Os tempos podem estar difíceis, mas se você for um zumbi, o futuro parece brilhante. Nunca os mortos-vivos parecem estar tão vivos nas telas. Em séries de televisão, como “The Walking Dead” e videogames como Zombie Panic, cadáveres se arrastam pelo chão, procurando por comida. O apocalipse zumbi, uma fantasia de fim de mundo aonde os mortos voltam à vida á procura de cérebros, infestou a cultura popular assim como um holocausto nuclear nos anos 50.
Escritores como Max Brooks encheu de detalhes sobre isso em seu livro “The Zombie Survival Guide”, e até os centros de controle de doenças, visando uma oportunidade educacional, decidiu ensinar sobre o caso zumbi. Último mês de maio, como uma aula de doenças reais, eles mostraram uma novela gráfica ensinando como lidar com uma pandemia zumbi.
Poetas estão tomando nota, sendo a grande maioria se auto-proclamando geeks ou nerds especializados nessa cultura alternativa de poemas e de performances ao ar livre. O trabalho de mais de 50 poetas zumbis já foi coletado em “Aim for the Head”, recentemente lançado pelo sangrento escritor e editor Rob Sturma, também conhecido como “Ratpack Slim”. Sendo um material poético, humanoides com fome de cérebros oferecem inusitadas possibilidades.
“É uma preposição inusitada” diz Sarah Juliet Lauro, que com Deborah Christie, editou “Better Off Dead: The Evolution of the Zombie as Post-Human” (sem tradução em português), um livro sobre suposições. “Se você fosse um morto-vivo mas ainda andando por aí, como você estaria se sentindo por dentro?”
Nada mal. Uma entrada no “My Zombie Journal”, de Matt Bett, na antologia “Vicious Verses and Reanimated Rhymes”, diz que: “Eu sei que tinha dois braços quando eu vim pra esta cidade, mas parece que deixei uma em algum lugar”
Uma coisa estragada, uma personalidade desregada, e uma fome insaciável por cérebros – essa é uma experiência zumbi, ainda que mais e mais os poetas zumbis estão permitindo emoções, como alienação e perda. Em “Rebirth is Always Painful”, Evan Peterson pergunta: Quando pessoas mortas começam a andar, será que elas conhecem poesia? Ou é tudo fome, cérebros e carne? Não seja feito de idiota; um zumbi sim sente dor. Mas é a dor em si que não existe sentido.
Megan Thoma ainda deixou o tópico ainda mais mordido. “Vamos jogar um jogo sexy de zumbis”, ela escreveu em “Sexy Zombie Haiku #2”. “Você come. Eu mastigo. Ambos não sentem nada por dentro”. Alguns poetas de zumbis imaginam a possibilidade de amor, entre um cadáver e outro. Não há mais definições no dicionário para “incondicional” Do que a garota que irá oferecer o seu próprio coração sabendo exatamente o que você irá fazer com ele. Chad Anderson escreveu em “Ten Things You Didn’t Know About Being a Zombie.” Poeticamente, rimas zumbi são meio difíceis de se fazer. Vampiros, pálidos e seduzi-vos, tenham aproveitado um sucesso na literatura por quase dois séculos. Zumbis, pálidos mas não seduzi-vos, têm sofrido de um problema de má imagem. Em “I Hate Zombies Like You Hate Me”, Scott Woods escreve:
“Se nós somos honestos, então não amamos os zumbis.
Nós não pensamos que os zumbis são legais.
Nós não imaginamos os zumbis como um amante, uma coisa ou um sanduíche de Tom Cruise/Brad Pitt.
Não é legal, mesmo se comparando á nada. E quem sabe, no final, isso se transforma em algo bom. “
“Eu já escrevi alguns poemas zumbis, mas eu sempre pensei que vampiros são muito individualistas”, disse Victor Infante, o editor do site online de poemas radiuslit.org. “Eles quase sempre tem que se tornar personagens. Um zumbi por definição não tem personalidade, então você pode se concentrar mais em criar ele”
No filme de 1978 de George Romero “Despertar dos Mortos”, os zumbis invadem um shopping em uma paródia de mero consumismo. Poetas estão usando zumbis como uma forma de alarmar o preconceito, racismo e o colonialismo. Críticos psicanalistas viram no medo irracional dos zumbis uma culpa sobrevivente de que os vivos sentem em presença dos mortos. Para os críticos orientados marxistas, os zumbis representam as vítimas econômicas do capitalismo.
“Eu vejo a retribuição exata dos mortos pela maneira que estamos tratando a Terra, e eles” Sr. Sturma disse.
Para alguns poetas, o apocalipse zumbi não cria problemas cósmicos. Os mortos vivos, barulhentos e podres, estão na categoria de peste, como cupins. Em “The Last Hipster”, Brennan Bestwick diz respeito as hordas de zumbis como um crime contra o estilo, um desfile de clichês medonho. O que significa que eles são como o resto da raça humana.
“Com toda a honestidade, eu não acho os zumbis piores do que todos eram” seu narrador escreve. “Eles estão entediados e previsíveis”
Com “Aim for the Head”, poemas zumbis agora ganharam mais atenção, agora em forma impressa. Sobre tudo, o gênero está crescendo, ainda mais com a intervenção de quadrinhos e videogames sobre o gênero, com a exceção de “Little Book of Zombie Poems”, de Tom Beckett.
“Zombie Haiku” (2008), um dos diários de Ryan Mecum sobre o zumbi apocalipse, fala sobre carne putrefata, globos oculares oscilantes, derramamento de sangue e muita, muita coragem. A poesia zumbi também está sofrendo influências com muitas coisas que estão sendo feitas, como em forma de paródias e entre outros tipos, como em “The Zombie Night Before Christmas”.
No Armageddon iminente, não poderia mesmo ser um pequeno nicho em que será certamente a mais solitária profissão: stand-up comedy.
Em “Zombie Stand-Up” Shappy Seasholtz capta o desespero suado de um comediante fazendo uma “putrefação” como último apelo:
“Nós talvez não sejamos a revista em quadrinhos mais engraçada de zumbis, mas você irá ver – só apenas está des. – viva!”
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Fonte: The New York Times
Tradução: Melissa Borges / Staff WalkingDeadBr
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