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Eulyn Womble, figurinista de The Walking Dead, em: O que vestir no Apocalipse Zumbi

O traje desalinhado dos sobreviventes em The Walking Dead é cuidadosamente desenhado para informar arcos e enredos dos personagens. A figurinista Eulyn Womble nos confidencia sobre como o guarda-roupa impacta a narrativa, e como ela faz com que caçar zumbis se torne um pouquinho sexy.

Enquanto os seus olhos se deliciam com sangue e vísceras de zumbis, Eulyn Womble entra na sua cabeça.

Analisando minuciosamente o guarda-roupa da mesma maneira que os atores dissecam um papel, a figurinista da série The Walking Dead, da AMC, implanta um arsenal psicologicamente orientado de cor, estilo, textura e acessórios, para subliminarmente melhorar o enredo e o desenvolvimento dos personagens. Se ela fez seu trabalho corretamente, você não percebe. Você sente.

“A Eulyn não só tem um senso real da moda e um ótimo olho, como também entende que o figurinismo significa o estado emocional de um personagem,” diz o produtor executivo da série Glen Mazzara. “Ela tem sido bastante criativa em relação a mostrar como nossos personagens se sentem sobre si mesmos e os outros, através da maneira que se vestem. Ela também me ensinou bastante sobre como as pessoas mudam seu estilo ao longo do tempo em diferentes circunstâncias.”

Agora na sua terceira temporada, a série de sucesso narra a carga emocional e física em um grupo de sobreviventes que luta contra zumbis, grupos rivais e uns aos outros para se manterem vivos. A Womble desenha, colore e coordena as roupas do elenco para não apenas espelhar mudanças individuais, mas também suas relações para com os outros, e outros grupos de sobreviventes.

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“Quando estou lendo um script, posso ver as pessoas imediatamente”, ela diz. “Eu começo a desenhar figuras e tomar notas. Então eu junto ‘plaquinhas de sentimentos’ – que é como um certo personagem me faz sentir. Eu converso um pouco com os atores ou faço um rápido estudo do personagem para ter certeza de que estamos na mesma página. Glen e a produtora executiva Gale tem a última palavra. Eles me deixam cheia de ideias, mas as vezes eles têm que me controlar.”

Quase sempre, as ideias peculiares de Womble os ganha. “Uma regra de filmagem é, ‘Não coloque pessoas usando a mesma cor perto uma da outra’. Mas eu faço isso em Walking Dead o tempo todo,” ela conta. Geralmente, é pra mostrar coesão–como a faixa de cores quentes para os sobreviventes dessa temporada.

“Eu os chamo de minha Tribo da Terra,” ela ri. “Eles quase sempre estão vestidos em marrom, verde, tons da terra. Eles foram viver na floresta, e se tornaram uma equipe distinta de guerreiros. O que todos usam é muito prático, utilitário. Eles tiveram que endurecer-se. Ninguém se importa com quem você era antes do apocalipse. Agora é, ‘Você pode sobreviver e aguentar?’ Então você é apresentado ao Governador e seu grupo. Eles são os senhores Tribo do Céu, que vestem um pouco de azul. Eu queria uma vibe mais conservativa, uniforme, e uma semelhança com o metal, com armas e o helicóptero, o que me deu o apelido deles.”

Womble trouxe outra reviravolta sutil com os uniformes da prisão. No começo da temporada, os sobreviventes tornam segura uma prisão escura e labiríntica cheia de presos zumbis. “Alguns dos membros da produção ficaram chocados pelos presos vestirem azul e listrado, e não laranja,” Ela diz. “Eles diziam ‘eu não consigo imaginá-los.’ Esse era o ponto. O cinza-azul realça a maquiagem zumbi e você não os vê tão facilmente. É mais assustador quando eles parecem surgir do nada.”

Por outro lado, outras escolhas acabam por se tornar pontos focais – como o tecido das asas de anjo que ela costurou no colete de couro usado por Daryl Dixon (Norman Reedus), que gerou debates nos sites de fãs na temporada passada, enquanto o olhar guerreiro pintado da recém-chegada Michonne (Danai Gurira), gerou burburinho até o retorno da série no mês passado.

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“Nesta temporada, eu introduzi o poncho do Daryl, que foi inspirado pela praticidade e evocou o Oeste Selvagem,” diz Womble. “Eu estava correndo um risco introduzindo um item tão ousado–as cores são mais fortes do que ele geralmente usa e as mulheres amam seus braços. Foi uma manta de cavalo que eu cortei e costurei exageradamente. Eu queria que parecesse que Daryl que o fez, para usar para dormir e se cobrir. Eu tive que fazê-lo para que não atrapalhasse o arco e flecha. Norman estava muito animado para ganhar o poncho. Ele o chama de seu “cobertorzinho”. Ele sempre pergunta, ‘Posso usar meu poncho nessa cena?’ E eu digo, ‘Não está tão frio, Norman.”

