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Danai Gurira e Michael Rooker falam sobre The Walking Dead na Emerald City Comic Con

The Walking Dead, de Robert Kirkman, teve seu painel na ECCC (Emerald City Comic Con). Um eclético par de atores, Danai Gurira (Michonne) e Michael Rooker (Merle Dixon), subiram ao palco para falar do show e do ritmo acelerado da terceira temporada no painel Talking Dead.

Rooker agrada as multidões, responde às perguntas como ele mesmo e como o personagem, enquanto Gurira conta histórias eloquentes e dá respostas para se pensar. A primeira pergunta tentava esclarecer como um show de TV baseado numa história em quadrinhos sobre o apocalipse zumbi capturou a atenção do publico em geral.

“Ninguém sabia que isso se tornaria o que se tornou,” disse Rooker. “Acho que todos aqui sabem que não tem nada a ver com zumbis. Algo acontece no show, e as pessoas verbalizam aquilo que elas fariam ou não.”

“Eu não havia assistido ao show antes de fazer o teste de elenco, porque sou medrosa.” Gurira revela. “Então eu TIVE que sentar e assistir, mas eu fiquei tão ligada nele que, mesmo estando totalmente apavorada após os primeiros episódios, eu permaneci, por causa daquela experiência de ‘quem você será nessas circunstâncias?’ Você seria alguém que não você mesmo.”

“Isso une as pessoas enquanto elas assistem — vira algo de família. As histórias são extremamente ricas, graças a Robert Kirkman e os demais escritores. Eu me beneficio do trabalho duro de todos nas duas primeiras temporadas, então tenho sorte o suficiente para receber isso tudo.”

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“Mas eu acho que é interessante como os fãs ficaram apaixonados por aquilo que eles querem que as pessoas façam, ou que eles acreditem ser o certo, ou o que eles deveriam ter feito – e como eles ficam furiosos se as coisas não acontecem como eles acham que deveria. É tão interessante quando você vê a justiça indignada que as pessoas fazem ao show e aos personagens – uma resposta realmente apaixonada.”

“Se tornou o Cosby Show.”

Quando perguntados se eles se cansam das pessoas os chamando pelos nomes dos seus personagens, Gurira admitiu que ela faz o mesmo no set, então seria hipócrita se ela se incomodasse. Rooker, porém, teve uma resposta diferente.

“Talvez para você, mas para mim…” Rooker largou a isca. “Quando algum policial motorizado me aborda e diz, ‘Merle… saia agora do seu carro e é melhor não ter aquela sua mão de faca no seu bolso.’ [Risos]

Para quem não é familiar com o trabalho anterior de Gurira a The Walking Dead, a atriz classicamente treinada era feroz em The Visitor, e dividiu com a Emerald City que seu trabalho como escritora lhe deu um lugar para se identificar Michonne. “Criei uma peça que falava sobre as mulheres numa zona de guerra, no oeste da África. Quando comecei a assistir The Walking Dead, é exatamente o que me lembra.”

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“Me lembra de minhas pesquisas na Liberia. A guerra terminou há menos de 10 anos, e ela simplesmente desapareceu, como um apocalipse, e não havia lei. Não havia para onde ir, polícia para chamar. As coisas que estavam acontecendo às mulheres eram a razão pela qual eu tive que escrever aquela peça. As mulheres viraram soldados rebeldes. Mas essas mulheres se tornaram uma força formidável – elas foram capa da New York Times de 2003 – e foi meu professor na faculdade quem falou que aquilo seria algo que possa interessar você.”

“Quando eu vi a descrição de Michonne, pensei nas Black Diamond do exercito rebelde libério. Michonne era uma mulher na zona de guerra. ‘Vai funcionar comigo.’ Era tão perfeitamente encaixado na minha pesquisa! Para mim foi uma grande conexão.”

