Na semana passada, antecipando a estreia da quarta temporada de The Walking Dead, a revista Rolling Stone publicou entrevistas exclusivas com seis membros do elenco e da equipe, incluindo Andrew Lincoln (Rick Grimes), Norman Reedus (Daryl Dixon) e David Morrissey (Governador). Mas eles só estão começando. Volte amanhã e todos os outros dias da semana para mais conversas com seus personagens favoritos, incluindo Maggie, Tyreese e hoje, Michonne. Confira abaixo uma super entrevista com Danai Gurira:
Onde você cresceu?
Eu me acho Zimericana. Eu nasci no meio-oeste, meus pais são zimbabuenses. Meu pai era professor na Faculdade Grinnell no Iowa. Mudamos para o Zimbábue quando eu tinha cinco anos, alguns anos após a independência do Zimbábue.
Acredito que isso tenha sido bem tranquilo.
Até que foi, pois eu era bem nova. O Zimbábue estava no seu auge. Era a pedra preciosa da África. Havia muita modernidade. Era um momento bem interessante.
Foi no início da era Mugabe?
Sim – bem no começo. Foi considerada a nação mais bem-sucedida da África. Eu estudei em um sistema bem multirracial, multicultural. Foi uma infância fabulosa. Eu era atleta. Tornei-me uma nadadora bem competitiva no Zimbábue. Nadei, joguei tênis, joguei hóquei. E quanto eu tinha 13 anos, entrei em um workshop para artistas mirins no Zimbábue.
Mas você fez faculdade aqui?
Frequentei a Macalester no Minnesota, estudando psicologia social, o estudo do porquê pessoas fazem o que fazem. Eu me preocupei com raças, populações, gênero e como funcionamos psicologicamente de um modo que afete os resultados sociais acerca dessas questões. Pensei em fazer doutorado e viver a vida acadêmica. Queria dar voz a esses assuntos que me intrigavam. Não podia ver como as artes dramáticas fariam grande diferença. Mas aí fui à África do Sul e conheci uns artistas que haviam feito coisas para trazerem mudanças durante o apartheid, por meio da arte. Fiquei totalmente convencida de que precisava contar as estórias das mulheres africanas – as vozes não ouvidas.
Quando o teste para The Walking Dead apareceu, o que chamou sua atenção?
Minha última peça havia sido sobre mulheres em Guerra, e Michonne me lembra bem disso – as garotas que se tornam guerrilheiras assustadoras. Fui á Libéria e conheci garotas assim. Ler sobre ela e vê-la nos quadrinhos, ela me lembrou dessas garotas. Os paralelos entre o mundo de The Walking Dead e uma zona de guerra – essa ideia ficou na minha cabeça. Quem você é agora é um luxo das escolhas. Se tudo morrer – o que pode acontecer – não há polícia, nada funciona mais, todo mundo pode estar contra você a qualquer momento, não há lei e ordem para lhe proteger, e há ameaças em cada esquina. Pode ser uma criança armada que pode atirar a qualquer momento ou um zumbi. A ideia de se conectar à narrativa das pessoas que passaram por situações extremas de Guerra, onde vida e morte sempre estão perto e nada faz sentido e não há mais estruturas por perto – como o que eu pesquisei na Libéria – isso tornou a proposta bem visceral para mim. Os zumbis podem ser uma metáfora, simbólicos por muitas razões diferentes.
Como é saber que cada episódio pode ser seu último?
É preciso aproveitar o momento. Você acolhe isso como parte do que torna a séria tão boa – ela tem essa confiança. Muitas séries marcam as pessoas. A estrutura dessa série é não se apegar às coisas. Isso é autêntico no mundo da série. As pessoas não vão viver para sempre. Pessoas morrem muito. É para isso que você se alista. É doloroso e difícil e as pessoas não querem perder seu emprego, mas ao mesmo tempo, como uma escolha artística, é algo muito forte. É parte do que torna você parte de algo tão especial.
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Fonte: Rolling Stone
Tradução: @Felipe Tolentino / Staff Walking Dead Brasil
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