O desenho do guarda-roupa de Womble se envolve em uma espécie de diálogo com os atores. Enquanto ela desenha inspirada nas personalidades, estilos pessoais, e experiências dos atores, suas roupas ajudam a informar as escolhas de ação.

“Eu a chamo de Deusa do Guarda-roupa”, diz Melissa McBride, que interpreta Carol Peletier, uma esposa maltratada anteriormente, que reúne força depois que sua filha se torna um zumbi. “Ela é muito intuitiva sobre pessoas, e aproxima-se disso como uma artista: ‘Como eu quero pintar esse personagem? Como eu quero me sentir sobre ela?’ Parte de minhas escolhas de personagens foram baseadas no guarda-roupa que me deram. As cores da Carol na primeira temporada foram monótonas, o que comunicava como ela pensava de si mesma, misturando-se ao fundo. Na segunda temporada, ao passo que Carol começa a florescer, Eulyn introduziu um pouco de cor e liberdade de movimento. Ela também pega um pouco dos próprios estilos dos atores. Eu bandanas o tempo todo, e ela amou, então ela pôs Carol para usar uma.”

Desafiando probabilidades

O processo criativo da Womble aparece em paralelo a uma carreira que também desafiou limites. Crescendo no apartheid na África do Sul, onde esperava-se que mulheres de cor com talentos para desenho costurassem para fábricas de costura, Womble conseguiu estabelecer-se como uma figurinista para comerciais internacionais, séries de tv, e filmagens na África do Sul, que não foram prejudicadas pelos mesmos preconceitos que as produções locais.

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“Quando eu me formei no ensino médio em 1994, eles ainda se referiam à gente como ‘pessoas de cor’”, diz ela. “Mulheres de cor trabalhavam em fábricas de roupas – nós não éramos autorizadas a desenhar linhas de roupas,” Como uma mulher multirracial – uma mistura de linhagens da Malásia, negra e europeia -. Womble cruzou uma linha delicada entre comunidades. “Quando eu me tornei uma das primeiras mulheres de cor a desenhar para a televisão na África do Sul, as pessoas de cor diziam, ‘Que triste que você é tão pele clara.’

“É uma parte de minha história, mas eu não me lamento sobre ela,” ela acrescenta. “Minha intenção em compartilhar isso é inspirar outras meninas e mulheres jovens de cor que possam enfrentar adversidade e preconceito em alcançar seus sonhos.”

Revivendo “mortos”

Uma reviravolta inesperada em sua vida e carreira veio em forma do marido Caleb Womble – agora o surpervisor de produção em Walking Dead – a quem ela conheceu na filmagem de uma produção Americana na África do Sul em 2004. Mudando-se para os EUA mais tarde naquele mesmo ano, ela continuou a aprimorar sua arte em filmes como “A vida Secreta das abelhas” e o filme de TV “Estrada de Outubro”, antes de virar assistente de figurinista em Walking Dead, em 2010. Ano passado, ela foi promovida a figurinista.

Onde o guarda-roupa da primeira temporada insinuou quem os sobreviventes eram antes do apocalipse, para a segunda temporada, Woble deteriorou sorrateiramente aquelas roupas para mostrar um paralelo à desagregação de suas identidades. Um grande arco na segunda temporada envolvia um jogo de poder entre os ex-policiais e melhores amigos, Rick Grimes (Andrew Lincoln) e Shane Walsh (Jon Bernthal).

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“Eu não queria mudá-los muito dramaticamente”, diz ela. “Individualmente, você poderia ver cada pedacinho se desvendando. Rick ainda está usando parte de seu uniforme, mas em vez de uma camisa branca por baixo, é cinza. Ele não é tão limpo como costumava ser. Shane remove completamente seu uniforme. Fiz-lhe mais militante e o pus em calças cargo, e frequentemente pus suas cores opostas as do Rick, para que eles parecesse uma unidade, mas não são”

A família da fazenda com quem os sobreviventes ficaram “usavam muitas cores”, ela acrescenta. “A fazenda era mais como um estado de sonho, então eles tinham que usar cores felizes e sonhadoras para sugerir um apego desesperado ao antigo estilo de vida.”

Nesta temporada, Womble usa uma fina e calculada linha grunge. Onde as peças da segunda temporadas foram grandes, agora a roupa é deliberadamente mal-consertada, mas se encaixa um pouco melhor.

“Eu queria tornar-los um pouco mais sexy,” ela diz. “Há algo sexy em ser sujo e suado.”


Fonte: Fast Co.Create
Tradução: Jess / Staff Walking Dead Brasil

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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