A CBR News viajou para o set de filmagem da serie em Atlanta no mês de Agosto e Danai Gurira abriu o jogo e falou sobre interpretar um dos personagens mais conhecidos da HQ. Abrindo caminho através de montes de caminhantes e indo na direção de um confronto com o Governador, Michonne está pronta para deixar sua marca na audiência da serie de TV do jeito que ela fez com os fãs de quadrinhos.
Abaixo, Gurira descreve as pressões existentes em fazer a adaptação de um personagem tão querido do material de origem, fala sobre sua própria experiência em criar momentos para a personagem e ideias de histórias em quadrinhos, sobre como é manejar uma katana e sobre sua primeira experiência em serie de TV fechada.
Como é para você entrar em um personagem que fez tantos fãs entre os leitores da HQ de The Walking Dead?
No final de tudo, mesmo quando eu estava me preparando para o teste para o papel, eu acho que foi bom eu não saber muito. Eu fiz minha pesquisa e li sobre ela na internet, mas eu não sabia muito. Então o que eu tinha era os lados existentes na história e o que eu sabia do mundo por ter visto a primeira temporada. Eu me aproximei mais de tudo com a criação e a construção da personagem. Eu podia ver aspectos dela pela maneira como ela é descrita, mas também pelas multi-camadas que ela tem. Se dá assim com a construção de qualquer personagem. Um monte disso é claro nas páginas. Criaram uma grande cena falsa para a audição. Mas a maior parte veio do fato de eu não saber muito.
Mas tem sido só sobre o que eles fazem na serie. Eles nunca fazem exatamente o que está na página da HQ. Isso mantém todo mundo incapaz de prever o que vai acontecer. Então eu acho que existem coisas específicas relacionadas a ela que são fieis à HQ, mas também são novas. Eu percebi isso depois de uma reunião com o produtor executivo e sua equipe de escritores. [Nós combinamos] o que eu pensava sobre ela e o que eles achavam dela enquanto construímos as histórias. Tem sido uma nova abordagem junto com muito do que já sabemos sobre ela. Também tem tido bastante carinho. Entrar nesse personagem tornou-se uma espécie de “Uau”, porque eu não sabia no início o quanto as pessoas a amavam. É uma coisa fabulosa ver que tantas pessoas estão animadas para vê-la vir à vida. Eu recebi muito carinho por isso.
Houve alguma pressão vinda desse carinho que os fãs têm?
Sim. Há um pouco de pressão. Mas eu acho que há pressão com qualquer coisa que você venha a encarnar. Se você está incorporando algo do zero, há pressão para fazê-lo aparecer e fazer algo que as pessoas apreciem. Você gostaria disso. E se você está fazendo algo com o qual as pessoas já estão familiarizadas, você quer que eles fiquem felizes com isso. Mas no final do dia, só vai ser sobre o que se passou no processo. Então eu meio que tenho que deixar isso de lado. Caso contrário, você não consegue ser criativo.
E eu estava dizendo outro dia que Michonne meio que me ajuda a fazer isso apenas por ser ela. Ela não é de agradar às pessoas – nem mesmo seus fãs, eu imagino. Então eu entro nessa, dizendo: “Michonne não se importa com o que as pessoas pensam, e eu também não”.
Você está vindo para uma serie muito bem estabelecida e com um elenco forte, e está entrando para uma história que poderia ser um pouco esmagadora. Como está sendo mergulhar tão no fundo assim?
Tem sido intenso. Tem sido bom. Eu sou uma garota intensa e gosto de desafios – mesmo quando eu não gosto, eu gosto. Porque, caso contrário, você não sente que está usando tudo o que você poderia.
Conte-nos sobre a sua experiência no treino com a espada. A arma da Michonne é algo que os fãs estão ansiosos para ver na tela. Leva tempo para se acostumar com ela?
