O grupo de sobreviventes é encurralado e obrigado a lutar por suas vidas. Por fim a esperança de chegar á um refúgio é o que os motiva a continuar lutando contra aqueles que já mais descansarão.
Dois de Janeiro de 2011, Canoas, Rio Grande do Sul
Estávamos em menor número e a munição era pouca, então Carlos nos disse:
_ Temos de entrar no loteamento não temos mais pra onde correr.
O gemido dos mortos-vivos ficava cada vez mais próximo. Fomos em direção a entrada do loteamento. Não tinha ninguém, então entramos. Corremos em direção á um dos apartamentos passando por algumas quadras de esportes no que parecia ser uma praça dentro do loteamento. A porta de cor marrom e numero 304 gravado em sua parte superior estava aberta, e sem pensar duas vezes nós adentramos a residência e trancamos a porta. Carlos e eu fizemos uma barricada com uma estante marrom e um sofá de três lugares, pois estávamos em uma sala com poucos móveis, diversos objetos jogados pelo chão onde havia um tapete de cor laranja com poucas opções para uma barricada. Fizemos silêncio. De repente escutamos gemidos e latidos do lado de fora. Fui em direção a um buraco pequeno da espessura de uma tampinha de garrafa pet que ficava a um metro da porta. Ao olhar na fechadura fiquei assustado com o que vi. Pude contar oito cachorros e vinte seis zumbis que pareciam estar cercando a casa, por outro lado pareciam calmos como uma cascavel pronta para dar o bote a qualquer momento. Quando contei para Carlos vi o espanto em seu rosto e medo em seus olhos. Em tons baixos começamos a nos apresentar para quebrar aquele clima tenso. Carlos começou me apresentando.
_ Pessoal esse é o novato Gomes. Encontrei-o na frente da casa da família Oliveira. Todos sorriram ao mesmo tempo em que checavam suas armas e munições. Carlos continuou as apresentações.
_ Ei galera agora é a vez de vocês.
_ Eu sou Juliana. Disse a garota da ak-47. Uma garota loira, olhos azuis estatura mediana que aparentava ter 17 ou 18 anos.
_ Sou Gislaine. Disse a outra garota. Essa garota era ruiva, olhos castanhos, estatura mediana que aparentava ter entre 20 ou 22 anos.
_ Tá e eu sou o Everton, mas antes me chamavam de Ever. Everton era um cara negro, olhos castanhos, alto e aparentava ter 30 anos de idade.
Eu disse:
_ Ok, pessoal, mas como sairemos daqui La fora tem zumbis pra caralho.
Carlos então sugeriu:
_ Estas casas possuem portas dos fundos que dão em um quintal.
Perguntei “como sabe disso?” e ele me respondeu que já tinha visto loteamentos como esse. Carlos nos disse pra revistarmos as peças da casa para que encontrássemos algo de útil. Carlos seguiu até a cozinha, eu para o banheiro, Everton continuou na sala e Gislaine foi com Juliana aos quartos. No banheiro estreito onde azulejos de cor azul-claros e brancos decoravam as paredes tinha um pequeno armário. Abri esse armário que ficava sobre a pia encontrei aspirinas, paracetamol, mertiolate e bandagens. Após 7 minutos voltei à sala, estavam lá Carlos e Everton. Logo em seguida chegaram Juliana e Gislaine. Decidimos então sair pela porta dos fundos já preparados pra brigar.
Abro a porta e corremos pro que parecia ser um quintal, mas na verdade era a saída pra outras residências, um pátio comprido e dezenas de zumbis que pareciam estar nos esperando. Pensamos em voltar, contudo ao olhar pra trás percebemos que os zumbis já haviam destruído a barricada e entrado na casa.
Não tínhamos alternativa a não ser lutar. Desesperados, conversamos em voz baixa.
_ Juliana você tem quanto de munição? Disse Carlos.
_ Dois pentes. Respondeu Juliana perguntando de volta.
_ Vocês?
_ Tenho 12 balas pro meu revolver o 38. Disse Everton.
_ Tenho Nove cartuchos pro meu rifle. Respondeu Gislaine.
_ Eu tenho só o meu machado e uma bereta sem balas.
_ Porra eu não tenho nada. Respondi.
Carlos então puxou de dentro da sua mochila um facão cumprido e meio enferrujado. Tá ai se diverte amigo é o que tem pra hoje. “Merda”, “o que faço agora” eu disse. Everton me olha no olho e diz “é matar ou morrer”.
Corremos ao encontro dos zumbis e começamos a matança. Todos começaram a atirar noz zumbis, o sangue jorrava e tripas se espalhavam pelo chão. O som dos tiros perturbava os meus ouvidos. Carlos ficou um pouco a minha frente, ele cortava e decepava os zumbis como se fizesse isso há anos.