Aquilo em que Gurira e sua personagem em Walking Dead definitivamente não se parece é no quão pouco Michonne fala. “Eu falo muito, eu uso minhas palavras. Eu vivo pelas minhas palavras. As palavras são como eu encaro o mundo e a mim mesmo.”

Mas as razões pelas quais Michonne é tão reticente não são tão misteriosas. Os espectadores foram apresentados à sua personagem muito tempo após as dores iniciais de seu horror, enquanto testemunhamos o de Rick, Carl e de outros do grupo. Aquilo em que eles se tornaram está se desenrolando diante dos olhos de todos, e Michonne é um produto acabado.

“Seu trauma é ligado à se conectar demais com as pessoas erradas,” explicou Gurira. “E já que isso está conectado à vida real, eu tenho que me proteger, e me comunicar cada vez menos e guardar-me mais. Isso permitiu a mim entende-la.”

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Rooker brincou com o moderador ao longo do painel, dizendo que Merle não precisa de motivações, nunca sabendo se Rooker estava falando sério ou brincando. O moderador perguntou, “Você não é como ele… é?” Eventualmente ele conseguia se acalmar e falar sobre Merle como Rooker, e falar sobre seu ódio de T-Dog.

“Ele realmente é um personagem legal, complicado. Me foi contado mais cedo que “esse personagem foi feito para você.” Ele é um cara do Sul um sobrevivente, homem do meio do mato… ele é tão… um-cara-para-não-se-gostar.” [Risos]

“Muitas pessoas possuem Merles na sua família. As pessoas me dizem ‘OMG, você é igual meu tio, primo ou pai!’ Há algo em Merle que é universalmente amado e odiado. Acredite em mim, não importava se T-Dog era negro, sob a óptica de Merle, NADA importava. Quem quer que viesse àquele telhado me mandando calar a boca teria seu traseiro chutado. Poderia até mesmo ser Carl.”

Isso torna Merle mais confiável?

Rooker: “Eu acho que nem mesmo Daryl confia em Merle em certas situações. Ele sabe exatamente como Merle irá reagir, pois são irmãos. Merle está tentando ser um pouco… um pouco melhor, pelo seu irmão. Ninguém está chutando o traseiro de Merle na prisão! [Risos] Na verdade ele já foi chutado algumas vezes.”

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“Isso é o que há de legal no meu personagem e no meu trabalho. Há sempre um elemento de surpresa com Merle. Você não sabe o que acontece com ele. Eu não gosto de ensaiar. Quando você ensaia, há um ritmo e há conforto. Isso é um saco. Eu prefiro que os demais personagens também se surpreendam; eu quero que as cenas sejam desconfortáveis.”

Então, o que virá para Michonne e Merle? Para Michonne nós a veremos um pouco mais aberta uma vez que ela está se reconectando com outras pessoas, e a grande cena dela com Andrea em “I Ain’t a Judas” eleva seu personagem a outro nível.

“Aquela conversa foi curativa para Michonne”, Gurira explicou. “Ela se sentia rejeitada e traída por Andrea. Aos olhos de Michonne, Andrea chegou e defendeu o Governador enquanto ela estava naquela sala.”

“‘Você ainda não entendeu’, e ela realmente queria que Andrea entendesse. Michonne queria ver sua velha amiga. Queria que Andrea visse (a traição). Ela pensava no que deveria dizer para ter a velha Andrea olhando para ela novamente”.

“Após o ataque a Woodbury, Michonne não foi à floresta pegar mais dois pets, ela foi à prisão. Ela adormeceu enquanto estava sendo cuidada por Hershel. Aquilo foi um extremo para Michonne. Você viu ela descansar antes daquilo? Ela sabe que é um lugar que ela pode curar suas feridas e se expressar com as pessoas novamente. Há algo sobre aquele momento com Andrea que começa seu processo de cura.”

