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Sarah Wayne fala sobre o último episódio chocante de The Walking Dead

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Foi o momento mais explosivo e chocante da temporada de The Walking Dead até agora. Sê você ainda não viu, pare de ler agora e volte depois.

[SPOILER: Sério, pare de ler agora se você ainda não viu o quarto episódio da terceira temporada.]

Em um episódio que mostra um personagem sendo comido (T-Dog) e outro sumido (Carol) mas que o grupo acredita ter morrido, o momento mais surpreendente de todos foi quando Lori entrou em trabalho de parto e devido a complicações foi obrigada a pedir que Maggie abrisse sua barriga para salvar o bebê (o que o mataria). Depois de ajudar Maggie a tirar o bebê de sua mãe morta, Carl tem que atirar na cabeça de Lori antes que ela volte como zumbi. Foi grotesco e macabro, e também mordaz, ter que ver Lori se despedir de uma criança enquanto se sacrifica para dar a luz a outra. Nós conversamos com a atriz de Lori, Sarah Wayne Callies, e conseguimos detalhes da grande cena, como ela descobriu que ia deixar a série, por que ela se preparou assistindo a Nascido Para Matar, o que aconteceu depois das gravações e o que ela esperava para o fim de Lori e Rick.

Me diga como você soube pela primeira vez que Lori ia morrer.

Bem, eu estava em casa e tinha acabado de sair de uma entrevista por ligação, e tinha chegado da Tailândia. Tinha ido trabalhar em um campo de refugiados lá. Fiquei meio atrapalhada nessa entrevista porque minha cabeça não estava na série. A última pergunta era “Você tem medo que sua personagem morra na série?”, eu disse, “Claro que não”, a entrevistadora “Que confiança.”, eu disse, “Não, eu tenho certeza que irá acontecer, mas não estou preocupada.” Você não entra em uma série chamada The Walking Dead onde seu personagem original morre nos quadrinhos e pensa, estou segura. Frank Darabont e eu conversamos sobre isso várias vezes, porque ele não sabia se queria se livrar da Lori. Eu disse, “Você precisa. A morte de Lori afeta Rick de uma maneira que nada mais poderia fazer. Você vai ter que fazer cedo ou tarde.”

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Então desliguei o telefonema da entrevista e logo em seguida ele tocou de novo. Atendi e falaram “Alô, é o Glenn Mazzara.”, e eu, “Em que posso ajudá-lo?” E ele disse, “Queria ter tempo para falar isso de uma maneira melhor, mas estou no carro indo para o aeroporto porque minha mãe está no leito de morte. E queria que você ouvisse isso de mim – você vai morrer na série.” Houve uma pausa. E ele disse, “O que acha?”, eu disse, “Como está sua mãe?” Ele disse, “O que?” eu disse, “Como está sua mãe?” E então ele começou a explicar a situação dela e eu disse, “E como está você?” E teve outra longa pausa e ele falou, “Você me ouviu?”, eu disse “Sim, ouvi. Tenho certeza que poderei refletir sobre isso depois, mas é uma série de TV, e sua mãe está morrendo. Então como está você?” Então foi uma maneira interessante e bizarra de receber a notícia. Antes de desligar eu disse, “Olha, Glen, já sou grandinha. Venho fazendo isso a um tempo. Está tudo bem. Amo a série. Me entreguei de corpo e alma a ela. E farei até meu último segundo. Mas não vou chorar. Você está fazendo o melhor para a série. E agradeço pela sua ligação nesse momento.” Poderia ter sido diferente e eu não o culparia por ter mandado outra pessoa me ligar.

E como foi quando você descobriu como seu personagem ia morrer?

Nós conversamos um pouco sobre como isso iria acontecer. Eu não queria saber muitas coisas, porque Lori não sabia que ia morrer, então resolvi esperar até sair o roteiro. E saiu o roteiro e pensei, “Essa é uma cena de uma mãe morrendo de verdade.” E liguei para o Glen e disse, “Não venha para o set. Não apareça, nós damos de conta. Teremos muitas pessoas que farão com que a cena dê certo. Mas não apareça no set.” E terminou que ele não foi.

Glen me disse que a cena do episódio 2 onde Maggie conversa com Hershel inconsciente foi baseada no que ele disse para sua mãe quando ela estava morrendo, e ele também disse que o que você diz para o Carl no episódio 4 era “ele imaginando o que sua mãe diria se ela pudesse responder a conversa do episódio 2.” Ele falou isso para você, que seria tão pessoal?

Ele disse. Nós trabalhamos em cima dessas falas juntos por semanas e algumas das falas são dele e outras são minhas. Alguns dos detalhes que adicionei lá vieram de coisas que eu o ouvi dizer, mas que ele não pôs no roteiro. Eu achei que elas pertenciam à cena. Como “Você é a melhor coisas que eu já fiz.” Eu o ouvi dizer isso, mas não estava no script e eu pensei “é assim que os pais se sentem.”