Ele gritou pra mim “cabeça corte as cabeças”. Segurei firme o cabo do facão foquei nos pescoços e comecei a decepar cabeças de homens, mulheres, velhos e crianças. O cheiro pútrido ainda me incomodava e o remorso me estremecia. Matamos alguns zumbis, partia crânios, braços e torsos, mas o número só parecia aumentar então fomos abrindo caminho até o que parecia uma saída do loteamento. O pessoal procurava atirar na cabeça ou no topo da coluna vertebral para parar os zumbis mais rápidos e fortes Cansados e fortes, enquanto eu e Carlos matávamos os mais lentos. Os cães correram e se esconderam. Exaustos corremos ainda ofegantes até o que parecia ser uma saída. Ao olhar pra trás Vejo aqueles cães famintos de carne fresca e sedentos de sangue correndo em nossa direção então grito os avisando com o pouco de voz que tinha “cães, cães corram”. Todos olham pra trás e voltam a correr.
Gislaine acaba tropeçando em uma perna de um zumbi morto e cai. Carlos olha pra trás e vê Gislaine caída sem condições de continuar e grita “Giiiiii”. Era tarde de mais ela joga seu rifle pra frente com a pouca força que tem fazendo com que chegue aos meus pés. Carlos tenta voltar, mas Everton o segura e o impede. Alegando dizer ser tarde de mais. O que era verdade. Gislaine grita “corram, corram, corram”. Eram suas últimas palavras. Os cães então a alcançam e começam a morder rasgar e despedaçá-la como se fosse um bife mal-passado. Carlos já não podia fazer mais nada. Peguei o rifle olhei nos olhos dele e disse. “Vamos embora, esse era o desejo dela”. Carlos me olha ainda lacrimejando e acena com a cabeça aceitando o conselho. Corremos então por mais duas quadras. Paramos então para descansar. Não se tinha mais sinais de zumbis por perto. Como se os zumbis estivessem caçando um de cada vez ou se deliciando com o belo banquete que conseguiram.
Carlos diz para esperarmos um instante e depois de recuperar as energias pra seguirmos rumo a um esconderijo. Perguntei “que esconderijo?”, ele respondeu “temos um refugio á três quadras daqui”. Sete minutos se passaram e continuamos correndo. Quando passamos as duas quadras Everton me disse “ei Gomes aquele é nosso refugio” apontando para mim um supermercado cercado por grades e por trás das grades uma parede de tijolos com somente uma entrada onde se encontravam dois soldados com mascaras em seus rostos e rifles nas mãos. Quando chegamos à frente do refugio, já ao amanhecer Juliana me disse “esse é o Fort. Beta, ou melhor, fortaleza Beta”.
Os soldados abriram o portão e nos deixaram entrar.
Um supermercado verde e branco tinha dois andares, com um estacionamento pequeno e dois soldados no portão fazendo a segurança, as grades eram elétricas e o murro de tijolos largo, realmente uma fortaleza. Quando entramos pela porta de vidro que abria e fechava quando nos aproximávamos encontramos mais dois soldados ao lado de que parecia ser o seu comandante. Carlos então cumprimenta aquele e homem e começam a conversar.
_ Tenente não trago boas noticias.
_ Pra variar, bom depois me faça um relatório. Quem é este jovem ao seu lado?
_ Ele é o Gomes eu o encontrei perto da área residencial.
_ Bom, meu jovem sou o tenente Renan e aqui será sua casa, seu porto seguro, seu lar. Aqui somos uma família e estamos todos no mesmo barco. Se precisar de algo fale comigo ou com o Carlos, meu filho.
Carlos era o filho do tenente, mas não aparentavam ser próximos. Percebi certa hostilidade no tom de suas vozes. Juliana então corre e da um abraço e um beijo no rosto do tenente Renan. Sim. Juliana era irmã de Carlos, filha do tenente Renan. Após o reencontro Carlos foi me explicando como funcionava aquela fortaleza que ele insistia em chamar de refugio. Contou que o grupo que me encontrou era o grupo de resgate e que eles procuravam a cada dois dias sobreviventes do holocausto. Perguntei por que isso tudo tinha acontecido e ele me disse que nem ele nem seu pai sabem, mas que tudo aconteceu dia 12 de dezembro de 2010 durante a tarde.
Que e estava indo pra casa quando viu pessoas correndo, homens atirando, pessoas derrubando umas as outras e se mordendo. Ele pergunta pra mim o que eu estava fazendo na rua aquele dia e qual era a minha história.
Sem saber o que dizer, eu acabei contando à verdade. Que eu não sabia nada sobre mim e sem se meu nome era Gomes. Ele não sabia o que me dizer também, então me disse que uma hora qualquer eu me lembraria.
De repente uma sirene toca, luzes acendem e um som alarmante surge das caixas de som que ficavam nas paredes do refugio. Um soldado passa por nós gritando “código vermelho nível 3”. Carlos me olha assustado e diz “isso não é comum” e sai correndo em direção a um armário. Ele digita a combinação e pega duas shotguns calibre 12. Um winchester junto a uma faixa de cartuchos que ele me entrega e uma Washington que ele pega pra si. E diz “como diz o Everton é matar ou morrer”.
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Autor: William Santos / @willsanttoos
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