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“Até mesmo a cena entre Michonne e Merle,” disse Gurira, olhando para Rooker, “Ela vê que ele não é realmente uma ameaça. Ele perdeu seu significado. Ele não tem posição, lugar para ir, aliados, exceto seu irmão. O Governador é quem precisa se preocupar, não Merle. Desculpe, Rooker. Ela sabe que há uma comunidade ali e ela precisa se reconectar a ela. Ela está pronta para isso.”

A lealdade de Merle e a aliança com o grupo de Rick continuará a ser questionada. Mas, por enquanto, ele não pensa muito em um plano para proteger a prisão porque ele sabe quem é o Governador.
“Se o Governador quisesse, ele simplesmente os mataria de fome,” Rooker diz, contundentemente. “É ridículo eles pensarem que podem procurar refugio nesse lugar. Ele nunca precisou dar um tiro. A fortaleza deles é fraca. A informação que Merle está dando durante as cenas não é nada. Ele é bem claro, todos estão ferrados. Eu me pergunto por que eles sempre mandam Merle calar a boca. Tudo o que ele diz é como… ‘Duh.’ [Risos]

Charlie Adlard subiu ao palco quando abriram o microfone para perguntas do público e sentou quieto, até que um fã perguntou a ele se ele gostaria de desenhar o rosto de Rooker o tempo todo se eles trouxessem os irmãos Dixon para os quadrinhos. Adlard veementemente negou que os Dixon façam parte dos quadrinhos algum dia (brincadeira?), o que é estranho, já que Kirkman comentou que talvez levassem pelo menos Daryl à H!. “Se Michael for para os quadrinhos – SE – é como Merle se parece, mas isso é um ponto a se discutir, não?”[Risos]

E o que Rooker acha de se tornar um personagem dos quadrinhos? “Eu não sei se quero estar nos quadrinhos… especialmente nos quadrinhos de Walking Dead, onde todos são encardidos e suados… metidos com zumbis…” ele brincou. “Temos as action figures, no entanto, e eu estou levando a action figure do Merle para o campo de tiro e a primeira coisa que vou arrancar dele são as pernas, depois o braço…”

Algumas perguntas do público incluíram uma pergunta a Rooker, se ele não gostaria de lançar uma linha de talheres. Rooker replicou: “Para um cara de uma mão só?”, respondendo a um quiz sobre Mallrats e ainda discorda com aqueles que pensam que Merle alguma vez bateu em Daryl.

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Uma das melhores perguntas feitas foi como foi trabalhar com o diretor Oliver Stone, em JFK. “Ollie senta em uma outra sala e, de vez em quando grita, ‘FAÇAM ISSO!”, lembra Rooker. “Ele ama erros, e várias pessoas em uma sala, treinando suas falas. Ele não gosta de muitos ensaios, mas gasta duas a três semanas em mesas de leitura. Ele faz toda a sua direção durante essas mesas. É um cara muito legal.”

Danai fecha o painel falando sobre mulheres em posição de poder e o lugar de Michonne naquele reino. Ela veio com uma resposta memorável: “Mulheres fortes, eu sempre questiono essa expressão, porque nunca falamos em homens fortes. É apenas algo sobre personagens de liderança, e pressupõe-se que eles sejam fortes.”

“Quando eu ouço as pessoas contarem como se sentem fortalecidas por causa de Michonne, eu simplesmente posso morrer feliz. Garotas e mulheres que começaram a acreditar no que lhes é dito, que elas não importam ou não tem força e habilidade, quando elas viram as costas à isso tudo, e eu contribuo para isso? Eu posso morrer feliz.”


Fonte: Newsarama
Tradução: @BinaPic / Staff Walking Dead Brasil

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Rafael Façanha

Zumbi Chefe no The Walking Dead BR. Treinador Pokémon, viciado em Magic, conectado 24 horas por dia e até já fui reconhecido como Wikipédia-Viva de The Walking Dead. Meu mundo é dividido em assistir muitas séries e filmes.

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