Estamos sempre trabalhando nisso, mas cada caso é um caso. No começo, tudo dependia do trabalho com o treinador. Meu primeiro treinador foi Adam Hart, em Los Angeles, e eu trabalhei com alguns treinadores aqui. É realmente bem intenso no início. Eu nem sabia que aqueles músculos sequer existiam no corpo humano ou que necessitavam de treino. [Risos] Então foi desgastante. Após o início, Adam disse “Ok, vamos tirar um dia de folga.” E isso que eu malho! Mas daquele jeito que você só trabalha com alguns halteres. A katana te quebra. E eu amo ela por isso. Por isso, foi muito trabalhoso e agora cada caso é um caso mesmo. Temos de lidar com o que é necessário e tentar especificar que tipo de ação se precisa para a próxima morte. Eu estou mais confortável com ela, o que aconteceu, felizmente, no momento em que começaram a filmar. Assim eu fui capaz de realizar as cenas onde eu estou matando zumbis. Isso foi ótimo.
Você tem uma ideia de como a Michonne sabe manusear tão bem a katana?
Bem, na história de fundo real, ela não aprende com ninguém. É uma questão de sobrevivência. Você se vira com o que você tem, com o que vai te fazer sobreviver, e isso é o que ela encontrou. Ela começou a descobrir como fazer isso funcionar para si mesma e eu acho que essa é uma grande parte de como ela suportou e sobreviveu por tudo. Ela desenvolveu uma conexão com a espada. Ela descobriu que é muito boa nisso. Depois que você descobre como usá-la, você percebe que ela é eficaz e pragmática. Acho que é só sobre essa conexão que ela encontrou com essa arma. E é econômica. Ela pode arrancar um monte de cabeças e não faz muito barulho. É uma arma inteligente de se ter.
Você acompanha a HQ?
Mais ou menos, mas não muito. Glen [Mazzara] me disse “Você pode lê-los ou não.” Mas eu queria lê-los. Eu sou uma pesquisadora. Eu queria ver onde ela nasceu e como eles se aproximaram dela. E eu queria saber as histórias. Então eu comecei, mas depois eu fiquei confusa porque estava assistindo a segunda temporada ao mesmo tempo! [Risos] Foi incrível ver como as coisas foram se fundindo enquanto as histórias foram sendo contadas. A HQ é bem vívida. É incrível como muitos dos momentos são ilustrados e isso gruda na sua mente. Eu não lia quadrinhos desde que era criança, por isso foi ótimo mergulhar em um com tanta presença do horror.
Eles me deram a HQ número sete e algumas depois. Eu estou cerca de 20 pra trás neste momento. Mas me avisam se algo importante acontece.
Você continua viva.
[Risos] Sim, me falaram isso. E também me disseram o que aconteceu na edição #100 quando estávamos na Comic-Con.
Você aprendeu coisas sobre ela na HQ que você não esperava?
Sim. Eu acho que quando você vai fundo na história, você começa a perceber como há um monte de cores em um personagem e como eles são funcionais no mundo e por quê. Eu acho que cavar no ‘por que’ permitiu que ela se abrisse mais e mais. Estou cavando nos momentos em que as coisas têm de mudar, para que eu possa olhar para trás e ver quem ela era antes de tudo vir a baixo. Esse processo mostra como você pode se tornar algo quando uma coisa terrível acontece, e Michonne se tornou algo. Ela era outra pessoa antes, e eu estive batendo nessa tecla, permitindo que isso aparecesse. Tem sido um processo muito interessante.
Com quem você já teve a oportunidade de interagir na tela nos primeiros episódios? Obviamente, Andrea é sua primeira conexão, mas o que você pode dizer sobre o caminho para a amizade entre Rick e Michonne?
Bem, eu não posso falar muito sobre isso e você não quer isso de qualquer maneira. Há muitos personagens com os quais eu interajo aqui e ali, e acolá, e em todo lugar. [Risos] Mas é claro que encontramos com o Governador. Esse encontro com o grupo de Woodbury acontece muito rapidamente. Eu chego lá bem rápido e depois há o outro grupo.
Qual é a sua expectativa para o fato de que você está aqui trabalhando em muitos episódios da temporada, e em Outubro, todo mundo vai começar a assistir os primeiros episódios e reagir de maneira bem forte? Isso afeta o que você faz de forma criativa, ou você está aqui na Geórgia, em uma bolha?
Quer dizer, nós vamos estar tão perto do fim no momento em que for ao ar que vai ser interessante. Nesse ponto, ela é quem ela é. Vamos ver como tudo acontece, mas se trata de confiar em suas escolhas. Haverá sempre alguma reação, negativa e positiva.
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Fonte: CBR News
Tradução: @PotatoThoughts / Staff Walking Dead Brasil
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