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E você teve que sentir isso com seu filho da série, interpretado pelo Chandler Riggs.

Teve toda essa ressonância porque eu vi o Chandler se transformar de uma criança em um jovem adulto enquanto trabalhamos juntos. E existia esse nível de aproximação entre os personagem por causa de Glen e sua mãe, e tinha também uma relação muito literal entre Chandler e Sarah. É uma relação profunda que se cria com crianças quando se trabalha com elas. Eu me lembro do dia em que Jeff DeMunn deixou a série. Foi emocionante para todos nós. Estávamos filmando a noite e teve um momento em que eu me virei e vi o Chandler sozinho no meio do campo – completamente só, um menino no escuro, no frio, e com a névoa ao seu redor. E eu pensei, somos adultos. Nós sabemos como é deixar a série e o quanto sofremos com isso. Chandler não tinha isso. Naquela noite eu fui até ele e pus meu braço sobre ele, me inclinei e ficamos lá abraçados por cinco minutos. Então olhei para ele e disse, “Não vou dizer que não vai machucar de novo, mas temos sorte. Temos sorte de amarmos tanto as pessoas com quem trabalhamos a ponto de machucar.” Então saímos e fomos comer uns biscoitos. [risos]. Eu disse, “Acho que um chocolate quente e um pacote de Nutter Butters vai melhorar isso.” E ele falou “Foi a primeira coisa que você disse que fez sentido. Vamos lá.” Mas naquela semana, Chandler e eu não podíamos nem nos olhar enquanto estávamos filmando a cena. Nós não conseguíamos.

E você e Andrew Lincoln não interagem nem um pouco nesse episódio.

Andy e eu tivemos a chance de se despedir antes porque tivemos aquela cena final no episódio 2, é a última vez em que aparecem juntos – é o fim. É o fim do casamento deles. Eles apenas não sabem. E tínhamos que fazer de uma maneira com que transparecesse isso. Mas era o fim. E eu pedi ao Andy para comparecer na minha cena final, eu disse que eu queria que ele estivesse lá para o Chandler. Eu quero que ele saiba que o Andy vai continuar com ele o tempo todo – que o Andy não vai deixá-lo. E o Andy foi e foi tudo perfeito, de um ator para outro. Não teve essa coisa de proteção e conversa de criança.

Como você se preparou emocionalmente para uma cena como essa, onde você dá um discurso de encorajamento para seu filho, morre e ao mesmo tempo dá a luz a outro? É muito para se processar.

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Acho que a grande preparação para aquela cena foi todas as duas temporadas e meia que filmei antes. Recebi o roteiro, li uma vez e levei meia hora para me recuperar. Eu sabia como ia acontecer, mas você lê as falas e pensa “Argh! Bem, que se dane, é isso mesmo.” E então pensei que não se pode planejar uma cena dessas. A pior coisa que poderia acontecer é você fazer do seu jeito a cena. Então decorei as falas e fiquei pensando na cena durante um dia inteiro. E assisti a muita coisa. Guy Ferland [o diretor do episódio] é um dos meus diretores favoritos. Eu e ele fomos transportados para Prison Break. E ele filmou a cena em que Jon Bernthal morre. Parece que ele é chamado para matar os protagonistas de séries! [risos] Guy e eu conversamos por cerca de um mês, e eu disse “Quais são as grandes mortes? Quais as mortes que chegamos a acreditar?” Então o Guy e eu assistimos a Nascido Para Matar. E eu fiquei chocada com Arliss Howard no filme. É uma morte bem rápida e estranha. Então assistimos a muitas coisas juntos e lemos bastante. Mas o Chandler e eu não ensaiamos a cena até pouco tempo antes de ser rodada. Todos decidimos que tínhamos tantas emoções no momento que resolvemos usá-las e nos darmos a permissão de ser honestos uns com os outros mesmo que doa. É a melhor maneira de se fazer isso.

A última coisa que Lori fala é “Boa noite, amor.” Ela diz isso para o Rick, para o Carl ou para o bebê?

Quando nós filmamos o primeiro episódio da temporada, há uma cena onde Lori sai da fogueira, vai até o Rick e diz, “Nós temos que pôr ordem na casa,” e ele sai e a deixa só. Da última vez que filmamos eu disse, “Boa noite, amor”. E eles cortaram antes de eu dizer isso. E o Andy se virou para mim e perguntou “O que você disse?” eu falei, “Boa noite, amor.” E ele disse “É a coisa mais triste que já ouvi você dizer.” E não estavam filmando e decidimos não fazer de novo porque não estava no roteiro. E então estávamos filmando essa última cena, e muita da preocupação era pelo Rick porque ela sabe que o Carl ficará bem. Ela sabe que ele vai se curar, mas ela está com medo do que a surpresa dessa morte pode fazer com o Rick. Então, eu acho que foi para o Rick, como se dizendo ‘espero que em algum momento você possa se curar.’ O que mais se tinha para dizer? É o fim. Está bem. Vamos deixar bem. Não se mate por conta disso. Então assisti o episódio e ouvi ecos da fala indo para o Shane e para o bebê. Não creio que se tenha planejado para ser voltada para o Rick, mas era o que eu tinha em mente.

