Entrevista com Robert Kirkman, criador dos quadrinhos de “The Walking Dead”

Aos 33 anos de idade, Robert Kirkman já alcançou mais do que muitas pessoas em uma carreira toda. Ele é produtor executivo e escritor de “The Walking Dead”, um fenômeno da cultura pop que também é baseado na HQ premiada que ele criou e continua a escrever (a centésima edição foi lançada em Julho). Como se não bastasse, ele continua a criar e escrever outras HQs na Skybound, sua própria marca dentro da Image Comics, na qual ele tem sido uma grande força revolucionária para o mercado de publicações e da indústria de quadrinhos, com seu infame “Manifesto Kirkman”. Ano passado, ele lançou seu primeiro romance, que estreou em 18º lugar na lista de Best Sellers do The New York Times. Simplificando: o cara faz muita coisa.  A GQ conversou com o amado Renascentista da indústria do entretenimento sobre matar os personagens da série, como ele se sairia num apocalipse e sobre como é sentar numa mesa com escritores que tentam, constantemente, otimizar seu trabalho. (alerta de spoiler: “É esquisito”).

 Porque você acha que a série se tornou tão popular?

A queda da civilização é uma fantasia divertida de se explorar. E eu acho que, também, está no Zeitgeist; é definitivamente algo sobre o qual se fala muito na FoxNews, e é o fim do mundo toda semana no History Channel, então isso está na cabeça das pessoas. E ser capaz de explorar e experienciar isso de uma maneira segura e desapegada é algo muito chamativo. E também temos zumbis comendo pessoas – isso sempre é legal.

Depois do Furacão Sandy, muitas pessoas sentem que estão vivendo “The Walking Dead”. Como você acha que se sairia, pessoalmente?

Eu não acho que me sairia nada bem. É meio bizarro pensar sobre todas as coisas diferentes que aconteceram nos últimos anos. É aterrorizante reconhecer  realmente, o quão perto do limite nós ficamos às vezes.

Você acha que deu uma mão à industria de quadrinhos para fazê-los serem legais de novo?

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[Risos] Não, eu acho que eu fui um tremendo benfeitor desse movimento, mas já estava tudo indo bem antes de “The Walking Dead” ter algum destaque. Quadrinhos são um meio fantástico de se contar histórias – eu acho que é porque não há tanto dinheiro na jogada, não há muito controle prejudicando a expressão e a criatividade, e as ideias mais legais são exploradas na área dos quadrinhos.

Como é ter de trabalhar numa mesa de escritores e ter o material que você escreveu para a HQ adaptado por outras pessoas?

É um pouco bizarro. Eu estou sentado numa sala com seis outras pessoas que estão criticando meu trabalho e tentando melhorá-lo, o que é muito divertido. Nós discutimos e temos de buscar histórias que escrevi, tipo, há sete anos atrás; estar numa sala pra isso pode ser esquisito às vezes, mas eu gosto. Tem sido um processo muito legal.

Os escritores já quiseram levar a história pra um lugar que você não queria?

Na verdade não. Há, com certeza, discussões na sala de escritores e pessoas diferentes querem coisas diferentes e trabalhamos juntos, como grupo, e decidimos qual seria o melhor caminho. Acho que nunca houve um caso em que eu tenha ficado particularmente infeliz com alguma direção que nós tomamos. Tenho certeza que isso acontecerá algum dia. Estou esperando ansioso.

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Quando você mata um personagem como Lori, como você fez no episódio 4, é uma decisão fácil? Quem decide?

Essa é uma enorme discussão e todos na sala dos escritores sabem que os personagens têm que morrer. Isso é “The Walking Dead”, então não há necessidade de se perguntar “Alguém vai morrer nessa temporada?”. E conforme vamos montando a história, personagens diferentes começam a se destacar como personagens que vão mudar a narrativa e afetar os outros, e suas mortes podem prover narrativas substanciais. Nunca gostaríamos de perder um personagem e acabar pensando “Oh, isso não valeu à pena, porque fizemos isso?”, então muito cuidado e trabalho acontece toda vez que vamos fazer isso.

Até agora, qual o personagem para o qual você mais gosta de escrever?

Eu nunca poderia admitir isso. Muda sempre, dependendo de que cena estou escrevendo, e nós, definitivamente, tentamos não dar vantagem a nossos favoritos, porque queremos ser objetivos quando falamos sobre perder certos personagens. Eu não sei. Carl. Gosto do Carl.

Com tudo o que você já conquistou, há alguma coisa que você ainda não fez mais quer muito fazer?

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Eu adoraria aprender a tocar violino algum dia [risos]. Eu gosto do que eu faço e eu gosto de coisas diferentes, então eu com certeza quero fazer uma HQ de romance ou algo assim. Eu não quero só fazer coisas de terror.

Quando você começou a escrever a HQ, você imaginou que chegaria até esse ponto?

Não, é absolutamente avassalador estar onde estou, e eu nunca esperei isso. Havia momentos em que eu não sabia se a HQ continuaria, e eu nunca esperei que se tornasse uma série de TV e, então, eu nunca esperei que a série fizesse tanto sucesso. Eu sempre achei que alguma coisa ruim ia acontecer mas, apesar das minhas expectativas, tudo correu bem e parece ficar cada vez melhor. É alarmante, e chocante.

Entrevista com Robert Kirkman, criador dos quadrinhos de “The Walking Dead”

– Fonte: GQ

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Victoria Rodrigues

Estudante de Neurociência e Engenharia Biomédica, nerd, fan girl do Norman Reedus, jogadora de L4D, viciada em livros e séries. Paulista devota morando num projetinho de cidade no UK e sedenta por trânsito e metrô cheio.

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