Direto do Set: Cinagrafista Rohn Schmidt

O diretor de fotografia de “The Walking Dead”, Rohn Schmidt, descreve a diferença entre filmar na prisão e em Woodbury e explica porque ele preferiria estar preso numa prisão com colegas de cela do que com zumbis.

Há dois sets principais nessa temporada: a prisão e Woodbury. Qual dos dois te deixa mais excitado, como cinegrafista?

Acho que poderia dizer que é a prisão. Como cinegrafista e pela natureza do local, significa que você tem cenas bem fortes ali. Ano passado, quando tivemos Randall amarrado na cabana, e tivemos aquela luz cortante, em ângulo, meio em preto e branco, eu meio que vi como a prisão seria e estava ansioso por ela.

Você tem algum truque visual que distingue as duas locações?

Sim. Eu tentei criar um contraste entre a cidade de Woodbury, que é meio um mundo de fantasia com um subterrâneo sombrio. É quase bonito demais, então temos utilizado uma lente com menos granulação para que pareça menos arenoso e bruto. Então, enquanto fazemos a coloração final da cena, adicionamos um pouco mais de carne ao tom de pele dos atores… E isso contrasta com o mundo da prisão, que é bem monocromático, e é só um pouco escuro e assustador. E o rosto dos atores é menos colorido.

A maioria da segunda temporada é filmada em locações e ao ar livre. Como é estar, finalmente, num estúdio?

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Eu adoro estar nas locações. Há uma ótima energia e um realismo e uma autenticidade lá. Isso é o que eu realmente tento recriar no estúdio, achar um jeito de fazer as coisas meio negligentes, de fazer coisas que não são tão perfeitas, para parecerem mais reais… Eu posso dilatar as lentes ou deixar muito claro ou muito escuro. Mas, eu devo dizer, algumas vezes tivemos de encerrar o dia de filmagens por causa da chuva nas locações, e agora temos um lugar para continuar. Ou mesmo porque está muito calor, é bom se refrescar no ar condicionado.

A queima do celeiro no final da segunda temporada  parece ser o sonho de todo cinegrafista. Como foi filmar aquela cena?

Fogo é sempre tão dramático e divertido de filmar. É complicado, é escuro, e dependendo de como você o expõe, pode parecer meio branco e não tão ameaçador, e nós com certeza queríamos um fogo rico, de um dourado avermelhado, ali. A maneira de conseguir isso em vídeo é ter um cabo longo. Precisa de muita exposição. A cena parece escura e sombreada como todo o resto, mas, provavelmente, há três vezes mais luz ali. Você chegaria ali e pensaria “Oh, meu Deus, é ridiculamente claro”, e com a exposição correta, acabou saindo do jeito certo.

Sabemos que nessa temporada os zumbis continuam a viajar em hordas. Isso muda a maneira de filmá-los?

Absolutamente… É meio interessante que isso esteja se tornando quase uma rotina. Quase como espantar moscas. Sim, eles são perigosos, mas os personagens estão acostumados com eles, eles sabem lidar com os zumbis. É mais uma tarefa diária pra eles, e, às vezes, filmamos com a intenção de mostrar isso também. Vamos cortar esse aqui, esfaquear aquele, e por aí vai.

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Qual é o truque número um da fotografia que faz “The Walking Dead” ter aquela sensação arrepiante e cinematográfica?

Tentamos não ser muito hábeis em relação à fotografia, e isso inclui a iluminação e o posicionamento das câmeras. Trazer isso para um território familiar e real deixa assustador porque não é muito fingido. Dito isso, vem a contradição: é baseado numa história em quadrinhos, que possui muita arte fantástica. Então, em quase todos os episódios, e espero que em todas as cenas, eu gosto de entrar no que eu chamo de cenas da HQ – então quando acontece alguma coisa que é um pouco extrema, a câmera fica com a lente bem ampla, ou com uma luz mais forte ou mais fraca. Tentamos usar isso mais como um tempero do que como o prato principal.

Você preferiria estar na prisão com presos ou com zumbis?

Acho que com presos. Sou um homem de razão, então eu preferiria ter alguém com quem eu poderia conversar e negociar.


Fonte: AMC

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Victoria Rodrigues

Estudante de Neurociência e Engenharia Biomédica, nerd, fan girl do Norman Reedus, jogadora de L4D, viciada em livros e séries. Paulista devota morando num projetinho de cidade no UK e sedenta por trânsito e metrô cheio.

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