Fale sobre como foi para você assim que terminou de filmar.

Eu passei um tempo no set depois das filmagens, em parte foi para aproveitar o momento, mas também porque fiquei grudada no chão de tanto sangue. Não pude levantar. No fim do dia, consegui ficar em pé. Eu estava seminua. Coberta de sangue e meus cabelos pareciam um ninho de rato. Eu saí e por trás das câmeras estava todo o elenco. Menos a Laurie que estava em outro lugar. Mas o restante estava. Jon Bernthal tentou ir de Los Angeles, mas não conseguiu. Foi incrível, muito tocante. Deixar uma série que eu me importo bastante dessa forma, com essas cenas, da maneira que foi escrita, eu meio que disse adeus para a câmera. Eu me deixei levar pela emoção. E no final eu pensei “Ok, consegui.” Se quer saber como me senti ao deixar a série, assista a esse episódio.

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E seu último dia, também foi o último dia de IronE Singleton, o T-Dog também morre nesse episódio não é?

É, e isso foi uma das coisas mais estranhas de se filmar. Antes do almoço foi só apoio ao meu amigo e colega de trabalho em seu último dia. Quando voltamos do almoço pensei, “Oh, droga. Agora sou eu.”

Lembro do que Jon Bernthal disse sobre seu último dia, ele voltou no dia seguinte e apenas ficou assistindo vocês trabalharem. Deve ser muito difícil emocionalmente: Por um lado você pode se preparar para quando isso acontecer, mas ao mesmo tempo não deve ser fácil dizer adeus a essa família.

É loucura. John saiu às 4 da manhã e estávamos todos lá com ele. Eu saí às 8 da noite, e a diferença foi que todos fomos a um bar. Nós estávamos abalados. Eu fiquei de pé e agradeci a todos da equipe, eles falaram “Alguém quer ir para The Roadhouse?” É uma churrascaria incrível perto de onde filmamos. E todos nos despedimos sem se preocupar em mexer nos equipamentos. No fim os caminhoneiros da IBT me levaram até em casa. Deus os abençoe.

Agora que você viu o episódio, como foi assistir a cena?

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Eu filmei o episódio em junho e tinha muita emoção e intensidade sobre ele. Eu fiquei de luto por cerca de 8 semanas. Eu filmei a cena e fui direto para o meu carro e fiquei só por um tempo. Mas o coração humano é feito para ser curado, eu mantive contato com todos e vi todo mundo na premiere e foi ótimo revê-los e ouvir como estavam. E então fui assistir ao episódio essa semana. Um pouco antes de assistir eu me sentia como uma criança com uma casca de cicatriz pensando “Ahh, eu tenho que arrancar isso logo! Vai sangrar e vai doer! Mas é parte do processo de cura”.

Do que você mais vai sentir falta no trabalho?

As pessoas. Andy Lincoln é um dos melhores atores, melhores seres humanos que já conheci. E John Bernthal e Jeff DeMunn. A série nunca foi a mesma para mim sem o Jeff e o John. São grandes amigos. Talvez isso seja um problema meu. Tenho dificuldades em superar grandes perdas assim. Porque eles eram muito representativos. Estávamos no episódio piloto juntos. Me fizeram uma atriz melhor e uma pessoa melhor.

E eu sentirei falta da Lori. Lori Grimes te um fogo, uma ferocidade só dela que eu amo. Quando estávamos filmando o último episódio, Andy e eu nos olhávamos por uma grade. Não considerávamos aquilo uma cena até ela ser filmada e percebermos que seria a última vez que eles estariam juntos. Quando terminamos a cena fomos ambos para o meio do campo e ficamos chorando um pouco. Todos foram super generosos e nos deram esse espaço, esse momento. Nós conversamos toda semana. Nós trabalharemos juntos ainda, em algum lugar, em algum momento. Mas finalizamos Rick e Lori, e isso é o que é mais difícil. Não verei mais Rick Grimes outra vez. E ele não verá sua esposa de novo. Nunca tiveram a chance de se desculpar. Isso parte meu coração. Queria um final melhor para eles. Não um final feliz do tipo, queria que os roteiristas tivessem escrito algo melhor. Queria que eles tivessem um final feliz. Mas, é claro, eles não tiveram. É The Walking Dead, não há finais felizes.

Digo, Lori parece bem morta. De novo, você dominou a arte de morrer em uma série de TV na prisão e de alguma forma voltar.

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É, se existe um lugar onde morto não quer dizer o fim, é em The Walking Dead, mas não sei, isso seria uma façanha – mesmo para mim.


Fonte: EW
Tradução: @OAvilaSouza / Staff Walking Dead Brasil

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