos aguardavam esperançosamente a resposta dos novos visitantes, acreditando que os levariam de onde estavam para outro lugar, um lugar seguro onde pudessem recomeçar suas vidas. A resposta então veio.
– Aqui é o 1° sargento Guilherme Fabregas responsável quinto comando aéreo regional (5° COMAR), há quantos sobreviventes no refúgio Berlim? Cambio.
– Porque está pergunta primeiro sargento? Cambio.
– Porque precisamos saber quantas pessoas teremos de matar. Cambio desligo.
– Atenção todos vocês. Código nível 1, repito código nível 1. Peguem suas armas e preparem-se para a batalha. Carlos avise o padre e os outros. De uma arma pra cada um e se organizem em trios. Everton quero no comando você, Gomes, soldado Ribeiro e Carlos. Escolham seus parceiros e vão rápido, rápido. Todos ainda sem saber o que fazer fazem o que o tenente Renan os ordenou e correm para se armar e se organizar. Os trios se formaram em três equipes:
Ficaram com para lutar em uma trincheira de carros na rua frente ao refugio:
Ficaram de lutar nas torres de monitoramento sobre os muros, cobrindo a área da trincheira.
Eu havia me armado de duas pistolas Desert Eagles ponto cinquenta, uma rifle de assalto AK-47, granadas e uma espingarda calibre 12. Luis se equipou com uma Glock 17, uma M-16 e uma Uzi. O padre quis abster-se de lutar então deixamos ele cubrindo nossa retaguarda com uma bereta para caso de emergência e pedimos para que ficasse carregando nossas armas. Pelo que pude ver no terraço haviam rifles de longo alcance como snipers e sobre os muros nas torres metralhadoras de grosso calibre.
Estava temeroso pelo combate que iria iniciar, não sabia o número de inimigos, o quão armados estavam e o que queriam cm o nosso refugio. A cada suspiro que dava pensava que poderia ser o último, então eles finalmente chegaram.
Os caminhões chegaram e acostaram perto do refúgio. Dele saíram inúmeros soldados eu consegui contar vinte deles mais parecia ser o dobro. Todos com fardas do exercito e muito bem armados. Esses soldados se protegerem atrás de carros tombados, entre os becos na rua e os caminhões acostados. Pareciam estar preparados para matar e morrer. De repente os soldados começaram a atirar. Era o inicio do combate.
Não pensei duas vezes peguei a AK-47 e comecei a atirar loucamente contra os soldados, Luis me acompanhou com sua M-16. Os soldados inimigos revidavam com suas metralhadoras e submetralhadoras. Os alvos dos soldados eram o meu trio, já que o trio de Everton estava naquele momento dando a volta no quarteirão para cercar e surpreender os inimigos. Quando eles perceberam que estavam sendo alvejados por os outros trios nas torres eles começaram a contra-atacar. A cada pente que se ia eu tocava uma granada de mão contra eles, já Luis preferia trocar de arma enquanto o padre ainda assustado com aquele tiroteio que parecia não ter fim recarregava nossas armas. O tenente Renan estava tendo sucesso com seu trio no terraço. Quem se aproximava do refúgio era almejado na hora. O número deles diminuía pouco a pouco. De repente o trio de Everton apareceu do outro lado da rua entrando no combate e surpreendendo o inimigo. O que não sabíamos era que eles tinham tido a mesma idéia de Everton e quando percebi já era tarde de mais cerca de 10 soldados haviam nos cercado. O padre Alfredo perturbado com aquela situação puxou sua bereta e a ergueu, no exato momento o soldado inimigo puxou o gatilho atirando no pulmão esquerdo do padre. Luiz e eu jogamos nossas armas no chão. Eu fui acudir o padre junto a Luis que como médico me disse que a bala havia perfurado o pulmão e fez um sinal com a cabeça que não tinha mais nada a fazer. Com o padre ainda em meus braços agonizando, não conseguia segurar as lagrimas. O padre estendeu sua mão e eu a assegurei, ele olhou em meus olhos e me disse “não chore meu filho, tenha fé em você mesmo” e então parou de respirar. Os tiros cessaram. Quando estávamos sendo levados vi que Everton, Juliana e Rafaela haviam sido capturados também. Tudo indica que foram surpreendidos com alguns soldados protegendo suas retaguardas e que Carlos e o tenente Renan haviam percebido isso, assim pararam de atira para não machucar os outros capturados. Fomos todos levados para dentro do refúgio. Estávamos todos ajoelhados no chão com as mãos e pés atados, cercados por vários soldados. Apareceu então ele. Primeiro sargento Guilherme Fabregas.
– Acho que vocês já sabem quem sou não é?! Devem estar se perguntando neste momento o que eu quero com o refugio, certo? Acho que não devo esconder de vocês já que vão todos morrer. Ele então olha para mim e expressa surpresa e me diz.
– Ei achei que tivesse morrido Gomes. Vaso ruim não quebra mesmo hein!
Fico realmente espantado com o que ele disse, pois não me lembrava dele. Carlos então pergunta se ele me conhecia e o que queria com eles. Ele então explica.
– Hora, hora então eles não sabe quem você é Gomes. Bom, acho que vou contar para seus companheiros. Gomes era um dos meus subordinados. Segundo sargento do 5° COMAR e chefe do batalhão especial do comando kamikaze (B.E.C.K.). Não sei muito sobre ele, somente que foi recrutado aos 15 anos de idade pelo exercito, onde cumpria pena na FAB a antiga FEBEM por pequenos crimes. Há um ano ele desapareceu em uma missão na Amazônia junto ao seu esquadrão. Seu corpo nunca foi encontrado, já os de seus soldados, todos morreram. O que eu quero deste lugar é o depósito de armas do governo que foi deixado na área subterrânea neste supermercado, isso o tenente Renan deve saber, não é mesmo?
– Sim. Quando o ataque dos zumbis começou encontrei este lugar junto aos meus homens. O supermercado já estava abandonado, os muros, as grades e as torres já haviam sido construídas. De imediato pensei em ocupar este lugar, mas não sabia da área subterrânea.
– Agora não importa mais, irei levá-los ao meu comandante. Ele ficará feliz em ti ver Gomes. Hahahaha…
O sargento Fabregas pede aos seus soldados que nos levem para a área subterrânea e que fossemos ao depósito. Nossos pés são soltos e nos levantamos. Fomos em direção ao almoxarifado do supermercado que estava vazio. No fim havia um alçapão ao lado de uma estante. Um dos soldados o abre, se revelando então uma escada. Começamos daí a descer. Quando todos descemos seguimos andando por um corredor. No final deste corredor encontramos três caminhos diferentes. Eu era o último do nosso grupo junto ao Everton e um soldado inimigo. Naquele momento pensei a mesma coisa que Everton, que me olhou e fez um sinal positivo com a cabeça. Daí ele empurrou com um jogo de corpo o soldado que nos acompanhava permitindo que eu fugisse por outro dos três caminhos. Corri sem olhar pra trás, apenas escutei um tiro. Sabia que viriam atrás de mim, mas essa era a única chance que eu tinha de escapar e ajudar os outros a saírem.
Será que consiguirei fugir? Poderei eu ajudar a todos ou morreria tentando protegê-los? As dúvidas martelavam em minha cabeça. Eu ainda não me lembrava de nada e não acreditava que eu era um militar. Pra mim eu só era um garoto sem identidade que tinha pesadelos à noite.
–
Autor: William Santos / @willsanttoos
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