Jefferson adicionou mentalmente os fato a sua lista de ocorrências estranhas das últimas 48 horas. Algo estranhou estava ocorrendo.
Jefferson estava se sentindo angustiado, pois sabia que a qualquer momento o gerador poderia parar de funcionar; o piloto havia partido há horas ainda não havia voltado com o combustível.
Passaram-se várias horas, até que Jefferson não sabia mais o que fazer. Pela primeira vez em muito tempo estava sentindo-se impotente. Sua família inteira ali, sob sua responsabilidade e ele nada podia fazer. Mas se acalmou e propôs:
– Vamos todos dormir cedo hoje, e amanhã vamos passear, que tal uma trilha?
Todos concordaram; as crianças mais entusiasmadamente, pois já imaginavam o que poderiam encontrar: cavernas, relíquias…
Carolina levou-os para o quarto e lhes contou uma história para que adormecessem logo, o que aconteceu prontamente.
Passou-se um tempo e Henry levantou da cama para beber um copo de água na cozinha. Ele olhou pela janela e através da vasta escuridão pode identificar luzes ao longe, que deduziu serem helicópteros viajando em direção as cidades. Como estava muito cansado, deixou para lá sua visão e voltou para cama.
[…]
O helicóptero produziu um barulho estridente ao pousar no heliponto. Todos da casa acordaram e Jefferson saiu correndo para ver o que havia acontecido saber o porquê da tamanha demora.
O piloto explicou toda situação para Jefferson que percebeu que algo ali estava muito estranho, até demais. Correu até a cozinha e pegou seu celular para fazer uma ligação. Presumindo que o marido fosse fazer uma ligação relacionada ao trabalho, ela advertiu:
– Jefferson, combinamos que essa viagem seria exclusivamente para descansar e aproveitarmos em família, você não vai trabalhar né?
Jefferson nem prestou atenção nas palavras advertentes da mulher. Só se concentrava no fato de que os meios de comunicação haviam parado de funcionar: A televisão estava sem sinal, os celulares não funcionavam. Lembrou da estranha história do piloto… Tudo indicava que algo ali estava muito errado.
– Nós temos que ir embora daqui agora Carolina, algo de muito estranho está acontecendo – falou Jefferson
– Mas amor, nós acabamos de chegar…
– Eu não tenho tempo para explicar agora, mas não podemos mais ficar nessa ilha, arruma suas coisas e as das crianças o mais rápido possível que precisamos voltar pra Caxias!
Insatisfeita com a atitude do marido, Carolina começou a arrumar todas suas malas. Seu filho ficou desolado. O pai apenas falou que iriam partir o mais rápido possível, mas não havia dado motivos claros.
Depois de tudo pronto, Carolina foi até onde o marido estava, e resignada, o abraçou. Era um abraço que traduzia tudo que ela sentia naquele momento. Ela confiava em seu marido, se ele dizia que o melhor era voltar, era o que certamente seria o melhor.
O piloto advertiu que estava com medo de não conseguir voltar, pois o tiro do policial havia acertado o motor da hélice e ele era o coração do helicóptero. Mas sem outra idéia ou possibilidade, a família partiu rumo a Caxias do Sul.
Henry se lembrou da visão da noite anterior na janela da cozinha e contou que havia visto três helicópteros indo em direção as cidades. Todos dentro do helicóptero ficaram calados e Jefferson adicionou mentalmente esse fato a sua lista de ocorrências estranhas das últimas 48 horas.
Jeniffer estava muito preocupada com família, que havia permanecido na cidade. Henry a consolou, disse que tudo ficaria bem e que todos aqueles fatos estranhos nada mais passavam de coincidências.
De repente Henry gritou e avisou que tinha visto um homem em cima de um prédio pedindo socorro com uma faixa. Logo em seguida o dito homem do prédio deu um tiro sinalizador para cima. Preocupado, Jefferson ordenou ao piloto que aterrissasse no prédio para socorrer o homem. Temeroso depois dos acontecimentos em Torres, o piloto e hesitou em fazer o que o patrão pedia, mas não podia opinar, era um empregado e deveria obedecer as ordens que lhe eram dadas. Quando o helicóptero aterrissou, o homem pediu que lhe levasse com eles, pois se ali permanecesse iria morrer.
– Porque o senhor iria morrer? – perguntou Jefferson
– Por favor, me deixe ir com vocês que conto toda a história – apelou o homem
– Ok, suba e nos conte a história – falou Jefferson
O homem subiu a bordo. Logo após, quando o piloto fechou as portas e iniciou a decolagem, uma porta foi arrombada e de lá saíam várias pessoas cheias de sangue correndo e fazendo zumbidos estranhos.
O homem começou a falar subitamente, após momentos de silêncio:
– Meu nome é Carlos, sou um cientista que trabalha no departamento de epidemias, vírus letais e sempre morei aqui na capital Porto Alegre. E vocês moram onde?
Jefferson tomou a palavra em nome de todos:
– Somos de Caxias do sul, estávamos passeando na minha ilha no atlântico.
O homem apresentou uma feição espantada, que veio seguida de mais palavras:
– Presumo que estejam alheios ao que aconteceu nos EUA e se espalha no mundo a uma velocidade monstruosa. Não sei como começar, mas sei que isso será um choque para todos vocês; talvez eu deva esperar e falar quando chegarmos à casa de vocês
Repentinamente, o piloto os interrompeu e avisou que já estavam chegando a Caxias do Sul. Passados quinze minutos, momento em que o helicóptero já sobrevoava a região norte do município, já quase na altitude dos edifícios. Um barulho estrondoso anunciava que o motor havia estragado definitivamente.
O helicóptero começou a cair.
–
Autor: Maiki Jean / @maikijean
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