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Falando sobre zumbis com o escritor Scott M. Gimple

O programa de TV paga mais popular da América, The Walking Dead, que está perto do fim da primeira parte da terceira temporada, mostra o lado bom e o lado ruim das pessoas durante um apocalipse zumbi. Criado por um grupo de escritores e produtores, a série conta com Scott M. Gimple, um dos escritores, que se sentou com o Daily Sundial para falar sobre The Walking Dead e sobre como é escrever.

O que te levou a escrever?

Quando eu tinha cerca de oito, nove anos, eu comecei a ler HQ’s, eu tinha acabado de me mudar para Nova Jersey e uma das primeiras coisas que eu me lembro de ter feito foi ter ido a uma banca de jornal com meu pai. Eu nunca tinha pensado em quadrinhos até aquele momento, só vi um em minha frente e peguei-o. Eu comecei a lê-los por causa das letras, das colunas, e comecei a pensar na maneira como eles eram escritos. Acho que pode ter sido na mesma época em que os grandes filmes começaram a sair, e eu percebi que aquela coisa toda era escrita, e comecei a fazer isso eu mesmo. Comecei a escrever histórias e quadrinhos, achando isso muito legal, e tendo ou não pessoas me apoiando na escola, ter pessoas que gostavam do que eu estava fazendo era encorajador. Desde muito cedo eu queria ser um editor assistente na DC Comics, com esperanças de então virar um editor e depois começar a escrever, como eu vi muitos editores fazendo. Esperando poder de algum modo ser capaz de seguir para a TV e para filmes também. É basicamente o plano que eu tenho seguido, seguindo os planos de um garoto de nove anos de idade.

Algum conselho para aqueles que querem entrar na indústria da escrita?

A primeira coisa que você tem que começar a fazer é escrever. Tenha certeza de que você gosta disso, que é algo que você ama fazer, que você faria sendo pago ou não. Há momentos em que você é pago, e há momentos em que você não é. Não deve ser uma tarefa que você odeia fazer. Para aqueles que estão no ensino médio ou na faculdade, ache a sua voz, porque quando você estiver pronto para procurar um emprego, você terá um portfólio e exemplos. Não fique escrevendo sobre escrever o tempo todo, nem fique lendo sobre isso, tenha uma boa base educacional que te traduza para seu estilo de escrita. Não escreva somente do jeito que você fala, do jeito que você vive, se surpreenda, não caia em uma monotonia, seja imaginativo.

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Como você se envolveu com The Walking Dead?

Eu não tinha nenhuma conexão com a série, não conhecia ninguém que trabalha com ela, foi simplesmente do nada. Foi uma bela jogada do meu agente, eles tiveram uma rotatividade na equipe depois da primeira temporada e estavam procurando por novos escritores. Meu agente levou meu material para a AMC, e eles gostaram. Foi um longo processo me encontrar com Glen Mazzara, Robert Kirkman e outros. Ter esses encontros com um monte de gente foi como tentar passar pelo Supremo Tribunal, eu estava um pouco nervoso, pois estive em várias séries de uma temporada só, que tinham bastante drama por trás das cenas. Tem sido uma experiência incrível e eu gosto muito das pessoas com que eu trabalho.

Você era fã da HQ?

Eu estava lendo aos pouquinhos, não era um leitor assíduo, mas passei a ser. É muito interessante ler uma pequena coleção em vez de uma coleção de múltiplas edições. Meio que muda o jeito que a história te atinge, a próxima do mês, é muito mais intenso do que uma coleção na qual você pode virar a página e ver a próxima edição. Eu li a HQ inteira umas três ou quatro vezes, e eu fico constantemente intimidado com ela enquanto nós trabalhamos na série, eu amo isso. Meu maior medo é se estamos fazendo justiça a ela com a série.

Você escreveu um dos maiores momentos da segunda temporada. Como você se sentiu escrevendo ele?

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Eu estava muito empolgado, o primeiro que eu escrevi foi o episódio três, em que Shane mata Otis. Nós pensamos nas histórias juntos, a história em geral e os pequenos incidentes, e essa história saiu a partir de um palpite que eu dei. Nos perguntaram que episódios queríamos escrever, e todos queriam escrevê-lo, e aconteceu que eu puxei o palito certo. Eu tinha muitas idéias, e a maneira como o teaser foi feito… eu tive sorte. Porque eu escrevi aquele, eu estava no lugar certo na rotatividade para fazer o final da mid-season. Fazer aquele episódio foi uma das melhores experiências que eu tive na TV.

A série se desviará completamente da HQ?

O universo da série de TV de The Walking Dead é bem diferente do da HQ. Para começar, existem personagens na série que não estão na HQ. As coisas são diferentes dos quadrinhos, mas há períodos em que nós nos aproximamos dele e usamos umas coisinhas aqui e ali. Eu gosto de escrever algo inspirado na HQ e mudá-lo um pouco, para surpreender o leitor e o telespectador, para avivar as cenas e as emoções dos personagens da série. Robert Kirkman fica na sala conosco todo dia e ele está sempre ansioso para ver o que criamos.

O que você faria em um apocalipse zumbi? Quanto tempo você sobreviveria?

Primeiro eu gostaria de usar a resposta de Robert Kirman a essa pergunta: “ele imediatamente pularia de uma ponte”, ele acha que morreria de uma maneira horrível. Com certeza eu não faria isso, eu penso muito nisso. Se eu estivesse em Los Angeles, iria para a Ilha Catalina. Nunca fui lá, não conheço muito o lugar, mas sei que eles têm áreas agrícolas, búfalos e bisões. Ir para uma ilha é provavelmente uma das coisas mais espertas a se fazer, é muito mais manejável, conforme a população vai aumentando. Se alguém morrer e se transformar em um zumbi, começa tudo de novo, a infecção e a crise. Um dos pontos altos da série é que existe um lado bom e um lado ruim do homem. Nem todas as pessoas simplesmente se tornam monstros quando começa uma crise, algumas sim e algumas não, eu acredito que as pessoas poderiam trabalhar juntas para sobreviver. Sendo otimista, eu poderia sobreviver e ter uma vida longa.

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Fonte: Sundial

Jessica Storrer

Estudante de Comunicação, professora de Inglês, staff esporádica e zombie killer nas horas vagas. Tenho pavor de políticos, aspargos e portas giratórias. Sou doente por seriados, pela estrada, por mapas, por Stephen King e por culturas novas.

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